Busque Saber

17.8.07

Vida canoa!


Saído de Santa Cruz,
Acomodaram-me em Portela
E depois de sete verões,
em Ibirubá, bati canela.
Foi em sessenta e dois
Que revi minha Santa Cruz.
Tempo menino, adolescente,
Chão duro com réstia de luz.
Em Ivoti sentei num banco.
Vi cidades na grande Poa.
Decidi empedrar meus sonhos.
Sim – eu estava na proa.
Sapiranga e Vila Scharlau,
Lá ia eu - Bairro Primavera.
Ao homem os compromissos,
Já na capital - uma nova era.
Cianorte, Paranavaí e Gaúcha,
Saúde, tempo de correria.
Em Querência e Umuarama,
Vivi momentos de certa alegria.
A Cruz Alta me lançou abanos.
Dei de mim, tudo o que tinha.
Sonhava com mundo novo
E até pensava que vinha.
Quanta garra em Floripa.
Os mais belos anos ali vivi.
Tempos depois, tudo claro:
Como a vela me consumi.
Suspirando, fui ser Munique.
Gente crescida e aculturada
Que linguajava com o corpo:
Leider” – estás só na beirada.
Aqui me encontro – última reta?
Reaprendo a inspirar villa boa.
Quem sabe, no resto da história,
Eu reme adiante - vida canoa.

13.8.07

Feliz dia dos Pais!

Abaixo, a prédica que proferi na noite do Dia dos Pais, por ocasião do Culto de Louvor que celebrei na Paróquia São Mateus de Joinville, às 19.00h. (Renato Luiz Becker)

Convido vocês a, junto comigo, dizermos as palavras do Credo Apostólico...

"Creio em Deus Pai, Todo-Poderoso, Criador do céu e da terra. E em Jesus Cristo, seu Filho Unigênito, nosso Senhor, o qual foi concebido pelo Espírito Santo, nasceu da virgem Maria, padeceu sob o poder de Pôncio Pilatos, foi crucificado, morto e sepultado, desceu ao mundo dos mortos, ressuscitou no terceiro dia, subiu ao céu e está sentado a direita de Deus Pai, Todo-Poderoso, de onde virá para julgar os vivos e os mortos. Creio no Espírito Santo, na santa Igreja cristã, a comunhão dos santos, na remissão dos pecados, na ressurreição do corpo e na vida eterna. Amém."

Perceberam? Nós acabamos de confessar que “Jesus... subiu ao céu e que Ele está sentado à direita de Deus, Pai, Todo-Poderoso...” Gente! Eu ouso dizer que para Jesus, o ato de “subir ao céu” foi “chegar em casa” depois de um longo tempo de ausência. Foi um retorno para junto do Seu Pai, depois de 33 anos sem vê-Lo. Sim, depois de ter sentido medo, de ter sido torturado, de ter experimentado o abandono de Deus na cruz, Jesus estava finalmente de volta, encharcado de carinho e envolto na segurança dos braços de seu Pai.

As histórias, as parábolas que Jesus contou sobre o amor que Deus tem para com as pessoas dos tempos do Novo Testamento sempre ainda são muito bonitas. Lembram daquela da “ovelha perdida” escrita em Mateus 18.10-14? Também tem aquela da “dracma, da moeda perdida” também no evangelho de Mateus 15.8-10. Noutro momento Ele contou da alegria, do júbilo que acontece no céu quando uma pecadora ou um pecador se arrepende para, então, retornar à família de Deus (Lucas 15.7.)

Para mim, uma das histórias mais bonitas que Ele contou é, com certeza, aquela do “filho pródigo” que retornou quietinho para casa do pai, depois de ter passado toda sua herança nos “trocos” (Lucas 15.11-32). É emocionante o relato sobre o pai “afogado” em saudades e que, por isso mesmo, abraça o seu garoto quando do retorno à casa. Esta parábola retrata o amor de Deus para consoco. Ela também aponta para a gigantesca saudade que Deus tem das pessoas, das obras primas dos seus dedos (Salmos 8.3). Eu diria que Deus está simplesmente enlouquecido de amor por nós. Ele quer estar junto conosco e sonha com a possibilidade de que também nós tenhamos sentimentos tais como os Dele.

