Busque Saber

3.12.10

Alcides Jucksch


Ontem à noite abri minha caixa de e-mails e fiquei sabendo que o missionário de quase cem anos está muito doente. Desliguei o computador e remeti meus pensamentos para o ano de 1960, em Tenente Portela (RS).

Na época eu tinha cinco anos de idade e meu pai articulava um emprego político na Reserva Indígena Kaingang. O pastor Norberto Schwantes nos visitava toda semana. Ele, auxiliado pelo “seo” Darci, levava turistas alemães para conhecer, “in loco”, aquela população indígena e seus costumes. Foi daquelas relações que nasceu o trabalho da IECLB com o povo kaingang no Toldo Guarita (RS).

Pois o pastor Alcides Jucksch estava lá quando este “trabalho missionário” começou. Eu, no colo do meu avô, vi um sem-número de kainganges assistindo a sua evangelização em Língua Alemã (pasmem). Ainda me lembro do filme que ele passou na tela (um lençol de casal engomado da minha mãe) sobre a vida e a morte de Jesus. Havia silêncio e emoção na sala quando da crucificação do Filho de Deus. Sim, eu me lembro. Sou testemunha ocular daquele fato.

Dois anos depois, em viagem definitiva para Santa Cruz do Sul (RS), fui participar dos últimos dias da minha bisavó em Ibirubá (RS). Enquanto ela sofria seus derradeiros dias no hospital, eu fazia amigos na vizinhança da família Born. À noite havia momentos de Evangelização no templo da IECLB e lá íamos nós dois, a minha avó e eu. O missionário tinha um copo cheio d´água no púlpito e convidava para que as pessoas viessem beber da “água da vida”. Eu estava com sede e fui... Incrível! Eu entendia aquela palavra que “mexia” comigo.

No final dos anos setenta eu, ainda estudante, trabalhava em Sapiranga (RS). Um dia encontrei o missionário no gabinete dentário do dentista Hoch. Fomos apresentados um ao outro. Para ele eu era um estranho. Já para mim o pastor Alcides era um ídolo. Imagino que milhares fizeram a minha experiência. O tempo foi passando e um dia me caiu na mão o seu livro “Amor sem fronteiras”. Já na Alemanha me assenhorei do seu conteúdo na Língua Alemã.

Faz dois meses que tive privilégio de ler um documento que “salvei” numa das minhas pastas. Nele o pastor Alcides se posiciona de forma muito clara sobre as idéias “alienígenas” que invadem o seio da nossa Igreja Brasileira para, com intuitos escusos, achincalhar a evangelização. Curiosos quanto ao documento? Interessantíssimo... Tem conteúdo profético.

Caríssimas Dorothea, Elisabeth e Ruth. Hoje, dia, 03 de dezembro de 2010, estou lembrando de vocês, sentado no meu gabinete, aqui em Joinville (SC). Coisa boa poder olhar para trás e se “orgulhar” de um pai. Abraços!

15.10.10

Pelo fim da guerra santa nas eleições



Olá! Penso que que a "carta pastoral" escrita pelo P. Dr. Walter Altmann - Presidente da IECLB - nos ajude a melhor refletir sobre política nestes tempos de buscas... Abraços!

A Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil – IECLB tem exercido na área pública e no cenário político uma postura de vigilância profética e de ação calcada no princípio do amor ao próximo. Não tem perseguido interesses próprios institucionais, mas tem buscado, no âmbito de sua responsabilidade, servir as pessoas em suas necessidades físicas e espirituais.

Em seu próprio nome e em sua Constituição, a IECLB adotou deliberadamente a designação de ser igreja no Brasil, com “todas as consequências que daí resultarem para a pregação do Evangelho neste país e a corresponsabilidade para a formação da vida política, cultural e econômica de seu povo”, como formulado pelo Pastor Presidente H. Dohms já em 1949, no Concílio constitutivo da então denominada Federação Sinodal. Marco histórico foi também o chamado Manifesto de Curitiba, adotado no Concílio Geral de 1970, quando em meio ao período mais sombrio do regime militar, a IECLB estabeleceu critérios claros de distinção entre Igreja e Estado, entre esferas pública e privada, sem, contudo, separá-los como autônomas ou estanques. Realçou, por isso mesmo, o papel de vigia da igreja, por exemplo, na denúncia de infrações aos direitos humanos.

Um princípio fundamental da Reforma, no século XVI, e parte integrante da confessionalidade luterana, é também o total respeito à consciência de cada pessoa e a suas próprias decisões de fé, ainda que a Igreja deva proclamar sempre e em todos os lugares os valores da Palavra de Deus. Entre estes se destacam o cuidado para com toda a criação, a dignidade de todo ser humano como criatura criada à imagem de Deus e a edificação de comunidades acolhedoras e fraternas, nas quais não haja exclusões e onde, por isso mesmo, gozam de especial carinho todas as pessoas pobres, as que padecem necessidades ou sofrem injustiças e opressão.

Esses são princípios básicos que norteiam quem é cristão em seu discernimento ético e também na avaliação das propostas políticas em debate na Nação. Repudiamos como incompatível com a fé cristã todas as tentativas de “sacralizar” o embate político, sobretudo qualquer tentativa de “satanizar” ou “demonizar” pessoas ou forças políticas adversárias. Quem o faz deve se perguntar e ser questionado se não está sendo ele próprio instrumento da injustiça e do mal. Já há quase cinco séculos, o Reformador Lutero repudiou completamente o conceito de “guerra santa” como falsificação da palavra de Deus. Devemos resistir à tentação de reintroduzi-lo em nossas consciências e na vida política.

Uma preocupação especial temos com o uso, melhor dito, o abuso da internet. Nesta campanha, ela tem se revelado como instrumento poderoso não apenas para a difusão de notícias e opiniões, bem como para análises da realidade, mas também, em larga medida, para disseminar calúnias e difamações, muitas vezes de forma acobertada pelo anonimato ou até mesmo fazendo uso indevido de nomes de pessoas ou entidades respeitáveis e conceituadas.

Exortamos, portanto, a todas as pessoas, em particular os membros da IECLB, a que não se deixem seduzir por acusações oportunistas ou temáticas diversionistas, nem se deixar levar por emoções artificialmente induzidas.Ao contrário, examine-se com sobriedade, à luz dos valores de nossa convicção evangélica, acima arrolados, a nossa realidade, suas mazelas e suas belezas, o momento peculiar que vivemos como Nação, a qualidade de vida que temos e pretendemos alcançar. Avaliem-se também as propostas de programa da candidata Dilma e do candidato Serra. Em que consistem? Qual seu alcance e resultado? Avançam a justiça e a solidariedade no país? São exequíveis ou apenas promessas de campanha?

Assim, decida cada qual em sua consciência.

