Busque Saber

18.5.10

Pentecostes - A Festa do grande Abastecimento!


Imaginemo-nos um motorista andando pela BR 101. Depois de certo tempo o relógio do combustível indica que a gasolina está quase no fim. O motorista não dá a mínima atenção ao fato, mas pisa mais fundo no acelerador. Num dado momento ele vê o posto de gasolina na beira da estrada. Ele pode estacionar perto de uma das bombas e encher o tanque do seu carro, mas ele diz pra si mesmo: “Não precisa! O restinho de combustível ainda dá para eu chegar ao meu objetivo.” E segue adiante. A luzinha vermelha do painel começa a piscar, mas nosso motorista segue sua viagem até o momento em que o motor começa a engasgar e apaga. Ele desce do carro e fica “sem pai e sem mãe” à beira da estrada.

Como é que podemos classificar esse tal motorista? Na certa vamos dizer: “Azar dele! Se tivesse ficado esperto para os avisos no painel do seu carro, teria abastecido o mesmo e não estaria a pé. Que se dane!”

Pois olha! Entendo Pentecostes como a festa do “Grande Abastecimento” da Igreja. Nela Deus oferta o Seu Espírito às pessoas, à Igreja. Estas pessoas não precisam fazer nada a partir de sua própria força, apenas confiar na força do Seu Espírito. Os discípulos, no encontro que tiveram com o Ressuscitado, receberam o Espírito Santo a partir de um sopro (João 20.22). Temos que olhar as festas da Páscoa e de Pentecostes uma do lado da outra. Em Pentecostes, a partir da força do Espírito Santo, nós podemos respirar e encher o nosso “tanque” de forças.

É interessante notar que também nos tempos da Igreja Antiga as pessoas se comportavam tal como o nosso motorista que não abasteceu seu carro, apesar das chances. Eles sabiam da “Fonte de Poder”, mas se esqueciam de usá-la. Timóteo tinha esse perfil. Paulo escreve sobre as lágrimas de Timóteo. Aquele jovem não chorou apenas porque não podia mais contar com a presença de Paulo ao seu lado (2 Timóteo 1.4). Pode ser que Timóteo tenha chorado por causa do sentimento de medo, de esgotamento e ou do amor que perdera. Timóteo tinha se esquecido de “abastecer”. Paulo precisou lembrá-lo: “...re-aviva o dom (carisma) de Deus que há em ti...” (2 Timóteo 1.6). Ou seja: Não te esqueças do “tanque de combustível” Timóteo! Não ande pelo mundo até gastar a última gota! Atenta para o dom que Deus te presenteou. Logo depois Paulo escreve a respeito desse “combustível interno” que existe dentro dos cristãos: “Deus não nos deu um espírito de medo, mas um espírito de força, de amor e de sobriedade” (2 Timóteo 1.7).

Há momentos na vida em que você também se sente assim como o Timóteo se sentiu? Vocês também se esquecem de atentar para os sinais de falta de “combustível”? Vocês se encontram esgotados? Vocês estão sentindo medo? Vocês não estão experimentando o amor?

Se este for o caso, lembrem-se: Pentecostes é a “Festa do Abastecimento”, a “Festa da Lembrança”! Deus nos deixou o Seu Espírito Santo. Jesus Cristo, o Ressuscitado, vive em nós. É o Seu Espírito que nos dá forças; que nos consola; que nos agrega como filhos de Deus; que nos oportuniza a experimentação de esperança; que nos faz passar da morte para a vida (Romanos 8.11-17).

Isso não significa que não devamos caminhar o nosso caminho. No percurso da vida nós também encontraremos “engarrafamentos”, “desvios” e até “acidentes”. Que bom! Em Pentecostes podemos sempre de novo lembrar-nos: Deus nos presenteou Seu Espírito. É Ele quem preenche a nossa vida com nova força! Amém!

11.5.10

Cristãos não são solistas!


Vocês já devem ter percebido que vivemos numa sociedade marcada pelo individualismo. Somos pessoas livres. Não queremos depender de ninguém. Gostamos de nos apresentar como pessoas autônomas. Alguns de nós estamos motorizados e esta circunstância nos dá muita mobilidade. Ninguém fica perguntando se pode ir para cá ou para lá. Conheço muita gente que coloca fones nos ouvidos e cruza o mundo sem prestar muita atenção àquilo que se passa do lado. Hoje é assim que quase todos os membros das nossas famílias têm os seus celulares particulares. Outro dia percebi que a grande maioria dos familiares tem até televisores privados nos seus quartos. A coisa está assim que muita gente está comprando e pagando as suas contas de via internet. Pra que caminhar? É triste, mas também no que tange à nossa fé estamos nos tornamos extremamente individualistas. Aqui e ali já se ouve dizer que não se precisa mais da fé para viver a vida.

A Bíblia nos dá uma bem outra idéia do que é uma pessoa cristã. Aqueles que tentam fazer sua caminhada pela vida de mãos dadas com o Filho de Deus, Jesus Cristo, acabam se tornando membros de uma Comunidade Cristã. Estas pessoas acabam se dando conta que fazem parte deste Organismo Vivo pelo fato de entenderem a Palavra de Deus como uma linha onde podem se pautar nas questões de fé, de ensino e de vida comunitária. Cada pessoa cristã deveria procurar louvar, orar e estudar a Palavra de Deus em Comunidade. Os primeiros cristãos já tiveram esta postura. Em Atos 2.44 está escrito que “todos os fiéis, unidos, tinham tudo em comum”.

Ouvi certa vez da boca de alguém: Cristãos não se apresentam como indivíduos solitários. Absolutamente certo! Quando retiramos uma brasa do centro do fogo ela logo se apaga. Agora, se a recolocarmos no braseiro ela se enche de calor, fica vermelha de puro fogo dentro de si. Com a nossa vida espiritual se dá algo parecido com o que acontece com a brasa quando tentamos viver o cristianismo de modo solitário. Tudo muda quando optamos pela Comunidade Cristã. Ali ficamos aquecidos, incendiados de amor, cheios de luz para iluminar quem está do nosso lado. Que Deus nos abençoe neste propósito.

10.5.10

O Dízimo!


Oi Pessoal! Amanhã vou trabalhar com confirmandas e confirmandos aqui na nossa Paróquia. Pois criei uma peça de teatro em cima de uma das minhas prédicas de 2008. Se quiserem ler, usar, meditar... Fiquem a vontade. Abraços!

Cenário: Uma parada de ônibus e um banco. Algumas pessoas esperam o ônibus. Estão quietas à espera do ônibus que não vem. Seus olhares se perdem no horizonte do João Colin. Juju e Toti acabaram de sair do encontro do Ensino Confirmatório. Estão chupando um picolé e, ao mesmo tempo, dialogando sobre o que viram e ouviram...

Juju: Nosso pastor estava animado. Achei “um barato” aquela conversa de que a “oferta que doamos durante os cultos têm a ver com nossa espiritualidade”...

Toti: É!... Anotei aquela informação que “toda e qualquer oferta sempre é o resultado da nossa vida de fé, nunca o resultado de uma conta bancária”. Vou mostrar pro meu pai.

Juju: Também achei interessante. Nosso pastor não fala muito em dinheiro nos Cultos.

Toti: Mas claro que fala. Outro domingo o ouvi pregando sobre Jacó, aquele homem que prometeu dar o 10% de tudo pra Deus. Lembra? Aquele sujeito que enganou seu irmão dando um prato de lentilhas em troca do direito de ser o filho mais velho. Esaú. Isso mesmo... Esse era o nome do enganado.

Juju: Minha avó me disse que a mãe do Jacó também o ajudou a enganar o seu pai, velho e doente, para roubar dele a bênção que por direito pertencia a Esaú.

Toti: Que loucura! Esse tal de Esaú ficou tão brabo que fez de tudo para acabar com a vida do tal do Jacó que precisou dar no pé: Pernas pra que te quero!

Juju: Sua mãe o enviou à casa de parentes pra se esconder. Eu ainda lembro do texto onde a prédica do nosso pastor se alicerçava. Fiz uma anotação aqui ó... Abrindo a Bíblia em Gênesis 28.22b e lendo: “de tudo quanto me concederes, certamente eu te darei o dízimo...

Um senhor: (Usando chapéu... Com um cachimbo na boca... Que até então prestava atenção na conversa, entra no debate...) Interessante o assunto de vocês. Sou do Presbitério da Paróquia São Mateus. Também assisti ao Culto do qual vocês dois fazem comentários...

Uma senhora: (Muito simpática... Aproxima-se do homem e engancha-se no seu braço...) Meu marido e eu achamos aquela prédica excelente. E esse ônibus que não chega? Vamos sentar ali na sorveteria. O picolé de vocês já acabou. Está quente! Nós pagamos um refrigerante... Aceitam nosso convite? Adoraria continuar conversando sobre este tema com vocês...

Toti: Tô dentro!

Juju: Sei não! Vou me atrasar... Acho que minha mãe não vai gostar. Mas vamos lá. Fico só uns 15 minutos.

Um Senhor: Continuando a história do Jacó... Ele precisou fugir do irmão. Cansado da fuga, dormiu e sonhou que havia uma escada que ligava a terra ao céu. Que os anjos desciam e subiam por ela.

