Busque Saber

30.5.11

Quinto Mandamento - Não Matarás! (Êxodo 20.13)


Durante as últimas semanas, enquanto me preparava para tratar do tema "aborto" me veio a pergunta: O que é que pode melhorar a nossa vida e, ao mesmo tempo multiplicar a nossa felicidade? Penso que descobri a resposta: os Dez Mandamentos. Só eles podem melhorar e multiplicar a felicidade na nossa vida.

Observem o Quarto Mandamento. Ele nos diz que “devemos honrar pai e mãe”. Esse mandamento está escrito para filhas e filhos adultos. Eles é que são os responsáveis pelos seus pais que envelheceram. Sim, os filhos são desafiados a promover o envelhecimento dos pais sob bases dignas. Aqui alguns detalhes precisam ser levados em conta: No futuro as nossas crianças nos tratarão exatamente igual o tratamento que dispensamos aos nossos pais nos dias de hoje. Somos observados e copiados. O nosso tema para os próximos encontros é “aborto”. Creio que também seremos observados nas nossas atitudes em desfavor ou a favor da vida. Vamos lá!

O que é que melhora a nossa vida e multiplica a nossa felicidade? Aqui a leitura do Quinto Mandamento é fundamental: “Não matarás.” (Êxodo 20. 13)

Penso que todos nós aceitemos este Mandamento sem qualquer restrição; sem qualquer reflexão crítica. Creio que, se abrirmos a Palavra de Deuws, cada um de nós dirá que “isso é absolutamente certo – que não devemos tirar a vida de quem quer que seja”. Também suspeito que se saíssemos para as calçadas de nossas cidades e perguntássemos aos transeuntes o que pensam sobre este Mandamento, que eles diriam? “Está correto”. Ponto. Nada mais a dizer...

É interessante, mas o que parece ser tão claro e inequívoco tem aspectos que precisam ser aprofundados – sim senhor. Por exemplo: Alguém poderia perguntar o que realmente significa “matar” ou “assassinar”? Também poderíamos perguntar o contrário: Como é que se formula este Mandamento de forma positiva? Como é que se cuida e se protege a vida para que ninguém seja morto? Onde estão realmente os limites para não matar uma pessoa? O que fazer em casos limítrofes? Vamos tentar apalpar um pouco algumas possíveis respostas para estas questões, mesmo que seja difícil de respondê-las.

Não devemos matar. Por trás deste mandamento está a questão fundamental que precisa ser sabida: É preciso se ter o maior respeito possível pela vida humana. Toda a vida, tanto a minha como a tua, é original; é única e, portanto, insubstituível. O Deus descrito na nossa Bíblia é o próprio Deus que quer a vida; que dá a vida única a nós. Ele, no tempo certo, recolhe esta vida novamente para perto de si. Pode-se dizer que Deus é o autor da vida e que Ele não abre mão destes Direitos Autorais, tanto na hora de dá-la, quanto na hora de tirá-la.

Daí que a vida não é nossa, nem a minha vida nem a vida dos outros seres humanos. Somos mordomos da vida; designers da vida, mas a vida própriamente dita é de Deus. Deus é o Senhor da vida. A pessoa que ousar tocar na vida criada por Deus está tentando se adonar da mesma e isso Deus não admite sob hipótese alguma. Quem mata uma pessoa mata a imagem de Deus e, ao mesmo tempo, desafia Deus pra uma luta. Observem que este Mandamento não tem a ver só entre a relação de um homem com outro homem, mas com a relação do homem com o próprio Deus.

Tu não deverás matar. Esse Mandamento quer deixar claro que não nos cabe derramar sangue inocente. Que não podemos matar uma pessoa por esta ou aquela razão. Aqui eu não quero me debruçar sobre o comportamento do policial quando ele se encontra diante do dilema: atirar ou não atirar. A questão também não é tratar deste tema difícil de como os soldados têm que se comportar numa guerra. A questão que quero trabalhar é sobre a morte não autorizada; sobre o abate intencional; sobre a negligência de um ser humano que mata outro ser humano simplesmente por matar. Aqui precisamos pensar desde os ladrões que, para roubar, assassinam pessoas até os motoristas que, com alguns miligramas de álcool no sangue, atropelam e tiram a vida de semelhantes. Isso não é da vontade de Deus.

Suspeito que todos nós reagiríamos rapidamente com palavras do tipo: Claro! Somos completamente contra que se mate uma pessoa dessa maneira. Muito bem! Martin Luther analisou este Mandamento e converteu esta proibição numa oferta. No Catecismo Maior ele escreve que “não devemos prejudicar o nosso vizinho, mas ajudá-lo e protegê-lo” Que, se não o fizermos, estaremos descumprindo o referido Mandamento e assim matando-o.

Isso quer dizer que quando agimos movidos pelo medo; pela indiferença e ou pela negligência, estamos prejudicando uma pessoa; estamos abrindo a porta para a possibilidade da entrada; da experimentação da morte; estamos transgredindo o Quinto Mandamento. Quando em determinados momentos ouvimos o que está por detrás do referido Mandamento: protege o teu vizinho; certifique-se que ninguém se machuque; salve vidas; proteja vidas; então, este Recado de Deus, alcançado por Moisés já está mais próximo de nós; já se tornou um pouco mais sério. Mas daí então nós não podemos mais fugir da pergunta: Onde o curso da vida de uma pessoa corre riscos; é cortado, será que, se tivéssemos praticado a intervenção correta, nós poderímos ter impedido o avanço da desgraça?

De repente, vocês, tal como eu, de forma bem espontânea estejam se lembrando de um ou outro incidente onde se machucou e se maltratou pessoas que, quem sabe, mais tarde, vieram a falecer por causa destes ferimentos recebidos. Nestas horas, quantos ficaram passivos, só observando? Uma tal situação é obviamente difícil, especialmente porque a vida é cara. Será que eu iria reagir como reagi em Porto Alegre (RS), nos idos de 1982, quando a polícia bateu num papeleiro... A questão é: o que está por detrás duma tal atitude. Eu respeito a vida do outro e eu estou pronto para entrar em sua defesa?

Esta questão já é anterior daquela que se coloca nestas situações dramáticas que comentamos a pouco. Colocamo-nos entre aqueles que se encontram à margem da nossa sociedade: os desprezado e ridicularizados? Isso é suficiente? Quais são os nossos conceitos de Demência? Como falamos deles aos outros? Quais são os nossos conceitos das Pessoas com Deficiência? Quais são os nossos conceitos sobre as Mães Solteiras da nossa sociedade? Qual é o nosso conceito sobre os Estrangeiros que vivem entre nós? Como é que nos comportamos quando se faz chacota; piadas com o o objetivo de colocar essa gente de lado; humulhando-os nas nossas rodinhas de conversa? Temos que ter clareza sobre esse assunto: Se não tivermos coragem de nos expressarmos e nos colocarmos ao lado dessas pessoas para protegê-las, como é que teremos disposição de proteger alguém quando a coisa descambar para as vias de fato?

Sinceramente! Espero que vocês estejam sentindo, imaginando que este Mandamento tenha mais implicações em si do que se pensava até aqui. O “Não Matarás” implica pensar já agora nas possibilidades de impedir alguém de, no futuro, vir a matar; a proteger, desde agora, os nossos “vizinhos” da morte do seu caráter. Protegêmo-los ou ajudamos a matá-los?

Trata-se de um grande tema. Deus nos questiona se estamos prontos a proteger e a preservar vida de um outro ser humano e isso já desde agora, pensando em longo prazo para que, no futuro, não aconteça que alguém acabe morrendo por causa de nossa desatenção aqui no presente.

Se olharmos mais de perto, com mais cuidado para dentro da sociedade onde vivemos, todos os problemas ficarão mais claros diante dos nossos olhos. O fato é que tanto no Antigo como no Novo Testamento há a concordância de q1ue o Povo de Deus tem a tarefa especial de se colocar como protetor dos que são mais fracos.