Claro que Jesus não era um filho perdido. Os evangelistas deixam transparecer que Ele nunca se esqueceu do amor do Seu Pai; que Ele, sempre de novo, nas horas mais difíceis de Sua vida, procurava falar com Seu Pai por meio da oração. Todas as pessoas que conviveram com Jesus percebiam o amor, a saudade que Ele tinha do Seu Pai. Sua ascenção, sua volta ao Pai foi, com certeza, um felicíssimo Dia dos Pais.

Pois eu também desejo esta profunda saudade de Deus, este grande anseio de se estar na casa do Pai onde há tantas moradas preparadas para nós (João 14.2). Com e por causa de Jesus, já agora, nós também podemos chamar a Deus de "Abba", de “querido paizinho”. (Romanos 8.15). Paulo, numa de suas cartas, escreveu que Deus é “a origem de cada paternalidade no céu e na terra”. Ora, isso isso significa que Deus é um exemplo de Pai (ou um exemplo de mãe se alguém aqui tem problema com a figura do pai). O amor de Deus nosso Pai é para todas as pessoas; para todas as suas filhas e para todos os seus filhos, sem qualquer restrição. Por isso tudo, feliz Dia dos Pais. Que tal permitirmo-nos abraçar pelas nossas filhas e ou nossos filhos como se fôssemos pequenos “deuses de um Deus maior”? (Título da música cantada pelo coral da UFSC, sob a regência do maestro Acácio Santana). Amém!

8.8.07

Viagem à Rússia VI - 20/07/02 - (sábado)


O sábado amanheceu chuvoso. O programa novamente foi seguido à risca. Trabalhamos diariamente em torno de sete horas seguidas. Quer dizer, nossas atividades eram carregadas de conteúdo. Isso exigia força mental dos participantes. Depois de toda a liturgia (Pistão, Celebração, Café, etc.), chegou a nossa vez de tocar o tema “Crendices”para a frente. Num primeiro momento, penduramos o mapa do Brasil na pareda da sala de reuniões do evento e, a partir dele, fomos falando do povo brasileiro; da imigração alemã, da sua fé e por quê não, também das suas crendices. Todos eram ouvidos. O trabalho e o desgaste que enfrentávamos voltava transformado em prazer. Tudo transcorreu sem muitas novidades.

Ao cabo do dia todas as mulheres tiveram novamente a oportunidade de visitar a sauna. A Valmi ficou lá das 21h e 15min até às 23h e 30min da noite. Já eu fiquei na sala de reuniões conversando com algumas pessoas. Tentaram ensinar-me melodias russas e eu, em contrapartida, melodias brasileiras. No meio disso, brotavam perguntas informais sobre o ensino no Brasil. Ali fiquei sabendo que entre os participantes do Seminário havia cinco professoras universitárias. Também fiquei sabendo que dois dos jovens que ali se destacavam eram engenheiros em fábricas de helicópteros e bombas de guerra. Algumas das pessoas usaram a noite se sábado para preparar o Culto do Domingo de manhã. O Grupo Coral ensaiou músicas até altas horas da noite. Adormecemos ouvindo as mesmas.

6.8.07

Viagem à Rússia V - 19/07/02 - (quinta-feira)


A Valmi dormiu muitíssimo bem, após a sauna da noite anterior. Tudo segue a sua rotina. O som do pistão do pastor Brookmann mostra se despertador confiável. O Culto matutino às margens da lagoa e o café da manhã – tudo sempre dentro do mais rigoroso horário. Às 09h e 45min ouvimos da boca do pastor algo sobre o Antigo Testamento. Já às 10h e 45min foi novamente a nossa vez de trabalharmos os conteúdos sobre “Crendices”. Num determinado momento da minha palestra eu disse que a família gaúcha tem o costume de tomar chimarrão. As pessoas ficam curiosas. Então fiz um para eles experimentarem. As pessoas observavam curiosas o manejo da cuia, da bomba e da erva. Em meio a um sem número de perguntas acabaram explodindo muitos "flasches". Tive o cuidado de explicar tudo com muito cuidado. No final, alguns queriam experimentar da bebida gaudéria. Essa dinâmica aproximou-nos enormemente das pessoas. Agora, elas estavam mais próximas de nós. Ousavam tentar conversar e, para tal, se assessoravam das intérpretes que sempre se mostravam dispostas.

