Busque Saber

30.12.09

Vou ser Avô!



Recebi esta notícia como um presente, na noite de Natal! A criança nascerá em julho de 2010. Já estou até pensando onde vou construir a caixa de areia para a minha netinha e ou meu netinho brincarem. Sim, imagino-me respondendo perguntas, muitas perguntas. Tal como Maria e José foram pais, penso que a Valmi e eu também seremos avós presentes. Foi sobre esse assunto que meditei em Lucas 2.41-52...

Espero que o rebento da Paula e do Daniel seja curiosa ou curioso. Quem?... Como?... O quê?... Para quê?... Por quê?... Vocês já repararam que as pessoas que fazem perguntas se desenvolvem mais do que as que são tímidas, do que as que se recolhem nos cantinhos do silêncio?

Fazer perguntas é muito bom! O texto bíblico que acabei de sugerir para leitura explicita que Jesus foi à escola com perguntas a tiracolo (46). Lá, Ele, certamente, recebeu boas respostas. Pena que o evangelista Lucas não nos conte mais sobre o assunto. Interessaria-me saber quais foram as perguntas que o Filho de Deus fez, quais as boas respostas que Lhe foram dadas.

O fato é que também Jesus sofreu aprendizado, mudou de comportamento. Não avalio as meninas e os meninos que estão sob meus cuidados pela resposta certa que são capazes de dar. Penso que a “decoreba” não tenha muito valor em si. Adoro quando são curiosos. Esses, de respostas em respostas, vão construindo um mundo melhor para si e para os outros.

O ano novo vem aí. Vamos ter que, novamente, juntar todas as nossas forças para lutar. Novos caminhos já começam a se abrir. Certamente vamos ter que trilhar por estradas antigas, continuar tentando responder velhas questões: Quem sou eu? O que acontece com a minha vida? Claro que poderemos abdicar de nos envolver com tais perguntas. Até poderemos fechar nossos ouvidos para as mesmas, nos entupirmos de fórmulas prontas, decoradas, mastigadas por outros. Qual a graça disso?

Jesus crescia em sabedoria e, por isso, as pessoas e Deus mesmo gostavam Dele. Quero crescer em sabedoria. Me perguntar como ser um bom avô. Começo assim 2010. Abraços!

22.12.09

Quem sou eu?



Antes de voltar da Alemanha, fui convidada por uma senhora muito doente a tomar um café de despedida. Na oportunidade ela me presenteou um grande espelho. Alegrou-se imensamente com a possibilidade de que iríamos usá-lo no Brasil. Tinha sido presente do seu marido falecido. Vejo-me nele sempre de novo. Ele reflete quem eu sou e como estou exteriormente...

O melhor espelho para vermos quem somos e como estamos interiormente são as irmãs e os irmãos na fé. Alguma vez você já perguntou a alguém das suas relações de conhecimento, qual a opinião que tinham a teu respeito?

Pois Jesus fez pergunta aos seus discípulos (Mateus 16.16-17). Ele queria saber o que as pessoas comentavam sobre ele; queria saber dos próprios discípulos quem eles achavam quem Ele era. Simão Pedro arriscou uma resposta e Jesus se alegrou com a mesma; alegrou-se pelo fato de Pedro tê-lo reconhecido a partir do conhecimento presenteado por Deus. Pedro estava cônscio de estar ao lado do Deus Vivo que age e não se acomoda, que é encarnado, que faz refeição com Zaqueu; que defende a prostituta; que chama crianças para o abraço.

Que dizem as pessoas; o que elas pensam a respeito de ti? Procure informar-se! Ouse fazer uma avaliação de si... Estamos sendo um “pequeno cristo” para os nossos próximos? Estamos sendo um “pequeno alguém” desencarnado, que escolhe muito bem as companhias para almoçar, que só toma atitudes que desembocam nas águas do “vou me dar bem”, que não se inclina...

17.12.09

Brincando com Títulos!

Nós, desde o dia 29 de novembro de 2009 (1° Domingo de Advento), celebramos, sempre das 22.00h até às 22.30h, um tempo de reflexão debaixo da Coroa de Advento. Cada dia acendemos uma vela a mais. Elas, à medida que os dias iam passando, eram "batizadas" pelos responsáveis pela reflexão. Foram 25 meditações, 25 momentos de reflexão. Pois copiei todos os “nomes” dados às velas e criei o texto que reparto...