Porto Alegre, 14 de outubro de 2010
Dr. Walter Altmann
Pastor Presidente

14.10.10

Los 33


Os mineiros chilenos continuam sendo salvos do soterramento que sofreram há 700 metros de profundidade, enquanto escrevo esta meditação. Eles experimentaram grande crise que durou mais de dois meses. Neste momento a mídia nos informa que todo esse “processo de angústia” começa a chegar ao seu final. Nada será como antes para aqueles 33 homens. Eles, como poucos, tiveram tempo para refletir sobre suas vidas. Não resta dúvida que seu “momento histórico” é estupendo.

Li que pediram bíblias para ler e estudar nas profundezas. Um pastor chileno reagiu ao seu desejo e “criou” pequenos livros sagrados de 8 x 12 centímetros. Essas eram as medidas que podiam ser repassadas pelo “túnel de contato”. Lá embaixo o ambiente era um tanto escuro e as letras muito pequenas, quase indecifráveis. O tal pastor resolveu o problema enviando pequenas lupas para facilitar a leitura. Na capa de cada uma das pequenas bíblias havia um decalque onde constava o nome do mineiro e um pequeno recado: - Estamos orando pela volta de vocês!

Outro detalhe que certamente chamou a atenção daqueles homens lá no fundo da mina foi o Salmo 40.2-3 que estava sublinhado em cada exemplar: “Tirou-me de uma cova perigosa, de um poço de lama. Ele me pôs seguro em cima de uma rocha e firmou os meus passos. Ele me ensinou a cantar uma nova canção, um hino de louvor ao nosso Deus. Quando virem isso, muitos temerão o Senhor e nele porão a sua confiança.”

Uma boa palavra, sem dúvida. Tu e eu vivemos inúmeras crises. Aqui e ali há “buracos” de injustiça, de discriminação e de exploração que nos “enlameiam”. Sair deste “estado de negação” é preciso. O problema é que enquanto a “cápsula fenix” sobe e desce, continuamos dando mínima atenção às pessoas que se engajam em “projetos de vida” isentos de “segundas intenções”. É que nossa educação sempre priorizou a visão na “força” do mais articulado; do que “vende” o seu “produto” com mais convicção. Quais são as razões que movem estes indivíduos que propõem ajuda?... O presidente do Chile fez um bom trabalho e, por causa disso, a sua aceitação pública subiu para a “estratosfera”. Ele é um ganhador! Esse “jeito de ser e fazer” muitos já importam para dentro da Igreja. Nela, quase sempre, “faz-se” e “doa-se” para receber algo em troca. Um exemplo: O Conselho de Pastores Evangélicos de Joinville (SC) articula doação de “sangue cristão”. Até aqui, perfeito! O problema é que a “segunda intenção” dessa ação já está indicada na propaganda subliminar “Marcha para Jesus”. Evento esse que, como pastor da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil, não posso concordar.

Só a força e a ajuda de Deus é que valem. Nele experimentamos consolo dentro do desespero; resolvemos nossos “problemas” quando vem o sentimento do “afogamento nas águas do desespero”; quando somos rejeitados e discriminados. As “forças de fora” sempre visam nossa “implosão” como pessoas, mas Deus nos oportuniza mais “saúde” depois dessas tais crises. “Nada pode nos separar do amor de Deus”, mas para tal a cristandade deverá “acordar” seus dons e talentos no sentido de promover justiça, bem comum, sem esperar lucros.

O que fazer depois de experiências complicadas vividas? O salmista faz duas sugestões: Não acomodar-se diante do que acontece, mas agradecer a Deus pela Sua ajuda e louvá-Lo pelos Seus grandes feitos. Colocarmo-nos com palavra e postura clara (profecia, agradecimento e louvor) diante do que é injusto, e isso em qualquer nível. Eis aí o perfil da “testemunha de Deus” que continua a agir dentro do mundo. Que Deus nos dê forças para sermos assim, a partir daqui deste grupo, deste lugar...

17.9.10

Para os nossos políticos de hoje!


Olá gente querida! Estamos em vésperas de eleições. Pensando nelas foi que criei a "entrevista" abaixo com o nosso Reformador Martin Luther. Vamos interpretá-la dentro de um dos Cultos do mês de outubro de 2010. Boa leitura...

Renato: Sr. Martin Luther! Eu carrego a impressão que as nossas lideranças, os nossos políticos não estão levando muito a sério o “código de ética” dentro da política brasileira. Só pode ser por disso que a “politicagem” sempre se avulta mais e mais no nosso meio. Nós, cidadãos, precisamos recuperar, o quanto antes, a convicção de que essas mulheres e esses homens que nos representam nas mesas de decisão política sejam pessoas dignas; referências para a nossa sociedade. Outro dia pensei com meus botões: - Será que o nosso Reformador Martin Luther não seria capaz de criar um bom “código de conduta” para os nossos políticos de hoje?

Dr. Martin Luther: Pois é! Não espere muito de mim. Eu vivi num tempo em que a sociedade se dividia em duas castas: o povo de um lado e a burguesia do outro. Se o meu conhecimento ainda estivesse à altura de escrever um código de ética para os políticos do século 21 eu confesso que me alegraria muito.

Renato: Mesmo assim, tente nos ajudar a refletir sobre esse assunto, temos muito interesse em saber o que o senhor vai nos dizer!

Dr. Martin Luther: Olha! Posso dizer que são poucos os dirigentes políticos que não podem ser acusados de tolos e ou “desviadores” do dinheiro público. Os cidadãos mais comuns percebem esse fato. Lideranças políticas que não temem a Deus são incapazes de levar o seu mandato a bom termo. Uma pessoa que não é cristã facilmente comete injustiça contra alguém. Ela nem se dá conta que, agindo assim, chama a ira de Deus contra si. Quem exerce cargo político precisa julgar e reger pessoas. Ora, nessa posição sempre se está em contato com indivíduos que brigam e disputam entre si. Essas discussões e discordâncias trazem inúmeros problemas aos mandantes do nosso tempo. Se julgarem com justiça, vão alegrar uma das partes e, ao mesmo tempo, oportunizar raiva à outra que, por sua vez, vai trabalhar contra. Na regra sempre é assim que esse mandante vai acabar se colocando ao lado dos ricos, dos poderosos, dos amigos e dos parentes. Estas atitudes serão bem vistas por uma minoria. Já a grande maioria vai se alienar e até começar a destilar raiva. Essa casta de gente grande sempre quer ter razão e espera que se vá ao encontro das suas vontades. Nessas horas seria muito bom que o governante se colocasse; que tomasse posição, mesmo que sua esposa; que sua honra e que sua vida corram riscos. Quem se assenta numa tal “cadeira” e não é corajoso também não é apto ao cargo que foi eleito. Políticos medrosos sempre acabam vendendo a sua alma. Sim, eles são compráveis. Vou ser muito claro: Ganha o povo quando um governante ama mais a Deus do que aos homens (Atos 5.29). Esse pode vir a dizer: Se o tal sujeito vier a se tornar meu inimigo, vou fazer o quê? Junto comigo, aqui no gabinete onde atendo, eu tenho um Amigo que é muito mais simpático e poderoso do que o tal sujeito que quer me ver pelas costas: seu nome é Deus!