Quando o programa terminou, queriam saber mais sobre chimarrão, sobre os costumes do sul do Brasil. Atendemos a todos com muito carinho. Acharam o costume exótico e então queriam posar conosco para uma sessão de fotografias com a cuia em mãos. Tudo era festa para nós. Tínhamos encontrado um meio de quebrarmos a barreira da comunicação. E viva o chimarrão. Quando eram 13h fomos almoçar.

Às 13h e 30min fui tirar uma soneca. Já a Valmi saiu com as mulheres do grupo rumo às praias do Mar Japonês. O acesso à praia era precário. A atmosfera na beira da praia era triste. A areia era escura e cheia de sujeira. A água era extremamente gelada mas o pessoal não queria saber disso não. Festava nas ondas. A Valmi ficou ali, na beirada, por algum tempo. O sol brilhava intensamente e muitas tomavam banho de sol. As mulheres que nadavam convidavam a Valmi para entrar n'água e isso, repetidamente. Ela resistiu a vários convites mas, por fim, não se fez de rogada e entrou no Oceâno Pacífico. Nadeo por algum tempo na companhia das outras mulheres russas. Quanto mais ela nadava, menos frio sentia. Por fim, estava gostando da experiência.

Quando voltaram para os aposentos onde se realizava o Seminário, convidaram-na a tomar um banho quente na Casa de Sauna. Que privilégio. E, quando eram 16h reiniciamos nosso programa ouvindo o casal de americanos Alan e Kathie. Suas falas estenderam-se até às 19h quando fomos jantar. Às 20h mais História da Igreja Russa com o P. Brookmann. Mais uma vez o dia culminou com o Culto, às 20h e 30min.

5.8.07

Viagem à Rússia IV - 17/07/02 (quarta-feira)


Logo às 08h da manhã, fomos acordados pelos sons do pistão do colega Brookmann. Levantamos da cama, vestimo-nos e, ao saírmos do quarto, percebemos que o casal de americanos eram nossos vizinhos no aposento de madeira. Todos se encontraram à margem do lago para a já referida higiene. Às 08h e 30min, todos os participantes voltaram à margem da lagoa. Lá havia um altar com paramentos e uma cruz, duas velas e a Bíblia. Foi ali que, de pé, celebramos nosso primeiro Culto ao ar livre. Formávamos um círculo em volta do altar munidos de folhas de canto. Pastor Brookmann animava-se com a atmosfera que se criava. Às 09h dirigimo-nos ao refeitório com o objetivo de saborearmos o café da manhã. Antes de darmos início ao desjejum, novamente em pé, cantamos um hino de gratidão a Deus pelo alimento que estava sobre a mesa.

Às 09h e 45min foi iniciado o Programa Oficial do Seminário. O P. Brookmann e a Coordenadora Irina fizeram a saudação inicial. Logo depois, dirigiram-nos para dentro de uma Dinâmica de Grupo que nos facilitava o conhecimento mútuo. Feito isso, experimentamos uma pausa de 10min.

Já às 10h e 45min, entraram em ação o casal Alan x Kathie. Deram início ao seu tema intitulado “See through the Scriptures”. Comunicavam-se em Inglês e a Irina, na mesma hora, traduzia ao Russo. Como recurso pedagógico, usaram imagens copiadas sobre lâminas ilustrativas e coloridas que, a partir de um retroprojetor, lançavam sobre a tela. O casal se alternava na apresentação do tema “Um passeio pela Bíblia”. E quando foi 12h e 30min., encerraram o seu momento matutino.

Às 13h foi servido o nosso primeiro almoço. De entrada, tomamos sopa. Depois, veio arroz com fígado de gado e saladas. Um prato um tanto estranho para nós e, por isso, comemos pouco. Após o almoço tivemos uma pausa de praticamente três horas. Das 16h até as 17h e 45min damos início ao nosso tema “Crendices – O que é Isso?”. Às 18h o P. Brookmann também iniciou o seu tema que versava sobre o Antigo Testamento. Trabalhou sobre o mesmo aé as 18h e 45min quando, em seguida, fomos jantar. Às 19h e 45 min., o pastor voltou a carga com mais conteúdo. Agora, o mesmo versou sobre a História da Igreja Luterana Russa. Este momento estendeu-se até às 20h e 45min quando, cansados, ainda participamos de mais um Culto, às margens do Lago. Com esta Celebração encerramos os trabalhos do Primeiro Dia.


