Busque Saber

19.9.06

A Darclê e o Aron!


Lá pelos inícios de agosto deste ano, fui convidado a visitar meus velhos amigos Darclê, Aron e seus dois filhos, em Curitiba! Fui junto com meus hospedeiros Lori e Mário. Para surpresa minha, lá já estavam a Sílvia e o Jairo. Que festa aquele nosso encontro. As muitas experiências comuns que vivemos juntos pareciam querer gritar gritos de alegria, quando dos nossos abraços.

Pois o querido casal nos promoveu momentos de grande festa. Depois de muita comunhão, sentamo-nos à mesa para jantar. A luz que descia do lustre e iluminava nossos rostos, ia preenchendo de vida os espaços que íamos deixando entre as expressões que brotavam dos nossos diálogos. E assim, não fomos vendo o tempo passar.

Quando já era o início da madrugada pensei em me retirar. Mas como retirar-se de um lugar assim, sabendo-se de antemão que, por certo, nos próximos anos, não se haveria de viver momento tão bonito! Fui ficando, ficando, ficando... Quando os galos começaram a cantar, isso lá pelas cinco da manhã, fomos dormir nossas duas horas de sono.

O dia seguinte foi cheio de atividades, como todos os dias tinham sido e continuariam sendo. O cansaço que eu sentia convertia-se, incontinente, em mais energia por causa da lembrança daqueles sorrisos emoldurados sem cor de mentira. Por tudo isso, não canso de afirmar: - sou grato a Deus pelos caminhos calçados de privilégios que ainda experimento.

14.9.06

O amigo Ornélio!


Está fazendo uma semana que visitei meu amigo Ornélio. Nos vimos pela última vez em 1975, quando do seu casamento com a Traudi. Foi interessante o nosso encontro. Eu estava visitando minha mãe em Santa Cruz do Sul e, na minha frente, sobre a mesinha de centro, o guia telefônico da cidade onde eu nasci. Curioso, folheei o mesmo. Depente, em negrito, ali estava o nome do amigo dos tempos de adolescente. Disquei seu número e, duas horas depois, estávamos tomando um gostoso chimarrão, passando a nossa vida em revista.

Interessante a vida. Naqueles tempos de 1970, ele e eu estávamos querendo mudar de rumo. Tínhamos nossa mente voltada para Porto Alegre, onde tencionávamos escrever uma nova hitória. Sim, lá iríamos dar jeito num quarto com cozinha e, depois disso, cada um seguiria seu rumo na busca de um bom emprego. Gastamos horas pensando e repassando cada detalhe daquela aventura que, por certo, marcaria nossas caminhadas. Algo deu errado e acabamos não levando nosso objetivo comum a cabo. Ele foi trabalhar numa grande firma e eu fui estudar Teologia. Um pouco mais tarde casamos com mulheres empreendedoras e, assim, fomos galgando os degraus que nos conduziram aos 50 e, por tabela, àquele momento.

Amizades verdadeiras não acabam. Era como se sempre tivéssemos tido contato. Enquanto íamos articulando nossos pensamentos, também ia ficando claro que ainda concordávamos em gênero, número e grau, no que diz respeito às questões paridas pelo momento vivido. Ele e eu nos afastamos um do outro porquê tínhamos coisas a fazer, a construir, a elaborar. Estávamos com os filhos a criar e sempre com sementes na mão prá semear. Nos engajamos em muitos projetos e, juntos, fomos contribuindo para a melhoria de alguns poucos segmentos do mundo à nossa volta. Ali, sentados, um na frente do outro, com as feições amadurecidas, vimos que ainda temos coisas a fazer.

Como frisei em outros textos, vivo momento exclente. Sózinho não consigo sobreviver. Fui criado por Deus para viver em comunhão com meu próximo. Agradeço a Deus pelo privilégio de poder estar fazendo tais descobertas neste tempo que se chama hoje, setembro de 2006.

30.8.06

E eu estou Alegre!


