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21.10.09

Gottfried Brakemeier!


Logo que o P. Dr. Gottfried Brakemeier acabou de proferir sua palestra sobre o tema “Vocação” vieram os demorados aplausos. O auditório do Clube Concórdia de Curitiba foi testemunha da alegria dos 500 obreiros e obreiras da IECLB que, animados, sorriam, se abraçavam, olhavam para frente com seus olhos tingidos do brilho da esperança. Pois foi sentado numa das cadeiras estofadas do grande salão que o querido professor, sempre alinhado, me concedeu esta bela entrevista...

O Caminho: O senhor é dono de uma longa trajetória no ministério da Igreja. Deixou-nos claro que a “vocação” é condição essencial do ministério eclesiástico. Fale-nos mais a respeito...

Dr. Brakemeier: Um obreiro e ou uma obreira que atuam no ministério eclesiástico sem vocação assemelham-se a funcionários religiosos, nada mais do que isso. A Igreja de Jesus Cristo não pode conformar-se com tal concepção. Ela, a Igreja, reserva aos trabalhadores na seara do Senhor um papel bem mais honroso. Como obreiros e obreiras da IECLB nos cabe identificar-nos dia-a-dia com a vocação que, sempre de novo, precisa ser redefinida diante dos desafios de uma sociedade em transformação. Nunca entendamos a vocação como um diploma que, emoldurado, encontra seu lugar entre as lembranças do passado. Vocação é assunto de profundas dimensões existenciais.

O Caminho: Qual seria a diferença entre vocação e profissão?

Dr. Brakemeier: Se o ministério eclesiástico for uma questão de vocação somente, ele ficará reservado a uma categoria especial de pessoas: as "vocacionadas". Ora, isso seria uma boa desculpa para não abraçá-la. Por outro lado, se o ministério for entendido como uma profissão entre outras, basta adquirir as respectivas competências e buscar emprego junto a entidades religiosas. Eu creio que não estamos diante de uma alternativa. Defendo a tese que o ministério eclesiástico, a um só tempo, é vocação e profissão.

O Caminho: Por favor, desdobre um pouco mais essa questão...

Dr. Brakemeier: A palavra "vocação" provém do latim "vocare" que significa "chamar", "convidar", "atrair". Vocação é essencialmente sinônimo de convite. Aproxima-se do sentido de "convocação". Já "profissão" é entendida como "atividade ou ocupação especializada". Profissão é "oficio", é atividade específica. Uma pessoa profissional "professa" alguma coisa. Identifica-se com sua atividade. Aqui penso em padeiros, engenheiros, psicólogas, por exemplo. Quer dizer, há diferença entre profissão e vocação, mas também não há como separar uma da outra.

O Caminho: A vocação é um privilégio das pessoas que optam pelo ministério eclesiástico?

Dr. Brakemeier: Não! O chamado de Deus se dirige à humanidade em seu todo. Deus não só reveste sua criatura humana de singular dignidade, como também a destina a ser sua parceira. O ser humano foi criado para, em responsabilidade perante Deus e em gratidão a ele, usufruir os maravilhosos dons divinos e cuidar da criação. Portanto, ele não se encontra jogado no mundo à toa nem resulta de enigmático acaso. Ele está ai por vontade divina, incumbido de cumprir um mandato. Se a humanidade perdeu a noção de sua razão de ser, de sua destinação, do sentido das coisas, é porque se esqueceu de sua vocação.

O Caminho: O sr. está afirmando que a vocação se estende a todas as pessoas cristãs e não só às ministras e ministros da Igreja?

Dr. Brakemeier: Martim Lutero já explicitou que “ser cristão é viver a sua vocação.” Nós podemos servir a Deus onde quer que estejamos. É em sua profissão que o cristão deve glorificar a Deus e servir ao próximo. O exercício da profissão é culto a Deus no cotidiano. Sob tal perspectiva o trabalho deixa de ser algo vergonhoso, reservado a escravos, para se tornar um meio privilegiado de servir. Na concepção de Lutero importa que moldemos a nossa vida a partir da vocação, seja no trabalho ou no lazer, seja em particular ou na família, seja na Igreja ou na sociedade. Digo de outra forma: Somos chamados a nos portar como cristãos em todas as circunstâncias da vida.

O Caminho: Então quer dizer que Deus nos chama para serviços diferentes, sempre em conformidade com as nossas capacidades e para as necessidades que se apresentam...

Dr. Brakemeier: Sim! Numa Comunidade nem todos podem fazer o mesmo. Há distribuição de dons e variedade de afazeres. A uniformidade de serviços seria mortal. O mesmo se aplica à saúde do corpo social. Ela repousa sobre o fundamento da "biodiversidade". O chamado ao serviço é sempre multiforme. O Espírito sopra onde quer e desperta gente para o trabalho na “lavoura de Deus” conforme lhe agrada. Ao lado dos serviços espontâneos, porém, existem os serviços estruturados. Neste caso falamos em "ministérios". A Igreja convoca pessoas consideradas habilitadas para o cumprimento de determinadas atribuições em caráter permanente ou, pelo menos, temporário. O ministério eclesiástico foi implantado pelo próprio Deus em sua Igreja. Quer dizer, o ministério que divulga o Evangelho e se encarrega da boa ministração dos sacramentos é imprescindível. Sem ele a Igreja sucumbe.

O Caminho: Explique isso melhor professor... Se Deus implantou o ministério eclesiástico então ele é especial e nem todos podem exercê-lo... É Isso?

Dr. Brakemeier: Como luteranos entendemos a vocação especial para o serviço como integrada na vocação geral de todas as pessoas. O estado de clérigo é igual ao do cristão comum. Ministério sempre tem natureza "diaconal". Todos são chamados a atender o chamado geral de Deus à humanidade e isso não muda o de status de ninguém. Observem que o chamado ao ministério acontece por mediação da instituição eclesiástica. É ela que chama, prepara, instala, cuida de obreiros e obreiras. O exercício "público" do ministério, pois, pressupõe uma vocação "legitima", isto é uma vocação de acordo com a "lei", as ordens, num rito correspondente. É da ordenação que depende a autorização para o ensino público na Igreja. É claro que todo testemunho cristão deva ser "público". Ele não pode permanecer na clandestinidade da esfera privada. Os "ministros” e as “ministras" devem estar habilitados a falar não somente em seu próprio nome, e, sim, em nome da Igreja. "Ensino público" na Igreja é discurso do qual publicamente se exige prestação de contas. As qualificações exigidas para o ministério podem ser resumidas em basicamente três: a) Competência teológica - Quem exerce um ministério na Igreja deve ser capaz da avaliação criteriosa das propostas em curso no mercado religioso. Espera-se das pessoas juízo teológico, posicionamentos próprios, zelo com respeito à confessionalidade da Igreja. b) Competência missionária - Ministros e ministras na Igreja são "propagandistas" de Jesus Cristo. Para tanto necessitam de facilidade na comunicação, no diálogo e na representação. Quem tem medo do público e prefere ficar em casa em lugar de procurar as pessoas, tem o seu ministério prejudicado. c) Competência administrativa - Esta não se refere apenas ao trabalho de secretaria que também na Igreja não pode faltar. Mais importante é saber administrar diversidade, conduzir a comunidade, trabalhar conflitos. Comunidade é sempre um fenômeno plural, cuja administração exige sabedoria.

O Caminho: Então o ministério eclesiástico não deixa de ser uma profissão...

Dr. Brakemeier: Certo! O exercício eclesiástico necessita de alto grau de "profissionalismo". Incompetência pode causar terríveis estragos, razão para não negligenciar a formação profissional dos obreiros. Mero profissionalismo é insuficiente para o exercício condigno do ministério. Claro que os servidores eclesiásticos também deverão ter garantidos os seus direitos. As comunidades têm o dever de cuidar da subsistência dos mesmos. Ainda assim a luta de classe e o sindicalismo são avessos à natureza da Igreja. As comunidades não são "patrões", representantes do "capital", empresas religiosas, das quais o "trabalho", a mão de obra, os empregados devessem arrancar sua participação nos lucros. A vocação comum da comunidade e dos obreiros o impede. Se faltar a vocação, o trabalho sofre danos. De qualquer maneira, o ministério eclesiástico é impensável sem vocação.

O Caminho: Qual seria a atribuição de de uma pessoa que exerça o ministério especial?

Dr. Brakemeier: Quero frisar que a tarefa de promover a causa de Deus neste mundo cabe tanto a membros leigos como aos membros que assumiram o compromisso espacial. No entanto, quem foi chamado para o ministério eclesiástico desempenha essa vocação em caráter oficial e, na maioria das vezes, em regime de dedicação integral. Estamos profissionalmente a serviço do reino de Deus, cooperando em sua obra. Nossa atribuição consiste em edificar comunidade, ensaiar o discipulado, denunciar a injustiça, reconciliar inimigos, capacitar para a paz, evangelizar o povo, chamar a fé, habilitar ao amor, mostrar sentido, construir esperança. Ora, a causa de Deus costuma enfrentar obstáculos, resistência ou desinteresse. O evangelho não tem procura garantida e os produtos oferecidos no mercado religioso podem servir antes a ídolos do que a Deus.

O Caminho: Quer dizer que o Evangelho de Deus pode trazer dificuldades para aqueles que com ele se ocupam...

Dr. Brakemeier: Quando os frutos demoram a aparecer, temos a tendência de pensar que a nossa pregação parece não atingir as pessoas. Sentimos o cansaço, o desânimo e a rotina nos ameaça. A fé precisa ser alimentada, re-apropriada, reaprendida. Todos os questionamentos à fé provêm de fora. Está renascendo um novo ateísmo na sociedade atual. Deus, quem ainda se interessa por ele? E se as comunidades encolhem e os membros debandam para se associar aos sem-religião? Isto significa que não basta recuperar a fé para nós mesmos. É preciso partir para a ofensiva e desafiar as pessoas com o evangelho. A fé, embora não possua provas de sua verdade, tem bons argumentos a seu favor. Importa defender a fé frente aos ataques que sofre. De qualquer maneira, sem fé abalizada o exercício do ministério eclesiástico se inviabiliza. Estamos casados com a fé. E se este matrimônio vai mal, perdemos a credibilidade. Ai de nós, se a fé sumir. Nosso discurso inevitavelmente vai tornar-se hipócrita. Faz parte de nossas atribuições a permanente reafirmação da fé frente a tudo o que parece desmenti-la. E não só isto. Cumpre-nos a arte do "discernimento dos espíritos". Aqui penso não somente nas nossas igrejas irmãs, penso em termos gerais nas exuberantes ofertas do mercado religioso. No pluralismo de nossos dias, quem fornece critérios orientadores capazes de selecionar o trigo da palha? Nosso campo de trabalho é a fé. Mas este campo é disputado e se apresenta confuso, caótico, estonteante. Nós estamos casados não com uma fé qualquer, e, sim, com a Fé cristã, evangélica, de confissão luterana. Estamos comprometidos com esta Igreja que se chama IECLB. Foi através dela que Deus nos chamou. Espera-se de ministro e ministra da IECLB que saiba justificar por que vale a pena ser membro justamente desta Igreja.

O Caminho: O Sr. está nos incitando a uma espécie de "batalha espiritual"?