Era o dias das mulheres usarem as dependências pensadas para uma boa sauna. Na Rússia praticamente toda casa tem sua arquitetura voltada para possibilitar essa experiência. Trata-se de uma tradição, tal como o chimarrão no Rio Grande do Sul, eu diria. Todos massageiam-se batendo com ervas no corpo para brirem os poros. Interessantíssimo. A Valmi ficou felicíssima pois, finalmente, experimentaria um banho quente. Enquanto ela curtia o momento eu fiquei no quarto, me preparando para desenvolver o tema no dia seguinte. Foi excelente. O testemunho da Valmi foi de encher os olhos. Ela disse que as mulheres aproveitaram para lavar o cabelo e tomar um banho gostoso. Que lá havia água quentinha em profusão e que o compartimento possuia várias bacias e duas grandes torneiras das quais jorrava a tal da água. Uma delas continha água quentíssima. Já a outra, geladíssima. Com a mistura das duas, criava-se as boas possibilidades para o grupo.

Pois é!


Era uma vez um homem que comprou um lindo terreno num bonito bairro da sua cidade. Nele havia três lindas árvores nativas que davam boa sombra. O arquiteto e o engenheiro levaram em conta a obra da natureza, enquanto trabalharam a planta da sua tão sonhada residência. Precisou aterrar os fundos dos ditos 1.500m² com onze caçambadas de boa terra. Ele mesmo contruiu o muro em volta do lote, todo com tijolos à vista. Também caprichou nos dois portões, um para o carro e o outro para a família. Seus filhos o ajudaram a cavar valetões que preencheu com pedra britada para secar a umidade. Ele fez mutíssimas coisas mais.
Poupou dinheiros e, depois de alguns bons nove meses, plantou o fundamento da tão sonhada casa, tudo com cimento e ferro de primeiríssima qualidade. Dava gosto de ver a construção crescendo a partir das suas mãos e das dos seus queridos. Ninguém poupava as suas forças na obra. Ele simplesmente cuidou de todos os detalhes. Escolheu os azulejos, o tipo de telhas, o piso, o encanamento, a instalação elétrica, o madeiramento e tantas coisinhas mais que uma obra deste vulto requer. Também plantou um lindo gramado em roda de casa e não poupou dinheiros quando o assunto tinha a ver com estética. Enfim, colocou a sua vida na construção.
Passaram-se dezessete meses e a casa da sua aposentadoria ficou pronta. Agora era tempo de mudar, invadir seus aposentos com os móveis, com as suas coisas que foi adquirindo durante a vida. Ele ainda dispunha de um pouquinho de dinheiro e foi então que lhe brotou uma “brilhantíssima” idéia: terceirizar a ornamentação interna e externa do seu lar.
Pois gastou o resto das suas economias com as horas trabalhadas de um sujeito que surgiu do nada, assim de repente. Sem refletir no que estava fazendo, conferiu-lhe poder para encher seu novo “ninho” com cortinas, tapetes e quadros que não combinavam absolutamente nada com seu apurado gosto. Também permitiu que o tal indivíduo escolhesse as cores com as quais pintou seu patrimônio, externa e internamente. Agindo assim, oportunizou que a dita cuja pessoa saboreasse a “sobremesa” que era só sua. Agora, ele precisava conviver com toda aquela gama de detalhes que via e revia todos os dias, mesmo sem deles gostar. Pode uma coisa dessas? Pois é!...

4.8.07

Viagem à Rússia III - 16/07/02 (terça-feira)


Quando eram 3h e 30min da madrugada, não conseguimos mais pregar os olhos. Era o fuso horário dentro do nosso corpo. Lá pelas 4h e 30min, levantei-me da cama, tomei outro banho e, novamente, tentei dormir. Ficamos assim, na cama, até às 07h e 30min da manhã. Às 08h fomos chamados pela D. Maria para tomarmos o nosso café. Já às 08h e 45min, dirigimo-nos ao templo luterano de onde sairia o ônibus que levaria os participantes do Seminário rumo a Smyka, uma localidade interiorana mais ao norte do país.