Uma senhora: Antigamente era assim que as pessoas entendiam a ligação entre o céu e a terra, entre Deus e as pessoas. Os anjos que desciam vinham com funções para realizar aqui na terra. Já os anjos que subiam levavam os relatórios de tudo o que acontecera aqui no chão a Deus.

Um Senhor: Na verdade o Jacó se sentiu profundamente tocado com visão. Ele tinha “culpa em cartório”; tinha feito muitas coisas erradas na vida. Penso que, durante a sua fuga, ele teve muito tempo para refletir sobre os seus erros. Agora precisa enfrentar as consequências das suas faltas.

Juju: Minha avó leu na Bíblia que ele perdeu sua família e não pode mais voltar para a sua terra natal. Que na casa do seu tio Labão ele experimentou as mesmas mentiras e trapaças que antes aprontava antes de fugir.

Toti: Uma coisa que guardei bem da prédica foi que Jacó fez de tudo para poder casar com Raquel, mas teve que se contentar em casar com Lia.

Uma senhora: Assim são as coisas... A promessa que Deus fez a Jacó perpassa a Bíblia de ponta a ponta. Como Deus no Antigo Testamento, no Novo Testamento Jesus encontra as pessoas. Ele conhece o que vai na alma de cada indivíduo. Para fazer acontecer o Seu reino Ele não busca as pessoas “certinhas”. Aliás, Ele nem as encontra. Para levar a cabo as Suas propostas de paz, amor e perdão Ele precisa de gente como nós, aqui nesta sorveteria. Ele conta com pessoas “toscas”; pessoas que têm falhas e manchas na vida. É interessante que a Bíblia nunca maquia a história dos grandes pais da fé, sejam eles Abraão, Moisés, Pedro ou Jacó...

O dono da sorveteria: (Surge com avental e sorriso no rosto...) Vou ser sincero co vocês! Nunca ouvi uma conversa destas aqui no meu estabelecimento. Posso participar?

Juju: Fique a vontade. Sente nesta cadeira... Seja bem vindo na nossa roda de conversa.

O dono da sorveteria: Eu já experimentei isso! Deus nos encontra lá onde nós estamos. Ele nos alcança a Sua mão e diz: “Eu te puxo para fora do lodo de onde, sozinho, não consegues sair.”

Um Senhor: E mesmo assim, muitas vezes, tal como Jacó, nós só permitimos que Deus se aproxime quando estamos no fim das nossas forças; quando não sabemos mais como ir adiante; quando a nossa vida se converteu num monte de cacos.

O dono da sorveteria: A verdade é que não precisamos esperar que, de repente, tenhamos a visão de uma escada que liga o céu à terra. Essa ligação já foi colocada por Jesus Cristo. Todos, sem exceção, temos acesso a ela. Se porventura viermos a viver momentos difíceis, acheguemo-nos a Jesus e peçamos: Senhor vem ao meu encontro. Levanta-me do chão. Dá-me novo ânimo, novas perspectivas para viver. Perdoa a minha culpa e me acompanha pelos teus caminhos. Podem crer! Jesus ouvirá esse pedido.

Uma senhora: Eu estou convicta que a promessa de Deus para Jacó se equivale à promessa de Jesus Cristo para nós: Quando nos encontramos longe de onde gostaríamos de estar; longe de parentes; longe de amigos queridos; longe de experimentarmos sucesso nas coisas que fazemos, Ele vem nos encontrar.

O dono da sorveteria: O encontro de Jacó com Deus em sonho foi algo grandioso. Deus lhe fez uma promessa e ele, Jacó, também reagiu com outra promessa: Aprendi este texto de Gênesis 28.19-22 de cor no meu tempo de Ensino Confirmatório. Jacó fez um voto: “Se Deus for comigo, e me guardar nesta jornada que empreendo, e me der pão para comer e roupa que me vista, de maneira que eu volte em paz para a casa de meu pai, então, o Senhor será o meu Deus; e a pedra que erigi por coluna, será a Casa de Deus; e, de tudo quanto me concederes, certamente eu te darei o dízimo.” (Gênesis 28.19-22)

Toti: (Procurando anotações no caderno do Ensino Confirmatório que tirou da mochila...) Da prédica eu anotei as três promessas de Jacó Deus: Primeira: Ele assume um relacionamento com Deus. Segunda: Ele construirá um templo naquele lugar onde dormiu e sonhou. Terceira: Ele dará o dízimo a Deus. Para mim essa terceira promessa é a mais pessoal. Nas duas primeiras ele falou de Deus na 3ª pessoa. Já na última, sua fala acontece na 1ª pessoa: Tá aqui ó: “...certamente eu te darei o dízimo.”

O dono da sorveteria: Puxa menino! Você é esperto. Gostaria que meu neto fosse parecido com você...

Juju: Prestei muita atenção nas palavras do nosso pastor. Lembro de ele ter dito que o Jacó guardou este momento do encontro com Deus no coração. Como é fácil a gente se esquecer de momentos marcantes e intensos; esquecer dos ensinamentos que eles nos proporcionaram.

Uma senhora: Você está certa! O encontro que Jacó teve com Deus direcionou toda sua vida. Agora, no futuro que começa, ele quer viver com Deus; ele quer reencontrá-lo sempre de novo na Casa que vai erigir. Tudo o que é dele ele não vai mais considerar como propriedade única e exclusiva, mas como dádiva de Deus. E isso ficará evidente quando ele ofertar 10% de tudo ao Senhor.

Um senhor: Deus sempre dá forças para que confiemos Nele; para que testemunhemos Dele a partir da nossa gratidão e da nossa fé.

O dono da sorveteria: Sinceramente eu desejo que todos façam a experiência de encontrar suas “escadas”, esses “degraus” que ligam a terra ao céu. Há situações que acontecem na nossa vida, quando sentimos que Deus está perto de nós, tanto em momentos tranquilos, como em intranquilos. Mas Deus prometeu que, por causa do amor de Jesus Cristo, estará próximo de nós e que nos ajudará em cada momento. Que essa segurança possa se espelhar na nossa vida.

Uma senhora: O senhor tem toda razão! Mas nunca esqueçamos que essas promessas que fazemos em resposta às promessas de Deus não precisam dizer respeito apenas a dinheiro e bens adquiridos. De repente outras coisas também podem ficar claras: Podemos decidir mudar o nosso jeito de administrar o tempo; o nosso comportamento em ralação a tantas coisas...

Toti: Eu vou crescer. Ainda sou bem jovem – eu sei. Vou dizer um “sim”, vou confirmar a minha fé no ano que vem. Mas desde já, nesta minha relação pessoal com Deus e com Jesus Cristo, vou “trabalhar” o tema “bens e dinheiro”.

O dono da sorveteria: Muito bom! Li outro dia que um teólogo cristão sempre dizia: “Dê o quanto podes, poupes o que for possível e dê o quanto puderes.” Essas decisões dependem da nossa relação pessoal com Deus.

Um senhor: Certo! O importante é saber que a oferta não significa que eu me “livro de uma quantia que é minha”. Ofertar é agradecer a Deus pelo fato de que Ele cuida de nós. Assim repartimos com os outros aquilo que Deus nos dá. É dessa forma que agradecemos.

Juju: Lá vem o ônibus pessoal! Tschau! Inté! Até mais ver! Se cuida! (Todos saem apressados de cena...)

7.5.10

Juju, Rafa e Toti!


Pentecostes vem aí... Em João 14.16 eu li "Mas o Paráclito, o Espírito Santo que o Pai enviará em meu nome, é que vos ensinará tudo e vos recordará tudo o que eu vos disse." Depois de ler, escrevi:

Sabe Rafa: Deus nos presenteou com tudo o que É e com tudo o que Tem; doou o céu e a terra para ti e para mim; colocou todas as criaturas celestes ao nosso serviço. Que tristeza! Essa graça se perdeu quando Adão caiu daquela escada.

Fique ciente Toti: Foi por causa dessa queda que, mais tarde, Jesus acabou repetindo o gesto de Seu Pai. Ele se presenteou a nós, com todas as Suas obras; com todos os Seus sofrimentos; com toda a Sua sabedoria e com toda a Sua justiça. Por quê? Ora, para nos aproximar de Deus; para que re-experimentássemos a vida marcada pela justiça de Deus; para que re-conhecêssemos as obras de Deus; para que nos re-encontrássemos com Deus.

Guarde bem isso Juju: Para que o presente de Deus não passasse despercebido é que veio o Espírito Santo! Ele, tal como o Pai e o Filho já tinham se doado, também se doou, continua se doando; continua nos ensinando a reconhecermos as bênçãos de Cristo; continua nos auxiliando a tomarmos posse, a retermos, a utilizarmos, a repassarmos as bênçãos de Deus para quem é próximo.

Nunca esqueçam: Nem todos os acontecimentos; nem todos os movimentos e nem todo o entusiasmo precisam, necessariamente, vir do Espírito Santo. Às vezes o Espírito de Deus se mostra tempestuoso como um furacão. Noutros momentos Ele se apresenta às nossas mentes como se fosse o doce cheiro do capim roçado no quintal das nossas casas. Quando sentirem esse “cheirinho”, Ele, o Espírito Santo, estará querendo se estabelecer nas suas vidas a partir das lembranças dos ensinos de Deus. Ouçam-No. Dêem-lhe espaço. Façam pausa. Permitam que, por alguns instantes, a roda da vida gire a seu bel prazer. Primem pela sobriedade. Não parem. Não permitam que o pessimismo escravize. Não se desgastem com auto-críticas. Não assumam postura triunfalistas. É Deus falando... Ouçam!