Outro dia saí, “passo a passo”. Andei pelas ruas da minha cidade em busca de perspectivas, de luz, luz para mim, de “luz para todos”. Dialoguei com uma senhora que ansiava por “paz”, que queria saber onde encontrá-la, como encontrá-la. Encontrei um senhor que me disse estar encharcado de “esperança”, a partir da nova proposta que experimentava. Há se todas as pessoas pudessem experimentar o “toque de Jesus” em suas vidas. Com certeza explodiriam de “alegria” e, por tabela, experimentariam o “auxílio de Deus”; a “força de Deus” no âmago das suas histórias. Fui adiante, sentei no banco da praça e olhei com olhos de ver as pessoas que passavam por mim. Foi ali que, desenvolvendo minha “espiritualidade”, senti como nunca o “agir de Deus” em minha vida. O “arrependimento” é algo que precisa ser diário. Depois de entender isso, prestei “louvor” a Deus com meus pensamentos. Pedi-Lhe por “socorro” para não afundar nas águas dos meus medos. Sim, também pedi-Lhe por “tolerância”, para ser mais brando com aquelas e com aqueles que, longe do discipulado, optam pela ideologia do mais simplório, do mais ou menos. Ah a “misericórdia” de Deus, este amor que se doa sem esperar nada em troca. Careço exercitá-lo mais e mais para conscientizar-me da “presença de Deus”, do “amor de Deus” em minha vida. Levantei-me! Fui adiante e, enquanto caminhava, tomei a “decisão” de aprofundar-me mais no “conhecimento” de mim mesmo. Sim, não mais me olhar tanto no espelho que só mostra o que é externo, mas escutar o que os outros dizem de mim, perceber meu interior; manusear a realidade; desenvolver minha “visão” para poder olhar além do que é visível a olho nu; tirar mais tempo para a intercessão em prol dos outros enquanto pratico a “oração” no silêncio do meu quarto... Hummm! O sol estava se pondo. A luz já surgia no horizonte. Era hora de ir. Levantei-me! Meu olhar pousou no canteiro onde floriam lindas flores. Com certeza o jardineiro não teve a mínima preguiça para “semear” “vida” ali naquele chão público. Sim, O meu Criador semeou do Seu amor em mim. Caminhei, vi pessoas, vislumbrei seus semblantes. Quantas histórias indo e vindo a pé, motorizadas... Todas as pessoas têm a chance de experimentar “segurança em Deus”. Teria eu outra saída? Não! A mim só cabia prestar honra, “adoração” ao meu Senhor!

15.12.09

PAZ!


Zacarias, o pai de João Batista, escreveu um cântico onde apontou para a Vinda do Salvador: “Graças ao misericordioso coração do nosso Deus, pelo qual nos visita o Astro das alturas, para iluminar os que jazem nas trevas e na sombra da morte, para guiar nossos passos no caminho da paz.” (Lucas 1.78-79)

Alguns pastores que pastoreavam seu rebanho nos campos de Belém receberam a visita de um anjo que lhes disse: “Não tenhais medo! Eis que eu vos anuncio uma grande alegria, que será para todo o povo: Nasceu-vos hoje um Salvador, que é o Cristo Senhor, na cidade de Davi.” (Lucas 2.10-11)

Noutro momento é uma multidão de anjos do exército celeste que louva a Deus dizendo: “Glória a Deus nas alturas, e paz na terra aos homens (e às mulheres) que Ele ama.” (Lucas 2.14)

O que é paz? Ora a paz é um desejo que perpassa os séculos. Em todos os tempos se buscou e continua se buscando a paz pessoal, a paz para o mundo no qual vivemos. Sempre se carrega a impressão de que, finalmente, a paz chegou para ficar. Mas sempre de novo nos decepcionamos com esse sentimento. Parece mentira, mas nunca conseguimos encontrar a paz verdadeira e duradoura. Então, onde está esta paz? Quando vem esta paz? Como encontraremos esta paz? Tais perguntas continuam movendo as pessoas no século 21.