Nossa viagem começou em Munique e nossa primeira parada foi Curitiba, onde fomos hospedados na Casa do Estudante Luterano. Os curitibanos nos acolheram muito bem. Os colegas Evandro e Mário, secundados pela sua gente, nos organizaram um excelentíssimo programa. Numa daquelas noites, fui convidado a fazer a pregação quando de um Culto. Fazia tempo que eu não pregava - uns três anos creio eu.

Enquanto cantávamos o hino que nos preparava para ouvirmos a palavra de Deus, parei a pensar: - Será que ainda dou conta deste recado? Parece mentira mas, naquele momento, senti-me sem embocadura para realizar a tarefa. Sempre gostei de repartir textos bíblicos com a Comunidade. Claro que eu estava preparado para fazê-lo. No entanto, ali estava aquele "friozinho na barriga" mexendo comigo.

Oraram pela pregção e, de repente, eu estava atrás do púlpito. As palavras foram me brotando na boca e eu, em contrapartida, me alegrando. Se hoje olho para trás, agradeço a Deus por ter me dado a ousadia de optar pelo estudo da Teologia, lá nos idos inícios dos anos 70. Que prazer indescritível eu pude sentir enquanto repartia com as pessoas, das coisas que Deus me falara quando da minha meditação particular.

Neste momento estou vendo possibilidades de, novamente, atuar como pastor no Brasil. Volto para atuar no seio da IECLB em janeiro de 2007. Venho com o coração mais apertado por causa da sabedoria que empilhei sobre a base outrora construída junto à nossa gente. Venho levado pelo vento. Estou me deixando levar pela brisa que me impulsiona pelas costas - sim senhor! E eu estou alegre...

28.8.06

O perigo ronda no Rio!


Os 21 dias da nossa viagem de estudos passaram. Foi ontem que nos despedimos, ainda no Rio de Janeiro. Agora me encontro no apartamento dos meus filhos, em Florianópolis. Acabei de salvar todas as fotos que cliquei durante a viagem, no computador. Posso dizer que foram três semanas muito intensivas. Nelas tive o privilégio de viver inúmeras experiências. Reencontrei amigas e amigos queridos e claro, vou precisar algum tempo para me acalmar no caminho que ainda penso percorrer.

A violência está a solta no Brasil. A cidade abençoada pelo Cristo Redentor e que sempre foi cantada em verso pelo poeta Tom Jobim vive seu momento mais triste na História - penso eu. Uma das coordenadoras da creche que visitamos em Ipanema contou-nos que, quando se ouve tiros de pistola na favela ao lado, as criancinhas de dois anos de idade, incontinenti, atiram-se ao chão. Vi que, na praia e no calçadão de Copacabana, quase todas as pessoas têm olhos descoloridos pela ansiedade.

Fazer o quê? Nossa saída é ir vivendo dentro da crise. As vezes me pego sonhando com mais qualidade de vida. Me percebo e me leio como um sujeito que ainda não perdeu a esperança. Se o Chile é hoje um dos países latinos percebido como exemplo no mundo e isso, depois de uma história recente extremamente complicada, porque é que nós, brasileiros, não poderemos dar a volta por cima?

Nos próximos dias vou escrever mais um pouco sobre minhas impressões. Coisa boa poder conversar com o Ilmar, o Aron, a Darclê, o Gerson, a Ethel, a Sílvia, o Günter, o Gert, o Mozart, a Erica, o Mário, a Lori, a Dorita, o Benhour, a Dicléia, o Délcio, a Roberto, a Débora, o Luiz, a Ilma, o Cláudio, a Laura, a Priscila, o Evadro, a Susi, a Beti, o Hans, o Martin, o Ricardo, o Marcos e tantas outras e outros que me marcaram e me marcam com suas personalidades.

18.8.06

Eu batizei a Manuela!


Estamos viajando pelo Brasil - a Naemi, a Zoe, a Dorothea, a Che, o Reinhard e eu. Já cruzamos por Curitiba e Porto Alegre. No momento, quando escrevo, estamos visitando Florianópolis. O que nos move na viagem que terminará no Rio de Janeiro, depois de uma passagem por Belo Horizonte, é o tema "O que é pobreza".