Quem ousa vasculhar a Bíblia (especialmente no Antigo Testamento, mas também no Novo), percebe que nela sempre se encontram três grupos de pessoas pelas quais o Povo de Deus é responsável: Em primeiro lugar, pelos bebês e pelas crianças. Em segundo lugar, pelos idosos; pelas pessoas pessoas doentes e pelas pessoas com deficiência. E último lugar, pelos órfãos; pelas viúvas e pelos estrangeiros que vivem em nossa terra. Eis aí três grupos de pessoas que não dispõem de força e poder de se proteger; que, em si, não têm nenhuma chance de se defender; que, em si não têm a capacidade de se colocar para dizer a que vieram. São pessoas que precisam de outras pessoas que estejam à disposição delas; que as protejam; que se coloquem ao seu lado. Isso é muito difícil e nós vamos entender o porquê a partir dos exemplos que vou citar:

Faz tempo que essa discussão sobre o aborto; sobre a pesquisa de células-tronco; sobre engenharia genética e sobre eutanásia vem acontecendo no nosso meio. Com esta discussão se abre novamente, pelo menos aqui neste espaço, proponho discutirmos sobre o conceito da “vida indigna de vida”. Alguns sustentam que existe uma vida que não é digna de ser protegida e preservada. Trata-se de uma vida que se pode matar sem se sentir culpado por causa disso. O que é mesmo “uma vida indigna de vida”?

Primeiro exemplo: Outro dia ouvi de um político que “a vida só deve ser preservada quando existe dignidade própria”. Ele queria dizer com isso que um embrião não tem este sentimento e que, portanto, não precisa ser protegido. Será que um bebê de seis meses de idade, tem sentimento de auto-dignidade; de auto-estima? Será que num homem que sofre do Mal de Alzheimer, existe o sentimento de auto-dignidade; de auto-estima? Ou num paciente em coma? Onde estão os limites? Não há dignidade para aquelas pessoas que, pelo “andar da carruagem” já não são mais capazes de ter dignidade, auto-respeito? Vida indigna de viver?... Hummmm...

Segundo exemplo: Li numa revista que certo cientista chamado Stackelberg fez sua tese de doutorado para constatar que “em uma época de escassos recursos públicos, seria mais barato não permitir que crianças com deficiência sobrevivessem; que a riqueza privada e pública aumentam quando não há crianças com deficiência... O que dizer quando um “cientista” chega a uma conclusão destas no seu dotorado; quando há pessoas e grupos que batem palmas quando uma aberração destas é dita? Onde estão as fronteiras, onde está a “vida que vale a pena ser vivida”? Onde e em que áreas devemos proteger a vida conforme a sugestão do Quinto mandamento?

Terceiro exemplo: na Inglaterra se permitiu que as seguradoras pudessem fazer um teste genético para prever o risco potencial de seus clientes terem graves problemas genéticos. Que argumento usaram para conseguir este intento? Ora, pagar seguro para uma pessoa com problemas genéticos é muito caro e não queremos pagar este preço - argumentaram.

São apenas exemplos. Daria para se dizer que são a ponta dos icebergs onde estão centradas algumas das grandes discussões do momento. Eu não trouxe estes exemplos para que vocês balancem suas cabeças e digam: Êta mundão!... Onde é que chegamos... Estes exemplos nos fazem despertar para o fato de que temos responsabilidade na nossa sociedade. A nossa responsabilidade não está em todos nos fazermos especialistas em engenharia genética ou em aborto e ou ainda na investigação em células-tronco. Nada disso! Isso nós nem temos condições de fazer, pois nos seria uma sobrecarga completa.

Mas nós somos responsáveis para chamar a atenção daqueles que estão dando o “ponta-pé” inicial nestes assuntos de menos vida. Se, por exemplo, “pintar” uma conversa dessas na nossa família; na nossa Comunidade; no trabalho; entre colegas ou onde quer que seja – lá podemos ser formadores de opinião. Ajudaremos muito nessa reflexão se colocarmos nossas perguntas na pauta. Se tivermos talentos para isso, escrevamos cartas para quem direito, etc.

Agir em prol da vida também pode significar tornar-se conhecedor do assunto que abrange certa área. Como eu já deixei claro, não podemos ser especialistas em todas estas questões, mas é importante que consideremos mais uma vez que, aqui e ali, pode haver uma pessoa que conheçamos e que esteja precisando ser protegida diante de um ssunto desa monta. De repente existe um grupo que te é simpático e que pode te ajudar a levantar o a voz contra essa ou aquela “barbaridade”.

“Não matarás”. Sim, nós não devemos matar. Essa ação inicia lá onde eu posso proteger uma pessoa ou um grupo de pessoas vulneráveis e que, por isso memo, correm perigo de ser maltratadas e ou até mortas. Eis aí um vasto campo sobre o qual todos nós podemos refletir e depois tomar decisões concretas.

Se levarmos em conta a história dos últimos duzentos ou trezentos anos, então certamente perceberemos que não há nenhuma coincidência no fato de que foram os cristãos que começaram a trabalhar no sentido de valorizar a vida, a partir da compreensão do Quinto Mandamento de Deus. Foram eles que criaram as Aldeias SOS; a Cruz Vermelha; Caritas; Brot für die Welt; a Cruz Azul; etc. Os cristãos sempre foram os iniciadores que deixaram claro: porque eu não quero matar, vou proteger a vida e precisamente as vidas daqueles que, certamente, correm mais perigo.

“Não matarás.” Atrás deste Mandamento está o mandado diaconal de cada Comunidade. Nós sempre somos chamados a proteger e a preservar a vida daqueles que não tem forças próprias para se proteger; daqueles que estão sendo oprimidos por terceiros; daqueles que se encontram à margem e que, por isso mesmo, podem vir a morrer a qualquer momento.

Um último pensamento: o Cardeal Von Galen da cidade de Münster, disse em 1941, durante o Terceiro Reich, em um sermão: “Tu e eu, nós só viveremos o tempo em que formos produtivos; só até o momento em que seremos considerados produtivos pelos outros?” Ele fez essa pergunta num contexto onde o Regime Nazista praticava a eutanásia. Naqueles tempos as pessoas com deficiência eram assassinadas sem piedade, porque não poderiam ser produtivas.

Hoje, em 2011, essa questão é novamente atual: a vida só vale a pena enquanto ela é produtiva? Como é que tratamos desse assunto entre os nossos pares; na nossa sociedade; na nossa Comunidade? Quem não pode participar trabalhando, quem não pode pagar o que se espera para a Comunidade também é considerada uma pessoa valiosa e importante? Eu sonho que descubramos que o critério de produtividade é assassino. Temos que refletir sobre isso com muita profundidade.

A vida de uma pessoa tem valor inestimável porque ela é a imagem de Deus; porque ela é criada por Deus; porque ela é única e não porque ela é produtiva e consegue fazer isso ou aquilo com muita mobilidade. A pessoa tem a vida, porque Deus lhe dá a mesma e porque Deus espera que a “presenteada” desfrute desfrute o fato de ser Sua imagem. Só Deus pode tirar tirar a vida de da pessoa e Ele faz isso no tempo certo. Naturalmente são muitas as questões que se colocam quando pessoas se encontram gravemente doentes: doentes terminais; doentes que precisam sofrer indeterminadamente sobre a cama. Onde estão os limites para a sua dor, mesmo com todo o aparato médico que se tem à disposição hoje em dia?

Aqui convido vocês a ouvir este Quinto Mandamento de uma forma bem nova. Não matarás! Deus quer a vida e Deus protege a vida, mesmo quando a vida, na perspectiva de nossa sociedade, não é mais produtiva e só traz gastos. Deus protege a vida. Deus quer que nós vivamos, não importa o que temos a pagar; não importa quão saudáveis ou quão doentes estejamos.

Aprendamos juntos a respeitar e proteger a vida. Tenhamos sempre esta questão em mente: Onde é que, como Comunidade, temos responsabilidades especiais para uma pessoa e ou um grupo de pessoas que esteja ameaçado por esta ou por aquela razão? Como é que podemos proteger a vida destas pessoas; deste grupo de pessoas e proporcionar-lhe a dignidade que merecem da parte de Deus?

“Não matarás.” Esta proposta vai muito além do que se pensava anteriormente, certo? Vamos juntos buscar e compartilhar o caminho que temos de caminhar...

29.5.11

Firmes e Inabaláveis!


Essa foi minha prédica no dia 29 de maio de 2011. Logo após o Culto aconteceu a Assembléia da Paróquia São Mateus. Usei a prédica como meditação para o momento...

Gente querida! Eu, quase sempre, me encontro debaixo de “mau tempo”. São reuniões na CEJ-UP; são encontros no SNC; são os estudos bíblicos que preciso preparar; são as atas que preciso escrever; são as colunas de jornal que carecem ser elaboradas; são as rápidas passagens pelo supermercado para a compra de algo faltante; são as visitas hospitalares; são as celebrações de santa-ceia fora de hora; são as preocupações com a conta bancária; são as atenções de cuidado para esse ou aquele... Às vezes carrego a impressão que não vou mais conseguir respirar no meio desta “correnteza”. Avaliei-me e cheguei à conclusão que queria louvar Deus com meu ativismo. Foi então que, me preparando para este momento, li Coríntios 15.58: “Portanto, meus amados irmãos, sede firmes, inabaláveis e sempre abundantes na obra do Senhor, sabendo que, no Senhor, o vosso trabalho não é vão.”