Dr. Brakemeier: Nada disso! Somos chamados a procurar a afinidades dos credos religiosos em sentido micro e macro-ecumênico, sempre no esforço por construir a paz. Repudiamos a perseguição aos dissidentes. Não foi este o jeito de Jesus no trato do diferente. O mandamento do amor ao inimigo desautoriza qualquer violência em nome da religião. Mas isto não significa permissão para o "vale tudo" no mercado religioso. Obreiros e obreiras ordenadas devem às pessoas orientação em assuntos de fé. É assim que numa "religião de livre mercado" a tradição perde força. Ela já não mais segura as pessoas nos trilhos da fé tradicional. Verdade é que a comunidade cristã jamais tem sido algo dado. Sempre foi algo a construir. Mas o imperativo missionário se coloca hoje com particular insistência. Os entraves que a IECLB encontra nesse tocante merecem cuidadoso exame e disposição para ensaios reformadores. Embora missão seja tarefa decorrente da vocação geral das pessoas e mandato de todo o povo de Deus, cabe ao "ministério com ordenação" especial responsabilidade. Não basta "pastorear" o rebanho, catequizar os batizados, manter centros sociais e obras diaconais. Sem desprezar tudo isto, importa reconhecer que voltamos à estaca inicial da missão de Jesus. A IECLB não é apenas uma instituição, ela é um projeto que necessita de "simpatizantes", ou seja, de gente que se solidariza com ela na busca do reino de Deus e de sua justiça. No século 21 o ministério eclesiástico requer redefinições.

O Caminho: O sr. está apontando para dificuldades?

Dr. Brakemeier: Não! estou falando de chances, oportunidades, promessas. Vejam como é magnífica a vocação que Deus nos reservou. Por acaso, existe algo mais importante, mais relevante, mais empolgante do que o tema da fé? E é esta a nossa especialidade. A sociedade moderna esconde a fé. Considera-a um assunto privado, sobre o qual não se fala, abrindo assim as portas para chantagens e abusos da credulidade dos não avisados. É perigoso deixar a fé ao bel-prazer de cada qual, conforme o gosto e a preferência individual. Isto uma vez porque não funciona. Fé solta e presa fácil de manipulação pela mídia, pelos demagogos e charlatães. Todos querem fazer a nossa cabeça, querem nos fazer crer em alguma coisa. Pois embora não se admita, é evidente - e este é o segundo argumento para não deixar a fé surfando livre no espaço - que fé é o maior poder da história. Todas as pessoas, enquanto não forçadas, agem de acordo com as suas convicções. Fé determina a ação, é a diretriz da conduta, conduz à biografia de indivíduos e nações. Não nos iludamos: Todo mundo tem os seus credos, inclusive os ateus. A pergunta não é: se as pessoas crêem, mas o que elas crêem.

O Caminho: O Sr. afirma que somos agentes da fé no trino Deus, da fé que tem a promessa de vencer as adversidades do mundo, de curar debilidades e de abrir futuro. No seu entender, existe serviço mais relevante do que este?

Dr. Brakemeier: A pior ameaça a este mundo, a pior crise do momento é a crise da fé à qual deve ser atribuída a maioria das demais crises que nos assolam. A derrocada da ética, a idolatria do mercado, o apego ao poder a qualquer preço, a violência que prolifera em toda a parte, tudo isto de alguma forma tem sua raiz numa fé desorientada, enferma, perversa. Certamente não dispomos de receita pronta para sanar as patologias deste mundo. É Deus quem salva. Nossa vocação é mais modesta e, no entanto, altamente salutar. Cabe-nos apontar para a fonte da qual jorra a vida. Sabemos de um endereço a que nos dirigir nas angústias produzidas por pecado, dor e morte. Mais não podemos fazer. E, no entanto, isto é fundamental. Tal trabalho, eu o arrisco dizer, é não só vital como também gratificante. Pois não é de fardo que consiste o exercício do ministério eclesiástico. Quem ainda não experimentou a alegria que ele é capaz de proporcionar? Há pessoas muito gratas pelo conforto da Palavra de Deus, pela solidariedade na hora da tristeza, pela força do evangelho. E quem sabe, às vezes enxergamos também um pouco da bênção que Deus derrama sobre o trabalho de seus servos e suas servas fiéis.

O Caminho: O Sr. tem a chance de dizer uma última palavra aos leitores e às leitoras de O Caminho...

Dr. Brakemeier: Eu reafirmo que que, muito à semelhança do que acontece com o corpo humano, também a fé necessita do pão de cada dia. Ela precisa ser alimentada. Isto acontece através de oração e meditação, ou seja, através da vivência de espiritualidade evangélica. Nossas energias vêm de "cima", pelo poder do Espírito Santo, pela Palavra de Deus. Não menos importante é a reflexão teológica. A fé busca o entendimento. Ela quer munir-se do argumento, equipar-se para o testemunho. Para tanto é importante o dialogo, a discussão e o estudo conjunto de temas e problemas. Além disto, é óbvio que a equipação da fé exige a leitura. Insisto muito na formação continua, individual ou grupal, dos trabalhadores na seara do Senhor. A boa teologia sempre tem sido um distintivo de Igreja luterana. São muitas as razões para não enterrar este talento. Vocação ao ministério é simultaneamente um dom e um mandato. Importa não desprezar o compromisso nele inerente.

20.10.09

Ovelhas VIP


Muitas pessoas entram em crise, depois dos 40. Planejaram tudo tão bem e, de repente, percebem que alguns dos seus sonhados alvos não foram e nem serão mais alcançados. Fazer o quê? Que tal pedir ajuda a Deus, em oração, nessa hora?

Em Gênesis 12 pode-se entender que Abraão estava com a vida ganha. Ele conhecia os vizinhos pelo nome, acordava pela manhã e, depois do café, dava uma olhada no rebanho e, quando a fome batia, sentava-se para almoçar. Só uma coisa não estava legal: faltava-lhe um filho. Pois foi justamente nesse momento difícil da sua vida que ele ouviu a voz de Deus e, assim, resolveu os seus assuntos.

Pessoas que ouvem a Deus sempre acabam tomando bons rumos na vida. Jesus, certa vez, dirigiu-se aos seus discípulos e por tabela a toda cristandade, quando disse: "As minhas ovelhas ouvem a minha voz" (João 10.27).

Outro dia perguntei a um estudante se ele já tinha ouvido a voz de Deus. A resposta veio rápida: "Quem sou eu para ouvir Sua voz? Sou uma criatura insignificante, nada mais do que isso...". Fiquei pensando... Para Jesus não existem "ovelhas VIP" (Very Important Person = pessoa muito importante) que ouvem sua voz. Para ele, "todas as suas ovelhas ouvem a sua voz".

Quando no meio de uma semana intensa de trabalho me vem o pensamento: "Eh, companheiro! Tu bem que poderias escrever um e-mail para a pessoa X ou até, quem sabe, fazer-lhe uma visita". Sinto-me usado por Deus quando reajo positivamente a uma idéia dessas. Isso mesmo! Sou um daqueles que ouve a voz de Deus desse jeito. Se porventura pensamentos radicais me vêm à cabeça, reparto-os com irmãs e irmãos na fé. Eles sempre têm uma boa palavra para mim. A comunhão é excelente para indicar bons denominadores comuns.

19.10.09

Convenção Nacional de Obreiras e Obreiros da IECLB!


Saímos “faceiros” de casa no dia 13 de outubro de 2009. Nosso destino? Curitiba, Paraná, sim senhor! Estávamos afoitos. Nunca na história desta IECLB (parafraseando o atual presidente do Brasil) se reuniram tantas obreiras e obreiros para ter comunhão; para repartir sobre sua vida familiar e vocacional.

Já na chegada, os abraços. Quantos abraços. Inúmeros abraços. Todos os dias, abraços, boas palavras e sorrisos, nada de brigas, discussões. Aqui se falava de lembranças. Lá se ouvia de perspectivas. Acolá se apreendia conteúdos e o tempo foi passando, ligeiro, fagueiro...

Nossos ex-professores Gottfried Brakemeier e Wilfried Buchweitz ladeados pela colega Anelise Lengler Abentroth e pelo colega Nelso Weingärtner mais as psicólogas Roseli Künrich de Oliveira e Dorothea Wulfhorst nos fizeram pensar, refletir, meditar, reavaliar, tomar posições, olhar pro horizonte, alegrar-se com o novo momento que se avizinhava. Eu não queria que aquilo tudo acabasse.

Quase no finalzinho de tudo, fui emocionado por uma das organizadoras curitibanas. De microfone em punho ela disse: - Nós somos suas ovelhas. Continuem trabalhando. Precisamos da palavra que vocês proferem. Carecemos do seu cuidado. Confesso que não aguentei e chorei. Hoje estou em casa escrevendo, animado. Obrigado Senhor por este chamado!

Ser amigo!


Quem caminhar com os olhos abertos logo perceberá que existe um grande número de pessoas que precisam ser ajudadas. Em Marcos 2.3 se lê que quatro amigos carregaram um paralítico para perto de Jesus. Uma boa história.

É assim que, muitas vezes, não cruzamos apenas com pessoas portadoras de deficiência física. Hoje o número de pessoas com deficiência psíquica é bem maior que no passado recente. O desemprego, as doenças, o luto e o isolamento são momentos que podem fazer com que uma pessoa se torne deficiente. Daí a importância de se ter amigos, amigos dispostos a também caminhar conosco por caminhos não tão cômodos.

O amor busca novos caminhos. Ele sempre faz mais do que se espera que ele faça. Os quatro amigos do homem do texto escrito pelo evangelista Marcos trilharam por caminho pedregoso, uma vez que não tinham o caminho livre para chegar a Jesus. Fazer o quê? Baixar o amigo pelo telhado – era o único jeito. Certamente ouviram conselhos do tipo: - Olha! Nestes casos a gente precisa entrar pela porta, sempre se entra pela porta, nunca pelo telhado. Ou ainda: O que é que o dono da casa vai dizer dessa nossa idéia? E se alguém se ferir? O que é que Jesus vai pensar dessa atitude?

Tais pensamentos também visitam nossas cabeças quando membros da nossa Comunidade ousam querer caminhar caminhos diferentes para trazer pessoas a Jesus Cristo. Estamos meditando sobre quatro pessoas dispostas a caminhar um novo caminho com o objetivo de levarem o seu amigo a Jesus. Aqui também nós somos perguntados: - Jesus ainda deseja que levemos pessoas a Ele? Temos interesse de fazer isso? Será que hoje nós ainda conseguimos ser amigos das pessoas que nos circundam?

Às vezes somos nós que estamos no fim das nossas forças, precisando de auxílio. As preocupações e os medos da vida nos põem no chão e isso já pela manhã. Coisa boa quando podemos confiar em amigos, amigos que não andam somente caminhos fácies de ser andados, mas que, se preciso for, também enfrentam intempéries para nos carregar; para nos aproximar de Jesus e nem que para isso tenham que andar jornadas estranhas aos olhos comuns. Não! O amor nunca é teoria. O amor é prático. Ainda hoje o amor encontra novos caminhos. Só precisamos caminhá-los em confiança na pessoa de Jesus Cristo.

5.10.09

Nosso querido pastor!

O nosso pastor era querido, tinha prestígio entre nós adolescentes. Foi apoiados nele que montamos um pequeno grupo de Juventude Evangélica. Foi ali que orando, louvando e lendo a Bíblia até ousamos articular pequenos projetos sociais; encarar a vida de frente. Na retaguarda, o nosso pastor. Um homem com palavras fortes que se comportava como se forte fosse.

Crescemos em número e em idéias. Agora uma diretoria era preciso. Nosso “mestre”, ao natural, passou a dirigir o processo da eleição. Quanta expectativa! Tinha chegado a hora de sistematizarmos o processo gerador de “momento novo”. Nosso pastor falava, gesticulava, impostava a voz. Estranho aquele comportamento.

Incrível! Nosso “líder” ditou os critérios da eleição. Nós queríamos tanto ter participado daquela “construção”. Ficamos estupefatos quando, de cima para baixo, fomos informados de que nosso “querido pastor” queria trabalhar somente com quem falasse a sua linguagem. A grande maioria de nós sentiu-se fora do “jogo”. Era como se todos os sonhos tivessem sido jogados dentro de uma barrica de água gelada.