Paz é mais! É harmonia entre o Criador e suas criaturas, é a comunhão entre as pessoas e seu Deus. Esta harmonia acontece nas relações das pessoas entre si, das pessoas com a natureza. Pena que toda esta idéia esteja deturpada. Com o tempo, Deus passou a ser estranho para muitas pessoas. A própria Bíblia testemunha que as pessoas “desaprenderam o caminho da paz. Que elas não têm respeito por Deus.” (Romanos 3.17-18) Isso tudo acaba sendo muito trágico. Nos últimos tempos, antes da segunda vinda de Jesus Cristo, com poder e glória, esse desejo por paz vai ser muito forte nas pessoas: “Quando elas disserem: paz e segurança! Então, lhes sobrevirá repentina destruição, como as dores sobre a mulher grávida; e não poderão escapar.” (1 Tessalonicenses 5.3) Coisa boa! Aquilo que as pessoas não conseguem pela própria força, Deus consegue: a Paz!

14.12.09

Não como queria!



É noitinha...
Ontem foi manhazinha!
Ouvi cânticos...
Andei com românticos...
E tu sempre comigo – lidinha.
É sério!
Pensei que conseguiria...
Daí lutei com maestria.
Lá se foi mais um dia!
E eu aqui,
Não bem como queria!

9.12.09

Família Pastoral e ministerial!



Oi pessoal! Esta palestra foi proferida pelo pastor emérito Nelso Weingärtner, por ocasião da 1ª Convenção Nacional de Obreiros da IECLB. Publico-a aqui porque entendo que ela pode nos ajudar nestes tempos de crise onde nós ministras e ministros da IECLB temos que articular nossa vocação em meio à nossa profissão. Que tal debatermos esse assunto com mais profundidade?  Abraços!

Como jovem eu gostava de ajudar um tio, que era ferreiro e fabricava ferramentas para o trabalho na lavoura. Um pedaço de ferro ou de aço era colocado nas brasas até ficar incandescente... depois era martelado e batido até pegar a forma da ferramenta desejada... mas, até que a ferramenta ficava pronta, ela precisava voltar várias vezes ao braseiro.

Nossa convenção aqui em Curitiba é parecida com tal ferraria. Os assuntos aqui tratados foram quentes e nós, obreiros e responsáveis pelos serviços de formação e administração na IECLB, fomos o aço que é colocado no braseiro, e fomos martelados e malhados para pegar a forma que Deus quer ver em seus ministros...

A Dorothea colocou – com grande sabedoria e empatia - diante de todos nós – a história, as alegrias e as dores da Família Ministerial. O que vamos fazer agora com esta palestra, que mexeu conosco, que despertou concordância e certamente também discordância?

Permitam sublinhar e acrescentar alguns tópicos ao que ouvimos: Desde o tempo da Reforma, a família pastoral, ou ministerial, como se prefere hoje, ocupou um lugar de destaque nas comunidades evangélicas e sempre tinha um status especial e diferenciado. O pastor, quase sempre, era muito respeitado e em certo sentido temido – muitos membros ficavam inibidos diante dele e bancavam ser, o que na verdade não eram.

Uma pequena história pessoal: Em princípios de 1962, eu assumi meu primeiro pastorado na paróquia de Santa Isabel, minha terra natal. Präses Stoer, presidente do Sínodo, reuniu, antes de minha designação, os membros da Comunidade e lhes explicou, que eles receberiam agora um filho da comunidade como seu pastor e acentuou: Vocês devem amá-lo e respeitá-lo como o vosso pastor. Ele agora não é mais o filho, sobrinho, primo e amigo de vocês – mas o pastor de vocês”.

Quando cheguei com minha mudança, fui calorosamente recebido como pastor...mas era muito estranho, ser chamado “Herr Pfarrer” – Sr. Pastor por meus tios, primos e ex-colegas de escola. Quando fui celebrar o primeiro culto numa Comunidade filial, na Segunda Linha, montando o meu “Baio”, lembrei que há 14 anos passados, eu ganhava um dinheirinho de bolso para ficar de guarda, no final da tarde dos Domingos em que havia culto na 2ª Linha. 