Entendo que essa palavra seja perfeita para ser repartida neste Culto que antecede a nossa Assembléia Paroquial. Suspeito que este versículo bíblico também fale alto para vocês, dentro do correr-corre diário de cada uma; de cada um.

Conta-se que três trabalhadores cortavam pedras que serviriam para o alicerce de um templo. Um sujeito que passava perguntou: - O que é isso que vocês estão fazendo? O primeiro respondeu: - Estou cortando pedras. O segundo demorou um pouco a responder: - Estou ganhando R$30,00 por hora... O último levantou os olhos brilhantes, encarou o curioso e se saiu assim: - Estou construindo a Casa de Deus!

Todos nós trabalhamos com base em motivações diferenciadas. Uns têm prazer em fazer o que fazem; outros trabalham porque precisam do emprego; muitos dão de si porque querem ajudar a construir uma sociedade mais justa. Conheço pessoas que só querem se “colocar” no “mercado”. Já a cristandade investe do seu tempo onde for chamada porque leu na Bíblia que “o trabalho nunca é em vão”.

Muitos se queixam que seu esforço nunca dá em nada. Outro tanto se sente inútil porque não tem trabalho. Será que estes dois tipos de pessoas colocam o seu “coração na ponta dos dedos” quando se doam em prol de um objetivo? Será que foi o contexto que lhes oportunizou o costume do acomodamento?

Às vezes esse jeito de ser também é verdade dentro da Igreja. Quem nunca experimentou os sentimentos de desânimo? Eu já! Esses momentos acontecem nas horas mais incertas da nossa vida para tentar “assassinar” nossa disposição; nossa esperança; nossa alegria. Sim, eu conheço esse sentimento que volta e meia nos abate e nos leva a tentar “jogar a toalha” porque nada dá certo e ou porque nos sentimos “sugados” das energias e ou do dinamismo que faz parte de nós.

Coisa boa! A Bíblia diz que o “nosso trabalho não é em vão”! Nos momentos de exaustão, no meio do caos e do desgaste, poderemos não perceber nenhum sucesso nas coisas que fazemos, mas, mesmo assim, “o nosso trabalho não é em vão”. Esta palavra vale tanto para quem é bancário; construtor; médico; dona de casa ou presbítero da Paróquia São Mateus.

Se nosso falar; nosso pensar e nosso agir estiverem focados em Deus, então, Deus está conosco; orienta-nos; dá-nos forças; dá-nos resistência. Quando o Espírito de Deus encontra espaço em nós, então percebemos que o “espírito que Deus nos tem dado não é de covardia, mas de poder, de amor e de moderação.” (2 Timóteo 1.7) Sim, Deus nos presenteia com força, amor e prudência e é por isso que podemos “fincar o pé”. Estamos vivendo tempos difíceis; tempos de doença e desemprego? Nós também podemos louvar a Deus enquanto estamos recolhidos. Podemos louvar a Deus com o nosso trabalho, mas também com o nosso descanso.

Mesmo que algumas das nossas atividades sejam cansativas e sem graça; difíceis de serem avaliadas como “produtivas” e, aparentemente sem sentido: “No Senhor elas não são em vão”. Aliás, nada do que fizermos “no Senhor” é em vão. A bênção de Deus está lá onde se faz as “coisas” no Seu Santo Nome. Amém!

27.5.11

A Noite da Batata Suiça!


O pessoal do Grupo de Estudos Bíblicos “Passeando pela Bíblia” estava se reunindo semanalmente, como fazia durante os últimos anos. Aí, um dia, assim, de repente, alguém surgiu com a idéia de organizarmos a “Noite da Batata Suiça”.

- O seria isso? - perguntaram alguns. O idealizador da idéia não se fez de rogado:

- Simples - disse ele. Uma noitada para saborearmos em torno de 250 batatas inglesas, todas elas recheadas com os mais saborosos e variados molhos.

- Pra que? - indagou uma das senhoras participantes.

- Ora pessoal! Para termos comunhão com o Povo de Deus; para fortalecermos o caixa da Comunidade; para crescermos no convívio como Grupo. Oh gente! Pra que tanta pergunta?...

Pois a proposta foi envolvendo uns e outros e quando vimos todos estavam com a mão na massa. Num primeiro momento convidamos um casal de amigos florianopolitanos que tinha experiência no assunto. Depois, um dos participantes deu jeito em batatas inglesas grandes. Aí se criou os cartões para serem vendidos a R$ 10,00 cada e fomos a campo. Vendemos 229 cartões. Que festa! Quanta alegria! Tudo era novidade.

Uma semana antes da sonhada “Noite da Batata Suiça” reunimos todo o pessoal do Grupo Organizador para uma degustação. Era gente que não acabava mais em volta das panelas. Todo mundo queria aprender a fazer o tal quitute. E não é que ficou bom? Mas ficou bom demais!

Chegou o dia. O casal de “entendidos” viajou de Florianópolis para Joinville. A turma pegou junto e a “noitada” foi acontecendo. Veio gente dos quatro cantos da cidade. Estava gostoso com gosto de quero mais. Ninguém queria ir embora porque a alegria estava no ar.

No apagar das luzes estavam todos felizes. Os objetivos tinham sido cumpridos. Todos foram para as suas casas alegres, crescidos, satisfeitos consigo mesmos. Trabalhar em equipe é da essência do Reino de Deus. Ficou a certeza: Ano que vem repetiremos a dose!

25.5.11

Sepultar ou cremar nossos queridos IV


Em muitos textos bíblicos nos é explicitado que o homem tem sua origem na terra; no pó e que ele voltará para este estado: Salmo 90.10 (Vida breve); Salmo 104.29 (Sem a respiração presenteada por Deus (alma) nós nos convertemos em pó); Salmo 146.4, Eclesiastes 3.20, Eclesiastes 12.7, Jó 10.9 (A pessoa se converterá em pó, mas seu espírito retorna a Deus que o deu). Há mais textos bíblicos que poderiam ser citados sobre este tema. Quando se lê os mesmos se percebe que, sempre de novo, Deus presenteou a respiração (a alma) para as pessoas e é isso que faz delas um ser. Quando a respiração acaba, a pessoa é novamente terra; pó (elementos da qual ela, a pessoa, foi criada).

A partir dai começaram a acontecer várias formas de sepultamento. Os egípcios, os babilônicos, os assírios, e os israelitas tinham o costume de sepultar os seus mortos na terra. Abraão praticou o ato de sepultamento de sua esposa Sara numa sepultura comum para a época: O corpo da sua querida foi colocado numa caverna (Gênesis 23.9).

Os outros povos que vizinhavam com Israel tinham práticas semelhantes. Os egípcios, por exemplo, embalsamavam os seus mortos (pessoas ricas e importantes) em túmulos fabricados (pirâmides).

Não dá para se dizer que no Antigo Testamento uma pessoa era simplesmente enterrada na terra como se faz hoje em algumas das nossas cidades. Primeiro ela era embalsamada e depois colocada dentro de uma caverna. Vamos ler sobre o sepultamento de Saul e seus filhos: 1 Samuel 31.12-13... Esse jeito de se sepultar pessoas em cavernas se deu por séculos e séculos. Aqui, no caso, Saul e seus filhos estavam sepultados de dentro de um muro (Algo parecido com estes túmulos verticais que conhecemos no nosso cemitério municipal ali na Borba Gato). Levaram os corpos dali e os “queimaram”. Logo depois sepultaram os ossos restantes debaixo de algumas árvores e jejuaram durante uma semana.

Nós lemos nos Evangelhos que o corpo de Lázaro foi deitado numa caverna (João 11.17- 38). Como era costume, Jesus também foi sepultado nestes mesmos moldes, dentro de uma gruta; num túmulo aberto em rocha (Lucas 23.53). Naquela época se embalsamavam os corpos, ou seja, enrolava-se o corpo da pessoa falecida em panos para, mais tarde, ser depositada na caverna. Estas grutas eram mais ou menos assim: Uma abertura escavada na rocha. Do lado esquerdo e do lado direito havia uma espécie de banco de pedra sobre o qual se deitava o corpo da pessoa falecida (Lembram dos jazigos que se vê nos cemitérios?). No meio dos dois bancos havia um pequeno corredor. Com o passar do tempo sobravam os ossos da pessoa falecida que eram colocados em recipientes e colocados numa outra caverna e ou até enterrados noutro local. Já vimos isso no enterro de Saul e seus filhos.