Renato: O senhor quer dizer que um governante que quiser governar com postura cristã só poderá fazê-lo se tiver muita força de vontade e se alicerçar em cima de regras claras...

Dr. Martin Luther: Isso mesmo! Políticos que atuam buscando vantagens e benefícios para si nunca são queridos. Pior do que isso: são condenados e amaldiçoados pelo povo. Mas se eles agem a partir da máxima do amor e não a partir do seu próprio prazer; do seu próprio benefício; da sua própria honra e da sua própria segurança, mas abordam as pessoas com o intuito de beneficiá-las, aí sim vão experimentar honra. Quem quiser governar como um cristão governaria não deve pensar: - Este país e este povo são meus e é por isso eu vou fazer o que me der na cabeça... O contrário é que é certo: - Eu pertenço a este país e a este povo e vou trabalhar para eles no sentido de fazer o bem, de dar-lhes o melhor...

Renato: Nós aqui da São Mateus estamos encantados com as suas respostas!

Dr. Martin Luther: Ah é! (Risos) Um bom político deve encarar sem desprezo as pessoas que lhe fazem pressão de cima para baixo. O mesmo comportamento ele deve ter com os seus assessores. Ele não deve dar muita confiança para esta gente que o circunda. Ele não pode se colocar na mão deste pessoal uma vez que Deus não aprova tal conduta. O maior dos maus hábitos de um governante é quando ele terceiriza sua mente; quando ele se cala; quando ele se omite de dar opinião entre os homens “grandes” e “falantes”. Um bom governante confiará nos seus assessores até um determinado ponto. Ele sempre terá que permanecer com o poder na sua mão. Ele nunca deverá descansar na rede da confiança, mas exercitar o controle e fazer como Jeosafá fez em 2 Crônicas 19. Jeosafá viajou por todos os cantos e recantos do seu país, sempre fazendo verificações “in loco” para ver como o seu povo era governado. Só se deve ter confiança total em Deus, em ninguém mais.

Renato: Lamentamos muito, mas o senhor precisa finalizar esta entrevista. O Culto precisa continuar...

Dr. Martin Luther: É! Minha esposa “Kate” sempre diz que sou muito prolixo. Então... Pra terminar... Um político precisa dar atenção à proporcionalidade dos meios que dispõe. Ele não pode salvar uma colher e, ao mesmo tempo, quebrar a tigela ou ainda, por causa de uma cabeça trazer dificuldades pro país e pras pessoas carentes que nele vivem. Quer dizer: ele não pode seguir cegamente os seus consultores; as pessoas que querem provocá-lo e incitá-lo para que ele tome decisões e elas obtenham lucro a partir daí. Não é bom cristão aquele que, por causa de um “presente gordo” põe em perigo toda uma nação. Um bom governante precisa ter sensibilidade para governar. Esta sensibilidade é, muitas vezes, muito mais útil do que a esperteza.

Renato: Obrigado Dr. Martin Luther! Só nos resta orar para que a bênção de Deus esteja sobre os políticos brasileiros a partir de outubro deste ano...

6.9.10

Letras, vida e compromisso!


Pastor: O pastor inicia a peça teatral fazendo uma breve introdução dizendo o que foi o tempo de Ensino Confirmatório; falando dos conteúdos trabalhados; informando o número de jovens que participaram... De repente acontece uma grande algazarra dentro do templo... O pastor fica “estupefato

Algazarra: Seis jovens vêm correndo pelo corredor central; cinco pelo corredor lateral direito e seis pelo corredor lateral esquerdo (São 17 os confirmandos da nossa Paróquia). Falam; sorriem; gritam – tudo ao mesmo tempo. Expressam alegria com seus semblantes e com seus gestos. Sua corrida termina diante do altar, mas a festa continua (abraços, beijos, acarinhamentos, relação afetuosa...). O pastor que foi interrompido tenta dizer algo. Não consegue. Nas cabeças de cada jovem há um capacete. Sobre dezesseis capacetes estão sobrepostas as letras: J; E; S; U; S; C; R; I; S; T; O; I; Χ; Θ; Υ; Σ. Um dos capacetes terá as letras CVV (Caminho, Verdade, Vida – João 14.6)) Todos se movimentam muito diante do altar. O pastor continua se mostrando um tanto atônito. Quer colocar ordem na “bagunça organizada” e consegue...

Pastor: O que é isso gente? O que é que aconteceu com vocês? Porque estas letras nas suas cabeças? Isso é moda agora? Podem me explicar o que está se passando aqui? Todos silenciam e prestam atenção no que se desenrola...

J: (Se destaca dos demais. Dá uns três passos à frente e se coloca mais ao lado esquerdo da Comunidade reunida.) Sabe o que é pastor? Todos nós estamos prontos a dizer um “sim” para Jesus Cristo. E eu, durante toda minha vida, vou guardar o primeiro mandamento comigo: Eu sou o Senhor, seu Deus. Você não deve ter outros deuses além de mim. Quero dizer que “” (frisar esta palavrinha), aqui e agora, me comprometo com Ele para o que der e vier. Daqui para a frente eu vou respeitá-Lo, amá-Lo e confiar Nele acima de tudo.

E: (Exatamente neste instante, num salto, a letra “E” se coloca ao lado de “J”.) Estou do teu ladinho “J”. “Eu” (frisar este pronome), fulana/o de tal (diz o seu nome) vou dar tudo de mim para viver e divulgar o segundo mandamento: Não abuse do nome do Senhor, seu Deus, porque o Senhor não considerará inocente quem abusar do seu nome. Minha opção está feita. Vou respeitar a Deus como todos até aqui já frisaram. Vou amá-Lo e, por isso mesmo, não vou amaldiçoar; jurar; praticar magia; mentir ou enganar. Pelo contrário: vou pedir a sua ajuda em todas as necessidades. Vou orar, louvar e agradecer sempre que puder. Por todos os caminhos onde eu andar o Senhor comigo vai caminhar.

S(1): (Dá um pulo à frente e se coloca no lado esquerdo de “E”.) Ahaaa! Também me articulo nesta idéia. Quero ser cristão e o terceiro mandamento vai ser sempre o meu refrão: “Santifique” (frisar a conjugação deste verbo) o dia de descanso. Vou trabalhar; dar tudo de mim pelo progresso da minha vida de fé, da minha Comunidade e da sociedade, mas nunca me esquecerei de guardar o dia da honra ao meu Criador. Esse compromisso eu assumo. Deixa comigo!

U: Opa! Chegou a minha vez. Não quero passar batido aqui nesta roda. Também sou, como vocês, “uma” (frisar esta palavra) pessoa especial para Deus. Na minha vida eu vou levar o quarto mandamento dentro do meu coração: Santifique o dia de descanso. Penso que agindo assim vou dar testemunho vivo, santo e agradável no meio de uma geração que se esquece deste detalhe gerador de vida abundante em todos os cantos e recantos.