5.5.10

Uma carta ao João!


Joinville, 05 de maio de 2010

Caro amigo João!

Continuo atarefado... No momento estou dando tudo de mim para bem entender o texto de Apocalipse 13.1-10 que escrevestes para a cristandade da tua época. Estou trabalhando teu texto para um encontro de pessoas queridas. Por aqui não temos tantos problemas como tu amigão, mas vamos “dando conta do recado”. Mas, voltando ao teu texto... De repente tu podes nos ajudar na compreensão do mesmo... Olha como ele foi traduzido do grego para a linguagem de hoje...

13.1 - Depois vi um monstro que subia do mar. Ele tinha dez chifres e sete cabeças, uma coroa em cada um dos chifres e nomes, que eram blasfêmias, escritos nas cabeças. 13.2 - O monstro que vi parecia um leopardo; os seus pés eram como os de um urso, e a sua boca era como a de um leão. E ao monstro o dragão deu o seu poder, o seu trono e grande autoridade. 13.3 - Uma das cabeças do monstro parecia que tinha recebido um golpe mortal, mas a ferida havia sarado. O mundo inteiro ficou admirado e seguiu o monstro. 13.4 - Todos adoravam o dragão porque ele tinha dado a sua autoridade ao monstro. Eles adoravam também o monstro, dizendo: - Quem é tão forte como o monstro? Quem pode lutar contra ele? 13.5 - Foi permitido ao monstro se gabar da sua autoridade e dizer blasfêmias contra Deus. E ele recebeu autoridade para agir durante quarenta e dois meses. 13.6 - Ele começou a blasfemar contra Deus, contra o seu nome, contra o lugar onde ele mora e contra todos os que vivem no céu. 13.7 - Foi permitido que ele lutasse contra o povo de Deus e o vencesse. E também recebeu autoridade sobre todas as tribos, nações, línguas e raças. 13.8 - Todos os que vivem na terra o adorarão, menos aqueles que, desde antes da criação do mundo, têm o nome escrito no Livro da Vida, o qual pertence ao Cordeiro, que foi morto. 13.9 - Portanto, se vocês quiserem ouvir, escutem bem isto: 13.10 - Quem tem de ser preso será preso; quem tem de ser morto pela espada será morto pela espada. Isso exige que o povo de Deus agüente o sofrimento com paciência e seja fiel.

Pois olha João! Li três comentaristas a respeito do assunto (BARCLAY, William. Apocalipsis. Ed. La Aurora. Buenos Aires, 1975; MORRIS, Leon. El Apocalipsis. Ed. Certeza, Buenos Aires, 1977 e MESTERS, Carlos. Esperança de um povo que luta – O Apocalipse de João – Uma chave para leitura. Ed. Paulinas, Recife, 1979) e te confesso que continuo precisando de ajuda...

Sabe João! Quando eu tinha cinco anos eu sempre folheava um livro da minha mãe. Lembro que me amedrontava com aquelas horríveis imagens que brotavam da mente do profeta Daniel. Pois olha! Hoje, enquanto te li, aquelas figuras horrendas do meu tempo de infância me visitaram de novo. Não creio que tu estejas querendo nos fazer medo com teu escrito, pois sempre te pautaste no amor e, conforme outra passagem “no amor não existe medo” (1 João 4.18). Mas deixa prá lá...

No verso 9 tu escreves que “se alguém tem ouvidos, ouça”. Pois é João!... Queres fazer nossos ouvidos doer? Tua profecia é estranha e recheada da perspectiva de sustos presentes e futuros. Carrego a impressão que nos vês como “peões” num tabuleiro; como pessoas que vivem sob o comando dos poderes das trevas que querem nos controlar. Escreves que estes tais “poderes obscuros” fazem alianças e até dividem o poder com o objetivo de melhor dominar o mundo.

Tua mensagem não se restringe somente à desgraça promovida pelo Império Romano, aquela que é política e que acontece do lado de fora, no quintal dos indivíduos. Tua palavra também abrange a desgraça que pode acontecer no íntimo das pessoas. Ali, longe de ser percebida pela maioria, ela também tem a capacidade de promover estragos sem tamanho.

Fico a pensar... Quem um dia tiver a oportunidade de ver e ouvir os relatos fantasiosos de pessoas psiquicamente adoentadas, de indivíduos esquizofrênicos e ou as experiências ruidosas daqueles que são dependentes químicos perceberá que os mesmos estão carregados de muito medo. Quem dá ouvido a estas pessoas adoentadas acaba se dando conta de que é impotente frente a estes e muitos outros detalhes.

Sabe João! Na nossa época há um sem número de pessoas que andam circulando por aí em busca de algo que não encontraram, em busca do preenchimento de certo vazio. Minha experiência diz que quando me coloco ao lado de pessoas drogadas com o objetivo de lutar com elas contra os poderes que as dominam; contra as vozes horríveis que brotam de dentro de suas cabeças, mas que, mesmo assim, parecem ser ameaças de fora; é que posso perceber semelhanças com os teus relatos, entender algumas “dicas” de como é o poder opressivo que algumas visões promovem.

Trata-se de um mundo estranho João. Um mundo onde as pessoas consideradas “normais” não têm muito acesso. Vai daí que quem lê teu escrito não tem muita facilidade de encontrar conforto. Tuas obscuras figuras de linguagem somadas às tuas terríveis profecias tornam bem complicadas as buscas pela Boa Nova de Jesus Cristo, pelo Deus bondoso que Ele fez questão de divulgar durante os seus trinta e três anos de vida e comunhão conosco aqui na terra.

Mesmo assim, preciso reconhecer que a tua visão carrega consolo. Tenho o sentimento de que pintas um quadro de Deus numa tela muito escura. Que nesse quadro retratas a experiência humana e todas as suas terríveis lutas aqui neste chão. Que na tela há uma tênue luz pincelada com tinta clara a indicar nossas raízes celestes. Que noutros toques fortes do teu pincel estão desafios para que nunca nos limitemos a suportar as dificuldades de forma passiva; a nunca fugirmos da luta; a sempre empunharmos as “armas” da paciência e da fé; a sempre aceitarmos com valentia o pior que pode acontecer à nossa vida; a sempre convertermos o “pior” em glória; a nunca titubearmos na devoção absoluta ao Mestre e Senhor. É isso mesmo???

Atenciosamente,

Renato

4.5.10

Dia das Mães!


Que bom que pelo menos no Dia das Mães todas as filhas e todos os filhos se lembram de agradecer às suas mães por aquilo que elas fizeram; por aquilo que elas representam. Sempre foi assim que as pessoas que nascem e crescem num contexto amoroso e seguro, acabam experimentando vida saudável, equilibrada.

Depois de seu nascimento todos os seres humanos precisam ficar longo tempo sob bons cuidados da família. A criança precisa do calor do ninho seguro. Ali ela se deixa presentear com a doação, com o cuidado e com o tempo dos familiares. Assim ela se desenvolve sem atropelos; percebe as armadilhas que o mundo propõe; desenvolve sua personalidade que, mais tarde, vai repartir com outros enquanto se doa em prol do bem comum. São pessoas assim que sustentam a nossa sociedade.

Quem sempre é responsável por essas mulheres e esses homens? As famílias e, dentro delas, de forma muito especial, as mães. Existe tarefa mais gratificante do que ser mãe; engajar-se; dedicar-se de corpo inteiro na tarefa maternal? No passado, lamentavelmente, se fez pouco caso das mães quando se insinuou que elas eram apenas “do lar”. Nada substitui a família; nada se compara em valor àquilo que as mães fazem pelos seus filhos e, por tabela, para a sociedade. Mas que elas, as mães, também não se esqueçam que também precisam repassar os conceitos de fé; que, junto com os pais, são os mensageiros mais importantes da fé em Jesus para os seus rebentos.

Não foi o pastor ou professor de ensino religioso que nos ensinou a dar os primeiros passos na fé. Isso nós aprendemos da nossa mãe que, à noite, se achegava à nossa cama para orar e nos contar histórias sobre Jesus. O fundamento da fé cristã sempre é construído nos primeiros anos da vida de uma criança. Daí porque sempre apelo aos pais jovens, quando dos batismos, para que levem essa tarefa a sério; para que não apliquem todas as suas forças apenas no bem estar material das crianças, mas também para no bem estar espiritual uma vez que “não vivemos somente de pão”...

Mães, vovós aqui presentes: Não desviemos nossas crianças da possibilidade de se relacionarem com Deus. Abramos espaços nas nossas famílias para a vida de fé dos pequeninos a partir da oração. Quem assim age promove alívio, bênção no seio familiar, uma vez que facilita a circulação de Deus que carrega no colo quando vêm preocupações.