Posso testemunhar que foram interessantíssimos os nossos diálogos com os estudantes universitários que fomos encontrando pelo caminho. Sempre de novo me impressiona como nós brasileiros sabemos bem tratar com aos estrangeiros que batem à nossa porta. Ser hospitaleiro é uma virtude que nós, com raras exceções, temos sim senhor.

Na assim chamada cidade mais moderna do Brasil, tive uma experiência muito interessante. No final de um dos cultos do qual participamos e onde fomos apresentados, conversei com uma senhora. Ela logo foi perguntando se eu, a dezenove anos atrás, não tinha celebrado um culto ali, naquela comunidade. Respondi que sim. Ela, animada, voltou a carga perguntando se eu lembrava que tinha realizado um batismo naquele dia. Eu respondi afirmativamente, meneando a cabeça. Ela, com sorriso aberto, logo foi deixando claro: - era minha filha, a Manuela, que aqui está.

Encontrar pessoas queridas... Existe coisa melhor do que ter comunhão com gente que sonha como a gente sonha? Pois penso que não e estou felicíssimo com o momento. Repartirei mais detalhes dessa nossa viagem com moradores da Casa de Estudantes Hugo Maser (Arcisheim) onde, em Munique, também atuo como conselheiro espiritual. Nos próximos dias escreverei mais sobre minhas impressões no e do Brasil com sua gente.

2.8.06

Grande Virada!

A hora dormiu e eu pedi prá descer.
Sentei na cadeira e lá fui escrever.
Eram frases de amor pru’ma flor a nascer.
Que coisa mais linda - não vou esquecer!

Me aquieto encantado e me paro a amar.
Eu sei, amanhã ainda vou namorar.
É a história da gente exposta no altar.
Minha vida inteira num filme a passar…

O tempo acordou, levantar me exortou.
Está entendido, eu não mais sou guri.
Baviera menina me trará saudades,
da grande virada que aqui eu vivi.

A História chamou e vou dar-lhe atenção.
Eu queria parar mas não tinha a razão.
Levantei os meus olhos, só vi coração,
de um doce futuro marcado de unção.

1.8.06

Ricos Momentos!


Régis é o nome do meu irmão. Cuidei dele, quando menino. Naquela época morávamos no interior de Tenente Portela, no norte do Rio Grande do Sul, e nossos pais eram agricultures. Todo dia, à tardinha, lá ia eu passear com meu irmãozinho pelas picadas abertas no meio da mata. Acompanhei a escolha do seu nome e, depois, vi-o crescer nas cidades de Porto Alegre, Esteio e Santa Cruz do Sul.

Estávamos sempre juntos, aprontando contra nossas três irmãs. Depois que fomos morar na Rua São José 750, nossos caminhos se afastaram. Ele deixou crescer o cabelo e se foi prá fora de casa com sua turma. Eu, de cabelo curto, mais conservador, fiquei na minha. E assim, fomos nos separando. Nossa relação foi esfriando, esfriando… Um dia, depois de terem se passado 35 anos, decidi acabar com com aquele silêncio e telefonei-lhe quando do seu aniversário.

Num outro momento, convidei-o a vir visitar-me aqui em Munique. Ele veio com a Ana. Ficaram pouco tempo conosco. Comemos e bebemos juntos. Fizemos um “check up” do nosso passado. Rimos bastante de tudo o que valia a pena ser rido e, no final das contas, robustecemos nosso companheirismo. Ainda ontem recebi um E-Mail seu. Está alegre com o momento que vive.

Alguém um dia me disse que “se conselhos fossem bons a gente os vendia”. Mesmo assim, acredito que minha proposta não seja ruim. Se você estiver longe de alguém que nunca mais esqueceu, dê uma ligadinha. Re-estabeleça laços. A vida é curta para a gente ir jogando fora os ricos momentos que Deus nos deu de mão.

Força ex-guri!