S(2): Oiiii! Também “sou” (frisar o pronome pessoal) um “S”. “Sou” uma pessoa que vai dar tudo de si para construir a vida, não desmantelá-la. Estou gravando, dentro do meu peito, o quinto mandamento: Não mate. Vou me esmerar em não pensar; falar mal, mas sempre de novo tentar pensar o bem a partir das coisas que vejo; que ouço; que sinto. “Sim”! Vou fazer uso da minha vida para “ser” pessoa construtiva...

C: Gente querida! Aqui estou... Eu sei que eu vivo num tempo difícil de ser vivido. O sexto mandamento será pra mim um alvo muito claro: Não cometa adultério. Eu vou me esmerar para levar uma vida sexual responsável e disciplinada; vou amar e respeitar o meu cônjuge. Sim, eu vou dar tudo de mim para não “cometer” deslizes nesta área moral. O mundo precisa de beleza. Se eu e tu não plantarmos estas plantinhas no nosso meio ele se desertifica.

R: Ufa! Chegou a minha vez. Tal como vocês, também quero comprometer-me. Faço-o com o sétimo mandamento que diz: Não “roube”. Tenho clareza que não vou tirar o dinheiro ou os bens de quem caminha ao meu lado; que não vou me apoderar de nada por meio de mercadorias falsificadas e ou negócios desonestos; que vou ajudar conservar e melhorar a vida que eu vivo junto dos meus irmãos.

I: E aqui estou eu, o “I”. Enquanto eu viver, vou levar em conta “isso” que as palavras do oitavo mandamento explicitam: Não fale mentiras a respeito do próximo. Sim, eu quero amar a Deus. Não quero enganar ninguém com falsidade. Também não quero trarir, caluniar, fazer acusação falsa contra quem quer que seja. Vou me esmerar em desculpar, falar bem e interpretar tudo da melhor maneira. É “isso” aí pessoal...

S(3): Olá! Perceberam? Sou o terceiro “S” (apontando para o capacete). O nono mandamento, esse eu vou atar ao meu coração: Não deseje possuir a casa do seu próximo. A minha história eu vou marcar com amor e profundo respeito a Deus. Vou tentar ser uma pessoa “simples” como as pombas e esperta como as serpentes. Noutras palavras, vou crescer para dentro dos conceitos de justiça, sempre ajudando para que os meus próximos possam conservar e aprimorar o que têm.

T: Oi Povo de Deus! Vou com “tudo” para dentro da vida com o décimo mandamento cravado no coração: Não cobice a esposa ou o marido do seu próximo, nem as pessoas que trabalham com eles nem coisa alguma que lhes pertença. Gente! Eu só quero amar a Deus. Não quero seduzir, desviar ou afastar a esposa, o marido ou as pessoas que trabalham com quem caminha perto de mim. Quero, isto sim, aconselhr essa gente para que fique e cumpra com o seu dever.

Pastor: Confesso que vocês acabaram de me surpreender. Vocês acabaram de testemunhar para as suas mães, os seus pais, os seus parentes, à Comunidade que Deus não tolera outros deuses; que Ele castiga às pessoas que odeiam, até os netos e bisnetos. Também ficou claro no testemunho de vocês que Deus é bondoso com aqueles que Lhe amam e Lhe obedecem os mandamentos; que Deus abençoa os descendentes daqueles que O amam até milhares de gerações. Lembrem-se que Deus ameaça castigar todas as pessoas que não cumprem os Seus mandamentos. É por isso que devemos temer a Sua ira e não deixar de cumpri-los. Coisa boa! Deus promete graça e todo o bem às pessoas que os praticam. É por isso que devemos amá-Lo, confiar Nele e guardar os Seus mandamentos de boa vontade. Mas há outras letras aqui. Elas são um tanto estranhas. O que é isso pessoal? Me expliquem por favor... (Pastor faz ar de curioso)

Ι(2): (O jovem que tem a letra grega “I” sobre o capacete desce os degraus e se coloca na frente da fileira que escreveu Jesus Cristo a partir das posições assumidas.) Uhuuu! O pastor descobriu a gente lá no cantinho. Agora estou aqui. Eu sou a primeira letra do acrônimo utilizado pelos cristãos da Comunidade Primitiva. No grego esta letra que está sobre a minha cabeça significa “Iesus” – Jesus.

Χ: Oiii! E eu sou a segunda letra que significa Cristo - “Christos” na Língua Grega...

Θ: Olha eu aqui! Sou a terceira letra que significa Deus – “Theou” na Língua Grega.

Υ: Também estou aqui. Sou a quarta letra que significa Filho - “Uios” na Língua Grega.

Σ: E por fim eu, a quinta letra que significa Salvador – “Soter” na Língua Grega. Juntos formamos a expressão I Χ Θ Υ Σ - Iesus Christos Theou Uios Soter - Jesus Cristo, Filho de Deus, Salvador.

I(2): Esta palavra “Ictüs”, que era utilizada para marcar as catacumbas cristãs na época de perseguição aos cristãos, também era utilizada para a comunicação entre os da primeira comunidade: uma pessoa cristã marcava com o pé uma meia-lua para baixo no chão. Se a pessoa com a qual ela conversava também fosse cristã, ela marcava a meia lua para cima, formando o símbolo do peixe.

Χ: Dentro deste símbolo do “peixe” se lê a expressão “IΧΘΥΣ” (Ictüs). Vocês certamente conhecem este símbolo que muitos motoristas usam na traseira dos seus carros. Este é o nosso símbolo também...

Θ: É, mas nós melhoramos esse símbolo. Dependendo do ângulo que se vê o mesmo ele é visto como uma cruz. Vejam (mostra o símbolo que, girado, se mostra como uma cruz)...

Υ: A cruz onde Jesus morreu crucificado pelos nossos pecados...

Σ: A cruz que se tornou uma “ponte” para podermos viver o Reino de Deus...

CVV: Ei pessoal! Eu não falei ainda. Lembrem-se sempre que Jesus Cristo é o nosso Senhor e Salvador;o nosso Caminho, a nossa verdade e a nossa vida. Nunca se esqueçam que Jesus resumiu os mandamentos numa palavra bem pequena: Ama a teu próximo como a ti mesmo... Sinceramente! Nós estamos prontos para sermos confirmadas, confirmados. Obrigado mãe, obrigado pai, obrigado madrinha, obrigado padrinho, obrigado Comunidade. Que Deus nos abençoe... (Todos se abraçam – o pastor toma conta do programa em suas mãos...

13.8.10

Tristeza!


Um dia te chamei de amigo!
Hoje, por aqui, o dia é nublado.
Ele, carregado de tristeza,
colore de cinza minha alma.
A percepção da escuridão
me fez lembrar de ti.
Meu pensar se converteu em ação
e escrever este verso eu decidi.
Pensei, matutei no que comunicar.
Daí travei, continuo travado
e o dia continua chumbeado.
Promete ficar mais turvado.
Aqui e agora eu daria tudo,
sim, tudo para ser alado...

4.8.10

Ai, ai, ai, ai, ai!