Quando o pastor aparecia lá na curva dos Rassweiler, eu saía em disparada para a venda, onde os.homens jogavam cartas e onde circulava um copo com uma cachacinha, e gritava: “Der Pfarra kemmt” = 0 pastor vem... O copo com a caninha desaparecia e as cartas eram escondidas... sentavam em cima delas, até que pastor passara. Nesse dia, quando voltei no fim da tarde, e cheguei lá na curva dos Rassweiler .. vi meu sobrinho sair em disparada... Quando cheguei na venda, saltei do cavalo, entrei e fui cumprimentar os homens sentados ao redor da mesa ... eles fizeram uma pequena menção de levantar... mas não podiam... porque estavam sentados em cima de suas cartas. Rindo, eu segurei a mão de meu tio e padrinho e disse: Vor dem pastor muss man richtig aufstehn, Onkel Betti... e o puxei para cima, tomei suas cartas e joguei uma rodada com eles... Assim, aos poucos, a distância entre membros e pastores diminuiu e foi superada. Experiências semelhantes, outros colegas também tiveram.

Hoje, eu gostaria de perguntar: Será que essa superação – duma certa distância entre pastor e membros – foi bom para os serviços pastorais? Certamente, foi necessário libertar o pastor, a Frau Pastor e os filhos do casal dum status que os forçava a aparentar algo, que na realidade eles não eram e não queriam ser. Mas no decorrer dos últimos anos aconteceu um nivelamento entre pastores e membros que, em meu entender, prejudicou os serviços pastorais, porque afetou a função pastoral, o específico do pastor.

Um certo distanciamento entre pastor e membro, como entre médico e paciente, professor e aluno é de vital importância, pois o ser humano necessita de um parâmetro de vida. É bom lembrar que num passado, um pouco mais distante, o respeito ao pastor tinha suas raízes na sua função e não na sua pessoa. Exemplifico: Quando, como menino, perguntei minha avó por que a gente tinha que usar sapatos e a melhor roupa para ir a igreja, ela respondeu: porque lá vamos nos encontrar com Deus! Como na época só acontecia um culto por mês, ninguém faltava. Lá ao redor da igreja, antes do culto, todos se cumprimentavam e conversavam animadamente.

Cinco minutos antes de o culto iniciar tocava o sino. Todos tiravam o chapéu e entravam na igreja com respeito e em profundo silêncio, faziam sua oração e sentavam. Quando o pastor, paramentado, entrava na igreja e se dirigia ao altar, o sino tocava novamente e toda a comunidade se colocava de pé.

No culto vamos nos encontrar com Deus! Essa frase é uma confissão de fé. Nossos ancestrais sabiam o que eles estavam dizendo e fazendo quando iam ao culto. O encontro com Deus na igreja era um momento muito dinâmico e o povo experimentava verdadeiro recondicionamento nesse encontro. No “Gottesdienst” o pastor tinha uma dupla função: ele era porta voz de Deus na pregação, na absolvição dos pecados e na Bênção. E era o porta voz da comunidade na confissão dos pecados e nas intercessões. O pastor estava ciente e consciente da grande responsabilidade que lhe cabia nesse encontro com Deus e a comunidade também o sabia. O Pastor se dirigia ao altar e ao púlpito com temor e tremor porque neste encontro ele era porta voz de Deus, e falava em nome de Deus.

A palavra Gottesdienst sempre era entendida em sentido duplo: Deus nos serve através do perdão dos pecados, através da pregação de sua palavra e da Bênção e a comunidade serve a Deus com seu canto de louvor e adoração, através da confissão de sua fé e da oração. O culto, assim entendido e celebrado, alimentou os nossos ancestrais luteranos durante mais de cem anos. Não havia outros serviços e as comunidades só cresciam, mesmo que restrito aos descendentes de alemães. Pergunto: Será que o culto, de nossos dias, ainda é sentido e experimentado como um Encontro com Deus?

A igreja ainda representa um lugar santo e sagrado, diante da qual, em tempos passados, as pessoas tiravam o chapéu ao passarem por ela? Nós pastores ainda estamos cientes e conscientes que no culto somos porta voz de Deus quando pregamos, anunciamos perdão e colocamos a Bênção sobre a Comunidade?