E foi assim que perdemos a alegria de sermos os sujeitos de um “projeto de vida”. Sentimo-nos como que “marionetizados”. É triste, mas hoje, 40 anos depois, a História ainda permite que mulheres e homens sejam paridas, paridos para fazer valer propostas não inclusivas como aquela que minha turma e eu experimentamos.

1.10.09

Aporta!


Toda prisão tem uma porta.
Pergtuntei, procurei saída
E isso, durante toda a vida!

Faz pouco, vi a tal porta
que estava um tanto torta.
E daí? Ela muito me importa!

Sim, preciso me aprumar.
Vou ter que navegar...
Ouve o grito: - Aportaaa!

29.9.09

Corações de Carne!


A palavra que rege o mês de outubro de 2009 vem do profeta Ezequiel 11.19: “Dar-lhes-ei um só coração, espírito novo porei dentro neles; tirarei da sua carne o coração de pedra, e lhes darei coração de carne...

O povo de Israel estava com seus corações e mentes “endurecidas”. Ora, quem vive assim não vê horizontes; acaba tornando-se “empecilho” para o próximo. Deus mesmo acaba tendo poucas possibilidades de ajudar a quem não se abre para a vida. Crises e sofrimentos não se coadunam com a vida que Deus veio presentear. No entanto as perspectivas estão ai; as “coisas” podem mudar; novos caminhos podem se apresentam quando dizemos “não” à passividade. Sim! Deus veio nos implantar um “coração de carne”... Ufa!

A primeira batida do nosso “coração de carne” foi no útero da nossa mãe. Naquele dia, diariamente, ele começou a bombear 9.000 litros de sangue através das veias do nosso organismo (450 bambonas de 20 litros)... Nosso “coração de carne” faz esse serviço sem alarde.

A “pontada” no peito pode ser fruto de esforço exagerado e ou de emoção forte. A alegria e o amor podem fazer subir a nossa pressão arterial. É assim que o nosso coração reage de acordo com o que “rola” dentro de nós. No Antigo Testamento a palavra “coração” quase sempre tem a ver com a “vida”, com a “fonte” de onde brota a nossa vitalidade. Pois Deus quer alcançar o nosso coração. Portanto, importemo-nos com ele; façamos a dieta necessária; cuidemos com o estresse; abdiquemos do fumo; prestemos atenção nos alimentos gordurosos; apliquemos tempo na oração; participemos dos Cultos; amemo-nos; doemo-nos uns aos outros; exerçamos a solidariedade. Corações cuidados como se cuida de uma flor dificilmente “endurecem”, “esfriam”.

Pessoas que têm “coração de carne” sabem demonstrar sentimentos. Na Bíblia, o “coração” e a dor se afiam constantemente, enquanto se vive e se sofre; se ama e se briga; se chora e se dança. Sim! O coração é “um sentimento” que nos move interiormente; que nos impele; que nos desafia a agir. Ouçamos o nosso coração... Pautemo-nos por ele... Alegremo-nos de coração... Carreguemos o nosso coração não apenas no lado esquerdo do peito, mas Deus.

24.9.09

Acho que adormeci!


Dava gosto de sentar ao lado daquele pastor "avançado em dias". Outro dia eu estava passando e ele me convidou para tomarmos um cálice de vinho na sua varanda. Ele, sentado na cadeira de madeira centenária, sentia-se cômodo ali. Quando tirava o cachimbo da boca, os seus olhos verde-água que se confundiam com a fumaça de baunilha cheirosa e perdiam-se no horizonte. Eram os momentos que eu muito esperava. Sua voz calma emitia bons pensamentos.

Hoje, sentado debaixo da minha jabuticabeira, exercendo meu ócio, ainda recordo de algumas frases soltas daquele meu pai na fé: - Deus sabe tudo a respeito do que se passa na nossa vida. O verbo “conhecer”, na Bíblia tem o mesmo peso do verbo “amar”. Os nossos “atos de amor” espelham a natureza, a bondade e a simpatia de Deus aqui na terra. Uma pessoa cristã que não “serve”, deteriora o seu chamado; não alcança o alvo que Deus sonhou para ser alcançado por ela; não cresce para dentro da proposta de vida conquistada por Aquele que se fez escravo para presentear liberdade de fato...

Estou absorto. Os pássaros picam e repicam o mamão fresquinho direto da árvore. Estão felizes. Volto a lembrar das horas que passei com meu tutor: - Tens crescido para dentro do Reino de Deus? Tens feito mais “boas obras” nos últimos dias do que nos últimos tempos? Se em tua vida experimentares “amor crescente”, és o bom “sal” que encorpa o “chão”; que alimenta as “raízes” da tua fé.

O sol está quente. A primavera me acaricia e o tempo desliza ali bem do meu lado. Sou o “sal” da terra e a “luz” do mundo. Me engajei neste processo que visa o “plantio” de mais amor; de mais “luz” que espanta “escuridão”. Tento carregar a “cura” para dentro do mundo e, para tal, uso as mãos e o coração. Assumi o compromisso de ser “testemunha sadia” e por isso posso tentar converter desgraça em graça. Sim, me esforço para carregar as "cargas" dos outros; curar as feridas de quem está próximo.

Fecho os olhos. Concentro-me no barulho da natureza. Ouço pessoas chorando e os retalhos de mais um pensamento me vem à cabeça: - O mundo permanecerá “frio e nublado” se só te ocupas contigo mesmo; se não articulas testemunho. Veste as “cores” da verdade, da justiça, do direito e do amor. Vive a partir da clareza do teu coração. Percebe o irmão doente na beira do caminho. Não gasta muito do teu tempo refletindo sobre se o momento de tomar decisão é certo. Permite que o amor te leve. A “beleza e a luminosidade” do mundo dependem também de ti... Acho que adormeci!

17.9.09

Oziel Campos de Oliveira Jr.

O pessoal mais familiarizado com o ritmo da Paróquia São Mateus aqui de Joinville (SC) percebeu certa agitação nos momentos que antecederam a noite do dia 11 de setembro de 2009. Estávamos todos esperando pelas “palestras de edificação” que o pastor Oziel Campos de Oliveira Jr. viria repartir conosco.
Logo ficou evidente que estávamos diante de um homem abençoado por Deus. Oziel nos trouxe “boas notícias” de “grande alegria”, enquanto ia tocando seus assuntos nitidamente forjados sobre uma experiência saudável de 35 anos de pastorado na IECLB.

O que mais nos chamou a atenção foi a sua sensibilidade. Todos sabem que este pastor, pregador e grande compositor, tem dom para a música. Quando menino Oziel experimentou a doença da paralisia infantil. Este estado de doença sempre lhe limitou os movimentos, mas nunca as límpidas ideias.

Cantamos com o Oziel, sorrimos com o Oziel, refletimos com o Oziel, enfim, nos deixamos desafiar pelo Oziel que, alegre, nos trouxe bons impulsos para a caminhada cristã. Essa caminhada comprometida que Cristo nos sugere a partir da Comunidade.

Que Deus te abençoe no teu ministério junto às pessoas que buscam libertação das drogas, ó grande amigo. Estamos orando para que te vás bem, enquanto tocas o teu projeto de vida a partir da IECLB. Tuas novas músicas ainda soam nos nossos ouvidos. Obrigado pelo teu testemunho, pela explicitação da tua paixão pela missão no meio de nós, no meio dos outros.

8.9.09

Barro!


Toda vida lhe ofereci ouro
Mas, desconfiada,
Investiu tudo em barro.
O tempo se escoa e, de barro,
Permanece o seu tesouro.

7.9.09

Ah se não fosse a morte!


A morte sempre traz tristeza para quem fica. Ela vem de repente. Quando menos a gente a espera, ela bate à porta. Conheço algumas pessoas que sempre de novo suspiram: “Há se não fosse a morte!” Será que existe consolo para quem perde uma pessoa querida ou para as pessoas que ousam refletir sobre a sua própria morte?...

Desde o nosso nascimento, tu e eu caminhamos em direção ao abraço da morte. Nada, nenhum poder pode nos ajudar a fugir desse encontro que cedo ou tarde virá.

Certa vez Jesus se encontrou com um grupo de pessoas que se afastava da cidade em cortejo, rumo ao “campo santo”. Uma senhora que já tinha perdido o seu marido e que agora tinha que se despedir do seu filho chorava muito por causa da dor da separação.

Jesus viu aquela cena e parou o funeral. Encarou a mulher que sofria e disse-lhe: “Não chore!” Depois disso Ele ressuscitou o jovem dando mostras do Seu poder maior do que o poder da morte. Naquele exato momento o cortejo fúnebre se converteu em marcha de triunfo...

Este acontecimento bíblico nos oportuniza uma pré-compreensão daquilo que, um dia, as filhas e os filhos de Deus virão a experimentar: “a morte será tragada pela vitória para sempre.”

Hoje a morte ainda é realidade dura, incompreensível. Agora, pelo fato de Jesus ter morrido e ressuscitado, nós não precisamos mais caminhar por aí desconsolados. Sim, porque Jesus já nos concede a esperança de podermos olhar para as bênçãos que nos esperam lá bem além da realidade da morte.

5.9.09

Elisa Maria dos Santos


Outro dia contei 284 nomes de pessoas que, direta ou indiretamente, tiveram influência sobre mim. Aqui e agora me vem à mente a professora Elisa Maria dos Santos.

Tínhamos mudado de cidade. Em Tenente Portela (RS) eu cursara a primeira série do primário na Escola Evangélica Tobias Barreto. Agora, em Santa Cruz do Sul (RS), no segundo ano, eu dava tudo de mim no Grupo Escolar Professor José Wilke, onde o jeito de ensinar era extremamente diferente.

Eu não conseguia acompanhar o novo ritmo. Se antes eu escrevia uma redação, agora eu precisava escrever uma composição. O que seria uma “composição”? Eu também tinha vergonha dos novos colegas. Meu Deus! Como levantar o dedo e perguntar: Dona Elisa! O que é mesmo que eu preciso fazer?

Sim, eu estava “a beira do caminho”, sofrendo dor de menino tímido. Passaram-se algumas semanas e aquela “boa samaritana” veio ao encontro de minha mãe. Falou-lhe das minhas dificuldades. Se ofereceu para me dar aulas particulares. E foi assim que, durante dias, me deixei tutelar por aquela mulher que se debruçava sobre mim, enquanto um coração triste vazava pelos seus negros olhos.

Professora Elisa! Eu não sei se a senhora ainda vive. Quero lhe dizer que a compreendo como alguém que, na hora certa, por um determinado tempo, viu e se ocupou com um “próximo” que carecia de ajuda. Que foi por causa da sua atitude que eu pude seguir o meu caminho. Obrigado por ter me percebido.

30.8.09

Lilli Marie!

Olha que coisa mais linda, mais cheia de graça
Schau mal was ein schönes Mädchen, Sie strahlt ja so viel,
É a Lilli Marie que já nos abraça
Unsere Lilli Marie umarmet uns schon
De colo em colo ensinando amar
Um Liebe uns lehren es ist wunderbar…

Hoje é o teu batizado e vais ser marcada
Heute wirst du getauft, wirst auch gekennzeichnet
Co´a cruz de Cristo, é a vida que pulsa
Mit Christus Kreuzes, das Leben ist da
E que te integra no Reino de Deus
Und integriert dich im Reich Gottes jetzt

Anne e Tobias
Anne und Tobias
Pais tem autoridade
Eltern haben Autorität
Que se resume em serviço
Die mit Arbeit zu tun hat
Inclinar-se é igual a doar-se
Sich bogen ist von sich geben
Isso é o que cabe a voçês
Das ist eure Aufgabe

Lilli Marie te levanta, te acorda pra vida
Lilli Marie steht auf, erwach dich fürs Leben
O mundo te espera de braços abertos
Die Welt kommt zu dir mit offenen Armen
E te desafia a viver o amor…
Und wartet dass du auch die Liebe lebst...