Em 1964 eu era aluno no Grupo Escolar Professor José Wilke. A pequena escolinha acontecia numa antiga residência adaptada, na periferia da cidade. Ali, muitas vezes, as enchentes foram responsáveis por pausas em nossos aprendizados. O nosso uniforme era um guarda-pó branco, quase sempre engomado. Nele, na altura do coração, se lia as letras azuis PW. Quantas e quantas vezes me irritaram quando, de forma jocosa, diziam: Professor Wagabundo.

O mês de setembro era cívico. Nossos parentes, o prefeito, todos nos assistiriam marchando. Vai daí ensaiávamos “marcha” nas ruas do bairro. O caminhão do exército trazia três ou quatro soldados que pulavam de cima da carroceria verde para bater bumbo de forma compassada. E lá íamos nós, enfileirados: esquerdo, direito, esquerdo, direito... Que festa!

Finalmente o Dia da Pátria. Manter o guarda-pó limpo era estressante. A nossa diretora, trazia a bandeira do Brasil e a alcançava para uma das meninas mais bonitas da quinta série. E nós ali, com nossos sapatos lustrados. Claro que sempre alguém tinha que trazer uma bola. Nossas professoras proibiam, mas resistíamos: só iríamos dar uns chutinhos, nada mais. A “coisa” esquentava e lá se ia o lustro do sapato. O suor escorria. A nossa professora expressava descontentamento, mas a vida continuava...

Hoje, como sempre fui, sou luterano! Sou protestante e continuo não aceitando “cale-se”, quando julgo necessário dizer... Que coisa impressionante! Há grupos dentro da Igreja Luterana que, "infectados" por propostas teológicas alienígenas pregam silêncio, submissão, em prol de unidade... Ai, ai, ai, ai, ai

28.7.10

A Valmi e eu somos avós!


A gente é gerado. Vive nove meses dentro da barriga da mãe e depois nasce. Cruza o túnel e depois vê luz; ouve barulho; precisa chorar; deve mamar; aprende a mascar. Num primeiro momento só vê gigantes ao seu lado, já num segundo percebe os iguais. Perde os dentes da frente; fica feio; esconde o sorriso; precisa se pentear; descobre solidariedade e aí vem o jardim. A vida se converte em briga de cotovelos. As influências se multiplicam. É preciso filtrar informações; entender o estado de espírito da professora; decifrar letras e números; gastar energias acumuladas; confiar em amigos; decidir por super-heróis. Num dado momento brota a vergonha dos pais; a percepção do sexo; os desejos internos e segue o baile. As pernas espicham; os pelos mancham a pele; os opostos se articulam. Agora é a vez de dar respostas; de satisfazer àqueles que investiram; de fazer escolhas: do curso; da namorada; da estrada. Festas, compromissos sociais – é a dança da vida. Tudo é dinâmico: formatura; primeiro emprego; chefes; coordenadores; casamento; apartamento. O ritmo é frenético e faz surgir uma conta no banco que supre o gás; o pão; o feijão. E lá vem o rebento. Ele terá em mãos o cetro capaz de fazer re-acontecer aquilo que uma vez já se viveu, mas daí a pele vai murchando; o rosto vai enrugando; os olhos vão enfoscando; os ouvidos vão duvidando e o vento segue uivando, enquanto os cabelos vão branqueando. Mesmo assim, se continua dando de si. E aí, um dia, de madrugada bate o telefone às quatro e trinta da manhã: Eu: - Alô!... Meu filho: – Pai! Tu acabas de ser avô.

Grande Pedro! Seja bem-vindo ao nosso meio, o filho da Paula e do Dani que nasceu no dia 28 de julho de 2010, um dia nublado, mas mesmo assim amado. Três quilos e novecentos e dez gramas. Baita piá que Deus mandou pra nos alegrar. Só pra compartilhar...

27.7.10

Sou Cidadão – Sou Político!


Vêm aí as eleições de outubro. Nós, mais uma vez, vamos votar em deputado estadual, federal, senador, Governador e presidente da República. Confesso que sempre admirei as pessoas cristãs que se engajam na política; que articulam seus pensamentos em meio aos vários segmentos de lideranças comunitárias; que sempre visam o bem comum com seus atos. A vida me ensinou a ser crítico. Hoje, este aprendizado me autoriza a observar a dignidade com que certos indivíduos servem a Deus, enquanto comprometidos com cargos públicos.

Todos nós crescemos enquanto exercemos nossas profissões. Agir politicamente tem a ver com o chamado que Deus. É Ele quem nos desafia a “administrarmos” Sua criação. Estou querendo dizer que o “ofício” da política não tem nada a ver com o que aprendemos na Escola Técnica e ou na Faculdade. Um dos maiores mártires da Igreja do século passado, Dietrich Bonhoeffer, sempre deixou claro que a “política era um espaço de responsabilidade onde se podia fomentar vida em comunhão com quem está próximo”.

Sendo assim, estamos todos comissionados por Deus para articularmos funções políticas. Sim, todas as pessoas que reconhecem os seus dons como presentes de Deus, acabam obedecendo este mandato. O reformador Martin Luther era enfático quando dizia que “ao indivíduo cabia exercer a sua profissão com responsabilidade diante de Deus e dentro do mundo secular”.

Quem mora na cidade (polis) é cidadão (político). Aqui me paro a pensar nos políticos que vamos eleger em poucas semanas. Gostaria de alertá-los (Será que eles me lêem?) que fazer política em causa própria nunca foi e não é vontade de Deus. Sua função primordial foi e sempre será a de trabalhar no sentido de que os interesses opostos convirjam num denominador comum e isso, de forma justa e objetiva. Se conseguirem este objetivo, enquanto se desincumbem desse chamado específico de Deus, então os interesses mútuos serão mantidos e se dialogará; se viverá em equilíbrio.

Tu e eu vamos exercer o direito do voto e temos que pensar como cidadãos, como políticos comissionados por Deus para votar em gente que verdadeiramente represente a cidade. O que é representar a cidade? É promover a força do amor; é se esforçar em favor dos mais fracos; é fazer prevalecer a verdade sobre as próprias ambições políticas. Votemos nestes! Para que as boas reformas aconteçam no Brasil, não precisamos de “estrategistas” e ou de “conversadores”. Hoje carecemos de pessoas que contribuam de forma construtiva, a partir do fazer política. Aquele que vota conforme os critérios de Deus, mais do que ninguém, pratica ato político e quer o bem da cidade.

7.7.10

Minha relação com o ME!


É quase madrugada. Dizem que depois dos 56 anos o sono se apouca. Pra que rolar debaixo do cobertor se bate a vontade de escrever? Pois aqui estou: envolvido com meu teclado... Decidi me expor dez passos mais pra cá da parábola. Faço-o, pela primeira vez, abertamente. O que eu quero com isso: Deixar claro o porquê do meu afastamento das fileiras encontristas... Abraços!

Entendi o Evangelho em 1971, a partir do coração retorcido da Neusa; dessa santa-cruzense que foi evangelizada pelo Sérgio; desse evangelista que conheceu as Boas Novas a partir do engajamento do colega ...