Em Roma os sepultamentos das pessoas falecidas eram realizados em catacumbas. Dá para se dizer que as catacumbas eram uma espécie de “cemitérios subterrâneos” cavados na rocha. Romanos, judeus e cristãos sepultavam seus mortos nestes cemitérios debaixo da terra. Ali naquele lugar, em regra, as covas eram cobertas com uma grande pedra onde se escrevia o nome e a data do falecimento da pessoa falecida. Algumas dezenas de anos se passaram e então se passou a colocar ornamentos sobre os referidos “tampões” de pedra (Alguma familiaridade com os dias de hoje?). Alguns mártires da Igreja Primitiva chegaram a ser enterrados em catacumbas especiais. Nos anos 500 d.C esta prática foi abandonada, pois se passou a priorizar os cemitérios na superfície da terra. Percebam que esta prática já tem seus 1.500 anos.

O tempo escoou e as jovens Igrejas Missionárias Alemã; Celta e Eslava passaram a cremar os seus mortos. Alguns rejeitam este “costume estranho” de queimar cadáveres e classificam-no como pagão. Enfim, a cristandade se segura na velha Tradição da Igreja e opta por guardar seus mortos primeiramente em cavernas (naturais e ou construídas) para, mais tarde, sepultá-los em covas na terra.

Sepultar ou cremar nossos queridos III


O sepultamento em terra foi praticado pelos israelitas. Já na Antiguidade os pagãos praticaram a queima de cadáveres, mas essa prática não era frequente.

Os primeiros cristãos se pautaram na prática dos judeus e, a partir daí, sempre sepultaram seus mortos em túmulos; cavernas cavadas na pedra e ou nas catacumbas. Esse “jeito” de se despedir dos seus queridos os “diferenciava” dos pagãos.

Em muitas religiões não cristãs e culturas diversas o ato da cremação vem sendo praticado já de longa data. Atrás desta prática existe a compreensão particular da eternidade e da divindade. Para alguns o fogo leva a matéria até Deus. Não quero me aprofundar neste aspecto – só comentar.

Os primeiros cristãos missionários enfrentaram resistências na Europa. Os inimigos do cristianismo experimentaram erradicar a idéia da ressurreição queimando mártires cristãos. Isso aconteceu em Lyon, em 177 d.C. quando espalharam as cinzas de alguns mártires na praça. A queima de cadáveres era um jeito de combater o cristianismo e os ensinos da ressurreição.

Em 784 d.C., Carlos Magno, o Grande, baixou um decreto proibindo a cremação de cadáveres. A Igreja Católica tinha poderes para fazer valer a proposta do sepultamento dos mortos em tumbas e ou em terra. Para tal ela podia usar um dogma (dogma = é e ponto final) ou a própria Palavra da Bíblia. Mas não! Ela sustentou que o ato da cremação não era cristão. A História mostrou que a Igreja Católica se equivocou porque, mais tarde, mártires cristãos vieram a ser queimados e, por isso mesmo, venerados como santos.

Mais tarde a Igreja excomungou e até queimou pessoas na fogueira. Ela fez isso com o objetivo de deixar claro que aquelas pessoas não pertenciam ao Reino de Deus. Nestes casos ela soube contornar a sua opção pelo sepultamento do corpo falecido. Durante muitos séculos foi proibido aos sacerdotes o sepultamento de uma pessoa cristã cremada nos cemitérios da Igreja Católica.

No século 17 muitos se afastaram da Igreja Católica e passaram a ver o ato da cremação com bons olhos. Foi sob a influência da Renascença e do Iluminismo que este costume da cremação foi novamente levado em conta. As pessoas que praticavam a cremação agiam assim para se mostrarem contrárias àquelas que praticavam a “fé cristã”; contra a Igreja Instituída. Para esse povo não havia absolutamente mais nada depois da morte.

Em 1905 os marxistas criaram a “Associação de Livres Pensadores para a Cremação”. Em 1920 eles criaram o grupo dos “Pensadores Livres Proletários” que optaram pela cremação e pelo abandono da Igreja. A Igreja Católica ficou contente que estas pessoas se afastaram da sua membresia. Já a Igreja Evangélica, depois de alguma hesitação, esclareceu que a cremação poderia ser “opcional”. Com isso ela se colocou na dianteira dos “anti-igrejeiros”; dos adeptos da cremação. Só em 1964 a Igreja Católica autorizou oficialmente a cremação, mas somente se, depois de tudo, as cinzas fossem enterradas numa sepultura.

Resumindo, a cremação pode ser colocada de lado a partir de bases bíblicas, mas, ao mesmo tempo, também pode ser definida como a única coisa certa a ser feita. A Bíblia não nos ajuda muito numa tomada de posição sobre este tema. No Antigo Israel há referências históricas que vão ao encontro da prática do sepultamento. Cabe frisar, no entanto que a Igreja Antiga adotou a sua prática a partir do seu contexto e que a Igreja Primitiva seguiu caminhos próprios, também a partir do seu contexto.

Quando se fala de “cremação” no Antigo Testamento, sempre há relação de mau comportamento diante de Deus e ou adoração a ídolos. É de se perguntar pelo motivo... Com aquela prática o povo de Israel se diferenciava dos povos pagãos.

Na ressurreição para a vida eterna o corpo humano não tem mais nenhum papel para cumprir. Receberemos de Deus um novo corpo; um corpo “deificado”. Se optarmos pelo sepultamento por causa da ressurreição, estaremos tomando uma decisão com base em falso conhecimento da ressurreição e da vida eterna.

A pessoa cristã pode decidir livremente que tipo de ofício ela quer ter quando morrer. Neste sentido a sua decisão pessoal não tem nada a ver com a sua salvação pessoal. O nosso corpo ficará deste lado em que estamos aqui e agora. Isso quer dizer que com a morte o nosso corpo não é mais nada.

Toda pessoa cristã deveria refletir em vida sobre o momento de sua morte. Sobre o ritual do velório; sobre como deverá ser o enterro. O que será melhor para os que ficam: Organizar o sepultamento ou a cremação. Isso significa que os que ficam também podem optar pelo que é melhor para ser feito.

Quero deixar claro que os cristãos não são falsos ou biblicamente errados se, depois da morte, optarem pela cremação. O corpo humano veio da terra e voltará para a terra. Bem devagar, depois do sepultamento ou rapidamente, depois da cremação. O resultado é o mesmo. Nós, como cristãos, deveríamos nos preocupar com o dia do nosso enterro. Quem colocar estas coisas no papel com antecedência, estará ajudando em muito os seus parentes a tomar boas decisões: Testamento, herança, serviços funerários, Culto em Memória, história de vida.

Os cristãos crêem que depois da morte vão estar com Jesus Cristo. O novo corpo que vão ganhar depois da morte não terá nenhuma base terrena, mas será composto de elementos do alto. Não tem nada a ver com cristianismo, dá até para dizer que tem tudo a ver com paganismo imaginar-se a preservação deste nosso corpo terrestre na eternidade. Para a esperança que brota do Novo Testamento, pouco importa se o nosso corpo apodrece; se ele for queimado ou consumido de uma ou outra forma. Os funerais sempre são de acordo com a cultura reinante no tempo e no espaço. Não existe ofício que se possa dizer: esse jeito é cristão! Não se pode avaliar a espiritualidade de uma pessoa, se ela é sepultada ou cremada. No nosso tempo temos que nos perguntar sobre finanças. O que sai mais barato: O sepultamento tem atrás de si todos os cuidados com o túmulo. Já o ato de cremar parece não ser tão caro... Esta é uma decisão que precisa ser bem conversada em família.

23.5.11

Kiga - o Presbítero!


O Knyga Boek e eu somos amigos desde infância. Estudamos juntos no Colégio Mauá lá pelos idos de 1966. Esses dias eu fui tomar um café no Jerke, na nossa Rua João Collin. Surpresa! O “Kiga”, como o chamávamos estava ali, sentado à mesa, comendo uma empadinha recheada de palmito e camarão. Fui logo quebrando sua solidão:

- Grande Kiga!

O meu amigo me olhou de lado, reformatou seus pensamentos e logo se levantou para me dar um abraço. Tinham-se passado quarenta e cinco anos. Nossos cabelos tinham embranquecido; nossos cérebros tinham evoluído, mas a nossa amizade se mostrava igual à dos anos sessenta.