19.8.09

Retrato


Dia ensolarado e quente.
Eu na rua, no batente
E lá veio você,
Assim, bem de repente.
Linda, elegante, sempre evolvente
Rosto umedecido e corado
Retrato que, só, guardo extasiado.

11.8.09

Vladivostock


Estávamos hospedados num pequeno quarto. O pingo que pingava da velha torneira já escurecera o fundo da pia com seu pingar. Ouvi-o durante toda a madrugada. A manhã cinzenta contrastou com a euforia dos futuros amigos. O povo tinha viajado dois, três, cinco mil quilômetros para tomar parte no retiro anual promovido pelo amigo Brookmann. Pedia-se pressa para não perder o ônibus.

O café foi com ova de peixe. Falava-se russo à mesa. O casal de missionários americanos falava inglês. Trataríamos do tema “crendices” em alemão. O ônibus no qual viajamos não tinha marca e os seus 45 bancos estavam ocupados por pessoas sedentas da Palavra de Deus. No corredor iam os mantimentos e um cão educado. O retiro teria a duração de 17 dias. Já nós teríamos que sacolejar 500 quilômetros para chegarmos ao destino.

Doze horas de viagem depois estávamos exaustos e cobertos de poeira vermelha. Lembrei da minha Tenente Portela dos idos de 1959. Ah um banho! Mas onde estavam os banheiros? Simplesmente não os encontramos e ninguém sabia nos explicar nada. Sim, havia um lago nas imediações, mas sua água era geladíssima. Banhei-me nele, tremendo de frio. Enquanto isso as pessoas sorriam sorrisos abertos...

10.8.09

Depressão

Quando alguém vive sob o predomínio anormal de muita tristeza então se diz que a depressão se instalou naquela pessoa. Todas as pessoas, homens e mulheres, de qualquer faixa etária, podem ser atingidas por essa doença. Sabe-se que as mulheres são duas vezes mais afetadas que os homens e que nas crianças e nos idosos essa doença tem suas características particulares.

Ouve-se dizer por aí que as pessoas cristãs não podem experimentar depressão, ter a sensação de estar diante de um abismo escuro. Outro dia ouvi da boca de uma pessoa querida que pessoas depressivas têm pouca fé. Que elas experimentam este estado de espírito porque relaxaram na questão da oração; porque não se esmeraram na luta contra a depressão. É errado pensar assim!

A Palavra de Deus, inúmeras vezes e com muita abertura, trata do tema da “depressão”. Nenhum dos grandes nomes da Bíblia como Abraão, Jacó, Moisés, Elias, Pedro e Paulo escaparam de vivenciar “dias escuros” em suas vidas. O próprio Filho de Deus não foi poupado deste sentimento de profunda solidão e de falta de esperança quando esteve no Gólgota.

Não! Deus não reprova o estado de espírito de quem sofre depressão. Deus não articula nenhuma crítica aos seus queridos que sofrem desse mal. Deus não precisa repreender as pessoas que sofrem de depressão. Ele também não desafia estas pessoas a estudarem mais a Bíblia. Nada disso! Assim como Deus incentivou o profeta Elias (1 Reis 19.4-8) com o envio de um anjo para despertá-lo; para lhe oferecer pão; para lhe alcançar água; para lhe abrir a possibilidade de novas perspectivas e para lhe deixar claro que ainda era útil, Ele também quer nos incentivar a fazer o mesmo com quem sente a mesma dor e caminha do nosso lado.

Quem sofre de depressão não está sozinho. Milhares de pessoas experimentam estes sentimentos que não têm absolutamente nada a ver com falta de fé; com falta de oração. Elias não estava no fim de suas forças porque não cria mais em Deus e sim porque tinha doado todas as suas forças em prol do seu engajamento na proposta de Deus. Mas esta história não precisa terminar aqui. Repito: Tu e eu, nós podemos ser “anjos” de pessoas que sofrem de depressão. Como? Animando, dando pão, possibilitando uma nova visão, promovendo engajamentos...

31.7.09

Edson Saes Ferreira


Isso foi em 1980. Eu estava chegando e ouvi gostosas gargalhadas dentro do minúsculo gabinete onde tentava dar conta do meu estágio. Meu monitor, uma liderança da Senhor dos Passos e o Edson Saes Ferreira lembravam dos tempos da Facteol e, no meio da “farra amiga”, faziam referência ao Prêmio Nobel de Literatura Alexandre Soljenítsin... Os tempos ainda eram meio “bicudos”.

Fui agir como pastor no Noroeste do Paraná. O colega veio evangelizar na nossa Paróquia. Ainda nos anos 80 fomos colegas evangelistas da IECLB. Quantos encontros, quantos sonhos, quanto diálogo. Alguma coisa daquilo tudo vingou. A vida foi rolando e num instante nos vimos colegas em Florianópolis. Afiamo-nos como dois ferros se afiam (Provérbios 27.17). Completamo-nos enquanto o nosso chamado se desenrolou em conjunto. Quando vim de longe, visitei-o duas ou três vezes e ele articulava o Sínodo. Acompanhei-o quando da sua estada na UTI do Hospital Universitário. Nos últimos trinta meses trocamos algumas novas figurinhas.

Neste momento corre a notícia de que ele foi pego por um AVC. Imagino seu peito apertado e seu coração trôpego. Seus pensamentos devem estar voando pelos mil espaços percorridos, pelos mil diálogos entabulados, pelas mil circunstâncias administradas, pelos mil momentos de aprendizados sofridos. Sinto que gostaria de dirigir à palavra a nós, mas não pode. As paredes hospitalares o impedem.


Conheço-o e sei que está orando! Creio que Deus ouve e reage à sua oração pensada. Que tal “gritarmos” a Deus por ajuda? O salmista disse: “Invoca-me no dia da angústia: eu te livrarei, e tu me glorificarás.” (Salmo 50.15) Estou fazendo isso enquanto penso em você companheiro...

22.7.09

Alegria!


Alegria - boa esta palavra. O ato de alegrar-se é ativo. Eu sou quem decido se vou ser alegre ou não. Eu não sou alegrado, mas eu me alegro! A experimentação da decepção, do desprezo, do medo, de ser presenteado, de ser querido e até amado é passiva.

A alegria constrói boa base para a vida de uma pessoa. Já perceberam como as pessoas alegres sempre se mostram bem? Este estado de espírito mexe positivamente com quem está próximo. Ouse sorrir para alguém! É quase impossível pensar na possibilidade de que o sorriso dado não seja correspondido. Creia! Faça o teste... Ver o que os outros fazem com os olhos críticos gera desgaste em mim. Já olhar as coisas que acontecem com bons me constrói.

A alegria influencia a nossa alma e o nosso corpo. Um estudo sustenta que posturas antipáticas causam mais enfartes do que sobrepeso; fumo ou pressão alta. Em contrapartida, a alegria promove a saúde física e mental, espiritual. Ela gera qualidade de vida e aproxima os indivíduos entre si.

8.7.09

Julho de 1982!


Nestes dias está fazendo 27 anos que nos informamos como pastores da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil. Lembro dessa foto. Estávamos posicionados na escadaria que levava ao palco de teatro do Colégio Sinodal, no Morro do Espelho, em São Leopoldo (RS).

Na platéia estavam os nossos familiares e todos os nossos professores. Lembro que meu filho mais velho, o Àquila que, carregando seus dois aninhos corria lépido pelos corredores do salão, sem se importar com o barulho que fazia. Nos nossos corações palpitava desejo muito grande de servir nossa Igreja em todos os cantos e recantos do Brasil.

Dois dias depois acabei embarcando, de mala e cuia, para Cianorte (PR). Fomos morar na Avenida Mato Grosso, 1046. Foi lá que a Valmi e eu iniciamos nossa vida no pastorado. Ainda lembro com saudades das amigas e dos amigos que cunhamos naquela cidade e em outras tantas do Noroeste do Paraná.
Ainda cito as cidades de Querência do Norte, Paranavaí, Cidade Gaúcha e Umuarama e, assim, penso estar contemplando todas as outras daquela região com todo o meu carinho. Saudades daquela gente boa!

9.4.09

Dá-lhes!


Abaixo transcrevo a poesia que escrevi em homenagem à Valmi, minha esposa, no dia em que ela foi instalada como Obreira Diaconal do Sínodo Norte Catarinense!

Esperam que expresses “Strahlung
E isso, sempre antes de ir e vir.
Tanta coisa acontece na volta dos dias
Tuas ações sempre soam melodias.

Vai, desnuda teu sorriso “am Abend”.
A noite é escura e esconde tristezas.
A vida vai passando, passando
E muitos te sonham diaconando.

Inúmeros se cansaram da “Eintönigkeit
Sei, tua marca nunca foi monotonia
Vais dizer, sugerir excelentes detalhes!
Eis aí o teu chamado: dá-lhes!




30.3.09

Missão na Universidade!


Todos precisamos bem respirar para nos mantermos vivos. Com a Igreja acontece o mesmo. Ela inspira e depois expira as bênçãos que Deus derrama.

A Bíblia explicita que o Espírito de Deus sempre nos atinge como “vento” ou como “brisa”. Assim, à Igreja cabe inspirar esse vento, essa brisa, se quiser sobreviver como “Corpo de Cristo” na face da terra. Agora, se ela quiser continuar sendo “testemunho vivo, santo e agradável”, ela também precisará exercitar-se na expiração das graças alcançadas.


A MIUNI (Missão Universitária) sonha manteve-se ativa como proposta missionária em Joinville /SC! Para tal, deverá deixar-se impelir pelo Espírito Santo para fora das suas cercanias e expirar a graça de Deus no Campus Universitário. Esta sempre deverá ser a sua “missão”.

20.2.09

Tempo de Férias!

Voltei das férias. Cruzei os estados de Santa Catarina e do Rio grande do Sul. Num dado momento, ultrapassei a fronteira seca que separa o nosso Brasil do Uruguai. Foram vinte dias encharcados de vivências. Neles celebrei um casamento de amigos e fiz muitas visitas. Também agilizei pequenos consertos nas residências de queridas e queridos. Neste momento me recordo de uma frase que decorei no percurso dos meus cinquenta e quatro: - “Não, não posso parar, se eu paro eu penso, se eu penso eu choro...”

Dou graças a Deus por ter vencido esta minha inclinação para o ativismo. Sim, por que durante a viagem, muito eu também sentei para dialogar. Acabei de contar nos dedos. Fiz mais de sessenta contatos, todos eles marcados por conversas desencadeadoras de alegria, mas também de preocupações. Como pode que existe tantos problemas para irem sendo resolvidos à medida que avançamos nossos dias?

Chegando em casa, havia um cartão da irmã Elise sobre a minha escrivaninha. Suas palavras escritas soaram aconchegantes. No verso do referido a linda foto que vocês podem ver acima. É uma imagem de Marrocos. Olhei-a com carinho e logo lembrei da pastora Solmi. Foi seu esposo que me disse que as ovelhas comportam-se tal e qual nós, os homens e as mulheres.

Praia, areia, montanhas, comunhão, convívio com quem me faz falta. Ah que coisa boa estar esperto para a vida que ainda quero viver...