Parece mentira. Eu olho um pouquinho prá trás e me dou conta que a Paula e o Daniel cruzaram por aqui, na semana passada. Logo que voltaram à sua linda cidade, nos ligaram e conversamos pelo telefone. Viveram alguns contratempos com as passagens, mas nada muito grave. Estão alegres, ativos no dia-a-dia, depois das férias.

Conversamos sobre tantas coisas, sentados nas boas cadeiras na sacada do apartamento onde moramos. De lá podíamos ver um pouco do movimento da Türkenstraße (Rua dos Turcos), quase no centro de Munique. Mais uma vez percebi que a vida vai abrindo sorrisos para as pessoas que entram na casa dos 20 e, ao mesmo tempo, vai fechando seu semblante aos que mergulham nos 50. Mas claro, cada momento tem o seu prazer.

Foi bom ouvir os planos daqueles que estão tão próximos ao nosso coração. Eles aprenderam sonhar sonhos de qualidade. Tenho para mim que poder sonhar sonhos bons é um presente que só Deus alcança. Hoje, depois de tantos anos em contato com pessoas, percebo com muita clareza que são mais felizes as pessoas que conseguem sonhar, mesmo dentro das crises.

Lá se foi meu guri! Foi acompanhado para sempre. Ainda abanei com minha mão, depois do controle de suas bagagens, no aeroporto. Ele não percebeu nada disso. Mas no meu abano estavam as bênçaos de um pai que aprendeu a entregar o que tinha de mais caro para o mundo. Força ex-guri!

Vento Frio!


Sou caminheiro, descalço.
Levo-me no pedregulho.
E aí, vazio de orgulho,
É o pé que dói,
Ele sangra e redói.
Já a cabeça eu alço.
Enfrento todo percalço
Do vento frio que me moe.

Vou aventureiro, despido.
Embalado pelo tempo,
E assim, a contento.
Reflito,
Atrito, medito.
Em coração dolorido,
Replanto um vale florido.
Fruto da enxada e do grito.

Paro cordeiro, cansado.
Deito na rede do norte.
Cansa a luta forte,
Tenho asas,
Vi idéias rasas.
Já fui ensimesmado,
Fiz amor entusiasmado.
Revivo, construindo casas.

De mala e cuia!


No momento preparo-me para viajar com 5 estudantes da Ludwig Maximilian Universität Müchen ao Brasil onde, durante 21 dias, nos envolveremos com tema “Mas afinal, o que é pobreza?” Num dos Cultos que visitaremos, pregarei sobre o texto de Gênesis 12.1-4.

Abraão estava com a vida ganha. Tinha fincado raízes em Harã e ali, conhecia os vizinhos pelo nome. Acordava pela manhã e, depois do café, olhava o rebanho. Fazia um ou outro conserto nas dependências da sua tenda e, quando a fome batia, sentava-se para almoçar. Mais tarde um pouco de descanso na rede porque, afinal, "ninguém é de ferro". Um dia Deus lhe disse: "Sai daí desses lados onde moras e vai para um lugar novo que te indicarei…"

Lá Deus abençoou Abraão com terras; um filho e a promessa de que seria uma bênção para todas as gentes do planeta. Atrás de si ficou a parentagem e mais do que isso, todos os costumes. A mando de Deus, “de mala e cuia”, foi fazer outras experiências. Se não tivesse sido secundado pelos irmãos nômades, certamente não teria sobrevivido. Quem mora no deserto, tem o dever de hospedar pessoas em dificuldades.

Interessante notar que as três grandes religiões monoteístas do mundo (Judaica, Cristã e Islâmica) têm suas bases construídas sobre a pessoa de Abraão. Se alguém perguntar o que isso quer dizer para nós, cristãos, esse alguém deveria ler os capítulos 3 da Carta aos Romanos e, depois, os capítulos 3 e 4 da Carta aos Gálatas…

30.7.06

Fé, Esperança e Amor!