- Muitas vezes lembrei-me de ti amigão. Outro dia descobri no Google que estás pastor. Não tinha me dado conta que pastoreavas uma Igreja aqui em Joinville. É da nossa IECLB? Ih rapaz! Acho que vais gostar de saber: Sou presbítero lá na nossa cidade.

- Uaauuu... Veja como são as coisas. Presbítero da Igreja do nosso querido pastor Werner... Que bom ouvir isso Kiga. Fale-me mais de você...

- Hoje sou representante comercial. Estou quase me aposentando. Vim até esta cidade industriaria para comprar material hidráulico e com isso abastecer a minha loja. Meus filhos já tomam conta da mesma lá em Santa Cruz do Sul. Casei com a Nilce. Lembra dela?

- Mas claro que sim. Era aquela menina moreninha que sentava bem na frente do “seu Bender”, o dono daquela DKW cinza.

- Isso mesmo! Mas e tu Renato? Como vai a vida por aqui?

- Amigo velho! Às vezes carrego a impressão que não vou mais conseguir respirar no meio desta “correnteza”.

- Tá todo mundo correndo Renato. Uns têm prazer em fazer o que fazem; outros dão “duro” porque precisam do emprego para sustentar suas vidas; muitos dão de si porque querem ajudar a construir uma sociedade mais justa. Já tu e eu fazemos as coisas que fazemos sempre pensando em estar servindo ao nosso Criador. Te confesso que agora, dizendo o que eu disse, fiquei com saudades do saudoso pastor Rempel.

- É! O pastor Benno Rempel era um pastor legal. Rapaz! Ele me ajudou muito. Sabias que o filho dele, o Carlos, é ligado aos esportes na cidade de Santa Maria. Jogava vôlei como ninguém...

- Claro que eu lembro. Mas Renato, você sabe isso melhor do que eu: A Bíblia diz que “o nosso trabalho nunca é vão”.

- Sei disso Kiga... Mas se a gente olha em volta, logo percebe que são muitas as pessoas que se queixam de que todo o seu esforço sempre acaba dando em nada. Vai daí estas mesmas pessoas se sentem inúteis e entram em depressão.

- Isso também acontece dentro da Igreja... Olha! Eu já experimentei desânimo lá na Comunidade da nossa terrinha. Às vezes esta falta de vontade se mostra como uma verdadeira “assassina” da minha disposição; da minha esperança; da minha alegria. Nestas horas eu perco a vontade de me engajar nos projetos de vida que se mostram do meu lado. Sério! Muitas vezes fico com vontade de “jogar a toalha” porque nada dá certo e ou porque me sinto “sugado” pelos que esperam algo de mim.

- Oh Kiga! Foi você mesmo que lembrou a palavra do apóstolo Paulo: “No Senhor o nosso trabalho não é vão!” (1 Coríntios 15.58). Se o teu falar; o teu pensar e o teu agir estiverem focados em Deus, então Deus te orienta; te dá forças; te dá resistência.

- Eu sei Renato. Deus não me deu “espírito de covardia, mas de poder, de amor e de moderação.” (2 Timóteo 1.7 ) e é por isso que posso “fincar o pé”. É ruim esse sentimento que sempre temos que estar produzindo para sermos aceitos pelos outros. Também podemos louvar a Deus com nosso recolhimento.

- Certo Kiga! Mesmo que as nossas atividades sejam cansativas e sem graça; difíceis de serem avaliadas como “produtivas” e aparentemente sem sentido, “no Senhor, nada é em vão”. A bênção de Deus está lá onde se faz as coisas no Seu santo Nome, seja no comércio; seja na indústria; seja na Igreja.

- Pastor Renato! Agora preciso ir. Quando visitares tua mãe, dá um grito e vem lá na nossa casa. Prometo que vou te assar uma boa costela para comemorarmos; festarmos a nossa vida.

Abraçamo-nos longamente. Entrei no carro da Paróquia e fui pra casa. Eu guiei, mas meus pensamentos estavam condensados no fato de que o que vale mesmo são os relacionamentos.

21.5.11

Sepultar ou cremar os nossos queridos II


A cremação não é praticada no Antigo Testamento, mas também não é proibida. Na prática cremava-se o corpo de uma pessoa morta para se passar alguma mensagem como “erradicação de comportamentos errados” – por exemplo. Em Levítico 20.14 se lê que a cremação podia se dar por má conduta sexual. Exemplo: Se um homem tivesse contato sexual com mãe e filha. Tal comportamento podia ser castigado com a morte e com a queima do cadáver. Em Deuteronômio 12.31 está escrito que os israelitas não deveriam oferecer (queimar) suas filhas e seus filhos sobre os altares como se fossem ofertas aos deuses. Esta era a prática dos pagãos: As crianças eram mortas sobre o altar e logo depois oferecidas ao ídolo pagão Moloque (Levitico 18.21).

Em Deuteronômio 18.10 os israelitas são desafiados a não queimar (ofertar) suas crianças sobre os altares tal como os pagãos o faziam. Infelizmente isso era uma prática também entre o povo de Israel. Em 2 Crônicas 28.3 se lê que o rei Acã ofertou seus filhos sobre um altar queimando-os. Quando Acã se deu conta que tinha pecado; que tinha agido contra a vontade; contra as instruções dadas por Deus, ele teve que ser apedrejado e queimado. Vejamos o texto de Josué 7.24ss. Aqui a queima de um corpo morto significa um castigo mais profundo. Em 1 Reis 13.2 e 2 Reis 23.16 e 20 lemos sobre sacerdotes do rei Jeroboão que fizeram sacrifícios a outro deus. Isto não podia mais acontecer e Deus deu instruções para que fossem abatidos e queimados.

Em Amós 2.1 há o relato de que os moabitas queimaram os ossos do rei Edom. Porque eles fizeram isso? Ora, provavelmente eles queriam profanar o corpo de Edom e, ao mesmo tempo, ofender os edomitas. A partir daí a cremação foi considerada um crime em Israel. Detalhe: A prática da cremação se apóia em três aspectos: a) A cremação deve atestar que Deus não tolera o mau comportamento. b) O objetivo da cremação é acabar de uma vez por todas com a obediência a ídolos. c) Em Amós fica evidente que um corpo foi queimado com o objetivo de se zombar; de se humilhar pessoas.

Deve ficar claro que os motivos para a queima de cadáveres são muito fortes: Em que circunstâncias os cadáveres foram cremados? Ora, para que algum recado ficasse bem claro à população. Isso quer dizer que estes motivos bíblicos não podem ser base para refutarmos a cremação nos dias de hoje. A partir da leitura de Amós daria para se dizer que Deus tem certa preferência pelo sepultamento em uma tumba. Com o sepultamento em tumbas, os israelitas se diferenciavam dos pagãos; da prática pagã que oferecia sacrifícios humanos sobre os altares a partir do fogo.

Quando refletimos sobre o ato de sepultarmos alguém, precisamos nos fazer a pergunta sobre o que acontece com uma pessoa que falece. Jesus afirma que, num certo dia, a Sua voz se fará ouvir e todos os mortos ressurgirão de seus túmulos para a ressurreição e ou para o juízo (João 5.28-29). Este texto só fala de ressurreição. O levantar-se de dentro da tumba é algo irracional; é um jeito poético de se falar do juízo ou da nova vida que vem.

Mais adiante Jesus vai deixar claro que o cristão viverá, mesmo experimentando a morte (João 11.25). Isso significa que o cristão morrerá; que o corpo voltará à terra, mas que o espírito permanecerá com Cristo na eternidade. Em 1 Coríntios 15.35-49 Paulo deixa claro que na ressurreição nós vamos ganhar um corpo novo de presente. Este não será parecido com o corpo que carregamos aqui na terra. Esse referido corpo que ostentamos aqui no chão não será renovado. Trata-se de um corpo novo; um corpo “deificado”. Essa perspectiva da ressurreição me leva a crer que tanto faz como o nosso corpo se degradará (se na terra ou no fogo).

Todos os cristãos precisam ter clareza que não vão invadir a eternidade com estes corpos que carregam e que, por natureza, são marcados por defeitos (Filipenses 1.21-24; Lucas 23.39-43). Notem que no Novo Céu e na Nova Terra não vão existir as substâncias carne, sangue, terra e cinza (1 Coríntios 15.50-55).

Martim Lutero e o céu!


Outro dia ouvi a avó do Nando berrando na vizinhança: - Cuidado menino! Desse jeito você não vai pro céu! O menino retrucou gritando: - Ah vó! Eu nem sei se quero ir para o céu!