Em 1972, num dos primeiros Encontros Nacionais dos Grupos ECO, lá estava eu. A palestra do colega Arzemiro (Ele ainda era muito jovem) ainda soa nos meus ouvidos. Ele falava do “Mundo do Zé”. Eu era o Zé. Engajei-me naquela proposta com tudo o que era e com tudo o que tinha.

De mecânico de fundo de quintal fui ser presidente de um grupo de JE. Isso me aproximou de um sem número de lideranças luteranas jovens. Retiros, Congressos, Grupo Vida Nova, PEPA (Paróquia de Estudantes Porto Alegre) eram a minha vida. Foi de dentro daquela realidade que deixei-me guindar para Ivoti (RS). Sim, eu queria ser professor catequista; evangelizar na Transamazônica. Vivíamos o “milagre econômico” em 1975.

Certo dia, no meio do almoço, soou a sineta na mesa do diretor. Todos largaram seus garfos e facas. O silêncio era absoluto. A voz do diretor dirigiu-se aos meus ouvidos: Renato Becker... Venha até aqui... Visita para você... Eu saí do meu lugar à mesa. Fui pra frente e, surpreso, recebi o abraço do meu “avô espiritual”. Suas palavras foram poucas, mas agudas: Quero fazer discipulado contigo. E lá fui eu de novo!

Optei pela Faculdade de Teologia. Conheci mais e mais lideranças. Em 1979 ouvi uma palestra que falava em “vida simples”; em “engajamento político”; em “fé e vida”; em “evangelização contextualizada”; em “jogo de cintura”... Ao redor de mim muitos sorriam. Umas daquelas pessoas mostravam acentos intelectuais e outras eram mais pragmáticas. Eu amava aquilo que se mostrava como um “corpo”. Minha noiva embarcou na proposta. Um mundo novo se abria. Decidi então abdicar de alguns caminhos que me eram oferecidos e isso, só por causa daquela “idéia”. Como Estudante de Teologia, continuei investindo o meu “eu” na proposta jovem. Atuei em Vila Scharlau (RS) e em Novo Hamburgo (RS), depois em Sapiranga (RS).

Um dia bateram à minha porta na Rua Pastor Dietschi. Era o futuro monitor do meu estágio, o Arzemiro que me convidava para trabalhar como Pastor Auxiliar em Porto Alegre (RS). Experimentei crises homéricas na grande cidade. Cresci para dentro da pastoral urbana. Aprendi a ser crítico enquanto novamente me envolvia com jovens. Eram os anos 82 quando fui enviado minha esposa e meus dois filhos para o meu primeiro Campo de Trabalho no Noroeste do Paraná. Minha tarefa: Continuar plantando as “sementes encontristas” naquelas paragens. Fiz o que pude. Aceitei o convite para ser pastor Evangelista da IECLB. Indispus-me com lideranças eclesiásticas estabelecidas. Lutei, sempre deixando claro a que vinha. Dois, três, cinco mil quilômetros não eram distâncias para participar das reuniões as quais era chamado. Dei tanto de mim que, em certos momentos, descuidei dos meus e ninguém me exortou. Talvez porque eu dava “lucro” ou seria boa “massa de manobra”.

Chamaram-me para servir em Cruz Alta (RS) quando eram os finais dos anos 80. Fizemos abaixo assinados em prol da então futura FATEV. Tínhamos que “pisar em ovos” dentro dos Distritos Eclesiásticos uma vez que as críticas não eram poucas. Criamos a Pastoral Jovem no Encontrão. Coordenei os primeiros dois grandes encontros em Santa Cruz do Sul e Cruz Alta (RS). Foi em Cruz Alta que também nasceu Missão Zero numa tarde fria de inverno, ao lado do “quentume” do velho fogão Wallig (herança de americanos). Viagens foram feitas; pessoas foram engajadas; diálogos foram forjados a ferro e fogo (não havia internet) a Direção da Igreja criticou; irmãos criticaram; cartas foram escritas; lutas foram lutadas e enfim nasceu Comunidade em Três Lagoas (SP). Designaram-me a ser o primeiro presidente deste projeto então considerado “arenoso”.

Daí veio a UDR (União Democrática Ruralista). Junto com ela vieram os sem-terra. Daí então veio a idéia de se trabalhar “política” no seio da IECLB, a partir de candidato oriundo das fileiras luteranas. Daí veio o controle telefônico a partir dos “Serviços de Informação”. Daí veio um grupo de apoio encontrista. Daí veio uma “estrada íngreme” que decidi trilhar por causa das marcas que experimentara no ME. Daí veio a rejeição. Daí veio a berlinda. Daí passei a ser “esfriado” no referido Movimento. Daí me ofereceram um “band-aid”. Daí me sugeriram Florianópolis (SC), para começar de novo; para me acalmar; para me “enformar”. Ah! Aqueles articulistas... Ou seria um só o articulista no início dos anos 90.

Chorei sozinho. Esperneei até. Articulei Fóruns de Evangelização. Sentei em só meias cadeiras que me passaram a ser oferecidas. O fato é que curti profunda tristeza durante dez anos. O máximo que fizeram foi ouvir-me. Nada mais. Dez anos se passaram. Reconstruí-me e, enquanto me recolocava, já em Munique, ouvi terceiros... Lembro de um colega que disse: Lamento muito! “Esfriaram-te” porque um dos grandes mantenedores não contribuiria mais com nenhum centavo se permanecesses na “vitrine”. Hoje esta informação tem três anos e meio. Confesso que ela me fez bem.

Hoje, na reta final dos meus últimos dez anos de pastorado, faço uma caminhada “solo”. Talvez amanhã também adormeça como o Reinoldo, o Edson, o Homero. Não quero me despedir sem antes dizer que carrego uma enorme cicatriz no peito. “Anticorpos soldaram a ferida”. Sou testemunha de que há mais histórias como a minha. Histórias que foram tratadas apenas com “esparadrapo”.

6.7.10

Conselho!


Conselho - este é o terceiro dom de Jesus Cristo, conforme a visão do profeta Isaías (11.2) Se diz que um bom conselho custa caro; que é uma mercadoria rara. Em vista disso cada pessoa cristã sempre de novo precisa de aconselhamento; de orientação; da sinalização para os muitos caminhos que a vida propõe. Uma vez que são poucos os bons conselheiros, temos que pedir ao Espírito Santo para que Ele mesmo nos guie.

5.7.10

Entendimento!


O profeta Isaías (11.2) cita o “entendimento” como um “dom” que, no futuro, estaria pousado sobre a pessoa de Jesus Cristo. Aqui e ali se ouve pessoas dizendo: - Caia na real... - Te liga meu... Sim, muitas vezes usamos estas duas frases para exortar pessoas e até para chamar a nossa própria atenção. É comum perceber-se indivíduos escravos de seus próprios sentimentos; de seus medos; de seus impulsos; de suas agressividades. A pessoa cristã que é senhora de si mostra ter este “dom do entendimento”. Cristãs e cristãos que não se permitem dominar pela raiva; pelos ciúmes; pelo medo; pela ganância; pela paixão, mas vêem o mundo e as pessoas à luz da razão, tal como elas realmente são, com toda certeza, tem este “dom”.