No momento estou me preparando para falar a uma platéia na cidade de Dinslaken, no norte da Alemanha, por ocasião das Festas anuais da Instituição Gustav Adolf Werk. Vou basear meu conteúdo nas frases iniciais da primeira carta que o apóstolo Paulo escreveu aos tessalonicenses.

A Comunidade de Tessalônica era muito pequena. Nela havia pouca famílias participantes. Mas que faziam “barulho”, ah isso faziam. Chamavam a atenção da circunvizinhança pelo fato de serem alegres e dinâmicos. Porque eles eram assim? Simples! Eles deixaram de adorar ídolos e passaram a alicerçar suas histórias pessoais na articulação da fé, em esperança e amor. Sempre de novo eu tenho notado isso. Pessoas que se sabem abençoadas por Deus, não têm medo de amar seus semelhantes. Eu, por "chegar perto de quem está ao meu lado" entendo "solidarizar-se com ele" e isso, no meu ponto de vista, é amor.

Nunca mais esquecerei da D. Júlia, moradora de uma Favela que visitei no Brasil. Ela era uma senhora de idade que cuidava de mais de 35 pequenas filhas e filhos de trabalhadoras e trabalhadores empobrecidos. Não ganhava quase nada em troca do trabalho que fazia e, todo dia, preparava uma gostosa sopa de verduras para aquelas pequenas criancas. Outro dia perguntei-lhe: - A sra. recebe tão pouco em troca deste trabalho. Como consegue fazer uma sopa tão substanciosa e isto, todo o dia?

“Ah pastor! – disse ela – acordo cedinho. Vou lá embaixo na feira (mais ou menos 2 km de descida e, depois, subida íngrime) e escolho o melhor dos restos que os feirantes jogam fora. Faço isso porque não consigo ver esses meus meninos com fome. Deus há de me ajudar com forças para eu poder ir fazendo este trabalho adiante.” Bons testemunhos ainda temos hoje, mais perto do que pensamos.

28.7.06

Alegria!


Quando o salmista Davi disse que “o Senhor era a sua Luz”, ele deixou claro que Deus era a razão da sua alegria. O apóstolo Paulo também deu um testemunho semelhante, quando sugeriu ao povo de Filipos que “se alegrassem no Senhor”.

Outro dia estive lendo sobre o missionário Hudson Taylor, fundador da Missão Crista na China. Ele conhecia perfeitamente esta alegria que brota da relação com Jesus Cristo. Num certo dia escreveu uma carta à sua esposa onde se lia: - “A manhã está linda, completamente ensolarada. No entanto, a clareza do sol em nada se compara ao brilho que existe dentro de mim”.

Há momentos na vida em que só vemos escuridão, tanto fora como dentro de nós. Vêm horas em que todas as luzes terrestres do mundo se apagam. Quem já não experimentou esta sensação? Pois Davi, Paulo e Hudson apontam para esta Luz que brilha sempre: o nosso senhor e salvador Jesus Cristo.

Estou convicto disso e não abro mão: somente a proximidade e o amor de Jesus para conosco é que podem nos encher daquela verdadeira alegria que Deus sempre sonhou para nós.

27.7.06

Help! Hilfe! Socorro!


Estamos no final de julho de 2006 e faz muito calor aqui em Munique. Ontem, num dos jornais da nossa cidade, podia-se ver a foto de uma árvore centenária que, plantada no famoso “Englischen Garten” (3,7 km² de área verde no coração de Munique), morria por causa do calor.

Neste momento todos os cidadãos muniquenses estão convidados a regar as plantas que crescem nas cicunvizinhanças. Não deixa de ser interessante esta “chamada” da mídia, tendo-se em vista que o rio Isar, que corta a capital da Baviera de sul a norte e que, hoje, se encontra completamente despoluído, acabou de baixar o nível de suas águas em 25 cm, nas últimas 24 horas.

Estas e outras informações para as quais a gente vai dando pouca importância tem relevância sim. Fatos como os que relatei acima são total novidade na Alemanha, onde o verão sempre foi verão e o inverno sempre inverno; onde o termômetro nunca se aventurou muito para cima ou para baixo.