Gostaria de lembrar que colocar a Bênção é muito mais que desejar a Bênção!!! Veja Números 6,23 -27. O culto assim entendido é celebração genuinamente luterana. Tenho a impressão que a reforma litúrgica dos últimos tempos, esvaziou a sobriedade e dinamicidade do nosso culto e tornou os membros inseguros... muitos de nossos membros, quando participam de cultos em outros lugares, não reconhecem mais sua Igreja. Pergunto: Será que muitas das crises vividas hoje por pastores e suas famílias não estão relacionadas com certo esvaziamento da função pastoral?

Esse esvaziamento do “próprium” da função pastoral tem sua origem em uma serie de fatores. Cito alguns: Nossos pastores estão sobrecarregados com programas e programações. Vivem correndo para os mais diferentes grupos de trabalho nas comunidades e nos Sínodos.

1) A conseqüência desse corre...corre é que eles não tem mais tempo para ler, meditar, orar e preparar uma boa prédica, para então subir no púlpito como porta voz de Deus.

2) A falta de tempo para o Studier= e Betzimmer, - A sala de estudo e oração – como era entendido o escritório do pastor, gera muitos conflitos, por exemplo: O pastor que precisa pregar e ensinar a palavra de Deus, e não tem tempo para se preparar, torna-se superficial e no decorrer do tempo perde a sua auto-estima e autoconfiança, e, torna-se um barato mestre de cerimônias.

3) Nesse contexto também nossas conferências de obreiros precisam ser avaliadas. Nessas conferências há espaço e tempo para reflexão teológica com exegese e temas atuais? Ou gastamos esse tempo precioso com assuntos de agenda?

4) É preciso acentuar ainda, que todo pastor e todos os obreiros dos demais ministérios ordenados, para poderem servir bem as comunidades a eles confiadas, precisam de muita autoconfiança e auto-estima. Isso não num sentido de auto-elevação e autoritarismo, mas a partir da função e autoridade que lhes foram conferidas na sua ordenação.

A Dorothea nos forneceu, em sua palestra, muitos aspectos das dores que atormentam nossos obreiros e suas famílias e indicou possíveis saídas.

Eu gostaria de propor agora, que à partir dessa convenção, sejam tomadas algumas medidas bem concretas, precisamos ir fundo e analisar: por que há tanto descontentamento e tanta frustração entre obreiros da IECLB. Arrisco algumas sugestões, porque somos luteranos e temos o direito de protestar:

1) Os obreiros da IECLB precisam ser mais valorizados à partir da função para a qual foram ordenados – eles não podem continuar sendo tratados como meros empregados ou funcionários, cujo trabalho é medido pela produção.

2) Precisamos ouvir – sem rancor e desarmado – o clamor de obreiros, que acusam nossa IECLB de estar se transformando numa Empresa e que nela reina “um espírito empresarial”!

3) Um dos grandes culpados, que estão gerando esse clima não bom na IECLB, é “A avaliação dos obreiros”.

4) A maneira como a avaliação é realizada não condiz com a dignidade ministerial.

5) Já o contrato de trabalho para um período de quatro anos cerceia a dignidade ministerial e transforma o ministro em funcionário.

6) Por isso sou de opinião que todo o sistema de avaliação e “contratação” dos obreiros deve ser revisto e encontrada outra forma de acompanhamento dos mesmos.

7) Obreiros cientes e conscientes de sua função não precisam ser avaliados, mas visitados por pessoas capacitadas para escutá-los, consolá-los, aconselhá-los e quando necessário também admoestá-los e mesmo repreende-los.

8) Será que há disposição para tal mudança? E será que temos pessoas capacitadas para esse serviço?

9) Imagino que sim. Além dos Pastores Sinodais, aos quais cabe esse serviço em primeiro lugar, podem ser convocados obreiros aposentados e outras pessoas com tato e experiência em aconselhamento.

10) Em meu entender, também os obreiros aposentados precisam ser mais valorizados e suas experiências mais usadas.