Em João 15.5 Jesus nos diz: “Eu sou a videira e vós os ramos. Aquele que permanece em mim e eu nele produz muito fruto; porque, sem mim, nada podeis fazer.” Entendo que esta palavra seja excelente para o momento que vivemos. Se hoje muitas famílias estão implodindo, é porque falta o fundamento da fé. A família cristã não está edificada sobre a areia. Ela tem futuro no Senhor da Igreja! Uma família que ora junto também “segura as pontas” em conjunto. Esse é o meu desejo para as nossas famílias nesse Dia das Mães.

28.4.10

Paciência e fé!


Outro dia, na praia da Ilha de Patmos, o vidente João teve visão desta figura absurda, grotesca, hedionda e ridícula que sempre de novo mexe com a mente de muitas pessoas (Apocalipse 13.1-10): o Anticristo. Trata-se de um monstro com patas enormes; boca grande, agilidade felina e violência brutal. Trata-se de uma “figura” que consegue subir ao topo do mundo por causa de uma competência sem igual (2). Logo fica claro que se trata de uma “cópia” da morte e da ressurreição de Jesus Cristo (3). Essa “figura” acaba sobrepujando todas as listas de imitadores de Jesus Cristo; ela até se permite celebrar como salvador e bem-feitor do mundo. Pessoas de todas as nações, de todas as classes sociais, o louvam por causa dessa postura. Do seu lado (11), para auxiliá-la, se encontra o “profeta” mentiroso; o “propagandandista”; o “chefe” de uma igreja cujo culto tem o objetivo de idolatrar o Estado. É ele quem fomenta a crença; a adoração do ídolo como homem ideal. Sim! O Anti-Cristo e a Anti-Comunidade são uma farsa terrível que, com suas forças, objetivam fazer acontecer salvação, a partir de uma paródia (imitação cômica) de Deus. É hora de nos darmos conta da atualidade aterrorizante: O Inimigo de Deus agirá como o benfeitor da humanidade; como o salvador que encaminha o mundo a experimentar a felicidade. Quem é ele? Nós temos o seu misterioso número 666 (1.8) que, diga-se de passagem, sempre de novo é lembrado nos grandes momentos históricos e também nos contemporâneos: Nero, Domiciano, Napoleão, Hitler e Stalin já foram enquadrados. É de se perguntar por que este Anti-Cristo não se deixa identificar claramente (1 João 2.18). Só podemos dizer que seis é a metade de doze, o número da perfeição. Três números seis, um ao lado outro. Ele quer superar o que é perfeito, e mesmo assim sempre é meio, sempre está abaixo do que é perfeito. Só os fiéis sabem disso. A Comunidade está alertada para não cair nesta armadilha: O mundo pode ser desconcertado com a alegria e o entusiasmo, mas a cristandade não se deixará levar pela onda. Ela vai ficar firme. Não existe salvação em nenhum outro a não ser em Jesus Cristo. Pois é justamente aqui neste ponto que fica evidente a paciência e a fé dos santos. (10).

26.4.10

Optar pela vida!


O tanque ao lado da Porta das Ovelhas está lotado de gente doente que espera por cura (João 5.1-10). Cinco pavilhões protegem aquela gente do sol e da chuva. Ali vai um cego tateando entre as colunas. Lá uma mulher magra se debate quase que pedindo desculpas por continuar vivendo. No meio de tudo estão pacientes sobre cobertas e macas à espera do momento em que a mão do anjo vai mexer a água que traz a cura para suas enfermidades. O primeiro que mergulhar no tanque deverá experimentar saúde. Lá num canto está deitado um sujeito que é só pele e osso.

Ele está doente há 38 anos. Os sacerdotes dizem: “Colheu o que semeou!” Será que esta palavra é consoladora? O tal sujeito não tem a mínima chance de ser o primeiro a entrar no tanque. Os mais fortes sempre conseguem chegar antes na água. Para conseguir seu intento eles não têm escrúpulos e até usam os cotovelos. Será que ele ainda pensa em experimentar saúde? Será que ele já não se resignou com sua dor? Quando Jesus lhe dirige a palavra ele reclama: “Não tenho ninguém que me ponha no tanque”. Porque ele se encontra sozinho ali? Será que seus parentes estão todos mortos?

Será que ele escolheu falsos amigos que só sabem festejar juntos quando é tempo de sol; que se escondem quando é tempo de chuva? Será que durante sua vida ele só pensou em si? Será que sua autocomiseração e suas queixas excessivas não espantaram as poucas pessoas que tentaram se ocupar com ele? Jesus não dá a mínima atenção às suas queixas e lhe diz: “Queres ser curado? Então levanta e anda!” O doente do texto de João opta pela vida. Mesmo que ele não tenha uma prova para a sua cura em mãos, ele experimenta levantar-se. Ele está sadio. Ele se entendia como uma pessoa sem chances, pelo fato de não ter amigos que o carregassem no colo. Esse pensamento estava errado. Deus não o havia esquecido. Jesus tinha vindo até ele.

Ninguém de nós precisa caminhar só. Jesus está aí para nós. Ele limpa a nossa vida das manchas escuras e, junto, nos abre uma janela: “Não peques mais!” (14) Isso é mais do que um bom conselho; é muito mais do que uma ordem, mas trata-se de uma promessa também para mim e para ti.

23.4.10

Alto preço!


Outro dia li no jornal que uma mulher, financeiramente bem situada, perdeu todos os seus bens. Como? O jornal informa que ela, num momento de crise existencial, de grande aflição, optou por buscar aconselhamento numa “empresa esotérica”. Este tal “aconselhamento amoroso e competente” custou-lhe a quantia de R$ 98.280,00. O que será que leva uma pessoa a agir assim? O fato é que muitos tentam anular os problemas e os conflitos com grandes somas em dinheiro. Quem age assim está desesperado em busca de paz para a sua vida. Aqui parece que o princípio: “O que não é caro, não vale a pena” dita as regras. Muito me disse a leitura de Lucas 8.42-48...

43. E certa mulher, que tinha uma hemorragia havia doze anos e gastara com os médicos todos os seus haveres e por ninguém pudera ser curada, 44. chegando-se por detrás, tocou-lhe a orla do manto, e imediatamente cessou a sua hemorragia. 45. Perguntou Jesus: Quem é que me tocou? Como todos negassem, disse-lhe Pedro: Mestre, as multidões te apertam e te oprimem. 46. Mas disse Jesus: Alguém me tocou; pois percebi que de mim saiu poder. 47. Então, vendo a mulher que não passara despercebida, aproximou-se tremendo e, prostrando-se diante dele, declarou-lhe perante todo o povo a causa por que lhe havia tocado, e como fora imediatamente curada. 48. Disse-lhe ele: Filha, a tua fé te salvou; vai-te em paz.

O texto acima fala de uma mulher que viveu situação semelhante à que gastou quase R$100.000,00 para encontrar uma possível saída. A sra. retratada no Evangelho de Lucas gastou todo o seu dinheiro com médicos, mas a cura que buscava não veio. Quando ouviu falar de Jesus, pôs-se a caminho. No meio da confusão, do burburinho, tocou nas vestes do Filho de Deus e foi curada. Este ato não lhe custou sequer um centavo. A Bíblia ainda diz que de Jesus saiu uma “força”, um poder.

Hoje em dia continua sendo assim que a maioria das pessoas crê mais naquilo que se compra com dinheiros. Não se crê com facilidade na força, no poder de Deus que brota de Jesus Cristo. Talvez isso seja assim porque a cura promovida por Deus seja gratuita. Para se apossar da mesma não há como pagar, mas recebê-la humildemente como um presente. As pessoas que estendem suas mãos para pegá-la acabam experimentando milagres, curas e salvação em suas vidas. Isso é assim porque elas crêem em Jesus. Se elas são pobres ou ricas, isso não entra em questão.

15.4.10

Decepção!


Outro dia,
caminhando,
vi toscos de madeira.

Transformaria,
sonhando,
aquilo numa cadeira.

Alegria,
suando,
sobremaneira.

Empatia,
acontecendo,
a hora inteira.

Entretecia,
perigando,
na longa esteira.

Anoitecia,
entristecendo,
aquela clareira.

Escurecia,
lacrimando,
com tanta asneira.

12.4.10

Homero Severo Pinto


Eram os anos setenta. Estávamos jovens e, pelo menos duas vezes ao ano, nos encontrávamos para articulação de momento novo. Foi assim que crescemos para dentro da década de 80. Nunca trabalhamos juntos num mesmo Distrito Eclesiástico, Região Eclesiástica ou Sínodo - o Homero e eu. Lembro do seu jeito simpático, simples de ser. Seus olhos sempre brilharam quando dos nossos encontros oficiais e extra-oficiais. Ao meio dia não tinha conversa: radinho na orelha para ouvir esporte colorado na Rádio Guaíba, mais tarde Gaúcha.

Afastamo-nos... Encontramo-nos cada vez menos... Lembro que conversamos ao telefone em meados de 2006. No outro lado da linha falava o vice-presidente da IECLB que me ouviu; deu-me sugestões; tratou-me com o mesmo carinho de outrora. Vi-o mais grisalho, amadurecido, em Curitiba (PR) quando da Convenção de Ministras e Ministros. Suas falas e seus atos tinham um leve tom de campanha política para ser o presidente dessa Igreja na qual investimos nossas vidas. Compartilhou que, ainda guri, quase foi ser padre, mas que, graças a Deus, certa bela prenda, o animou, o canalizou ao pastorado. Sim, meu amigo continuava alegre, cheio de humor, sorridente, solícito.