As vezes carrego a impressão que estamos criando a pauta para nossa própria desestrutura como povo de Deus. Algumas medidas bem que deveriam ser tomadas aqui e agora. Nossa Amazônia está sumindo do mapa; está indo pro “brejo” – como diria meu avô. O mundo sofre suas dores e emite os sinais delas mas, mesmo assim, poucos de nós estão compreendendo os seus recados. Alô G8… Vocês precisam ajudar senão a “coisa” simplesmente nao vai funcionar.

7.7.06

Amigão de 1966!


O ano de 1966 foi importantíssimo para mim. Minha família estava mais bem estruturada e eu, de uma hora para outra, estudava num bom colégio santacruzense. Lembro que eu, naqueles tempos, vivia intensamente cada minuto da minha vida. Ao meu lado sentava o Ernesto. Éramos alunos aplicadíssimos. Entendiamo-nos só pelo olhar. Dava prazer encontrar a turma, sempre de novo, pela manhã. Em julho daquele ano meus pais e meus irmãos mudaram-se para a capital e eu fiquei morando na casa da minha avó. Lembro que sempre dava um jeito rápido nas tarefas de casa e lá íamos nós, o Ernesto e eu, nos aventurar pelos cantos e recantos da Capital do Fumo.

Éramos amicíssimos. Num certo dia chuvoso, vínhamos caminhando e, num dado momento, lá no fundo de um patio, vimos uma bola. O Augusto, nosso amigo comum, pulou a cerca e, de uma hora para a outra, éramos os novos donos da “redondinha”. Decidimos que na primeira semana ela ficaria comigo, na segunda com o Augusto e na terceira com meu amigão. Cuidei dela com todo carinho. Quase não joguei com a mesma no intuito de conservá-la o máximo possível. O Augusto fez o mesmo. Passaram-se 21 dias e recebi a bola do Ernesto. Os gomos de couro estavam completamente comprometidos. Aquilo mexeu muito comigo e acabei cortando nossa amizade. Foi duro aguentar aquela decisão mas me mantive firme, orgulhoso. O fato é que nunca mais me esqueci do colega.

Passaram-se 40 anos. Há algumas semanas, assim, sem mais nem menos, decidi escrever o nome do velho ex-amigo de infância num destes instrumentos de procura da internet. Pois não é que o descobri morando numa pequena cidade interiorana de Minas Gerais? Estamos nos correspondendo via Orkut e, creio eu, qualquer dias destes teremos oportunidade de nos reencontrarmos e, então, relembrarmos dos tempos que tomamos água de sanga; que nos banhamos em riachos da periferia da cidade; que jogamos bola em potreiros da vizinhança… Sim, “a amizade é na vida uma canção que simplesmente faz vibrar o coração”. Grande Ernesto!

6.7.06

Crises!


Os últimos seis anos que estou vivendo em Munique foram e ainda estão sendo de muito crescimento, tanto para dentro como para fora de mim. A crise que vivi por estar longe da minha cultura, da minha gente, mexeu muito comigo. Outro dia, lendo o livro de Gênesis, percebi que Abraão, ao ser chamado a deixar sua parentela e sua terra, também viveu momentos de dificuldade. O texto bíblico deixa claro que, para ele, o fato de experimentar ser extrangeiro foi a ótima oportunidade da sua vida; foi sua grande chance de crescimento para dentro dessa proposta mais aberta que Deus lhe propôs ou seja: ser uma bênção a todas as gentes. (Gn 12.1-3)

Penso que tenho podido ser um pouco disso, para mais de duas centenas de estudantes estrangeiros oriundos de países em desenvolvimento que estudam aqui na “Ludwig Maximilian Universität – München”. Estou me sentindo muito bem. Minha família tem notado este estado de espírito em mim e agora, vejam só, estou prestes a voltar. Sim, estou “louco” para poder reaplicar meus dons na nossa querida IECLB. Tempos excelentes estes de 2006.

Um Anjo!