1.7.10

A sabedoria e o ME!


Nestes dias a Igreja ainda festeja a Festa de Pentecostes. Ela ainda continua refletindo sobre os dons que o Espírito Santo promove. O profeta Isaías escreve que são sete dons: Sabedoria e entendimento, conselho, fortaleza, ciência, piedade e temor a Deus. (Isaías 11.2) Aqui, centro minha atenção no primeiro dom: Sabedoria.

A "sabedoria" tem grande importância nas Sagradas Escrituras, especialmente no Antigo Testamento. Há uma gama de literatura ligada à mesma nos livros de Salmos, Jó e Provérbios. Nestes Escritos a sabedoria é “pintada” como o mais bonito e mais preciso dom de Deus: mais valioso que dinheiro e ouro; mais desejável que a juventude e que a saúde. Sim, porque dinheiro, juventude e saúde são detalhes passageiros. A sabedoria, no entanto, nos faz amigos de Deus e permanece para sempre (Provérbios 3.13). Mas, o que é sabedoria? Um dos grandes sábios da Antiguidade, Sócrates (o primeiro filósofo do ocidente), mostrou toda a sua sabedoria quando citou a célebre frase que até se tornou um ditado popular: “Oida, ouk eidos” – “Eu sei que nada sei”. Na época ele compartilhou esta frase com os seus discípulos que criam saberem tudo a respeito de tudo. “Eu sei que eu nada sei”: eis aqui o primeiro passo para se ser sábio. O segundo passo nos é ensinado pela própria Bíblia: “Eu sei que Deus tudo sabe.” Ora, Deus é a origem e o fim de todas as coisas. Vai daí que O homem sábio sabe o que é preciso, o que verdadeiramente conta: Deus! É Deus quem precisa ocupar o primeiro lugar na vida da pessoa. Tudo o mais – incluindo a própria pessoa – não é levado em grande conta pela pessoa sábia. Ela permanece calma e serena diante dos problemas que “pipocam” no mundo porque crê em Deus.

Me diverti bastante ultimamente com algumas lideranças evangélicas da IECLB. Elas insistem em marionetizar os que compõem seu grupo. Já de longa data desconfio que alguém, encastelado no sul, coordena os pensamentos dos que apresentam o rosto. Tudo meio que um pouco debaixo dos panos, mas a maioria se submete. Não há espaço para o diálgo aberto, uma vez que o controle é explícito. E assim não se dá vazão à sabedoria; ao crescimento do saber que nada se é; que só Deus é. Pena... E lá vai o Encontrão fazendo suas contas...

30.6.10

Acho que sonhei!


Aquela festa já era festejada há muitos e muitos anos. No começo eram apenas os meninos que participavam. Mais tarde ela também foi aberta para as meninas. A marca desse "festejo permanente” eram os balões que cada um trazia. Tudo tão lindo. Aquela meninada empunhava seus balões multicoloridos com orgulho. Quanto barulho. E quase todo mundo se entendia ali naquele meio de iguais, “
alguns mais iguais que os outros”. Lembro que num dos balões se lia a letra “S”. Na grande maioria deles era a letra “E” que vigorava. Uns e outros carregavam a letra “T”. A verdade é que com o tempo umas e outras letras “menos nobres” também foram sendo inscritas nos balõezinhos da gurizada. Era até engraçado. No fundo um sempre queria furar o balão do outro. A maioria se continha por causa das “dicas” recebidas em casa, antes da ida à festa. O garoto que mais gostava de fazer esta arte tinha seus seguidores. Lembro que um dia alguém ousou danificar seu vistoso balão. O referido dono do balão em perigo nem levou aquela “tentativa criminosa” muito em conta, afinal aquele “pequeno símbolo” de borracha nem era tão importante para ele. Se o mesmo viesse a estourar, ele certamente daria jeito noutro. O fato é que a sua “turminha” ficou indignada. Apontaram o dedo, disseram o que queriam. Ameaçaram o balão do nosso amiguinho. Houve aqueles que afirmaram que iam sair da festa; que não brincavam mais; que a partir de agora iriam se dedicar mais para este e aquele serviço mais nobre; que atitudes daquele tipo eram feias, impraticáveis; que Deus não gostava daquilo... Para basear suas expressões, até faziam uso de textos sagrados. Nossa! Uns e outros temeram. Será que a festa ainda seria a mesma? Parece mentira, mas aquela pequena ousadia promoveu reflexão, aprendizado, mudança de comportamento em uns poucos. Alguns passaram a vir à festa sem as chamativas inscrições das letras. Outros passaram a se apresentar com balões brancos. Num momento carreguei a impressão que eles estavam dispostos a ouvir a História, a aprender com a História, a se pautar um pouco mais na História. Ih! – Acho que sonhei!

22.6.10

Ser profeta!


Hoje dei uma olhada acurada numa palavra do profeta Isaías (Isaías 6.8) onde se lê: “Em seguida ouvi o Deus Eterno dizer: Quem é que eu vou enviar? Quem será o nosso mensageiro? Então respondi: - Aqui estou eu. Envia-me a mim!”

Como é que uma pessoa se torna profeta? Sabe-se que muitos relutaram em aceitar a missão de testemunhas, de profetas de Deus neste mundo. Moisés foi um deles. Ele era um sujeito que não conseguia falar em público, pois temia que tanto os israelitas como o próprio Faraó não dessem a mínima atenção ao que ele viesse a dizer. O profeta Jonas fugiu de Deus em direção ao mar quando soube da missão que lhe cabia. Agindo assim ele deixou claro o grande receio de cumprir a tarefa de chamar os habitantes da cidade de Nínive ao arrependimento. Lembram do profeta Elias? Ele ficou decepcionado com a missão que Deus tinha escolhido para ele. Resignado, se recolheu no deserto para morrer uma vez que cria não poder se desincumbir da tarefa que Deus lhe tinha alcançado. O profeta Jeremias se entendia muito moço para falar em nome de Deus e também tentou se omitir da missão de Deus.

Aqui neste versículo a conversa é outra: Isaías ouve a pergunta que Deus faz e, imediatamente, se oferece para entrar na brecha. “Aqui estou eu. Envia-me a mim!” – diz ele. Esta resposta que Isaías dá tem sua origem numa grande experiência que ele mesmo fez com Deus. Ele teve uma grande visão onde viu a glória, a presença de Deus preenchendo o Santuário. Ali, todos os anjos e todos os seres celestes estavam do lado de Deus. Louvando, eles confirmavam a grandeza de Deus. Num primeiro momento o profeta Isaías ficou muito chocado com esta visão, uma vez que tinha ciência que nenhuma pessoa podia ver Deus e continuar vivendo – nem mesmo Moisés pode ver Deus face a face. O fato é que um anjo purificou Isaías para este momento.