11) Outro tópico importante, que precisa ser tratado com muito carinho: Nossas famílias de obreiros, de todos os ministérios ordenados, precisam saber e sentir que elas são importantes para a nossa IECLB, que elas podem contar com sua Igreja em momentos dor, doença e crise. Em todos os Sínodos deveriam existir equipes de profissionais da saúde física e mental, credenciadas pelas respectivas instâncias da Igreja, para atender nossas famílias ministeriais.

Por fim, gostaria de dizer ainda: Sejam criativos, estimados colegas, aprendam a discernir o central e essencial nos serviços ministeriais. Se dediquem a esses serviços com alegria e entusiasmo e tenham coragem para dizer não aos serviços, que não são necessariamente atribuições do obreiro. Se assim procederem, com certeza, também vão encontrar espaço e tempo para vocês mesmo e para as famílias de vocês.

Que assim seja.

Timbó, outubro de 2009
Nelso Weingärtner

Currais Eclesiásticos!


Você já deve ter ouvido falar em “currais eleitorais”. Eles eram e ainda são recintos, espaços citadinos, que servem para hospedar, alimentar e recrear o eleitorado oriundo do campo. Este povo sempre de novo é trazido por facções políticas lá das mais remotas áreas onde vivem. Uma vez alojados, os eleitores são mantidos incomunicáveis até a hora da votação. Somente quando é chegado o “kairós” é que eles podem abandonar os locais cheios de mordomias onde se encontram “encurralados”. Quando este “momento certo” finalmente acontece, eles são acompanhados com a cédula que colocarão no envelope recebido na mesa eleitoral. Tais práticas ferem a nossa cidadania, não resta dúvida.

Será que existe isso – currais eclesiásticos? Pois ouso dizer que sim. Alguns “ministros” agem, com ou sem “pedigree” como “coronéis” dentro da Igreja, dentro desse espaço livre criado pelo Espírito Santo; constroem “cercas” para “proteger” os membros de sua denominação; fazem de tudo por ela. Aparentemente são excelentes pastores. E assim vão se “vendendo” como os únicos “arautos da verdade”. Demonizam toda e qualquer idéia que não passa pelos seus “crivos” e chamam de “anátemas” os que pensam um pouco diferente daquilo que é senso comum em suas cabeças. Atrás desse comportamento existe a sede de poder e, por incrível que pareça, algumas “ovelhas” gostam disso e seguem vivendo suas vidas acriticamente, sem crescimento, sem a alegria da descoberta.

Onde foi que esses “coronéis cristãos” foram forjados? Tenho quase certeza que não o foram nas Faculdades de Teologia, mas onde então? Dentro de pseudo-movimentos? Acho que vou ter que continuar pensando neste assunto...

8.12.09

Alegria no Natal!



O evangelista Lucas escreve que alguns pastores cuidavam de suas ovelhas nas cercanias de Belém. Quem o lê fica sabendo que certa noite um anjo se aproximou deles espalhando a perspectiva de “grande alegria”. Notem que os pastores não estavam de folga, mas trabalhando pois é à noite que o rebanho precisa de maior cuidado. Nem passava pela sua cabeças estar na companhia da família. É neste contexto que ouvem a explicação da boca do anjo: “Não tenham medo! Estou aqui a fim de trazer uma boa notícia para vocês, e ela será motivo de grande alegria também para todo o povo!” (Lucas 2.10). Sim, o anjo informava que havia um bom motivo para se ter alegria. A criança recém-nascida carregaria o nome “Cristo” que quer dizer um Rei “Ungido”.

Sempre de novo, nestes tempos de Advento, o assunto “alegria” retorna à pauta da Igreja. O Natal é entendido como a Festa do Amor, Festa da Alegria. Já repararam que nos dias que antecedem o Natal os amigos, os colegas de trabalho desejam-se “Feliz Natal”? Quem vai às lojas comprar presentes ouve músicas natalinas e os balconistas também desejam-nos “Boas Festas”. Agora, porque mesmo “alegrar-se” com o Natal? Por causa do feriado? Pelo fato de estarmos junto aos familiares? Por que recebemos presentes? Eu diria que o Natal tem a ver com tudo isso sim, mas muito mais com a “alegria” e sabem por quê? Porque na história bíblica a “alegria” é o assunto.