Foi ontem, que careci de ajuda.
De repente – um anjo!
Não! Ele não tocava banjo.
Olhos grandes, verdes,
Bem ali, ao meu lado!
Não! Também não era alado!

Problemas?…Perguntei excitado.
Já ele? Sorriso aberto.
Sim! Eu tinha que ser esperto.
Crises catapultam soluções
Que arquitetam recomeços
De aceitações e de apreços.

Fiz-me ranzinza…
E pintei-me difícil.
Mas ele – insistente,
Tinha palavra contundente!
Levanta! Ama de novo!
Aceita a vida, assim é.
Vive a tua fé.

Visita Boníssima!


Pois o Áquila se foi. Foi sua terceira visita, em seis anos aqui em Munique. Nem vi o tempo passar. Tudo correu tão depressa e lá se foram os 50 dias de intensivo convívio. Conversamos sobre tantas coisas. Recordamos os bons tempos de sua meninice em Cidade Gaúcha, Cruz Alta e Florianópolis. Conversamos sobre o momento presente. Sobre as perspectivas, depois da Faculdade de Administraçao na ESAG. Sobre a possibilidade de ficarmos mais perto um do outro, agora, quando do nosso retorno definitivo ao Brasil.

Estou vivendo momentos muito bons, tanto em termos familiares como profissionais. Minha família entrou numa profunda crise, naquele longínquo fevereiro de 2001. Nossos filhos não se adaptaram na capital de Bayern. O primeiro a voltar ao Brasil foi o Daniel. Ele disse que iria tratar do seu futuro e isto, com pressa. Nem festejou seu primeiro natal conosco. Fomos com ele até a estação central de trens. Suas malas estavam pesadas. Seu destino escrito na janela do “trem bala”: Frankfurt. Quando embarcou fiquei olhando-o. Estava seguro de si. Ai que tristeza que eu precisei viver naqueles dias. Eu sabia que ali nossa vida familiar tomaria outro rumo. A nossa história comum abria, naquele momento, o seu leque para mais vida particular que, por sua vez, de novo, geraria mais família. O Áquila se foi de volta meio ano depois. Tudo aquilo nos foi muito dolorido.

Ontem nos despedimos mais uma vez. Agora, foi só por pouco tempo...

Boa Certeza!


Os meses de junho e julho de 2006 estão mexendo com como todos nós, aqui na Alemanha. Quando escrevo “todos nós”, refiro-me ao povo, aos nativos e aos estrangeiros que vivem nestas terras do continente europeu. A euforia simplesmente tomou conta do país. Foi bonito ver o brilho de esperança nos olhos de cada pessoa. A alegria ainda é contagiante nas calçadas. Em conversa com pessoas mais avançadas em dias ouço que, depois da guerra, nunca mais tinham visto tantas bandeiras em vermelho, preto e dourado, tremulando em cada janela, na maioria dos automóveis. Perguntei-lhes que sentimento isto lhes evocava e foram sinceras: - Não é bom lembrar daqueles tempos de nacionalismo exagerado.

Interessante isso. Nos últimos 60 anos o povo alemão abdicou de expressar seu amor à patria, de carregar sua bandeira com orgulho. Lembro que na copa de 2002 isso era “tabu”. Nos últimos quatro anos tudo mudou. No momento em que o jogo entre a Alemanha e a Itália encerrou, a massa chorou. As lágrimas rolavam dos rostos dessa gente que, fora daqui, é considerada fria e sem sentimentos. Minha esposa e eu choramos juntos aquela derrota da semana que passou. A verdade é que esta experiência uniu mais as pessoas deste lugar. As vezes tenho a impressão de que momentos de dor conseguem unir mais do que instantes de alegria sem fronteiras.