2.1.09

Pastoral Inocens

Faz seis meses e alguns dias que aniversariei,
meus amigos diriam que 54 já emplaquei.
Os dias da minha vida se amontoam, um a um.
Empilho-os, organizando-os sem jejum.
Em histórias se resumem os dias que celebrei.
Haverá alguém que as ouvirá com mesura?
Será que as contarei todas, sem censura?
Mudarão elas comportamentos, posturas?

Presentes e beijos, tudo já colecionei,
até uma Pastoral Inocens eu já ganhei.
Exercito-me sempre nas cordas da alegria.
Inspiro os seus bons perfumes no dia-a-dia.
Hoje firmo a vida na experiência que colecionei.
Haverá quem se beneficie desse bem?
Será que ainda poderei impulsionar alguém?
Optará ele pela cor definida, que não vai-e-vem?

26.12.08

Recortes de Memória III!

Eu trabalhava numa oficina mecânica de fundo de quintal. Iniciava minha jornada nas manhãs de segundas-feira e encerrava-as 12.00h de sábado. Tomava banho, almoçava e lá ia eu articular, conviver com todas aquelas amigas e todos aqueles amigos granjeados nos encontros de Juventude Evangélica. Voltava para casa tarde da noite, aos domingos. Aquele movimento me fazia muitíssimo bem. Eu crescia dentro do grupo a partir da participação em Congressos Distritais e Regionais e com base num sem número de Retiros Espirituais. Tudo era muito dinâmico e eu logo fui pegando gosto pelas coisas da Igreja. O tempo corria.

Ao mesmo tempo, dentro de mim cresciam sempre mais pontos de interrogação. Os hormônios estavam a flor da pele. Será que a oficina mecânica era verdadeiramente aquilo que eu queria para a minha vida. Havia meninas jogando seu charme para mim, enquanto assistia as aulas diurnas e, depois, noturnas do Colégio Estadual Ernesto Alves de Oliveira. Aqui e ali, íamos aos bailes interioranos para dançar com as meninas da Linha Santa Cruz. Num e noutro momento alguém me "espetava" com a pseudo-informação de que "dançar" e "jogar bola" era pecado. Quanta confusão na minha cabeça. Sim! Eu também tinha a possibilidade de namorar meninas ligadas à JE, mas quem? Por outro lado, sentia-me diminuido por ter mexer com gasolina, com graxa. Hoje tenho clareza que minha auto-estima era baixíssima.

Certo sábado, depois de voltar de uma das minhas viagens a Candelária, chefuei em cima do laço numa das nossas reuniões que aconteciam aos sábados. De cara, vi uma menina novata, loira, olhos verdes, falante e cheia de sotaque gauchesco. Fui me encantando no meio das minhas crises. Eu queria mas também não queria compromisso. De repente a minha história passou a ficar embaralhada, muito complicada, totalmente misturada. Eu precisava tomar decisões particulares. Fora de Santa Cruz do Sul havia um mundo a ser descoberto. Já na Capital do Fumo a vida ia seguindo seu ritmo...

17.12.08

Feliz Natal e Bom Ano de 2009!

Gente querida!

Maria e José - duas pessoas muito diferentes entre si, mas com algo em comum: Um anjo de Deus falou-lhes para que “não tivessem medo”!

Maria assusta-se com a informação de que vai gerar o Filho de Deus! Ela é inexperiente, filha de gente muito simples. Como irá assumir tão grande compromisso? O que é que o seu noivo irá dizer daquela situação inusitada? O compromisso parece ser pesado demais para ela carregar... José se desespera. Sua noiva espera um filho que não é seu. O que fazer? Como administrar os comentários preconceituosos das pessoas? O que é que sua amada aprontou? Não! Ele não consegue compreender direito tudo aquilo que está acontecendo...

Duas situações dificílimas! De repente, tudo muda de figura. O anjo diz: - Não tenham medo! Deus está com vocês! Ele não deixará vocês na mão. Ele não permitirá que o medo tome conta de suas vidas. Ele acompanhará vocês nos seus caminhos. Boas palavras para nós e também para vocês, com certeza!

Eis a mensagem que a Valmi e eu pensamos para repartir. Feliz Natal e um Bom Ano de 2009. Que possamos viver sem medo a vida que Deus nos pensou!

16.12.08

Recortes de Memória II!


Havia alegria no ar por causa daqueles encontros inusitados em Novo Hamburgo. Eram pessoas de todos os lugares. Gente com lindos sorrisos confiantes iluminando o rosto. Corria de boca em boca que o pastor Aamot era americano e que tinha uma equipe de homens aos quais chamava de discípulos. O número um deles era um tal de Carlos. Vi-o caminhando por entre as pessoas com sua maleta 007. Também tive o privilégio de ver os papéis que estavam dentro da mesma. Tudo estava caracterizado como sendo de suma importância. Os palestrantes tinham palavra boa, compreensível até para nós, moradores do Vale do Rio Pardo. Ainda lembro do título de uma palestra que estava sendo proferida pelo jovem pastor Arzemiro: O mundo do Zé!

As meninas que circulavam pelos corredores eram lindas e todo mundo ia movido por objetivos concretos, durante aquele encontro. Conheci muitas pessoas com as quais, mais tarde, ainda faria grandes amizades. Dialoguei com o pessoal que compunha o Grupo Terra Nascente. Disseram-me que eu poderia chamar o pastor João de meu bisavô espiritual, uma vez que o mesmo tinha gerado o pastor Sérgio na fé e este, à Neuza. O final de semana transcorreu rapidamente. Lembro que viajamos para casa num dos ônibus amarelos do Expresso Gaúcho. Começava um momento novo para mim. Coisa boa ser querido, ser chamado pelo nome, ser contado dentro de uma organização.

A JESC, Juventude Evangélica de Santa Cruz do Sul, seria o lugar onde iríamos desenvolver os nossos dons e talentos. Foi então que, com as costas aquecidas pelos grupos ECO, decidimos evangelizar, (Pasmem!) as cidades de Venâncio Aires, Vera Cruz e Candelária. Coube-me a última. Semanalmente, aos sábados à tarde, num dos ônibus da Auto-Viação Santa Cruz, dirigia-me até lá. Depois de algumas semanas, acabei montando um Grupo de Estudos Bíblicos na casa da família Steil e a vida sorria...

21.11.08

Recortes de Memória I

Acabei de rever uma foto onde me vejo posando com uma Bíblia debaixo do braço, ao lado do Luís (falecido), da Neuza e de sua irmã Nelci (falecida) e da Sara da qual não tenho mais notícias desde 1975.

Tínhamos acabado de assistir um Culto Especial no templo central da Comunidade Evangélica Luterana de Novo Hamburgo. Lembro que havia euforia no ar naqueles dias de 1971. Ali, pela primeira vez na vida, eu tive a oportunidade de testemunhar para mais de 400 pessoas. Compartilhei sobre os inícios da minha caminhada cristã para o povo que até ali tinha viajado de várias cidades do Rio Grande do Sul. Todos me acolhiam com olhares simpáticos. Estávamos tendo a honra de participarmos de um dos Primeiros Encontros Regionais dos Grupos ECO (Estudo, Comunhão e Oração). Depois daquele encontro viajamos para casa incendiados pelas novas experiências.

Como um dos líderes da Juventude Evangélica de Santa Cruz do Sul, articulei um dos Grupos de ECO santa-cruzense. Reuníamos no domingo à tarde, durante 90 minutos, com o objetivo de sugarmos as Boas Novas de Deus de dentro das Escrituras, a partir de Estudos Bíblicos pré-formatados pelo renomado pastor Aamot. Ainda lembro de todos os participantes reunidos lá em cima, bem no canto, ao lado direito de quem entrava no templo. Éramos todos jovens, a Marlene, o Vanolir, o Milton, o Heini, a Tânia e a Sara.

Enquanto crescíamos na fé dentro de um ritmo não muito abençoado pelo nosso querido pastor Werner, desenvolviamo-nos sonhando com mais contatos com o então jovem pastor Schaefer, o grande articulador daqueles momentos entre nós...

18.11.08

Será que precisava ser assim?


Amigas e amigos!

Vem chegando o Natal. Descobri uma prédica que proferi no templo da Comunidade Evangélica de Florianópolis (Rua Nereu Ramos, 37) no dia 25 de dezembro de 1992. Lá se vão dezesseis anos. Reli a mesma há pouco. Acho que fui muito duro com quem me ouvia. Coisas da vida! Dêem uma olhadinha e reajam... Bom Advento para todas e todos!

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Introdução

Ao estudarmos a Bíblia vamos perceber que a mesma sempre prediz duas vindas de Deus aos homens e às mulheres: A do Prometido para cumprir o plano salvífico de Deus e presidir a formação de Seu povo, a Igreja e a da volta de Cristo, em poder e glória, para julgar os vivos e os mortos e dar-lhes o devido destino com a criação de novos céus e novas terras onde habitará justiça.

A primeira vinda já ocorreu. Ela se deu quando do nascimento de Jesus em Belém. A segunda vinda ainda será verdade uma vez que está documentada na Bíblia com cerca de 300 profecias. É desta Segunda Vinda que queremos nos ocupar agora neste 25 de dezembro de 1992. Estamos vivendo o momento de preparação para a espera do Rei. Ansiamos pelo Prometido, Jesus Cristo que vem.

Como será o Prometido?... Será Ele um Rei poderoso?... Será Ele um político excepcional?... Será Ele um exímio estrategista militar?... O profeta Zacarias responde estas perguntas. Quem dos presentes quer ler Zacarias 9.9-10?... Por favor!

O texto ebulindo

Eis aí palavras proferidas por Zacarias ainda a.C. Já no início da era cristã os evangelistas Mateus e João confirmaram: - “É isso mesmo! O Prometido está aí. É o marceneiro e pregador Jesus de Nazaré, que entrou em Jerusalém montado num burrico.”

Observem! Algumas coisas interessantes são ditas Dele: Se diz que Ele é justo. Que Ele age conforme a vontade de Deus. Que Ele deixa de lado os seus desejos, o Seu comodismo e as Suas vontades só para fazer a vontade do Pai. Se diz que Deus O ajuda reconhecendo e recompensando a Sua obediência. Se diz que Ele é humilde. Se lê que Ele é um sujeito que não tem nada, nem reputação, nem bens, nem fama, nem nada. Se ouve que Ele é um João Ninguém que, ao invés de vir montado num brioso e altaneiro cavalo puro sangue, vem montado num burro. Será Ele um louco? Será Ele um frouxo? Será Ele um maricas que sempre leva na cabeça e nunca reage? Que não se mexe? Que só apanha e não faz nada de positivo?

Nada disso! Ele é um Rei! Um Rei que erguerá um Reino de mar a mar. Um Reino que encobre cada palmo deste planeta. Um Reino com características bem próprias. Um Reino que o mais absurdo futurologista não ousa sonhar. Um Reino sem carros de guerra e sem cavalos de batalha; sem revólveres e sem metralhadoras; sem tanques, bazucas, morteiros, granadas e fuzis; sem porta-aviões, torpedeiros e submarinos; sem caças a jato, bombardeiros e mísseis; sem energia nuclear e sem armas bacteriológicas; sem Exército, Marinha ou Aeronáutica; sem soldados rasos, cabos, coronéis, generais e marechais; sem criminosos, prisões e cadeira elétrica... Um Reino sem violência, seja qual for a sua forma.