Confesso que fiquei com vontade de interferir naquela conversa. Pessoas como o Nando não podem ser ajudadas. Sem Deus poderemos chegar onde quisermos, mas, “no final desse caminho sempre haverá uma pedra”! Se Martim Lutero tivesse ouvido a resposta que o Nando deu para sua avó, ele, certamente, retrucaria: “Nando! Deus te quer no céu! Busca uma resposta que te encaminhe para lá!”

Martim Lutero sempre se esforçou para responder a pergunta: Como se faz para chegar ao céu? Sim, ele ocupou grande parte do seu tempo no mosteiro para se assenhorear desta resposta. Sabe-se que como professor de Teologia ele gastou horas e horas de oração; de reflexão e de pesquisa na Bíblia para dominar esta questão. A História testemunha que quando ele se tornou padre, assessorou-se da Comunidade para dirimir sua dúvida: Como é que nós, pecadores, conseguiremos chegar perto desse Deus justo, do qual tanto se fala na Bíblia? Deveria haver uma resposta clara para tal pergunta! Um dia, assim, de repente, lhe veio uma luz: “Ele só teria acesso ao Reino de Deus a partir da sua fé”. (Romanos 1.16b)

O resultado de toda esta luta em prol de uma resposta satisfatória redundou nas conhecidas “95 Teses” escritas pelo nosso Reformador. Nelas se lia uma “resposta” à pergunta de “como se chega ao céu”. O Papa não gostou nada daquilo que estava escrito naquele papel. O Imperador e as Autoridades Políticas da época fizeram coro com o Chefe Máximo da Igreja de então e, com grande estardalhaço, expressaram sua não concordância com aquele conteúdo pregado na porta do templo do Castelo de Wittenberg. Fazer o quê? Para Lutero a tal resposta era mais importante que o Papa; que o Rei e que tudo o mais.

No começo Martim Lutero até pensava que deveria fazer obras para alcançar o céu; entendia que precisava se esforçar para ser notado por Deus e, como consequência, ganhar o “bilhete” que lhe dava acesso ao céu. Hoje muita gente ainda pensa assim: “Vou ao céu se me comportar bem aqui neste mundo.” Martim Lutero desaprovava esse comportamento. Para ele, nunca ninguém saberá se os seus esforços são ou serão suficientes para o alcance da bênção de Deus.

Impressionante! Ninguém pode fazer nada para conseguir o céu. Deus, a partir de Jesus Cristo, fez tudo o que precisava ser feito para que se alcance o Reino de Deus. A pessoa que coloca a sua vida no colo de Deus acaba herdando essa possibilidade gratuitamente. Essa compreensão mudou a vida de Lutero por completo. Lutero tornou-se uma nova pessoa; entendeu que sua vida não dependia dos próprios esforços; do tempo que gastava com orações e estudos bíblicos. Lutero percebeu que somente a sua fé em Jesus Cristo é que lhe abria as portas do céu; que Deus lhe abanava com o perdão para tudo o que tinha feito de errado.

Sim, penso que a vida do Nando vai mudar se ele vier a crer nesta verdade. Martim Lutero entendeu que o caminho até Deus não pode ser construído com força própria; não pode ser herdado; não vem da Igreja. Depois que ele reconheceu essa máxima, deu de si no sentido de que todas as pessoas encontrassem o caminho que leva ao céu: traduziu a Bíblia para uma linguagem compreensível; não permitiu que os poderosos da época o assustassem; escreveu livros e pregou sobre a fé; sobre o presente do perdão de Deus através da morte e da ressurreição de Jesus Cristo.

O céu está aberto para a avó do Nando; para o Nando e também para nós. É Deus quem nos convida a entrarmos nele. Deus não nos força a fazermos isso. Cada um tem a liberdade de acreditar no que quiser. Todos podem viver como bem entenderem, no entanto, se quisermos chegar perto de Deus, deveremos arriscar nossa confiança em Jesus Cristo; pendurarmos nosso coração Nele; permitirmos que Ele renove a nossa vida por completo. Nandooo! Eu se fosse tu, ia querer o céu!

20.5.11

Sepultar ou cremar nossos queridos I


Será que podemos cremar uma pessoa cristã, logo após a sua morte? Pode um cristão permitir-se a cremação? Como fica a questão da ressurreição? Nós não somos a imagem; a criação exclusiva dos dedos de Deus, como diz a Bíblia (Salmo 8.4-5)? Pode-se queimar a imagem de Deus? Essas são perguntas que muitos se fazem.

O fato é que esse assunto da “cremação” tem levantado muitas perguntas no seio da Igreja Cristã. Isso é assim porque muitos defendem que um “verdadeiro sepultamento” só pode ser quando o é sob alguma camada de terra. A verdade é que todas as pessoas que defendem essa ou aquela posição, também carregam suas incertezas. Isso é assim porque o tema da “morte” mexe com os nossos sentimentos. Porque isso é assim? Porque nos velórios sempre se percebem pessoas falando de assuntos “nada a ver” com o momento de reflexão? Porque tanta distância; tanta desinformação a respeito deste tema?

O contato com a morte mexe muito com as emoções das pessoas que estão envolvidas com o luto; com a perda de uma pessoa próxima. Sempre é assim que a dor do luto machuca muito àqueles que sempre estiveram próximos de quem, de repente, precisa “partir”. Já oficiei muitos sepultamentos e, sempre de novo, percebo perplexidade; profundas perturbações em quem fica. As emoções das pessoas se mostram bem diferenciadas quando se deita um corpo morto num caixão; quando se o enterra sob a terra; quando se o queima em fornos especiais; quando se recebe a urna contendo as cinzas – os restos do corpo daquele com o qual se conviveu.

A morte sempre foi, é e continua sendo um “tabu” (Uma idéia proibida de as pessoas se aprofundarem). Quase todos os indivíduos têm dificuldade para tratar deste tema. O fato é que não podemos controlar a morte. Não temos a mínima força para fazer parar o momento da morte. De repente ela vem, e vem definitivamente. Dá para se dizer que a morte é o último degrau de entrada na eternidade e o fato de sabermos disso, mexe muito com qualquer um de nós. É em vista disso que sempre tratamos os nossos mortos com extremo respeito. Observem que cada cultura tem os seus ritos quando o assunto gira em torno da relação com os seus falecidos.

Como cristãos, sempre queremos fazer a “coisa certa”; sempre temos a intenção de aproximarmo-nos ao máximo da vontade de Deus. Sim, temos dentro de nós o desejo de fazermos tudo conforme a Bíblia sugere que se faça. Então, “Cremação ou Sepultamento? O que diz a Bíblia?” De antemão quero deixar claro que a Bíblia não nos trás uma Palavra muito clara a esse respeito. Sim, nós gostaríamos muito que as Palavras da Bíblia fossem impressionantemente claras a esse respeito, mas não são. A Bíblia não explica muito bem quais os passos que um “ofício de sepultamento” deveria ter. Quando algumas pessoas defendem esta ou aquela maneira de se realizar um sepultamento, isso tem a ver com as suas experiências particulares; com a sua formação, mas não com as Verdades que brotam de dentro da Bíblia.

O tema “sepultamento” começou a entrar na pauta das discussões exatamente no momento da queda de Adão e Eva (Gênesis 3). Esse tema (morte) não existia no Paraíso. Deus disse às primeiras pessoas, logo após o seu “desvio”, que, a partir de agora, elas teriam que morrer; que, pelo fato de terem sido formadas da terra, também teriam que retornar a ela (Gênesis 3.19). Percebam que Deus já colocou, com “todas as letras”, o fato da morte ainda nos tempos do Paraíso: Se as pessoas comessem do fruto da árvore do conhecimento, elas teriam que experimentar a morte (Gênesis 2.17) e ponto final. Pois estamos experimentando a mesma nos nossos dias...

19.5.11

A Bíblia nos apóia na oração pelos mortos?


Será que a Bíblia nos apóia quando oramos pelos mortos? Será que existem passagens bíblicas que proíbem esta prática de se orar por pessoas já falecidas?

A Bíblia sempre de novo se apresenta com “detalhes” que se mostram implícitos em suas páginas. Não há nenhuma referência bíblica que nos proíba orar pelos nossos entes queridos falecidos. O Novo Testamento, por exemplo, também não fala absolutamente nada contra a poligamia. Mesmo assim, ela, a poligamia, a possibilidade de um homem se casar com mais de uma mulher, não é biblicamente defensável.