Faz alguns meses, em outubro, festejamos a Reforma Luterana em Joinville (SC). Nosso pastor Homero repartiu enfoques sobre o mais nosso Lutero. Palavra fácil de ser compreendida, empreendida. Nos últimos meses precisou ir à África. Que pena! Ficou doente, acamado, diariamente lembrado nas orações daquelas e daqueles que vivem, que se alimentam da esperança. Ouço e leio que sua família luta junto atrás de uma bandeira re-simbolizada com rosa branca.

Levanta Homero. Caminha de novo. Abraça tua esposa, teus filhos, teu netinho que vem. Te aquenta nessa Comunidade que também tem teu cheiro, porque erguida com ferramentas “Made in Brazil”. E tu, vivente... Sim, tu que escondes malícia nos sulcos do rosto enquanto pensas em caminhos aplainados. Cuidado! Deus tem planos que perpassam os aramados e tu bem podes não ser o tal convidado...

9.4.10

Mãe – veste teu vestido bonito!



Sai incomodado da nossa reunião. Enquanto viajava pelas estradas de Santa Catarina ainda ouvia no fundo do meu ouvido a voz daquele participante que reclamava em alto e bom tom do descaso da nossa IECLB com o tema “comunicação”. Sim, sim, sim... Temos irmãs e irmãos dando tudo de si em prol da “vitrine” do Portal Luteranos. No Jornal Evangélico, no Jornal O Caminho e nas outras tantas publicações paroquiais e sinodais que se multiplicam no nosso território brasileiro também há pessoas engajadas nesse processo, mas isso não basta. Algo precisa ser feito. Ficar na minha ou chamar mamãe pro diálogo?... Daí que decidi tentar “não apenas sofrer a história”.

Ô mãe! Tu sabes que eu gosto de Ti. Todos nós gostamos de Ti. Eu, por exemplo, Te sou muito grato por ter sido parido por Ti, cuidado por Ti, lapidado por Ti. Tu estás sempre tão ocupada com tantos assuntos... Tu te dás conta que minhas irmãzinhas e meus irmãozinhos não ultrapassam o número 715.000. Outro dia o irmãozinho Leandro me passou que representamos menos de 0,5% da população brasileira e que crescemos num ritmo inferior ao do nosso país. Pode isso mãe?

Mãe! Por favor! Por um momento, pára de lavar toda esta roupa. Escuta! Tu não podes continuar te comportando de forma tão amadora. Tinhas rádios AM e FM e até uma gravadora sob teu comando. Ah sei! Foram os meus irmãozinhos que não souberam administrar aqueles projetos a contento? Tu amas a eles como amas a mim e estás deixando pra lá, presenteando teu perdão a eles. Ta bom! Sabe, as vezes carrego a impressão que tentas esquecer o teu passado te ocupando com esta roupa suja. Porque Tu não pões um vestido mais bonito e Te mostras no “mercado”?

Sabe mãe, eu cresci orgulhoso de Ti. Nas Comunidades por onde passei sempre abri o peito apontando pra Ti, pra Tua beleza, pro Teu perfil engajado. Lembras de quando Te cercavas de Secretários de Comunicação? Sete ou oito dos meus maninhos ocuparam esta tarefa. Lembro que eles plantavam notícias nos jornais. Eles doavam a sua vida pra Ti. Tu eras bem mais conhecida na nossa vizinhança. De repente, não sei por que, acabaste com a “festa”. É por que eles estavam saindo caro? Oh mãe! Eu não consigo acreditar que é por que eles conseguiam muito poder com o título que lhes davas...

Vamos lá mãe! Tua liderança vai mudar nos próximos meses. Estou ouvindo ventos de campanha política aqui e ali e Tu aqui, escondida, atrás deste tanque de cimento, debaixo da sombra deste plátano. Noto tuas mãos surradas de tanto esfregar estas “fraldas”. Vamos, tira esse “avental” velho e molhado! Eu Te ajudo a comprar, a instalar uma lavadora. Tens que Te comunicar, dialogar mais com as Tuas lideranças mãe. Para que esse povo que se doa venha a gostar de Ti, sem esperar nada em troca, ele precisa, primeiro, Te conhecer; saber quem Tu és; como Tu és; como Tu pensas...

Se minhas irmãzinhas e meus irmãozinhos crescerem longe de Ti; dos Teus conceitos; das Tuas posições e das Tuas propostas eles também não vão aprender a Te amar; vão crescer marcados por misturas teológicas. Sim, eu sei que Tu sabes do que estou falando. Mãe! Sai daí! Vêm! O mundo está exigindo outra postura de Ti no que tange à Comunicação. Vai! Veste aquele vestido bonito que a dona Teologia Te costurou. Mostra Tua simpatia na rua. Estás tão conservada. Fala do Evangelho, da Boa Nova de Jesus Cristo, com mais ousadia. Investe em recursos para a boa comunicação desta família bonita da qual és, continuas sendo Mãe.

Minha oração pelo Caminho!



Senhor Deus! Estamos olhando pra trás. Faz 25 anos que um vento animador soprou sobre esta região. Era Teu aquele vento que desinstalou lideranças encasteladas nos seus espaços para ousar momento novo; fazer acontecer mais vida e mais alegria a partir da comunicação escrita. Somos-Te gratos por aquelas mulheres e aqueles homens que se permitiram embalar pelo Teu sopro, pelo Teu vento e isso, noite e dia. Foi Tua vontade o surgimento do Caminho, esse canal de luz e amor que ora sempre foi colorido com parágrafos brandos, animadores, consoladores edificadores e ora também sempre foi tinturado com frases críticas, desafiadoras, curadoras. Obrigado por esses 9.125 dias. Obrigado por estas mulheres e estes homens que escreveram; que aclamaram; que decidiram “não sofrer e sim escrever história”. Obrigado pelo consolo que brotou de dentro das páginas deste jornal igrejeiro. Entregamos-Te nas mãos a nossa vida; esta festa; este momento. Consagra-nos; enche-nos de paz física e espiritual; continua a derramar do Teu amor e da Tua alegria sobre nós Senhor... E ouve nossa oração... Pai nosso que estás nos céus...

3.3.10

O poder do perdão!


O ato de “perdoar” é difícil. Muitos não perdoam porque entendem que o “perdão dado” contribua para a injustiça. Plantou-se na nossa cabeça que “quem causa dano não merece perdão”. Tenho observado que o tempo não reduz as ofensas e os desgostos sofridos. Podemos permanecer enfurecidos com nossos pais pelos erros que cometeram durante nossa infância; com quem já abusou da nossa boa-fé; com o parente que nos chamou de “gordo” quando da ceia de Natal há dez anos... Aqui me vem à mente o texto de Mateus 18.21-22...

Gente! Temos a capacidade de guardar uma ferida dentro da alma como se fosse um tesouro precioso. Às vezes tiramos a dita cuja da memória para fitá-la como se fitássemos um álbum de fotografias; uma jóia de vitrine. Nesse momento, mais uma vez, assistimos, revivemos na tela da nossa mente, o filme triste do episódio que foi imperdoável. E assim o desgosto experimentado no passado vai se alimentando das grandes porções de vida do presente. E temos aí rancor...

Por que perdoar? Por que a Bíblia nos pede? Por que é nobre, bonito? Existe algo impossível de ser perdoado? Nestes tempos os especialistas estão se dedicando a estudar cientificamente o tema perdão para nos brindar com boas respostas.

Do que é feito o perdão?

Os problemas pessoais não solucionados são como “aviões” que voam dias, semanas sem pousar. Esses tais “aviões” consomem muita energia para se manter no ar. Se poupassem estas energias, teriam muito mais força para gastar em caso de emergência. Os “aviões do rancor” se convertem em fonte de estresse dentro de nós e, muitas vezes, o resultado é caótico. Ouso dizer que o ato de perdoar é equivalente à tranquilidade que sentimos quando o “avião” pousa.

Perdão não é aceitar a crueldade praticada contra nós; não é esquecer que algo doloroso aconteceu; não é aceitar o mau comportamento dos outros em relação a nós; não precisa ser a reconciliação com a pessoa que agride. Guardem isso: o ato de perdoar sempre beneficia a pessoa que perdoa, não a que ofendeu. Aprendemos a perdoar tal como aprendemos a chutar uma bola... Aqui e ali todos nos incomodamos. Ao invés de desperdiçarmos nossa energia, enredando-nos em redes de fúria e de dor, que tal perdoarmos, admitirmos que nada poderemos fazer para corrigir o passado? Tal postura poderá ser extremamente libertadora. O ato de perdoar ajuda o “avião” a pousar para que se façam os ajustes necessários. O perdão serve para relaxarmos. O ato de perdoarmos não significa que o nosso agressor “se deu bem”; não significa que aceitamos algo injusto. Nada disso! O ato de perdoar significa que não vamos mais sofrer eternamente pela ofensa ou pela agressão que nos foi repassada.