Reflitamos sobre o motivo desta “alegria”. O nome grego “Cristo” é traduzido para o hebraico como “Messias”; “Prometido” em Português. Os judeus liam muito o AT. Eles esperavam um “Messias” que viesse libertá-los dos inimigos e, ao mesmo tempo, reconstruir o Reino do rei Davi do qual só tinham ficado as lembranças. Ao lado desta esperança terrena e política eles também esperavam um grande líder carismático que, além de salvar o povo israelita, iria construir um Reino de Paz duradoura.

A criança que nasce em Belém é esse Salvador que, mais tarde, perecerá na cruz, carregando as culpas de todas as pessoas sobre os seus ombros. Coisa boa, Jesus não fica dentro do túmulo. Ele ressuscita e hoje nós O esperamos, nós cremos que Ele virá novamente até nós para construir um Reino de Paz, Amor, Justiça e Perdão. Neste Reino, neste novo céu e nesta nova terra, não existirá mais morte, sofrimento e injustiça. Diante desta realidade, me pergunto: Como é que no Natal alguns de nós só conseguem falar e refletir sobre Papai Noel e ou romantizar o nascimento do menininho na manjedoura? Cadê o assunto “alegria”?

Lucas, o autor da história do Natal, é repetitivo. Ele sempre de novo sublinha que as pessoas podem encontrar-se com o Salvador; “alegrar-se” com este encontro. A “alegria” que a salvação, que o encontro com Jesus promove é o “fio vermelho” que perpassa todo o Evangelho de Lucas. Até na última frase do seu Evangelho ele comenta de pessoas que “experimentaram” a salvação promovida por Jesus Cristo. Elas louvavam a Deus por causa disso. Hoje, aqui e ali, ainda se ouve pessoas expressando essa “alegria” por causa da salvação experimentada. Só quem já fez a experiência de viver a salvação em Jesus Cristo é que pode ter a verdadeira “alegria” para festejar este Natal como ele verdadeiramente deve ser festejado.

2.12.09

Luzes, luzes, luzes!



O caminho que conduz ao Reino de Deus não passa por estrada com pedágio. Esse caminho é todo liberado; é ladrilhado com o piso da graça não merecida presenteada por Deus em Jesus Cristo. Pois creio que tu eu possamos andar sobre este caminho. Ouçam o que Paulo nos escreve em Filipenses 1.3-11...

3. Dou graças ao meu Deus por tudo que recordo de vós, 4. fazendo sempre, com alegria, súplicas por todos vós, em todas as minhas orações, 5. Pela vossa cooperação no Evangelho, desde o primeiro dia até agora. 6. Estou plenamente certo de que aquele que começou boa obra em vós há de completá-la até ao Dia de Cristo Jesus. 7. Aliás, é justo que eu assim pense de todos vós, porque vos trago no coração, seja nas minhas algemas, seja na defesa e confirmação do evangelho, pois todos sois participantes da graça comigo. 8. Pois minha testemunha é Deus, da saudade que tenho de todos vós, na terna misericórdia de Cristo Jesus. 9. E também faço esta oração: que o vosso amor aumente mais e mais em pleno conhecimento e toda a percepção, 10. para aprovardes as coisas excelentes e serdes sinceros e inculpáveis para o Dia de Cristo, 11. cheios do fruto de justiça, o qual é mediante Jesus Cristo, para a glória e louvor de Deus. 

Os apóstolos, os profetas e os membros mais comuns da Comunidade de Filipos (pessoas como nós) carregavam um segredo em suas vidas: suas existências estavam marcadas por certo “brilho”. Paulo está atrás das grades, algemado, guardado pela Guarda Pretoriana (Espécie de BOPE dos dias de hoje) e rodeado de inimigos numa cela romana. De lá ele consegue observar a luz, a vida acontecendo em Filipos e isto, de dentro da masmorra; em meio à escuridão; experimentando a proximidade eminente da morte. É deste lugar que ele consegue escrever estas palavras tão boas para a Comunidade.