Sim, Ele é um Rei! Um Rei que proclamará paz aos povos. Vocês sabem o que significa o termo paz para os hebreus? Para eles a paz não é somente a ausência de guerras. Paz é a integridade absoluta em todas as condições, situações e relações humanas. Para eles a paz significa bem estar físico e material. Nada de câncer, enfartes, úlceras nos estômagos, desidratação, debilidade mental, desastres pavorosos, miséria, fome, retirantes, enchentes, secas. Para eles paz é saúde, salubridade do ambiente, vida regrada e sadia, fertilidade, teto e comida. Para eles paz é relação harmoniosa, íntegra e perfeita: nada de calúnias, boatos e fofocas; nada de abismos entre reduzidas camadas abastadas e enormes massas famintas, sem teto e sem roupa; nada de extorsão e espoliação do mais fraco pelo mais forte; nada de brigas em família, entre irmãos e entre cônjuges. Para eles paz é a relação harmoniosa, íntegra e perfeita entre Deus, os homens e as mulheres, ou seja: as mulheres e os homens fazem a vontade de Deus e Este os ampara e conduz.

Isto é paz. Todos os aspectos que citei estão relacionados entre si. Não pode haver ausência de guerras e violência enquanto um único ser humano continuar de barriga vazia. Não pode haver harmonia entre os homens, enquanto não houver harmonia com Deus. Paz é o todo. Paz é a saúde absoluta do mundo. Este é o Reino do Prometido. Com este Reino Ele dominará a terra de ponta a ponta, de um extremo ao outro.

Como já disse, estamos comemorando a festa de aniversário da Primeira Vinda do Prometido. Ele já veio uma vez e agora, definitivamente, esperamos que venha ainda pela última vez. É momento de preparar-se para a vivência no Reino da Paz que ainda não foi instalado. A instalação definitiva se dará quando da Segunda Vinda. Quer queira quer não, a meta para caminharmos é o Schalom, a paz de Deus.

Para assumirmos o desafio

Hoje estamos vivendo o tempo entre a Primeira e a Segunda vinda de Cristo. Temos a nos empurrar para frente o anúncio e a mostra de como será o Reino. A nos puxar está a meta a ser buscada. É o SCHALOM, a paz de Deus a nos abanar. Então, vivendo entre um marco e outro, sabedores da meta a perseguir e, conscientes do interesse de Deus na nossa condução, não resta alternativas. Temos que acompanhar o curso da História e assumirmos a Sua proposta.

O cristão deverá opor-se a toda espécie de guerras, de ocupação e de intervenção, a toda espécie de violência. Eis aí uma atitude que exige dedicação e postura clara diante dos muitos conflitos que abalam o mundo, a sociedade, diante de qualquer forma de violência praticada em nosso meio. Penso nas guerras, nos Regimes Racistas, nas torturas dentro das prisões, na violência dos empregadores inescrupulosos contra trabalhadores e empregados desprotegidos, na violência praticada por nós contra aqueles que nunca tiveram o privilégio de nunca consultar um médico, de adquirir os caros medicamentos do nosso mercado, de freqüentar uma escola. Sim, somos culpados e aumentamos mais a nossa culpa quando deixamos de abrir a boca.

Nossa esperança do Reino da Paz precisa deixar marcas profundas também, e antes de mais nada, na nossa vida privada. Não pode haver violência entre nós e o nosso próximo. E violência, aqui, não significa apenas bofetadas e pontapés: o simples olhar rancoroso ou desinteressado que lançamos ao semelhante já é um ato de violência. Violência também é a fofoca que espalhamos. É a mancha que colocamos na reputação de uma pessoa. Violência também é a atitude de orgulho, de desprezo, de falta de companheirismo que assumimos na família, no trabalho, no grupo em que atuamos. Tudo isso é contrário à marcha de Deus com a humanidade em direção ao SCHALOM.

Conclusão

Aceleramos ou bloqueamos o caminho de Deus no mundo e com o mundo? Busquemos forças junto àquele Rei humilde, pobre – e tremendamente atuante. Vamos segui-lo, imitá-lo na Sua obediência incondicional à vontade de Deus. Vamos marchar com Ele em direção ao SCHALOM.

Vibra de alegria Florianópolis. Exulta Comunidade Evangélica Luterana porque o teu Rei vem a ti... Amém!


30.10.08

Nada é de graça!


De repente, no meio daquela manhã ensolarada, ouviu-se um barulho simplesmente infernal. Os ferros rangiam e os monstros amarelos roncavam. O cheiro fresco da terra revolvida se misturava ao da fumaça. Enquanto as lâminas frias de aço iam rasgando a colina bem ao meio, ficava evidente uma grande divisa.

E foi assim que as formigas do sul foram separadas das do norte. Folhinhas tenras que antes eram comungadas lá no alto do morro, passaram a ser propriedade das moradoras nortistas. Já as dificuldades das que viviam no plano mais baixo, sempre expostas às correntes de água suja, convertiam a vida das formigas sulistas em luta inglória.

E foi assim que as formigas do norte foram se dando bem, enquanto trabalhavam sem descanso. Já as do sul nem tanto. Com o tempo as formigas do alto da colina progrediram tanto que passaram a enviar pequenos ajutórios para as que moravam abaixo da linha divisória. Por sua vez as ajudadas se inclinavam demais, enquanto recebiam os donativos.

Passaram-se alguns invernos e as formigas do norte decidiram ousar mais: repartiriam em pequenas doses as suas descobertas com as do sul. Assim passaram a vir em equipes de estudo, através de minúsculos túneis cavados debaixo da estrada, e assim esnobavam o seu progresso. As formigas do sul, sempre admiradas, aceitavam tudo acríticamente.

Certo dia “choveu na horta” de uma das formiguinhas sulistas e ela teve a chance de visitar um dos formigueiros doadores. Numa sala de barro marrom e moído, estava um painel onde se via um mapa com todos os formigueiros do sul representados. Os marcados com minúsculos alfinetinhos verdes eram “os submissos”. Já os alfinetinhos vermelhos indicavam os “sujeitos à conquista”.

Na sua longa viagem de volta, ela refletiu que “nada era de graça” e seguiu seu retorno cabisbaixa. Um dia seus pares iriam entender o que acabara de entender...

5.9.08

Só para Pensar!

Eu era criança. O inverno estava frio e seco. O sol tinha vindo beijar a porta da nossa casa. Se ela ainda estivesse em pé, 50 anos depois, poderia parecer-se com a da foto acima. Alguém bateu palmas e fui atender. Ao abri-la, uma pequena cobra verde se enroscou no meu pé e me picou. Mostrei o pequeno ferimento à minha mãe. Eu não sabia explicar o ocorrido com detalhes. Disse-lhe que uma “cebola verde” tinha se enrolado na minha perna e me machucado.

Desespero!... Não existia telefone, pelo menos ali onde morávamos e meu pai estava trabalhando na oficina mecânica. Ninguém da redondeza possuía automóvel. Lembro que minha mãe me pegou no colo e começou a correr mais ou menos um quilômetro estrada afora. Seus pulmões pareciam querer sair pela boca. De pronto, meu pai conseguiu um jipe com capota de aço que pertencia a um dos seus clientes. Parece incrível: chamavam-no de "Seu Lima". Jamais esquecerei do tamanho daquela injeção que tomei no hospital.

Hoje me pego olhando para trás. O poeta Moisés escreveu que a vida é como um “vôo” (Salmo 90.10). Quantas pessoas se doaram para que nós, neste momento, pudéssemos estar aqui, fazendo as coisas que fazemos. Quanta história experimentada neste curto período de vida que Deus ainda nos presenteia com o objetivo de amadurecer-nos para um sério compromisso com Ele. Só para pensar!

5.6.08

Sobre a Estética dos nossos Espaços!


A arquitetura e os espaços onde nos encontramos como Comunidade deveriam ser o ponto de partida, se quisermos levar a sério a nossa comunhão; a nossa missão aqui na São Mateus. O ambiente no qual nos reunimos sempre haverá de tocar as nossas almas com as possibilidades e as virtudes que sua arquitetura apresenta.

As possibilidades e virtudes que invadem nosso corpo através dos sentidos são captadas pelos nossos sentimentos ali onde nos sentamos. Assim, ambientes frios, escuros; com ornamentação viciada e cadeiras desconfortáveis nos põem para baixo. Já ambientes claros, bonitos, ventilados e bem ornamentados contribuem enormemente para um estado de espírito mais positivo.

Quem se dá conta disso, acaba percebendo que não somos apenas pessoas que agem, que se alegram e que sofrem subjetivamente, apenas. Existe uma dinâmica dentro do nosso organismo que já foi constituída por Deus, desde o nosso nascimento. O ato de levarmos em conta aspectos estéticos, não nos roubará nenhum dos objetivos transmitidos. Antes pelo contrário, nos ajudará a aprofundar e a caminhar pelos caminhos interiores que estão construídos dentro de nós mesmos.

Assim, nunca deveríamos fugir da possibilidade de refletirmos sobre a estreiteza; o aperto; a abertura e o espaço que os nossos corpos necessitam para desenvolverem suas sensibilidades dentro das salas que dispomos. Sim, porque os nossos sentimentos sempre acontecem dentro do corpo e a arquitetura que nos rodeia pode ajudar sim na nossa saúde física e espiritual...

1.6.08

Mensagem da Assembléia Sinodal!


O texto abaixo, eu o escrevi para ser a mensagem da Assembléia Sinhodal do Sínodo Norte Catarinense ocorrido neste final de semana. Algumas irmãs e alguns irmãos ajudaram no correção do Português e assim o texto foi aprovado...


Nós, delegadas e delegados da 11 Assembléia Sinodal do Sínodo Norte Catarinense, realizada nos dias 31 de maio a 01 de junho de 2008 em Massaranduba, Estado de Santa Catarina, estamos apaixonadas e apaixonados pela missão de Deus. Isso mesmo! Estamos felizes...

- pelo fato de darmo-nos conta de que, no passado, éramos uma Igreja voltada para a preservação da fé e que, agora, já fincamos nossos pés no chão brasileiro, com o intuito de difundirmos esta mesma fé.

- pelo fato de darmo-nos conta de que a memória dos nossos antepassados nos empurra para frente tal como, um dia, já empurrou o povo de Israel, em meio as suas crises e vitórias.

- pelo fato de darmo-nos conta de que não podemos simplesmente terceirizar a espiritualidade das nossas filhas e filhos para a Igreja, mas sim articularmos gestos de amor que desestabilizem as desesperanças implantadas pela sociedade nas nossas famílias.

- pelo fato de darmo-nos conta de que nos cabe investir mais e mais nas gerações mais novas e isso, mesmo que seja a fundo perdido uma vez que o Reino de Deus sempre cresce quando se investe em lideranças, tal como Jesus investiu nos seus discípulos.

- pelo fato de darmo-nos conta de que não nos cabe adaptarmos a Igreja ao mundo no qual vivemos e sim buscarmos um novo jeito de semearmos o amor de Deus que faz crescer a nossa fé, criando espaços nos quais a juventude experimenta amor e luto; bondade e justiça.

Ora, nós sabemos que a realidade que nos cerca é escravizante, isto é, que deuses estranhos nos envolvem sutilmente de múltiplos lados: dentro da família, do trabalho, do lazer e, inclusive na segurança de nossa fé cristã. Estamos constantemente sendo incitados a nos submetermos às forças que nos desafiam a sermos os primeiros, a vencermos custe o que custar. Enfim, estamos cientes do bombardeio a que as mentes dos nossos jovens estão sendo submetidas em todos os níveis.

Como cristãs e cristãos, diante dos graves problemas que nos cercam, percebemos pessoas desprovidas de emprego; de paz integral; de educação; de futuro; de subsistência e isso nos inquieta: - "Como comunicaremos o Reino de Deus, a novidade da Graça estranha a este mundo, às pessoas, especialmente à juventude à nossa volta?"

Tentando responder esta pergunta, como Igreja Cristã, daremos passos concretos e urgentes no sentido de “proclamarmos a reconciliação no poder do Espírito Santo” para que num futuro bem próximo “velhinhos e velhinhas possam vir a sentar-se nas praças repletas de meninas e meninos” que, por sua vez, brincarão nos espaços que vamos conquistando como famílias, Comunidades, Paróquias, Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil...