A saída do mesmo estava marcada para às 10h. Houve um grande atraso porque uma das participantes havia esquecido o seu passaporte em casa. Agora sim. Às 10h e 30min começamos a viajar para dentro dos 500 km que ficavam à nossa frente. Todos previam uma duração de 12h. Durante o trajeto, por duas vezes, estacionamos no pátio de pequenas Comunidades que ficavam no caminho e que eram atendidas pelo P. Manfred. Nelas sempre embarcavam novas pessoas. Na última, serviram-nos comida quente, suco, cuca e tudo o mais. O clima era de festa. Eram os novos participantes que vinham com sorriso estampado no rosto. Gente que iríamos conhecer bem de perto. Depois de uma hora, seguimos viagem.

De repente, parou o ônibus. O motorista avisou que um dos pneus traseiros havia furado e que precisava consertá-lo. O conserto demoraria em torno de uma hora. Todos e todas, com excessão de dois ou três passageiros que preferiram ficar dormindo, desceram para esticar as pernas. A viagem continuou marcada por pequenas e necessárias paradas. Finalmente, às 23h e 30min., chegamos ao nosso destino. O ônibus estacionou e, mais do que depressa, todos pegaram suas bagagens. Fomos em direção do salão de conferências para lá recebermos as chaves dos aposentos pré-estabelecidos.

A Valmi e eu fomos hospedados no quarto de uma casa com muitos vizinhos. O quarto era razoável mas não tinha banheiro e nem tampouco vaso sanitário. Não tinha nem sequer uma pia na casa inteira. Saí dali para perguntar a alguém onde ficava a “toilette”. A pessoa que encontrei foi muito gentil. Ela disse: - Vem cá. Mou te mostrar. Caminhamos mais ou menos uns 50 metros. Quando cheguei ao local, fiquei perplexo. Tratava-se de uma casinha tal como aquela que os antigos agricultores do interior do Brasil tinham no fundo de suas casas. Tudo desprovido de pia e também de chuveiro. Indaguei sobre a possibilidade de tomar banho, de escovar os meus dentes e de lavar as minhas mãos. A resposta foi rápida: - Naquela lagoa ali. Quase desmaiei de susto. A Casa de Retiros era simples demais ou melhor, sem nenhuma instalação sanitária. Esta constatação acabou nos deprimindo um pouco.

Imaginem! Depois de uma longa viagem, de 500 km compreendidos em 12h, você precisa assear-se. Foi horrível. Ainda mais para nós, brasileiros, que dão tudo por uma ducha diária. Não nos restou alternativa. Mergulhamos os pés nas águas geladas da lagoa e lá fizemos nossa higiene para, depois, ao natural, cairmos na cama. Uma delas era boa. A outra, péssima uma vez que o lastro de arames era velho e irregular. Valmi e eu acordamos que, nos revezaríamos na mesma. E assim fizemos.

3.8.07

Viagem à Rússia II - 15/07/02 (segunda-feira)


No dia 15 de julho de 2002, segunda-feira, tomamos nosso banho matinal e, logo depois, tomamos o café, gentilmente oferecido pela sra. Lori. Quando eram 10h e 30min, fomos passear com o pastor Metzger pelo centro de Moscou. Trocamos Euros por Rublos (€1,00 = 30 Rublos). De repente, divisamos a Praça Vermelha. Depois de passearmos pelo local, voltamos ao Centro Comunitário. Almoçamos um sanduiche que havíamos trazido de casa para, depois, descansarmos até às 13h e 45min. Ato contínuo, visitamos o bispo Springer. Como estava ocupado, pediu que voltássemos em 10min. Passado esse tempo, fomos recebidos por ele em seu gabinete. Disse-nos dispor de só uns poucos minutos para conversar. Durante o diálogo descobrimos que o mesmo foi colega de estudos de um pastor brasileiro da IECLB, hoje aposentado, que conhecemos muito bem (Joao Pedro Brückheimer), quando morávamos no Brasil. Os poucos minutos acabaram alongando-se para 40 minutos de um bom "bate-papo". Antes da despedida, marcamos hora na agenda. Iríamos relatar nossas experiências em Wladivostock no dia 29 de julho, quando retornaríamos a Moscou. Tomamos mais um café com o casal Metzger para, logo depois, às 15h, arrumarmos as nossas malas. Era hora de seguirmos adiante. Dois jovens da Comunidade, o Christian e o Alexander, assessoram-nos rumo ao aeroporto. O Christian falava Alemão e o Alexander só a Língua Russa. Dessa vez viajamos de metrô e ônibus. No ônibus precisamos pagar passagem pela bagagem. Tudo bem.