Muito bem! Então por que não devemos orar pelos mortos? É que a oração pelos mortos se contradiz com a convicção bíblica de que, em vida, os seres humanos são chamados a definir o curso do seu futuro: se pra dentro ou se pra fora do Reino de Deus. Quem quiser experimentar a Vida Eterna ao lado do Criador está desafiado a, hoje, ouvir a voz de Deus e a crer Nele.

Em Hebreus 3.7-8a está escrito: “Assim, pois, como diz o Espírito Santo: Hoje, se ouvirdes a Sua voz, não endureçais o vosso coração...” Já em 2 Coríntios 6.2b se lê: “...eis, agora, o tempo sobremodo oportuno eis, agora, o dia da salvação...” Estas duas palavras bíblicas não deixam dúvida de que a fé tem que ser verdade aqui e agora. Digo a mesma coisa de forma negativa: A pessoa falecida não será mais capaz de crer depois da morte. Para uma pessoa que não creu em vida acontecerá o mesmo que àquele homem rico que, no inferno, abriu; levantou seus olhos para a fé: “No inferno, estando em tormento, levantou os olhos e viu...” (Lucas 16.23a)

Poderíamos dizer que o inferno é como um abismo. Em Lucas 16.26 se lê que “...está posto um grande abismo entre nós e vós, de sorte que os que querem passar daqui para vós outros não podem, nem os de lá passar para nós.”

Esta palavra de Lucas é o ponto alto, é o clímax da história que Jesus contou aos seus ouvintes. Havia um homem rico que centrava sua vida unicamente em cima de sua riqueza; que não dava a mínima atenção à uma pessoa empobrecida que batia à sua porta. Quando ambos morreram o pobre passou a gozar da glória celeste, já o rico das agruras do inferno. O seu pedido para que o ex-mendigo lhe alcançasse alívio na sua agonia foi rejeitado. O texto explica que entre um e outro; que entre a glória do céu e o inferno havia um abismo intransponível.

Erra quem pensa que com esta história Jesus esteja querendo dar uma descrição da realidade sobre a vida após a morte. A Bíblia, em muitas passagens, nos informa que todos os mortos, indistintamente, tenham sido eles pessoas boas ou más, descansam; esperam em seus túmulos pela segunda vinda de Jesus e pela ressurreição.

Jesus contou esta parábola aos seus ouvintes para ensinar-lhes que a morte rasga um abismo que não pode mais ser ultrapassado. As oportunidades que foram perdidas na vida não podem mais ser rebuscadas depois da morte. Jesus queria que os Seus ouvintes tivessem sempre em mente: Buscar o bem enquanto é tempo! Após a morte, será tarde demais. Com a experimentação da morte, ou se segue para o Reino de Deus, ou se experimenta a morte eterna.

Estamos conscientes de que somos os ricos de hoje? Estamos prestando “cuidado” aos pobres que batem à nossa porta; aos “famintos” da nossa vizinhança; aos sem esperança que nos cumprimentam com ombros caídos? Nós todos podemos experimentar muita alegria se ousarmos repartir das riquezas que Deus nos tem agraciado!

É assim que depois da nossa morte nós não podemos mais vir a crer, apenas ver. Nenhuma oração de terceiros será capaz de mudar a nossa sorte, o nosso estado. O autor de Eclesiastes sublinha isso que acabei de dizer de uma forma poética: “...caindo a árvore para o sul ou para o norte, no lugar em que cair, aí ficará.” (Eclesiastes 11.3b). É em vista disso que na Igreja Evangélica nós nunca vamos ser convidados a orar pelas pessoas falecidas. Na Bíblia não há nenhum exemplo de alguém que tenha orado por mortos. Daí por que podemos seguir nosso rumo confiantes: a Bíblia não nos dá subsídios para orarmos por pessoas que já faleceram.

18.5.11

Relacionamentos!


Oi Pessoal! Hoje eu completo 57 anos. Já vivi em Santa Cruz do Sul, Tenente Portela, Porto Alegre, Esteio, Ivoti, São Leopoldo, Sapiranga, Cianorte, Cidade Gaúcha, Cruz Alta, Florianópolis e Munique. Agora estou vivendo em Joinville. Ainda estou pastor. Sim, eu gosto de ser pastor. Quando leio os recados carinhosos que já recebi, fico contente; emocionado. Coisa boa esses relacionamentos que continuo a experimentar com vocês. Outro dia ouvi de um amigo: "Na vida" - disse-me ele - "o que vale são os relacionamentos". Certíssimo! Que bom que Deus colocou vocês na minha vida. Penso que a flor (camélia) que me foi enviada (presenteada) por um amigo de além mar (vocês podem admirá-la aí acima) seja um símbolo dessa amizade, dessa comunhão que nos une. Obrigado! Abraços a todas, a todos vocês queridas e queridos.

16.5.11

Comunidade Evangélica de Nova Santa Rosa

Faz pouco voltei de Nova Santa Rosa, a “Jóia do Oeste” do Paraná. Que experiência! Saí de Joinville na quinta-feira, às cinco da madrugada. Foi no início da tarde que estacionei o meu carro ao lado do templo luterano onde a colega Ester D. Wilke e o colega Milton Tribess atuam como ministra e ministro da IECLB. À noite eu já iniciaria uma primeira palestra sob o Tema “Comunhão e Cuidado”. Fui bem hospedado na casa da família Krämer. Tomei banho, dormi e logo chegou a hora. Tive o privilégio de ver muitas das filhas e dos filhos dos quase todos descendentes de gaúchos que, lá pelos idos de 1951, decidiram buscar futuro melhor um pouco mais ao norte do país.

Comecei minhas falas cantando a primeira estrofe de um hino que, um dia, ouvi em frequência modulada numa das Rádios de Cruz Alta (RS) onde trabalhei como pastor: “Tendo o céu como galpão, e o por do sol como braseiro, ficam eles quarteando (comungando), lindos sonhos companheiro.“ Todos estavam atentos. Ah como eu gosto de ser pastor; de poder repartir o que Deus me privilegiou viver. Sim, matei minhas saudades dos tempos de evangelista da IECLB. Lá se vão quase vinte anos de história.

Dormi muito bem na noite quinta para sexta. Depois do chimarrão amigo, tomamos café no recôndito do lar dos Krämer. Experimentamos comunhão. Depois de muitos anos, pisei novamente o chão de uma oficina mecânica familiar onde vi funcionários atuando em automóveis de múltiplas marcas e todos com mãos ativas, rostos felizes. Saí para a rua para sentir a cidade, aspirar o cheiro da sua feminilidade. Cumprimentei as pessoas que também andavam de bicicleta. Churrasqueei, sim, até recebi agrados simbolizados numa laranja. Vivi e respirei saúde...

A noite de sexta-feira foi se mostrando real. Nela pude repartir mais um pouco mais daquilo que “carregava na bagagem” e então veio a inevitável despedida. Abraços recheados de “feedback”. Carinhos azuis e vermelhos. Coisa boa constatar que a Comunidade que me hospedava não competia com o Sínodo Rio Paraná, a partir dos seus programas. Adormeci tarde da noite. Liguei a ignição do meu automóvel na prematura manhã de sábado. Viajei um bom tempo até chegar a casa. O nosso povo do “Passeando pela Bíblia” estava a mil, por causa da “Noite da Batata”. A Valmi , como sempre, articulava o seu dom. Demorou quase nada e eu me reintegrei no velho contexto. Abraços!

9.5.11

Orar pelos mortos?


Será que podemos orar pelos mortos? Hoje são muitas as pessoas que se ocupam com esta pergunta. A resposta à questão “se podemos orar por pessoas já falecidas” não pode se alicerçar nos nossos sentimentos. Vamos ver o porquê disso!

Para a Bíblia, o ato de se “orar pelos mortos” é completamente estranho. Mas então, de onde veio este costume na Igreja? Qual foi a filosofia que oportunizou esta prática no meio eclesiástico? É assim que as pessoas que choram o luto quase sempre se mostram inseguras quanto ao futuro dos seus que se foram daqui. Ora, esta insegurança serve de “feto” para acalentar incertezas: Será que eles se encontram bem neste período compreendido entre a morte e a ressurreição? Alicerçados nesta dúvida que se decide orar pelos mortos.

A pergunta “Orar pelos mortos é possível?” começou a ser ventilada nos tempos em que a cristandade se preocupou com o “tamanho”; com a “longevidade” do tempo que acontece entre a morte e a possível ressurreição de uma pessoa. Algo tinha quer ser feito em favor dos que experimentavam o “tempo da morte” que tanto podia ser “pequeno” como “grande”. As pessoas falecidas experimentavam “felicidade” ou “tristeza”, enquanto esperavam pela ressurreição? Foi na busca por uma resposta a esta pergunta que a Igreja se “aconchegou” à idéia de que era necessário o sacrifício; a obra em prol daquele que, com a experimentação da morte, se tornara enfraquecido. Fazer o quê? Orar por ele para que fosse aceito por Deus.