Podemos trabalhar “feridas” antigas de forma positiva, usando a força da dor para nos tornarmos fortes durante as crises. Dentro de nós há “forças de liberdade” que nos ajudam a não nos submetermos às graves feridas, um dia plantadas dentro do nosso peito. Pessoas que conseguem superar tragédias ou sair de períodos difíceis marcados pela dor emocional têm tudo para abandonar o papel de vítimas; para começar uma vida nova. Há indivíduos que, oprimidos pelo desamparo na infância, caem na delinquência e se tornam agentes de agressão, já outros se recuperam, tornam-se pessoas de bem e são felizes, fortes, prósperas e bem-sucedidas. Por que isso? Creio que o perdão foi ingrediente muito importante neste processo.

Não podemos crescer, sermos pessoas flexíveis, nos robustecermos a partir da adversidade sem o perdão. Algumas pessoas “cozinham” a dor em fogo brando para mostrar ao mundo como foram maltratadas. Essa atitude é prejudicial à saúde. Ao mundo, não interessa o nosso passado, só o que somos capazes de fazer e dar aqui e agora. Quando nos apegamos à dor antiga, à autocomiseração (dó de nós mesmos) embota a nossa capacidade de nos doarmos ao próximo. Quando assumimos o papel de mártires, ficamos à espera que alguém resolva de forma milagrosa a nossa vida. O perdão nos aju¬da a reconhecermos e a admitirmos que somos pessoas frágeis; que não precisamos esconder nossa fragilidade. A consciência dos nossos limites nos ajuda a não cairmos nesse poço de dor.

Conclusão

O perdão traz saúde espiritual. Mais do que isso: As pessoas que deixam a hostilidade para trás, protegem sua saúde física. O ato de aprender a perdoar pode ajudar indivíduos de meia-idade a evitar doenças cardíacas. Quanto maior a capacidade de perdoar, menos problemas nas artérias coronárias surgem no decorrer da vida. Por outro lado, quanto menor a capacidade de perdoar, mais frequentes serão os episódios de doenças cardiovasculares.

Ainda em relação à recordação das “feridas” passadas... Quem gasta cinco minutos de sua vida pensando nos “desgostos passados” auto-provoca agitação e raiva dentro de si. Esse desgosto diminui a variabilidade da frequência cardíaca e desacelera a reação do sistema imunológico que defende o organismo. Ora, o coração humano precisa dessa flexibilidade para o enfrentamento do estresse que o dia-a-dia oferece. Enfim, o corpo humano precisa que aprendamos a perdoar.

Os benefícios do perdão (tanto os que protegem o corpo quanto os que aliviam e “limpam” a alma) vem à nós, quando, apesar dos erros e culpas, somos capazes de nos perdoarmos; nos deixarmos de sentir merecedores de castigo... Perdoar não é esquecer e nem persistir no erro, mas começar de novo sem os rancores a sobrevoar e a confundir as possibilidades do presente. Assim como o amor, o perdão não é algo que se dê ao outro, mas um presente vital que damos a nós mesmos.

O pão nosso de cada dia!


Gente querida! Conta-se que um sujeito comprou um terreno repleto de pedras. Vocês não imaginam como ele trabalhou para limpar aquele espaço... Deu tudo de si em prol do seu projeto e, de repente, o chão estava preparado para acolher as sementes que ele semeou. O resultado não podia ser diferente: uma bela horta, um jardim vistoso que todos admiravam. Certo dia um amigo que ia passando lhe dirigiu a palavra: “É maravilhoso o que Deus pode fazer com um terreno tão impróprio para o plantio, não é mesmo?” “É verdade” – respondeu o homem que tinha dado de si até não mais poder – “tinhas que ver o estado deste terreno quando Deus ainda trabalhava sozinho nele.” Com esta história na cabeça, proponho a leitura de Mateus 6.11... “O pão nosso de cada dia dá-nos hoje.”

Cinco aprendizados

Primeiro aprendizado: Deus se interessa pelo teu, pelo meu corpo. Jesus deixou isso evidente quando dedicou muito do seu tempo na cura de toda sorte de enfermidades físicas das pessoas que se relacionavam com Ele. Jesus também deixou isso claro em várias oportunidades, quando satisfez a fome física dos Seus seguidores que tinham ido ouvi-Lo naquele lugar solitário (Pessoas que tinham ficado sem comer pelo fato de não terem condições de buscar alimento em suas casas distantes). Faz bem pensar que Deus se interessa pelos nossos corpos. Todo e qualquer ensino que deprecie e que diminua e ou ainda que denigra o nosso corpo é mau ensino. Sim! Deus deu importância ao nosso corpo. Isso ficou evidenciado quando Deus presenteou Jesus Cristo com um corpo igual ao nosso. O alvo do cristianismo não é somente a salvação da alma, mas a salvação da pessoa inteira: corpo, mente e espírito.

Segundo aprendizado: Esta petição do Pai Nosso nos ensina a orar pelo pão do dia de hoje. Ela nos ensina a viver o nosso dia-a-dia sem a ansiedade pelo dia de amanhã que é distante e desconhecido. Aqui, certamente, Jesus lembrou do povo judeu que caminhava pelo deserto quando ensinou esta petição aos seus discípulos. No deserto, o povo judeu recebia “maná” diário. Em Êxodo 16.1-21 se lê que os filhos de Israel estavam morrendo de fome e que, naquela oportunidade, Deus lhes enviou “pão do céu”. Observem a condição que Deus lhes impôs: deveriam recolher a quantia de “maná” suficiente para suas necessidades imediatas, nada mais e nada menos. Quando o povo juntava mais “maná” do que o necessário para a sobrevivência, este se deteriorava. Cada dia eles deviam recolher a porção do dia, uma vez que o Criador do próprio dia também tinha criado o sustento de cada dia. Entendo que a pessoa que tem o que comer hoje e que se pergunta pelo que comerá amanhã seja uma pessoa de pouca fé. Ora, esta petição nos ensina a viver o nosso dia-a-dia sem aquela preocupação ansiosa tão característica das pessoas que não aprenderam a confiar em Deus.

Terceiro aprendizado: Esta pequena petição da oração do Pai Nosso dá a Deus o lugar que Lhe pertence. Quem a profere admite que o alimento que recebemos para mantermos a nossa vida vem de Deus. Ninguém jamais conseguiu criar uma semente que cresça; que se desenvolva. Um cientista até pode analisar uma semente nas suas muitas partes, mas ele nunca conseguirá fazer com que uma semente sintética se desenvolva. Tudo o que tem vida provém de Deus. O alimento que consumimos é um presente direto de Deus.

Quarta aprendizado: As pessoas que oram esta petição e, depois, ficam esperando que o “pão caia do céu” como caiu o “maná” morrerão de fome. A oração e o trabalho devem andar de mãos dadas. Depois de orarmos temos que ir trabalhar com o objetivo de convertermos as nossas orações em realidade. Estou certo que a semente viva é um presente de Deus, mas também tenho a convicção que a mulher e o homem devem semeá-la para depois cultivá-la. Lembram da história que contei na introdução desta prédica? Gente, a onipotência de Deus e o trabalho humano devem caminhar de mãos dadas. Quando proferimos as palavras desta petição, estamos reconhecendo duas verdades fundamentais: a) Que sem Deus não podemos fazer nada e b) que sem nosso esforço e cooperação, Deus não pode fazer nada por nós.

Quinto aprendizado: Notem que Jesus não nos ensina a dizermos “Dá-me hoje o meu pão cotidiano”, mas Ele nos ensina a orarmos “Dá-nos hoje o nosso pão cotidiano”. No mundo há pão suficiente para todas as pessoas. O problema não é a produção daquilo que é essencial para a vida, mas a distribuição desta produção. A petição do Pai Nosso sobre a qual estamos refletindo e que também é o lema da nossa IECLB para 2010 nos ensina a não sermos egoístas nas nossas orações. Esta petição é uma oração que, em parte, podemos fazer acontecer quando colaboramos com Deus; quando repartimos das sobras com aqueles que têm falta disso ou daquilo. Esta petição do Pai Nosso não somente objetiva o suprimento das minhas e das tuas carências diárias, mas ela também nos desafia a compartilharmos com as outras pessoas aquilo que de Deus recebemos.

Conclusão

Bom dia!... Olhando para este jardim que é a São Mateus me dei conta de que é maravilhoso o que Deus pode fazer com um terreno tão impróprio para o plantio, não é mesmo?” “É verdade! Tinhas que ver o estado deste terreno há quarenta nos atrás quando Deus ainda trabalhava sozinho nele.” Vamos continuar o nosso trabalho? Vamos, juntos, continuar nosso trabalho aqui nesta Paróquia?

26.2.10

Escuridão!


Ela vem vagarosa,
Estapafúrdia,
E eu sempre sei que vai me tocar.
Eu até posso tentar fugir,
Escapulir,
Espinhos sempre promovem vagar.
É tudo tão chinfrim,
É triste sim,
Escuridão - quando vais acabar?

Que caminho tomar?


Olá! O dia 5 de março se aproxima e nele a Igreja Cristã celebra o Dia Mundial de Oração. Foram as mulheres da República de Camarões que organizaram a liturgia deste Culto que será celebrado em todos os cantos e recantos do mundo. Pois vou ter o privilégio de fazer a pregação naquele que acontece na minha Paróquia, aqui em Joinville - SC. Abaixo compartilho a mesma com vocês. Abraços!