23.5.08

Quarto 709


O telefone tocou e pediram que fizesse uma visita hospitalar. O tempo estava mormacento. O parque de estacionamento estava lotado. Precisei rodar um bom bocado para achar espaço, rente à calçada para bem guardar o carro comunitário. Caminhei até a “casa de saúde” um tanto apreensivo. A porta de vidro do prédio abriu-se automaticamente para a minha entrada. A atendente conferiu minha carteira de obreiro pastor e, com sorriso ensaiado, indicou o caminho para o elevador. Fui passageiro só até o sétimo andar, naquele cubículo móvel. No final do corredor, sim, ali estava o número 709 cravado na porta. Uma passagem marcada pela dor que as partidas fazem doer. No leito uma jovem senhora esperando um milagre. Era esposa de marido querido e mãe de filha pequena. Sentada, ostentando pequenas sondas pelo corpo, olhava-me com olhar sincero, escuro, penetrante e tingido de realidade. Meus olhos encontraram os seus. Vi o fundo da sua alma sincera. Ficamos em silêncio. Aprendi com a vida que têm horas em que não devemos dizer nada, mas ela queria sim, ouvir algo de mim. Disse-lhe que Deus se inclinava para ela tal como o pai do filho pródigo tinha se inclinado para receber o seu querido que voltava. Compartilhou que não perguntava mais pelo por que e sim pelo para quê daquilo. Depois de alguns instantes oramos juntos. Despedi-me. O barulho do solado dos meus sapatos marcava o compasso da minha tristeza. Passei novamente pela porta, a triste porta...

6.5.08

O Pão da Vida!


Quem não gosta de sentir o cheirinho do pão fresquinho...

Em Mateus 6.11 o evangelista nos informa que Deus “nos dá, hoje, o pão nosso de cada dia.” O pão é um símbolo da vida. Já faz 6.000 anos que a humanidade é alimentada por ele. Gosto muito dessa palavra que, um dia, Mahatma Gandhi proferiu: - "Se um faminto te perguntar onde está Deus, presenteia-lhe um pedaço de pão, do pão do amor!" É comum em todas as culturas que o pão, esse pão que ingerimos como alimento no dia-a-dia, se entrelaçe com a solidariedade.

Antigamente, as donas de casa não ousavam fatiar o pão que elas mesmas faziam, sem antes fazer o sinal da cruz sobre o mesmo com a faca.

Na Antiga Roma as pessoas diziam umas às outras: - "Eu sou o “teu cumpanis””. A palavra “cum-panis” se aplicava àquelas e àqueles que eram generosos, que repartiam o pão (panis) e, assim, demonstravam camaradagem. Vem daí a palavra “companheiro”. Aquela ou aquele que reparte do seu pão.

Durante a travessia de 40 anos em que o povo israelita caminhou pelo deserto, ele foi alimentado por Deus com “manna”, com o pão que caia do céu. Este manna não era somente alimento de primeira necessidade. Ele também era um retrato espiritual do Filho de Deus, Jesus Cristo, que viria do céu para ser o nosso “pão da vida”.

Claro que não se trata de um acaso que Deus oportunizou o nascimento de Seu Filho Jesus Cristo em Jesuralém (a casa do pão). Aliás, em vida, muitas vezes Jesus se auto-apresentou aos Seus ouvintes como o “Pão da Vida” ou ainda como o “pão que veio do céu”. Que Deus nos abençoe na nossa trajetória de vida.

14.3.08

Para refletir na Semana Santa!

Certa vez, na longínqua China, um príncipe deu uma grande festa. Pessoas importantes foram convidadas para a mesma e a maioria delas veio em charretes. Chovia muito em frente ao portão de entrada acabou formando-se uma enorme poça de lama. Uma das charretes estacionou bem em frente a mesma. Um homem idoso, bem apessoado desceu da mesma, desquilibrou-se e caiu no lodaçal. Ergueu-se envergonhado. Estava totalmente sujo, triste por causa do ocorrido. Naquelas circunstâncias não poderia mais participar da festa. Como sempre acontece, alguns convidados já faziam as suas piadinhas. Um servo, que tinha observado o pequeno desastre, apressou-se em contar o ocorrido ao seu senhor. Este, mais do que depressa, veio para fora da sala. Alcançou o homem que já ia embora e pediu-lhe insistentemente que, mesmo enlameado, participasse do jantar festivo. Ele, não iria reparar na sujeira da sua indumentária. Mesmo assim o hóspede insistia em partir pois tinha receio de ser mal falado na referida festa. Ele também queria evitar constrangimentos. Neste momento o príncipe e seus assessores deixaram-se cair na poça de lama sujando, de cima abaixo, os seus ricos vestidos. Ato contínuo, tomou o seu hóspede pela mão e adentrou no salão ricamente decorado. Nenhuma pessoa ousou fazer qualquer comentário a respeito do senhor desastrado e sujo de lama.

Nós também estamos convidados a participar da festa do casamento de Deus. (Mateus 25.1-12) Nossas indumentárias também não se encontram em bom estado por causa dos pecados cometidos que, em última análise, nos tornam indignos de aparecer diante de Deus. Mesmo assim, podemos participar deste Grande Evento porque "Àquele que não conheceu pecado, Ele o fez pecado por nós; para que Nele fossemos feitos justiça de Deus." (2 Coríntios 5.21)

Na Festa de Deus podem participar todas as pessoas que reconhecem e crêem que Jesus Cristo é seu Salvador pessoal; que Deus lhes perdoou toda e qualquer culpa e que, portanto, estão justificadas de todo e qualquer deslize, desvio...

28.2.08

Áqüila e Daniel!


Aqüila e Daniel; Áqüila e Daniel; Áqüila e Daniel; Áqüila e Daniel; Áqüila e Daniel; Áqüila e Daniel; Aqüila e Daniel; Áqüila e Daniel; Áqüila e Daniel; Áqüila e Daniel; Áqüila e Daniel; Áqüila e Daniel; Aqüila e Daniel; Áqüila e Daniel; Áqüila e Daniel; Áqüila e Daniel; Áqüila e Daniel; Áqüila e Daniel; Aqüila e Daniel; Áqüila e Daniel; Áqüila e Daniel; Áqüila e Daniel; Áqüila e Daniel; Áqüila e Daniel; Aqüila e Daniel; Áqüila e Daniel; Áqüila e Daniel; Áqüila e Daniel; Áqüila e Daniel; Áqüila e Daniel; Aqüila e Daniel; Áqüila e Daniel; Áqüila e Daniel; Áqüila e Daniel; Áqüila e Daniel; Áqüila e Daniel; Aqüila e Daniel; Áqüila e Daniel; Áqüila e Daniel; Áqüila e Daniel; Áqüila e Daniel; Áqüila e Daniel; Aqüila e Daniel; Áqüila e Daniel; Áqüila e Daniel; Áqüila e Daniel; Áqüila e Daniel; Áqüila e Daniel; Aqüila e Daniel; Áqüila e Daniel; Áqüila e Daniel; Áqüila e Daniel; Áqüila e Daniel; Áqüila e Daniel; Aqüila e Daniel; Áqüila e Daniel; Áqüila e Daniel; Áqüila e Daniel; Áqüila e Daniel; Áqüila e Daniel; Aqüila e Daniel; Áqüila e Daniel; Áqüila e Daniel; Áqüila e Daniel; Áqüila e Daniel; Áqüila e Daniel; Aqüila e Daniel; Áqüila e Daniel; Áqüila e Daniel; Áqüila e Daniel; Áqüila e Daniel; Áqüila e Daniel; Aqüila e Daniel; Áqüila e Daniel; Áqüila e Daniel; Áqüila e Daniel; Áqüila e Daniel; Áqüila e Daniel; Aqüila e Daniel; Áqüila e Daniel; Áqüila e Daniel; Áqüila e Daniel; Áqüila e Daniel; Áqüila e Daniel; Aqüila e Daniel; Áqüila e Daniel; Áqüila e Daniel; Áqüila e Daniel; Áqüila e Daniel; Áqüila e Daniel; Aqüila e Daniel; Áqüila e Daniel; Áqüila e Daniel; Áqüila e Daniel; Áqüila e Daniel; Áqüila e Daniel; Aqüila e Daniel; Áqüila e Daniel; Áqüila e Daniel; Áqüila e Daniel; Áqüila e Daniel; Áqüila e Daniel; Aqüila e Daniel; Áqüila e Daniel; Áqüila e Daniel; Áqüila e Daniel; Áqüila e Daniel; Áqüila e Daniel; Aqüila e Daniel; Áqüila e Daniel; Áqüila e Daniel; Áqüila e Daniel; Áqüila e Daniel; Áqüila e Daniel; Aqüila e Daniel; Áqüila e Daniel; Áqüila e Daniel; Áqüila e Daniel; Áqüila e Daniel; Áqüila e Daniel; Aqüila e Daniel; Áqüila e Daniel; Áqüila e Daniel; Áqüila e Daniel; Áqüila e Daniel; Áqüila e Daniel; Aqüila e Daniel; Áqüila e Daniel; Áqüila e Daniel; Áqüila e Daniel; Áqüila e Daniel; Áqüila e Daniel...

26.2.08

Aventura em 1972 - 2


Lembro que passamos iodo nos arranhões. O senhor gordo que tocava a pequena hospedaria de beira de estrada nos fez ovos fritos que comemos com pão. Uma excelente ceia – diga-se de passagem. Nós precisávamos descansar. Caí na cama e dormi sono agitado. Logo de manhã se nos ficou claro que com a queda, o guidon da lambreta ficara descentralizado. O Edmar e eu éramos mecânicos de profissão. Ele especializado em automóveis DKW. Já eu em mecânica geral. Quer dizer, nossos problemas estavam facílimos de serem resolvidos. Em duas horas chegamos em Cruz Alta onde, quatorze anos depois eu viria a trabalhar como pastor da IECLB. Se naquela época alguém me soprasse uma semelhante idéia nos ouvidos eu simplesmente não acreditaria.

O pastor da Comunidade cruzaltense nos recebeu muitíssimo bem. Queria saber dos nossos objetivos. Doou-nos do seu tempo enquanto se esmerou em repartir um Estudo Bíblico conosco. Confesso que ouvia-o com pseudo-interesse. Os moços do lugar mostravam-se um tanto enciumados com nossa presença. A roda de jovens estava repleta e as meninas tentavam aproximar-se de todas as maneiras. O tempo foi passando e já no domingo pela manhã decidimos partir. Eu não queria sair mas era preciso. A lambreta tinha ronco limpo mas volta e meia o mesmo era quebrado por sujeira no esguicho do carburador. Abríamos o dito cujo para limpá-los e seguíamos viagem. A chuva que era fina passou a ficar grossa. O frio não respeitava nossas indumentárias umedecidas e impróprias para uma tal empreitada.

Viajamos um bom tempo calados. Ora era o motociclo com a placa 0139 que seguia na frente e ora a lambreta. O Luiz e eu éramos os eternos caroneiros. Enquanto descíamos pela Estrada da Produçao, há uns cinquenta km de Lageado, a lambreta começou a esquentar o seu motor. Lembro que andávamos uns 10 km e então estacionávamos no acostamento para que ela esfriasse. O seu bloco estava rachado e chovia cada vez mais forte. Eu sentia frio nos ossos e já começava a escurecer de novo. Continuo esta história noutro momento...