Ao chegarmos, percebemos que o "check-in" já havia iniciado. Antes de entrarmos na fila, despedimo-nos. O nome “Wladiwostok” aparecia no painel em Russo. De quando em vez, em inglês. Tudo indicava que estávamos indo no rumo certo. Depois de despacharmos as nossas malas, fomos novamente checados pelas pessoas responsáveis. Só nos restava esperar a chamada para o embarque no vôo previsto para às 18h e 30min. Um ônibus nos conduziu à aeronave da AEROFLOT. Sentamos nos assentos 25b e 26c, na segunda fila dos bancos centrais da segunda classe. A tela de TV era enorme e estava ali, bem à nossa frente. A empresa aérea divulgou ou seja, fez bom "marketing" da cidade de Moscou e isso, durante uns 90 minutos. Enquanto isso, serviram-nos o jantar: peixe e verduras. O cansaço nos visitou logo depois e, por isso, acabamos dormindo. O filme que nos foi apresentado tratava do tema guerra e esse, para nós, era um tanto desinteressante. Foi interessante notar que o sol não se pôs, durante as oito horas que a nossa viagem durou. Às 8h e 30min da manhã nos foi servido um gostoso café e, quando eram 10h, desembarcamos em Wladiwostok. De München até Moscou experimentamos um fuso horário de menos duas horas. De Moscou a Wladiwostok, menos 7 horas. Quer dizer, nosso horário biológico dizia-nos ser 1h da madrugada. Estávamos cansadíssimos.

O aeroporto mostrava-se muito antigo. Ao descermos as escadarias do avião, peguei a máquina fotográfica. Queria fazer uma foto, nada demais. Fui impedido de forma extremamente brusca por um dos homens que trabalhavam na segurança do local. Não entendemos muito bem aquela atitude. Embarcamos no ônibus que nos levaria até a sala onde apanharíamos as nossas malas. Já no portão, fomos recepsionados com outro cartaz por um moço que apresentava ares asiáticos e que, sorrindo, disse ser o Eduardo. Como só falava inglês, tivemos alguma dificuldade na comunicação. As bagagens demoraram 15 minutos para chegar às nossas mãos. Gostaríamos tanto de conversar mas estávamos impedidos pelas circunstâncias. Estudar inglês - estava ali descortinado um projeto para a nossa vida. Enfim, as malas.

Sim, as malas chegaram. Apanhamo-las e, logo depois, dirigimo-nos para o carro do Eduardo (Um sr. da Comunidade de Wladiwostock que trabalha com remuneração.) Tratava-se de um carro grande e, assim, as bagagens couberam todas no bagageiro. A Valmi sentou-se no banco de trás. Já eu, instintivamente, dirigi-me ao lado direito do carro. Abrindo a porta, fui surpreendido pelo volante. Percebendo a gafe dirigi-me, incontinente, para o outro lado. Uma vez acomodados, viajamos 50 km rumo a Wladiwostock. Nosso diálogo com o motorista foi mínimo uma vez que não entendíamos o seu inglês. Viajamos em torno de uma hora. Quando estacionamos no pátio da Comunidade percebemos que a sra. Irina B. também chegava com os braços abertos e dispostos a abraçar. Descarregamos nossos pertences e, imediatamente, fomos conduzidos para os nossos aposentos onde fomos alojados por um dia e uma noite.

Na sala de reuniões da Comunidade havia muita movimentação. Pessoas leigas, comprometidas com o Projeto, preparavam todo o material que seria usado quando do Seminário, a 500 km dali. Conhecemos todos os obreiros e as obreiras. O casal Walter da cidade de Kansas, nos EUA que, como nós, também eram palestrantes já se encontravam ali desde sábado, dia 13 de julho de 2002. Alan falava um pouquinho de alemão. Já a Kath não comunicava nada nessa língua, apenas em inglês. Aqui, novamente esbarramos na barreira da linguagem. Já as pessoas da Comunidade comunicavam-se um pouco em alemão e, foi com este “pouco” que conseguimos nos dizer as coisas.