Paulo agradece pelo engajamento comunitário diário dos filipenses que, dia após dia, se alicerçam no Evangelho. A Boa Nova que ele mesmo “plantou” na cabeça de algumas mulheres que oravam à beira de um rio vingou, criou raízes, ou seja: o sonho de Deus de reconquistar o mundo perdido se concretizava naquela Comunidade. Ditadores arrasam os países inimigos com suas botas, com suas armas e com seus soldados porque não têm amor pelo chão que conquistam. Da terra conquistada eles só querem sugar as riquezas. Foi isso, continua sendo isso, que o Inimigo Maior de Deus faz aqui neste mundo que, podem crer, “ainda é de Deus”. Paulo se alegra com os pequenos “sinais de vida” que acontecem na Comunidade Filipense e isso, em meio aos “sinais de morte” que a mesma experimenta.

São estes fatos que possibilitam a comunhão com aquela gente, sempre a partir do Espírito Santo. Sim, Paulo via aquele povo com os olhos de Jesus. Vai daí que a sua visão não estancava naquilo que se apresentava como pecaminoso; naquilo que se mostrava como obscurecido. Deus tinha vindo em Jesus Cristo ao mundo exatamente para aquele tipo de pessoas e elas estavam aproveitando aquele “presente da graça.” O conceito que vamos formar das pessoas que estão à nossa volta sempre dependerá do nosso ponto de vista: Se nos olharmos nos olhos e nos entendermos como pessoas presenteadas com um tesouro de valor incalculável e isso, sem merecimento algum, precisaremos nos abraçar imediatamente – não nos resta alternativa. O nosso abraço vai demonstrar que estamos encharcados de esperança porque seremos sabedores de que Deus iniciou “uma boa obra em nós” e que Ele, com certeza, a levará a cabo.

Vai vir o dia, “o dia de Jesus Cristo”. Nesta data que está por vir tudo se completará diante dos nossos olhos; todas as nossas perguntas a respeito da vida eterna, do perdão dos nossos pecados, da nossa ressurreição, tudo vai ter respostas. Por enquanto a humanidade ainda se encontra sob uma “névoa de dúvidas.” Esta névoa continua agindo sobre as pessoas no sentido de encobrir o amor de Deus que insiste em raiar sobre elas. Ela, a tal “névoa”, também obscurece toda e qualquer réstia de esperança na qual um indivíduo possa se segurar e ele, em conseqüência disso, vai pensando que a vida se resume mesmo num “andar no escuro”. O começo da virada deste “jogo” já começou. Paulo pregou o Evangelho e os filipenses reagiram ao mesmo e isto já é motivo para o Paulo festejar, soltar foguetes...

Às vezes me paro a pensar: como é pequena a nossa confiança em Deus, mesmo já tendo experimentado da “doçura” do Evangelho; como é tênue a nossa esperança na Sua cura; como grassa tristeza e desencanto no nosso meio, a ponto de, muitas vezes, pensarmos que estamos no “fundo do poço”. Gente! Somos filhas e filhos de Deus que nunca nos abandonará; somos parte da Sua família. Apossemo-nos dessa informação de uma vez por todas?

Jesus vive. Nós vivemos porque Deus estendeu a Sua mão sobre nós. Não podemos largar Sua mão de jeito nenhum. Na família de Deus todos vêm de baixo, todos são diferentes e todos só fazem parte do Rebanho de Deus, única e exclusivamente, por causa do sangue de Jesus. Quando Paulo escreve que sua “testemunha é Deus da saudade que tem de todos os filipenses” ele está querendo dizer que seu coração está aquecido para com eles daquele calor do amor que Deus plantou dentro dele mesmo. Se eu sei que somos irmãs e irmãos em Cristo, eu sentirei saudades, ansiarei estar junto, lutarei pela experimentação da comunhão... Que Deus nos abençoe... Amém!

Oração: Senhor, há muitas luzes que brilham ao redor de mim neste tempo de Advento. Elas fortalecem minha saudade de Ti que vens iluminar minha vida. Os muitos bons desejos que me são presenteados neste tempo de Advento reforçam em mim o desejo de uma boa relação com meus semelhantes neste mundo. Tu Senhor és a Luz que não se apaga. Tu nos presenteias Comunidade e paz duradouras. Eu anseio chegar mais perto de Ti. Vem ao meu encontro... Pai Nosso que estás no céu...

OLHA SÓ!