Enquanto me preparava para este momento da prédica, lembrei daquele hino que cantávamos na década de 70: “Oh quão cego andei e perdido vaguei, longe, longe do meu Salvador...” Lembram? Pois é com esta pequena estrofe nos subconscientes que eu os convido à leitura de Isaías 42.10-17...

10 - Cantem ao SENHOR uma nova canção! Que ele seja louvado no mundo inteiro: pelos que navegam nos mares, pelas criaturas que vivem nas águas do mar e pelos povos de todas as nações distantes! 11 - Que no deserto e nas suas cidades Deus seja louvado, e que os moradores de Quedar o louvem! Moradores de Selá, alegrem-se e cantem no alto das montanhas! 12 - Que o SENHOR Deus seja louvado, e que a sua glória seja anunciada no mundo inteiro! 13 - O SENHOR se prepara para a guerra e sai pronto para lutar, como um soldado valente. Com toda a força, ele solta o grito de batalha e com o seu poder derrota os seus inimigos. 14 - O SENHOR diz: "Por muito tempo, eu não disse nada, fiquei calado e não respondi; mas agora vou gritar como uma mulher em dores de parto, vou me lamentar e clamar. 15 - Vou destruir os morros e as montanhas e fazer secar todas as plantas e árvores. Farei com que os rios virem desertos e com que todos os poços fiquem secos. 16 - Guiarei os cegos por um caminho que não conhecem, por uma estrada que eles nunca pisaram antes. A escuridão que os cerca eu farei virar luz e aplanarei os caminhos ásperos. São estas as minhas promessas, e eu as cumprirei sem falta. 17 - Mas serão derrotados e humilhados todos os que confiam em ídolos, todos os que dizem às imagens: 'Vocês são os nossos deuses'.

Deficientes visuais por natureza

Faz tempo que as pessoas passam pela vida lutando, entendendo que são elas próprias que definem os seus objetivos, que conseguem chegar aqui e ali pautadas, única e exclusivamente, na força do seu braço; na força da sua inteligência. Pobre gente! Todas elas sofrendo de deficiência visual espiritual...

Deus observou este comportamento doentio nas Suas queridas e nos Seus queridos. Foi pensando em curá-los que enviou Jesus Cristo ao mundo. Ele deveria informar as pessoas sobre o Seu amor; curar as pessoas de todas as suas doenças; indicar o caminho às pessoas, caminho este que conduziria ao Reino de Deus. E assim, de uma forma mansa e tranquila, Jesus cumpriu Sua parte sem nunca controlar com mão de ferro a vida das pessoas. Sua pregação se resumia no respeito e no amor ao próximo. Ele tinha clareza que o mundo poderia mudar se as pessoas mudassem o seu modo de vida.

Sim, Jesus se deixou absorver completamente por esta tarefa de divulgação do reino de Deus. Alguns O silenciaram por causa dessa mensagem, mas Deus fez com que o fogo vivo da ressurreição brilhasse. Esse fogo vivo se reflete no meio de nós americanos, europeus, asiáticos e africanos a partir do Espírito Santo, da Palavra de Deus e isso mesmo que o dia-a-dia seja nervoso; mesmo que os interesses, os planos privados e coletivos das gentes sejam obscuros e queiram calar Sua mensagem. Sim, a Boa Palavra de Jesus se impôs no passado e continuará se impondo no futuro. Não é o show, cheio de brilhos e alto-falantes, que vai mudar o mundo para melhor, mas é o crescimento silencioso e persistente da nova vida que Deus nos presenteia que fará isso.

Quantas pessoas com deficiência visual espiritual! Todo dia, temos a possibilidade de visualizarmos a paisagem que nos rodeia. Vivemos dentro de um belo jardim cheio de flores; de um pomar repleto de árvores carregadas de frutas; de um campo onde as ovelhas e as vacas estão a pastar, mas, cegos, nos entendemos dentro de um deserto ora com muito frio, ora com muito calor. Assim, nem percebemos que Deus criou o céu colorido e a terra com todas as cores possíveis; nem nos damos conta que fomos presenteados com tanta beleza. Umas vezes com frio, outras com calor, cegos, vamos pela vida sem percebê-la; sem nos darmos conta de que somos chamados a servir, a continuarmos mudando o mundo de forma suave, modesta e persistente tal como Jesus o fez.

Conclusão

Em Isaías 42.16a se lê que “Deus guiará os cegos por um caminho que não conhecem.” Gente querida! Tu e eu nós somos pessoas cegas e mesmo assim Deus nos guia. Ele nos aceita assim como somos. Pessoas cegas não vêem o caminho por onde trilham. Mesmo que elas conheçam o trajeto que precisam percorrer, lhes é difícil caminhá-lo. Imaginem sua dificuldade quando precisam andar por estrada desconhecida. Tu e eu, nós somos cegos para caminharmos pelo caminho que conduz à salvação, mas que coisa boa: o Senhor nos orienta os passos na direção do Reino de Deus. Felizes eternamente são as pessoas que agarram na mão do Grande Guia; que confiam plenamente no fato de que Deus pode bem nos conduzir. Quando estas pessoas tiverem alcançado o objetivo final, Deus lhes abrirá os olhos para que, finalmente, possam ver o caminho pelo qual Ele as guiou. Nesta hora elas haverão de louvar como nunca louvaram... É isso que estamos ensaiando aqui neste dia Mundial de Oração de 2010...

17.2.10

O logo!


Outro dia sonhei,
mas deixei pra depois.
O mais tarde demorou
o que pensei seria logo.
Logo que nunca veio,
E sim desveio!

22.1.10

Perdão!


Andei lendo aqui e ali. Confesso que o momento que atravesso é de muita reflexão. Entendi, percebi que durante mais de 2/3 da minha vida ando carregando "pesos" dentro de mim. Aqui lembro do saudoso ex-professor Richard Wangen que já me alertou para este fato em 1977. O texto abaixo é fruto de leituras marginais misturadas com sentimentos pessoais que transmito sem qualquer hipocrisia neste blog. Vou refletir com a minha Comunidade sobre este conteúdo no Culto de domingo, dia 24 de janeiro de 2010. Compartilho mesmo com vocês. Abraços de mim...

O ato de “perdoar” é difícil. Muitos não perdoam porque entendem que o “perdão dado” contribua para a injustiça. Plantou-se na nossa cabeça que “quem causa dano não merece perdão”. Tenho observado que o tempo não reduz as ofensas e os desgostos sofridos. Podemos permanecer enfurecidos com nossos pais pelos erros que cometeram durante nossa infância; com quem já abusou da nossa boa-fé; com o parente que nos chamou de “gordo” quando da ceia de Natal há dez anos... Aqui me vem à mente o texto de Mateus 18.21-22...

Gente! Temos a capacidade de guardar uma ferida dentro da alma como se fosse um tesouro precioso. Às vezes tiramos a dita cuja da memória para fitá-la como se fitássemos um álbum de fotografias; uma jóia de vitrine. Nesse momento, mais uma vez, assistimos, revivemos na tela da nossa mente, o filme triste do episódio que foi imperdoável. E assim o desgosto experimentado no passado vai se alimentando das grandes porções de vida do presente. E temos aí rancor...

Por que perdoar? Por que a Bíblia nos pede? Por que é nobre, bonito? Existe algo impossível de ser perdoado? Nestes tempos os especialistas estão se dedicando a estudar cientificamente o tema perdão para nos brindar com boas respostas.

Os problemas pessoais não solucionados são como “aviões” que voam dias, semanas sem pousar. Esses tais “aviões” consomem muita energia para se manter no ar. Se poupassem estas energias, teriam muito mais força para gastar em caso de emergência. Os “aviões do rancor” se convertem em fonte de estresse dentro de nós e, muitas vezes, o resultado é caótico. Ouso dizer que o ato de perdoar é equivalente à tranquilidade que sentimos quando o “avião” pousa.

Perdão não é aceitar a crueldade praticada contra nós; não é esquecer que algo doloroso aconteceu; não é aceitar o mau comportamento dos outros em relação a nós; não precisa ser a reconciliação com a pessoa que agride. Guardem isso: o ato de perdoar sempre beneficia a pessoa que perdoa, não a que ofendeu. Aprendemos a perdoar tal como aprendemos a chutar uma bola... Aqui e ali todos nos incomodamos. Ao invés de desperdiçarmos nossa energia, enredando-nos em redes de fúria e de dor, que tal perdoarmos, admitirmos que nada poderemos fazer para corrigir o passado? Tal postura poderá ser extremamente libertadora. O ato de perdoar ajuda o “avião” a pousar para que se façam os ajustes necessários. O perdão serve para relaxarmos. O ato de perdoarmos não significa que o nosso agressor “se deu bem”; não significa que aceitamos algo injusto. Nada disso! O ato de perdoar significa que não vamos mais sofrer eternamente pela ofensa ou pela agressão que nos foi repassada.

Podemos trabalhar “feridas” antigas de forma positiva, usando a força da dor para nos tornarmos fortes durante as crises. Dentro de nós há “forças liberdade” que nos ajudam a não nos submetermos às graves feridas, um dia plantadas dentro do nosso peito. Pessoas que conseguem superar tragédias ou sair de períodos difíceis marcados pela dor emocional têm tudo para abandonar o papel de vítimas; para começar uma vida nova. Há indivíduos que, oprimidos pelo desamparo na infância, caem na delinquência e se tornam agentes de agressão, já outros se recuperam, tornam-se pessoas de bem e são felizes, fortes, prósperas e bem-sucedidas. Por que isso? Creio que o perdão foi ingrediente muito importante neste processo.