Nós não temos condições de alcançar a salvação pelo nosso próprio esforço; através das nossas próprias obras; por meio dos nossos próprios méritos. Nós só alcançamos a salvação por causa do presente que Deus nos alcança via nosso Senhor Jesus Cristo. As nossas orações não têm o mínimo poder de melhorar a situação dos que morreram. Para as pessoas falecidas continua valendo o que, em vida, ouviram sobre o Filho de Deus. A questão fundamental sempre é se as pessoas falecidas aceitaram ou rejeitaram o Evangelho, a Boa Nova de Salvação. Esta questão já deverá estar trabalhada quando a morte vier fazer visita.

Assim podemos concluir que a oração pelos mortos surgiu exatamente no momento em que as mulheres e os homens se afastaram da Verdade que brota de dentro da Escritura. O teólogo Schlatter nos ajuda a melhor compreender esse assunto quando escreve: “A Igreja logo caiu abaixo do nível da Fé Apostólica. Para Ela foi difícil “largar” os seus membros mortos no silêncio da misericórdia e da justiça de Deus.

Quando o conceito de “mérito” ressurgiu no seio da Igreja, ela, a Igreja, passou a ensinar sobre o “purgatório”. As preocupações com as possíveis difíceis experiências das pessoas nesta espécie de “ante-sala” do céu onde se tinha a chance de se “penitenciar” dos pecados cometidos levou a Igreja a orar pela abreviação daqueles também possíveis “duros momentos”. Notem que sempre que a Igreja ouviu e entendeu o Evangelho, ela deixou esta prática da “oração pelos mortos” de lado.

As irmãs e os irmãos que viveram na época da Reforma deram bom testemunho quando passaram a sepultar os seus mortos orando silenciosamente. Naquelas oportunidades eles não pelos mortos, mas sim pelos que ficavam. Liam o nome das pessoas falecidas nos Cultos para que a Comunidade se desse conta de que Deus tinha chamado um dos Seus, nada mais do que isso.

O teólogo Uhlborn escreve que “só podemos orar alicerçados na sólida Palavra de Deus que nos ordenou a orar e que, ao mesmo tempo, nos prometeu ouvir a oração”. Em nenhum momento Deus nos ordena a “orarmos pelos mortos”. Ele também nunca passou qualquer mensagem no sentido de que quisesse ouvir semelhantes orações. Não! Não é nossa função beatificar ou condenar pessoas. O Senhor Deus é o Juiz das pessoas vivas e também das falecidas. Tenhamos sempre clareza disso: Nós não seremos julgados a partir das oportunidades não vivenciadas. Nós seremos julgados, isso sim, pela “esnobação” das oportunidades de chegarmos perto de Deus que vivenciamos.

Ainda gostaria de chamar atenção para um grande perigo de quem sofre o luto. Muitas pessoas, de tanta preocupação com seus queridos falecidos, acabam se esquecendo dos que ficam; deixando de cuidar daqueles que estão próximos. A morte quer ser uma lembrança para que sempre estejamos alerta. O Salmo 90.12 nos ajuda nesta empreitada: “Ensina-nos a contar os nossos dias, de tal maneira que alcancemos corações sábios.” Quer dizer, é nosso grande dever continuar repartindo a luz que Deus nos deu; lançando o Convite de Vida apresentado por Jesus Cristo às pessoas que circulam à nossa volta. Penso que esta palavra de Mateus 11.28-29 também nos ajude: “Vide a mim todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei. Tomais sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração; e encontrareis descanso para as vossas almas.”

1.5.11

Dia das Mães!


A idéia de se dedicar um dia do ano para as mães tem um pouco menos de 100 anos. Tudo começou com a Sra. Anna Jarvis, moradora na cidade de Virgínia (EUA). Anna era professora e lecionava para mulheres. Com o tempo ela foi percebendo que suas alunas se ocupavam quase que exclusivamente com os seus maridos e com os seus filhos; quase nada com suas mães idosas. Vai daí resolveu engajar-se no sentido de mudar “mudar a cabeça” daquelas mulheres.

Algo precisava ser feito e Anna decidiu criar o “Dia das Mães”. Divulgou o seu sonho entre as pessoas de sua relação de amizade e logo a proposta foi angariando simpatias. Ela escreveu inúmeras cartas para políticos, prefeitos, redações de jornais, ministras e os ministros eclesiásticos e empresários da época. O conteúdo das cartas que enviava era sempre o mesmo: Que tal criar-se uma data no segundo domingo de maio para lembrar com seriedade as mães.

Muitas destas pessoas alcançadas pelas correspondências da Sra. Anna passaram a apoiar a tal proposta. Jornalistas escreveram artigos em jornais; pastores usaram o púlpito para pregar sobre o tema em questão; políticos fizeram uso da tribuna para manifestar-se em prol da idéia e, não demorou muito, todos os vilarejos e cidades americanos estavam festejando a referida data. E assim, no dia 8 de maio de 1914, o presidente americano Woodrow Wilson assinou um decreto deixando claro que, a partir daquele momento, estava criado o “segundo domingo de maio” para homenagear-se todas as mães dos Estados Unidos da América. Passaram-se alguns anos e nós, brasileiros, também entramos nessa linda “onda”.

No próximo domingo, dia 08 de maio, festejaremos mais um “Dia das Mães”. As lojas e floriculturas da nossa cidade já vibram com a venda de mais e mais produtos. Tudo bem! A oportunidade de dizermos um obrigado às nossas mães é excelente. Como dizer esse “muito obrigado”? Quem sabe, servindo-lhe uma taça de café “cheinha de amor”.

Além de agradecermos às mães, também podemos agradecer a Deus pelo fato de termos tido a chance de também sermos mães e pais. Que grande honra poder ser presenteado com a graça de poder educar; cuidar de crianças, esses tesouros que Deus nos confiou. Quantas mães e quantos pais se esquecem disso. Nós que somos avós, podemos continuar esta tarefa... Observem que há um sem número de crianças que têm fome de serem reconhecidas como filhas e filhos pelos seus pais. Quantas crianças, neste momento, experimentam “fome” de receber uma pequena gentileza ou somente de ouvir uma boa palavra durante o almoço. Custa perguntar à criança “como foi o seu dia na escola”?

Sim, o Dia das Mães é um dia de se agradecer: Obrigado mãe por sempre estares ao nosso lado. Obrigado Deus que muitos de nós puderam ser mães; ser pais. Obrigado pelas nossas meninas e pelos nossos meninos que hoje já se tornaram adultos. Queremos nos esforçar em favor delas e deles; queremos entendê-las e entendê-los melhor; queremos melhor nos relacionar com elas e eles, os presentes que Tu nos destes.

Será que eu vou pro céu?


Outro dia ouvi a avó do Nando: - Cuidado menino! Desse jeito você não vai pro céu! O menino retrucou de primeira: - Eu nem sei se quero ir para o céu vó!

Pois fiquei com vontade de entrar na conversa. Podemos chegar onde quisermos sem Deus. O problema é que “no final do caminho tem uma pedra”. Sim, Deus nos quer no Seu Reino, mas como chegar lá?

Como estudante, Lutero se esforçou para encontrar o caminho que conduzia ao céu. Como professor, pesquisou em busca duma resposta bíblica. Já como padre, tentou matar sua curiosidade se assessorando da Comunidade. Num primeiro momento o nosso Reformador até entendeu que deveria fazer obras para alcançar o céu. Já num segundo, lhe ficou claro que “só teria acesso ao Reino de Deus a partir da sua fé” (Romanos 1.16a)

Ninguém consegue o céu por si só. Deus, em Jesus Cristo, já fez tudo o que precisava ser feito para que o conseguíssemos. Daí que crer é colocar-se no colo de Deus. Somente a fé nos abre as portas do céu. Lutero entendeu essa máxima. A partir daí esforçou-se para que pessoas como a avó do Nando também compreendessem o que tinha compreendido: traduziu a Bíblia para uma linguagem compreensível; não permitiu que os poderosos o assustassem; escreveu e pregou sobre a fé; sobre o presente do perdão de Deus.

É feliz quem se arrisca confiar em Jesus Cristo; pendurar seu coração Nele; se permitir uma renovação completa. Nandooo! Eu se fosse tu, ia querer o céu!

OLHA SÓ!