Depois de todas as apresentações, levaram-nos ao quarto que nos serviria de aconchego. Após depositarmos nossas bagagens no mesmo, fomos tomar um chá com bolachinhas, junto com as demais pessoas que ali se encontravam. Ato contínuo, fomos descansar porque ninguém é de ferro. Além do mais, já administrávamos um fuso horário adiantado de 9h. Quando eram 13h e 15 min da tarde, bateram na porta. Era hora do almoço comunitário. Quando chegamos na sala de refeições, fomos apresentados ao P. M. Brookmann. Disse-nos que almoçava com todos os obreiros, sempre uma vez por semana. Achei muito interessante essa dinâmica. Serviram-nos batata inglesa decorada com carne picadinha.

Findo o almoço, fomos dormir novamente até às 18h e 15min. Estávamos cansadíssimos pelo fato de termos viajado a noite inteira. Nessa hora, decidimos tomar um banho. Primeiro problema: Como entender o funcionamento das torneiras? Como aquecer aquela água tão fria? Depois de alguma luta, pedimos ajuda. Novamente fomos auxiliados pelo Eduardo que, simpático, nos oportunizou mais essa alegria de podermos nos banhar. Asseados, fomos a grande sala onde já se encontrava o P. Brookmann. Ele nos acompanharia à sua casa onde sua, esposa, nos preparara uma janta. Chovia muito. De sombrinha e guarda-chuva em punho enfrentamos uns 500 metros a pé, dentro de muito barro. Tínhamos que ser bem cuidadosos por causa do terreno escorregadio e dos buracos que empoçavam água. Durante o trajeto, conhecemos o prédio da igreja luterana. Também mostrou-nos o terreno que a Comunidade sonha comprar para, no futuro, erigir a nova casa paroquail.

Logo na entrada do seu apartamento fomos exortados a tirarmos os sapatos. Deixou-nos claro que se tratava de um costume russo, ou seja: nunca se adentra numa residência com os calçados sujos da rua. Uma vez descalços, recebemos chinelos limpinhos e só então fomos apresentados à segunda esposa do pastor. Tatiana é russa, nascida na região de Ural. Ela serviu-nos um jantar muito apetitoso. Antes disso o Manfred brindou nossa presença com champagne. Nossa conversa girou sobre diveros temas.

Após o jantar, fomos convidados a sentar na sala. Dali, tínhamos uma bela vista do mar. Um verdadeiro cartão postal. Durante o nosso diálogo, descobrimos que Manfred foi colega de Teologia do nosso conhecido P. Dr. Gottfried Brakemeier, em Hamburgo, na Alemanha. Que sua turma o apelidara de “Schlaue Hund” (Cachorro Inteligente) pelo fato de ser muito estudioso. Outro aspecto interessante que nos chamou atenção foi que Manfred fumava charutos do Brasil. Disse encantar-se com o aroma e o sabor do fumo brasileiro. Descobrimos ainda que Manfred, além de ser pastor de Wladiwostock e cidades vizinhas, também é o Cônsul da Alemanha naquela região. Quando o relógio marcou 22h, despedimo-nos dos nossos hospedeiros e dirigimo-nos ao Centro Comunitário da Comunidade Luterana, onde pernoitamos. No outro dia viajaríamos para o local onde aconteceria o nosso Seminário e tínhamos que arrumar algumas coisas.

1.8.07

Viagem à Rússia I - 14/07/02 (domingo)


Saímos de casa a pé, carregando duas malas. Às 9h e 15min, chegamos à Estação “Josefplatz”, onde embarcaríamos no “U-Bahn 2” com destino ao “Hauptbahnhof” para, de lá, tomarmos o “S-Bahn” com destino ao aeroporto que fica 60 km distante de Munique. “Schade!” Percebemos que nossas bagagens estavam sem o cadeado. Nada demais! Só um primeiro atraso de 15min.


Resolvido o problema, compramos os “tikets” e lá fomos nós rumo a uma “grande aventura”. Chegamos ao Aeroporto Josef Strauss às 10h e 55min. Enquanto fazíamos o “Check-in”, fomos informados de que nosso vôo, previsto para às 13h e 30min, atrasaria três horas. Reclamamos de forma um tanto tímida mas acabamos nos consolando com as passagens marcadas para às 16h e 30min., mais os dois “Vale Refeição” que, juntos, somavam € 37,00.