25.2.08

Aventura em 1972 - 1


Corria o ano de 1972. O Roque, o Luiz, o Edmar e eu andávamos muito juntos naqueles tempos. Todos tínhamos sonhos e pensávamos muito no nosso futuro. Assim, certo dia, resolvemos fazer uma grande viagem pelas estradas do Rio Grande do Sul. O Roque era dono de uma lambreta vermelha. Já o Edmar de um velho motociclo fabricado no final dos anos 40. Reunimo-nos para conversar sobre aquela aventura. Sairíamos de Santa Cruz do Sul e passaríamos por Venâncio Aires, Mariante, Lageado, Carazinho, Panambi e, finalmente, Cruz Alta. Lá visitaríamos o Pastor Sérgio Schaefer e seu grupo de jovens, a JECA (Juventude Evangélica de Cruz Alta). O Edmar e eu tínhamos objetivos maiores em mente. Foi por isso que decidimos encarar aqueles 500 km de estrada. Creio que o Roque e o Luiz só queriam aventura.

Chovia muito quando começamos a viajar naquela manhã de outono. A estrada era de barro e estava extremamente escorregadia. Lembro que depois de viajarmos cerca de 50 km, escapamos de ser atropelados por um caminhão carregado de fumo. Seu motorista precisou jogar o veículo na valeta para desviar nossas motos e, assim, poupar nossas vidas. Quando me lembro deste momento penso que ali, naquele exato momento, deveríamos ter retornado. Seguimos adiante. O tempo foi passando. Ainda lembro do ronco daqueles motores. Estávamos simplesmente exauridos quando, no município de Carazinho, fizemos pose naquela rodovia que ainda não estava asfaltada. Mais um pouco e seria noite. Do objetivo ainda estávamos relativamente distantes. Logo depois de clicarmos algumas fotos seguimos viagem.

A estrada estava toda sinalizada com tochas de chamas vermelhas das quais brotava odor de óleo queimado. A noite era escura. Quando foi de repente, caimos dentro de um buraco. O silêncio de todos me assustou. Entendi que pelo menos um de nós tinha morrido. Graças a Deus os arranhões foram poucos. Reunimos nossas últimas forças junto com nossas poucas economias e nos hospedamos num pequeno hotel, em Saldanha Marinho. Continuarei esta história noutro momento...

9.2.08

Compromisso!


Fui chamado por Deus para fazer a Sua obra. Procuro levá-la a cabo sempre colocando meu coração na reta. Meu padrão é Jesus Cristo e, enquanto me é dado o privilégio de seguir caminhando, amadureço minha personalidade debaixo de um clima agradável, sadio, alegre e de comprometimento com as propostas do Reino de Deus.

Duas frases marcaram e ainda marcam a minha vida. A primeira é do nosso Reformador, o pastor Martin Luther: - “Cristo não me ensinou a ser cristão para prejuízo do próximo”. Já a segunda é do pastor protestante Martin Niemöller que, após ser prisioneiro dos Campos de Concentração Nazistas, durante a Segunda Guerra Mundial, teria dito: - “Primeiro vieram buscar os comunistas. Depois vieram buscar os sindicalistas. Eu não fiz nada porque não era comunista e nem tampouco sindicalista. Então vieram buscar os judeus e eu também não fiz nada porque não era judeu. Depois vieram buscar os católicos e eu não fiz absolutamente nada porque estava pastor protestante. E aí, então, quando vieram me buscar, não havia mais ninguém para fazer alguma coisa...”


Pensem nisso...

8.2.08

Caminhando!


Conta-se que um homem teve acesso a Deus e que, na oportunidade, estabeleceu um pequeno diálogo com Ele: - “Olha Deus, você fez coisas boníssimas na terra. Só estranhei o horizonte. Para quê o horizonte?... Se eu dava dez passos em sua direção, ele se afastava dez passos. Se eu dava cinqüenta, ele se distanciava cinqüenta”. O Criador olhou para o sujeito e reagiu de pronto: - “Foi exatamente por isso que criei o horizonte! Para que você se pusesse a caminhar em busca dos seus objetivos”.

Pessoas que se relacionam com Deus seguem em frente. Estão sempre buscando o novo. Elas querem crescer para dentro do Reino de Deus. Absorvem os ensinamentos de quem caminhou antes. Aprendem e, enquanto isso, dão frutos. Nessa trajetória acabam dando saltos mais altos do que os vizinhos são capazes de dar. Ora, um cidadão do “novo céu e da nova terra”, como bem sugeriu o apóstolo Pedro (2 Pedro 3.13) sempre dá passos firmes rumo à dignidade humana e à paz.

7.2.08

Ser bom!


Volta e meia percebo meus amigos sonhando com a possibilidade de serem super homens; de darem passos além do imaginável; de desenvolverem plenamente a sua condição humana; de criarem um novo sentido para a realidade que vivem; de afirmarem intensamente a vida e tudo isso, mesmo entremeio a sofrimento. Ora, quem age assim não tira tempo para relacionar-se com Deus; não bebe e não come da água e do pão da vida que Deus, em Jesus, oferece gratuitamente.

A proposta cristã visa converter-nos em pessoas bondosas. A palavra “bom” vem do latim “bonus” que, além dos significados que já conhecemos, também significa "guerreiro". É interessante notar que essa definição não é de todo estranha ao apóstolo Paulo. Ele, num dado momento, sugere ao seu discípulo Timóteo que “combata o bom combate, mantendo a fé e a boa consciência” (1 Timóteo 1.18b-19a); que “resista no dia mau com o uso da armadura de Deus.” (Efésios 6.13).

Quer dizer, não deveríamos nos contentar em apenas participar de um rebanho. Em Cristo somos chamados a nunca pararmos no tempo, a sermos discretos numa determinada conjuntura mas já na outra colocarmos com clareza a quê viemos, a sermos “cornetas” dentro da época em que vivemos. A reflexão constante sempre promove boa saúde. Em vista disso, nunca deveríamos nos contentar com as “comidinhas mastigadinhas pelo pastor” mas ousarmos; darmos mais e mais passos concretos dentro da vida sem o auxílio de “muletas” do tipo “dependência que seja”.

1.2.08

Quaresma!


Estamos entrando no tempo da Quaresma. Esta data me desafiou a fazer algo diferente. Pensei sobre a idéia e decidi fazer uma entrevista
com a pessoa de Jesus Cristo sobre o tema “jejum”. Vejam o que Ele repartiu comigo...

Eu - Estamos entrando no tempo da Quaresma. Sabemos que o Senhor jejuou quarenta dias e quarenta noites no deserto. Aquele ato foi para perder peso?

Jesus – Não... (risos). Os motivos que me levaram a não ingerir alimentos eram outros bem diferentes daqueles de hoje. Com meu jejum quis entender melhor a vontade de meu Pai; quis preparar-me para melhor poder enfrentar a dor da morte na cruz por amor a ti e a todas as pessoas que lêem esta entrevista.

Eu - A Quaresma lembra abstinência de quitutes gostosos e de costumes adquiridos. De um modo geral, os brasileiros acreditam que o jejum fica mais fácil de ser cumprido participando ativamente do carnaval.

Jesus: A cristandade entende o carnaval como uma festa pagã. Essa prática nasceu na Igreja Católica dos tempos da Idade Média. Por quê? Ora, os mantimentos armazenados e não ingeridos em tempo hábil arruinavam durante as seis semanas de jejum que antecediam à Páscoa. Então se organizavam pequenas festas familiares que, paulatinamente, foram dando lugar às festas citadinas. Nelas se comia e bebia tudo aquilo que viria a se arruinar-se.

Ao lado, dançava-se a não mais poder. A Igreja contribuía com dinheiro para a organização destes eventos. As pessoas usavam máscaras para lembrar a morte, simbolismo esse que tinha o intuito de apontar para a vida passageira que vivemos neste mundo.

Mais tarde, os reformadores passaram a criticar e a lutar contra essa festa desenfreada. Eles sustentavam que o povo não deveria transformar o tempo da Quaresma numa espécie de “obra” que justificasse seus pecados. Por isso não fazia sentido esbaldar-se durante aqueles três dias. Eles estavam certos. A justificação era e ainda é gratuita, gerada pela fé somente.

Eu – O que representa, então, o ato de jejuar?

Jesus: O ato de jejuar é um preparo para o encontro com Deus. No tempo em que eu estive com vocês, jejuava-se e orava-se geralmente de um a três dias. Lembro que bati pesado nos fariseus, que relegaram a prática do jejum a um tradicionalismo vazio. Gente! Festejem a esperança de que um dia tudo será novo e diferente. Saibam que meu Pai odeia “leis duras” e “liberdades extrapoladas”. Para Ele a “lei fria” fala demais do jejum e da falta de alegria entre a cristandade. Isso diminui e estreita a proposta de liberdade e grandeza que sonhamos para vocês. Já a “liberdade ilimitada” extrapola tudo isso. Quer dizer, os dois excessos são ruins. É no caminho do meio que estão a liberdade, a alegria e a esperança para as pessoas que têm pesos sobre os ombros.

Eu – Isso ajuda a pessoa a encontrar equilíbrio? Pode contribuir para aumentar a fé?

Jesus: Quem jejua se abstêm de comidas e, assim, concentra-se naquilo que é importante, naquilo que o Espírito de Deus quer falar. Um, dois ou três dias de jejum podem ser de grande ajuda, sim. Enquanto estiverem em jejum, não tentem parecer indivíduos altamente espiritualizados. Meu Pai tem verdadeiro prazer em corações que sabem e que querem escutar o que Ele tem a dizer. Só isso. Ah! Outro detalhe: procurem afastar-se dos maus desejos (Gálatas 5.16-26). Se vocês derem luz verde a eles, cedo ou tarde eles se converterão em dependência.

Eu – Isso ainda tem sentido nos dias de hoje?

Jesus: No tempo da Quaresma, reflitam sobre a vida de vocês. Abstenham-se de gastar tanto tempo em frente da televisão, diante do computador. Leiam mais livros, dominem a apatia que se instala nos lares de vocês. Busquem a comunhão com os irmãos da Comunidade. Costumes estranhos, desejos mais fortes do que a própria vontade devem ser auto-avaliados, esclarecidos e colocados de lado, mesmo que tal decisão seja pesada de ser tomada. Tentem detectar onde vocês têm “atado” o seu coração. Se ele estiver amarrado em coisas sem valor verdadeiro, eu não terei meu espaço nele. Para terminar, desconsiderem todos os tipos de jejuns que abafam a alegria que o Evangelho veio trazer. Vivam este momento novo comigo!

20.12.07

Feliz Natal e bom ano de 2008!

“E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós...” (João 1.14)
Pois não é que Deus veio nos visitar na noite santa?! Nestes dias, muitas pessoas ainda não perceberam essa verdade, e desta forma, continuam procurando em lugares errados.
O pintor europeu Ulrich Martini nos mostra que o nascimento de Jesus não é um fato do passado. Deus se encontra no meio do corre-corre natalino. Na pintura do presépio destes dias, o Menino Jesus continua a nascer despercebido pela maioria, num galpãozinho “meia-boca”. Não disponho de uma imagem mais bem contextualizada para repartir desejos de um Feliz Natal nestes tempos de 2007.
Meu trabalho como pastor da IECLB, dentro da Comunidade está pautado no compromisso de tentar apontar para o Filho de Deus conosco; na proposta de tentar convencer as pessoas a seguirem as Suas pegadas aqui na terra e, muitas vezes, esta minha proclamação atinge até pessoas distantes da Igreja, famílias cujas vidas pulsam nos casebres da nossa cidade…
A Valmi e eu agradecemos a todas e a todos vocês que nos ajudaram neste ano que finda e que, para nós, foi de recomeços. Desejamos a todas e a todos vocês um Feliz Natal e que Deus abençoe vocês em 2008. Que assim seja…

OLHA SÓ!