Não podemos crescer, sermos pessoas flexíveis, nos robustecermos a partir da adversidade sem o perdão. Algumas pessoas “cozinham” a dor em fogo brando para mostrar ao mundo como foram maltratadas. Essa atitude é prejudicial à saúde. Ao mundo, não interessa o nosso passado, só o que somos capazes de fazer e dar aqui e agora. Quando nos apegamos à dor antiga, à autocomiseração (dó de nós mesmos) embota a nossa capacidade de nos doarmos ao próximo. Quando assumimos o papel de mártires, ficamos à espera que alguém resolva de forma milagrosa a nossa vida. O perdão nos ajuda a reconhecermos e a admitirmos que somos pessoas frágeis; que não precisamos esconder nossa fragilidade. A consciência dos nossos limites nos ajuda a não cairmos nesse poço de dor.

O perdão traz saúde espiritual. Mais do que isso: As pessoas que deixam a hostilidade para trás, protegem sua saúde física. O ato de aprender a perdoar pode ajudar indivíduos de meia-idade a evitar doenças cardíacas. Quanto maior a capacidade de perdoar, menos problemas nas artérias coronárias surgem no decorrer da vida. Por outro lado, quanto menor a capacidade de perdoar, mais frequentes serão os episódios de doenças cardiovasculares.

Ainda em relação à recordação das “feridas” passadas... Quem gasta cinco minutos de sua vida pensando nos “desgostos passados” auto-provoca agitação e raiva dentro de si. Esse desgosto diminui a variabilidade da frequência cardíaca e desacelera a reação do sistema imunológico que defende o organismo. Ora, o coração humano precisa dessa flexibilidade para o enfrentamento do estresse que o dia-a-dia oferece. Enfim, o corpo humano precisa que aprendamos a perdoar.

Os benefícios do perdão (tanto os que protegem o corpo quanto os que aliviam e “limpam” a alma) vem à nós, quando, apesar dos erros e culpas, somos capazes de nos perdoarmos; nos deixarmos de sentir merecedores de castigo... Perdoar não é esquecer e nem persistir no erro, mas começar de novo sem os rancores a sobrevoar e a confundir as possibilidades do presente. Assim como o amor, o perdão não é al¬go que se dê ao outro, mas um presente vital que damos a nós mesmos.

13.1.10

O milagreiro do vinho!



Gente querida! Se perguntarmos aos nossos amigos qual o maior milagre que Jesus Cristo fez, eles, com certeza, responderão: - “A transformação de água em vinho!” Interessante! Esse milagre foi captado pela maioria das pessoas, mais até do que a própria ressurreição de Jesus Cristo. Vamos ler sobre este milagre em João 2.1-11...

1. Dois dias depois, houve um casamento no povoado de Caná, na região da Galiléia, e a mãe de Jesus estava ali. 2. Jesus e os seus discípulos também tinham sido convidados para o casamento. 3. Quando acabou o vinho, a mãe de Jesus lhe disse: - O vinho acabou. 4. Jesus respondeu: - Não é preciso que a senhora diga o que eu devo fazer. Ainda não chegou a minha hora. 5. Então ela disse aos empregados: - Façam o que ele mandar. 6. Ali perto estavam seis potes de pedra; em cada um cabiam entre oitenta e cento e vinte litros de água. Os judeus usavam a água que guardavam nesses potes nas suas cerimônias de purificação. 7. Jesus disse aos empregados: - Encham de água estes potes. E eles os encheram até a boca. 8. Em seguida Jesus mandou: - Agora tirem um pouco da água destes potes e levem ao dirigente da festa. E eles levaram. 9. Então o dirigente da festa provou a água, e a água tinha virado vinho. Ele não sabia de onde tinha vindo aquele vinho, mas os empregados sabiam. Por isso ele chamou o noivo 10. e disse: - Todos costumam servir primeiro o vinho bom e, depois que os convidados já beberam muito, servem o vinho comum. Mas você guardou até agora o melhor vinho.11. Jesus fez esse seu primeiro milagre em Caná da Galiléia. Assim ele revelou a sua natureza divina, e os seus discípulos creram nele.

Sim! Podemos festar...

Jesus transformou água em vinho; caminhou sobre as águas; ressuscitou Lázaro e a filha de Jairo. Desses milagres quase ninguém se lembra. Porque será que o milagre da “transformação de água em vinho” se tornou tão popular? De repente não se esperava tal atitude de Jesus, depois da forte pregação de João Batista que veio preparar Sua chegada... Como imaginar o começo da obra deste homem que, três anos depois, teria que experimentar morte horrível na cruz? Será que cabe uma festa de casamento com comilança e alegria desenfreada nesta história?...

Será que as pessoas que, um dia, serão julgadas pelo Filho de Deus não deveriam ter outras preocupações do que dar pela falta de vinho? Será que o tempo de Jesus Cristo não deve ser um tempo de jejum, de seriedade, de introspecção, de arrependimento? Pois a Festa é, para mim, o maior milagre que a “transformação de água em vinho”. Jesus se sente bem entre os convidados. Ele também se sentiu à vontade na casa do cobrador de impostos, do pecador Zaqueu, com o qual, no nosso modo de pensar, Ele nunca poderia ter tido contato. Gente, a chatice, o tédio, o aborrecimento, o ar rarefeito que volta e meia se faz presente nas nossas Igrejas não tem origem na mensagem de Jesus Cristo.

Notem que Jesus usou “festas de casamento” como exemplo. Ele comparou-se com um noivo. Ele exaltou a abundância e a alegria em palavras e atitudes quando trazia Sua mensagem. Na Festa de Caná Jesus não apenas ajuda o noivo a não ser mal falado, mas lhe arranja vinho para o ano inteiro. Sim porque, vamos e venhamos, 600 litros de vinho deveriam ser mais do que suficientes para festejar as festas de casamentos de toda vizinhança naquele ano. Jesus deixa patenteado que o tempo da graça é tempo de alegria.

Um bom vinho só se degusta em tempos de paz. Na guerra é impossível a fabricação de vinho. Um parreiral precisa de três anos de cuidados para produzir boa uva. Isso não mudou desde os tempos de Jesus. Vai daí que este milagre é o certificado de que o tempo de Jesus começou; que o tempo do medo e da espera já passou; que as nuvens escuras do Deus Sisudo se dissiparam. Gente! Isto é motivo de festa. Em nenhum lugar da Bíblia está escrito que a cristandade não possa festar; que ela não possa ser alegre; que a cristandade não possa dar gargalhada e se divertir. Pena que essa informação ainda não é do senso comum, do domínio de todas as pessoas cristãs.

Quem leu o livro “O nome da Rosa” de Umberto Eco há de se lembrar que as pessoas condenadas à morte no mosteiro da Idade Média eram os monges que procuravam um manuscrito onde se lia sobre a possibilidade de que o ato de sorrir tinha raízes em Deus. Claro que os detentores de poder igrejeiro tentaram esconder esta realidade. Sim, também as pessoas profundamente comprometidas com Jesus Cristo, cristãos de boa cepa, podem festejar; alegrar-se; rirem a vontade. Que coisa boa!

Os potes de pedra do nosso texto eram para armazenar água. Aquela água era para a higiene dos festeiros. Não só para a higiene corporal, mas também para uma higiene, uma limpeza ritual, uma lavagem de toda a sujeira do pecado. Ao imaginarmos aqueles enormes jarros cheios d’água, lembremos da Santa Ceia. Para nós o sangue de Jesus Cristo, vertido na cruz, nos limpa de toda culpa. O vinho é fruto da videira. Foi com vinho que Jesus celebrou, antes da crucificação, Sua última janta com seus discípulos. Também com o vinho será festejada a vitória da vida sobre a morte. Festejemos! O mundo é passageiro e os poderes que o regem só têm força até por ali. Alegremo-nos! Somos cidadãos do reino de Deus. Jesus é a nossa esperança, a nossa certeza, o nosso Deus.

Conclusão

Claro que Jesus também precisa ser respeitado como Deus. Num dado momento Ele dá resposta dura à Sua mãe, quando ela quer forçá-lo a resolver o problema do noivo: - “Não é preciso que a senhora diga o que eu devo fazer. Ainda não chegou a minha hora.” Ele não age assim pelo fato de se sentir incomodado porque vai ser apontado como o “milagreiro do vinho”, mas porque Ele não quer se deixar conduzir, comandar por nenhum partido; por nenhuma Igreja; por nenhuma pessoa; nem mesmo pela sua própria mãe. Ele deve caminhar pelos caminhos pensados pelo Seu Pai desde a eternidade. Jesus tinha clareza: Aquele primeiro milagre seria a primeira estação para o caminho da cruz. Todos teriam a chance de entender que Ele era o Messias, o Cristo, o Prometido. Não teria mias volta. O seu alvo era a salvação da humanidade. Por isso, alegria, mesmo dentro destes tempos difíceis. O caminho de e para Jesus Cristo sempre passa pela cruz, mas trata-se de um caminho de vitória, nunca de derrota. Amém!

OLHA SÓ!