Enquanto almoçávamos uma gostosa macarronada, tentamos telefonar para os nossos hospedeiros em Moscou. A pessoa que nos atendeu não sabia a língua alemã. Então, ligamos para a amiga Irina, em Wladiwostok (670.000 habitantes; 9.288 km distante de Moscou; fuso de 9h a mais do que em Munique). Lá, quase do outro lado do mundo, também fomos atendidos por uma pessoa que só sabia falar a língua russa. Tentamos outros contatos mas todos acabaram infrutíferos. De repente, soou o nosso telefone celular. Do outro lado da linha, o Pastor Brookmann, lá da longínqua Comunidade para onde iríamos viajar 12 horas de avião. Muito simpático, responsabilizou-se por informar o sr. Krüger que, assim como ficara acertado, nos daria cobertura na capital da Rússia, Moscou. Isso nos acalmou bastante.


Não demorou muito, outro chamado no nosso celular. Desta vez, um amigo da colega Irina que mora em Frankfurt e que já trabalhou no Brasil. Queria saber se estava tudo bem. Disse-nos que iria informar sua amiga. Tudo esclarecido, só nos restava almoçar, descansadamente e é claro, esperar pela chamada do embarque. Como tempo é dinheiro, relemos o material que havíamos preparado para o Seminário que nos comprometeramos a levar a cabo. Assim, o tempo de espera passou ligeiro.


Nos dirigimos ao Glichê do “Pass Controll” às 14h e 45min. Nossos passaportes estavam ok e, assim, seguimos em frente com nossas bagagens de mão. O portão de embarque da AEROFLOT nos deixou um pouco mais relaxados. Acabamos embarcando no “Boing 737” quando eram 15h e 55min e já às 16h e 25min, levantamos vôo. O avião era confortabilíssimo. Sentamos nas poltronas 8a e 8b. Como o banco 8c estava vago, tínhamos todo o espaço do mundo para esticarmos as nossas pernas. Logo de início notamos que os comissários e as comissárias de bordo eram um tanto sérios, carrancudos. Na saída, ofereceram-nos algo para beber juntamente com um pequeno pacote com salgadinhos e um jornal. Optamos por "Süd- Zeitung", um dos bons jornais do sul da Alemanha. Não demorou muito, serviram-nos a janta que claro, estava gostosíssima. E, nesse ritmo, tranqüilos, pousamos em Moscou às 21h e 10min. Nesse momento, já tínhamos que administrar um pequeno fuso horário de 2 horas.


Nossa chegada em Moscou se deu às 21h e 10min. Depois de passarmos pela alfândega, fomos pegar nossas malas. E então nos dirigimos à saída do aeroporto. Lá, fomos recepsionados ou melhor, abalroados por taxistas que mostravam-se “sedentos” por dinheiro. Tivemos que dizer um claro “não”. Mas isso, com muito jeito. Uma vez fora do recinto, logo vimos um simpático senhor que ostentava um cartaz com o nome “Becker”. Dirigimo-nos até ele que, logo de saída, nos surpreendeu quando, num claro português, disse: - "Boa Noite!" A princípio, entendemos que falava a nossa Língua. Logo vimos que não. Ele decorara o cumprimento. Que simpatia – pensamos. Embarcamos num carro muito pequeno para seguir viagem até o centro da cidade que distava 60 km. Lá ficavam as dependências da Comunidade onde iríamos nos hospedar. A maior parte das nossas poucas bagagens precisou viajar no nosso colo. Lembro que o calor era insuportável, assim como o movimento de carros na estrada.


Uma vez na Comunidade, fomos recebidos pela zeladora. Comunicamo-nos por gestos. Isso não era fácil. Coisa boa quando, de repente, conhecemos o missionário Metzger e sua esposa Lori. Falavam a língua alemã. Disseram-nos que eram da Missão Marburg e que, agora, aposentados, prestavam serviço por três meses na Comunidade Evangélica Pedro Paulo de Moscou. Sentimo-nos muito bem acolhidos pelo casal. Logo depois, o sr. Künzel (Secretário da Comunidade) despediu-se de nós. Estávamos cansados. Por isso, depois de conversarmos um pouquinho, fomos dormir. Para nós, foi um presente podermos nos acomodar naquele quarto comunitário. Lá podíamos nos comunicar em alemão. Noutros lugares teríamos que colocar nosso parco inglês na roda. Era muito melhor assim...

OLHA SÓ!