Foi assim com o meu time do coração no ano de 2005. Estávamos na segunda divisao do futebol brasileiro. Jogávamos com equipes praticamente sem história. Mesmo assim, os torcedores estavam lá, sempre em maior número até, doando-se pela equipe. Quando em novembro de 2006 disputamos o jogo final no estádio dos Aflitos, em Recife, a união era a nossa marca. Agora estamos indo para os últimos jogos da Copa, aqui na Alemanha. A vida, devagarinho, vai retornando aos seus trilhos normais. Mas as relações pessoais, pelo menos aqui na Baviera, vão seguir rumos mais bem simpáticos a partir de agora. Ah disso eu carrego boa certeza.

1.7.06

Indo ao encontro do outro!



A palavra “pecado” traz um conteúdo extremamente pesado junto consigo. O que é “pecado”? Quem decide a respeito se isso ou aquilo é “pecado”? Será que eu posso me permitir fazer julgamento de terceiros? Pois penso que não!

No meu trabalho enconto situações que nem sempre posso esclarcer a contento. Os jornais falam sobre as inúmeras guerras e catástrofes que têm marcado nossa existência. O número das pessoas feridas e mortas é, sempre de novo, assustador. Dá até para se afirmar que a dor mora ao lado. Nem com o auxílio da fé consigo explicar o porquê disso tudo.

Entretanto, ouço ecos por aí. Há quem procure deixar claro que a razão da dor que alguns sofrem, tem origem no “pecado”. Me impressiona isto. Em alguns países é corrente que pessoas portadoras de deficiência estão pagando por “pecados” cometidos pela família. Pode isto?

Creio que não nos cabe emitir tais juízos de valor. Jesus veio ao mundo com o intuito de nos reaproximar. Daí porque não existe relação entre “pecado” e fatalidades, catástrofes. Em vez de julgarmos, que tal nos esforçarmos para reaproximarmos as pessoas umas das outras?!...

Assim, creio que não seria ruim se agradecêssemos a Deus pela Sua proposta de amor a nós. Agradecer-Lhe com palavras, atitudes e com nossa vida, enfim. Quando alguém “peca”, logo dispõe de um Justo Advogado, Jesus Cristo, junto a Deus. E este Conselheiro O influi a perdoar tanto as nossas como as “dívidas” de todas as pessoas do mundo.

No meu trabalho ocupamo-nos com as pessoas mais fracas da sociedade. Para mim isto é um “pedacinho” deste viver-se para o próximo. Em 1. João 3.18 se lê: “Filhinhos, não amemos de palavra, nem de língua, mas de fato e de verdade.” Não seria esse um excelente caminho?

30.6.06

Em terras estranhas!


Como deve ser sabido de muitos, continuo trabalhando como Pastor de Estudantes na Pastoral Universitária de Munique (Evangelische Studentengemeinde ESG an der Ludwig Maximilians Universität - LMU). Tento investir todo meu tempo nos 13 mil estudantes estrangeiros, oriundos de países em desenvolvimento, que estudam aqui na capital da Baviera.

Ontem à noite minha esposa e eu visitamos duas moças iranianas. Elas moram num pequeno apartamento, afastado do centro da cidade. Uma delas estuda Direito e a outra Administração. Tomamos chá, jantamos e acabamos dialogando sobre os duros momentos que se vive, quando se é estrangeiro.

A Simin e a Sarah têm que estudar muito. Para se manterem, também precisam trabalhar demais. E os empregadores alemães, sabedores desta necessidade “estrangeira”, sugam o que podem da sua força juvenil. Simplesmente não é fácil sobreviver numa comunidade estranha, quando as feições do rosto deixam clara a procedência do indivíduo.

Enfim, acabamos chegando a conclusão de que este tempo de “deserto” acaba fazendo bem a quem nele sobrevive. Depois de passarmos por tantas necessidades e, no final das contas, sairmos vencedores, nos vêm uma força incrível para o enfrentamento dos problemas que iremos encontrar quando da nossa volta ao país de origem. Esta dura oportunidade nos permitiu, e continua permitindo, uma olhada para dentro de nós mesmos. Isso mesmo! Hoje vemos a vida com bem outros olhos e estamos mais prontos para bem viver.

Escreverei mais a respeito desse assunto...

OLHA SÓ!