Somente depois dessa experiência é que Isaías assumiu o cargo de profeta. Também ele teria que repartir uma mensagem de juízo entre o povo. As pessoas o ouviriam, mas não o entenderiam. O profeta Isaías também deveria caminhar caminho solitário se quisesse ser fiel àquilo que Deus lhe pedia para dizer. Tu e eu temos tanto a dizer. Como vamos dizer? Vamos perguntar se podemos dizer? Simplesmente assumir dizer? Refletir muito antes de dizer?

19.6.10

Essas organistas!


Oficialmente estou pastor da IECLB há desde julho de 1982. De fato trabalho como ministro desta Igreja desde março de 1978. No passado era assim que, dependendo das circunstâncias, já se colocava o talar nos ombros depois dos primeiros dois semestres de estudo na Faculdade de Teologia. Lá se vão 32 anos de ministério; de prédicas; de visitas; de grupos; de articulações; de conversas; de planejamentos; etc.

Passei pelas cidades de Sapiranga, Porto Alegre e Cruz Alta no Rio Grande do Sul. Andei pelas cidades de Cianorte, Cidade Gaúcha, Umuarama, Paranavaí e Querência do Norte no Paraná. Na Alemanha vivi em Munique. Já em Santa Catarina fui pastor em Florianópolis e agora em Joinville. Quanta história pra contar. Hoje pela manhã acordei pensando nas minhas organistas.

A Arione era uma mulher estudada. Tinha faculdade de música e tocava muitíssimo bem. Conversava comigo sobre os hinos que tocava e sempre fazia um arranjo bonito para os hinos que eu escolhia. Lembro dos seus olhos tristes, resultado de tantas frustrações que a música amainava.

Já a Ilse era uma mulher solitária que passava horas e horas ensaiando. Às vezes eu a ouvia tocando. Ela parecia conversar com o órgão de tubos como se esse fosse um amigo maior. De repente ela estava ali, sem horários fixos a cumprir. Assim como chegava, ia embora.

A Noêmia era professora respeitadíssima na sociedade. Vivia num casarão, sempre guardada por cachorros fidelíssimos. Era extremamente conservadora e não gostava de novidades. Os tons que tirava do teclado nunca diferiam. Um dia abriu a porta para estranhos e foi assassinada. Perdi uma grande amiga.

A Hildegart sabia uns cinqüenta hinos, não mais do que isso. Era uma pessoa limitada que lutava com suas dores. Ao sentar no banco e colocar os pés na pedaleira sempre suspirava. Não tocava com alegria. As notas que brotavam do teclado eram preguiçosas e tristes. Um dia desses uma daquelas dores a levou embora.

A Hertha tocava muito mal. Sempre de novo as suas melodias desafinadas enchiam o templo de boa vontade. A Comunidade a respeitava na sua dificuldade, cantando junto, tentando acertar o tom a partir do gogó. Tempos interessantes aqueles.

O Otto era o mais bem formado de todos. Chegava uma hora antes e não ensaiava. Fazia verdadeiros concertos ao teclado. Na hora em que o Culto começava, ele estava aquecido. A Comunidade vibrava. Não tinha nada de amadorismo. Era um profissional. Seu jeito de ser marcou meu pastorado.

A Clarice tocava relativamente bem, mas gostava de aparecer. Sempre que podia precisava fazer um comentário sobre as músicas que fazia soar. Muitas vezes, para se auto-promover; outras tantas vezes para se auto-desculpar; quantas vezes para fechar os buracos de um sentimento de baixa auto-estima.

A Edla sempre parecia submissa. Não tinha nada a dizer e, uma vez sentada junto ao órgão, cumpria todos os compromissos com ar de serva. Sua discordância podia ser lida no brilho do olhar, mas nunca no bater dos lábios. Tocava e muitas vezes nem era percebida tocando. Uma pessoa extremamente discreta.

Sobrevivi; estou aqui, ainda alegre, sempre celebrando Cultos. Já dirigi mais de 2.000. Sou experiente. E creio, ainda serei mais, nos próximos 12 anos de Ministério. E viva a Igreja!

14.6.10

Política secular e eclesiástica!


Não faz um mês experimentamos mais uma Assembléia do Sínodo Norte Catarinense. Ela se deu no pátio, no templo da Paróquia da Paz em Joinville (SC). Penso que no futuro essa nossa Assembléia será lembrada como um dos momentos políticos mais marcantes da nossa História. Sim... se faz política. Que bom que se fez política.

Hoje, depois de muitos anos novamente passei meus olhos sobre velhos textos que li em 1993: Feuerbach, Marx, Nietzsche e Freud. Parece mentira, mas o tema “religião” é novamente atual uma vez que se liga com o desejo de conforto e responsabilidade; com todos os medos de possíveis choques de cultura que possam provocar rupturas.

Pessoas cristãs que se engajam na política não aceitam os fatos simplesmente como fruto do destino, mas como uma oportunidade de “fazer a hora”; como um desafio para o fomento do desenvolvimento orientado. Quando permitimos que amadores ou agitadores pensem e decidam por nós, acabamos correndo grande risco no que tange à experimentação da paz.

Conheço políticos seculares e eclesiásticos atuantes na Igreja e no mundo. Eles nos ajudam a adquirirmos uma visão sóbria daquilo que é possível se manter de pé ali onde uns e outros inexperientes e desorientados só percebem abundância de problemas.

Tenho diante de mim um texto da grande filósofa judia Hanna Ahrendt onde se lê: “Política tem tudo a ver com amor ao próximo, com amor ao mundo”. Sinceramente, agradeço a todas e a todos que se envolvem com política dentro da nossa CEJ (Comunidade Evangélica de Joinville), do SNC (Sínodo Norte Catarinense)da nossa IECLB (Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil). Esse povo nos ajuda a caminhar por caminhos mais pensados, trabalhados, aplainados.

27.5.10

Círculos, quadrados e franquias!


Sempre gostei de figuras geométricas redondas. Não sou amigo das quadradas. Se sentarmos num círculo, veremos nossos rostos. Se nos acomodarmos em torno de uma mesa retangular, haverá pontos mortos, falhas de comunhão. Se me encontro no meio de um círculo gasto o mesmo número de passos pra ir onde quero. Já se ocupo o centro de um losango, existem pontos longínquos. E por aí vai. Os círculos me são mais simpáticos. Eles não têm mandamentos, mas expiram graça. Assim como não gosto deles, também tenho ojeriza de franquias. Elas tolhem a criatividade e exigem submissão. Elas, quase sempre estrangeiras, pedem relatórios e só permitem a respiração nos momentos oportunos de quem às articula. Além disso, cooptam uma enorme porcentagem dos rendimentos. Pobres de nós que ministramos o Evangelho quando, ansiados em trazer algo novo às nossas Comunidades, nos vimos num deserto e, desesperados, exauridos, nos obrigamos a optar por tais saídas dentro da Igreja.

25.5.10

Esperança!


Medo – vá dormir!
Esperança - acorde!
Levante, lave o rosto!
Amarre os cadarços dos sapatos.
Sim, eu quero sair, passear contigo.
Sempre te vi tão distante, escondida.
Decidi querer-te irmã, querida.

18.5.10

Pentecostes - A Festa do grande Abastecimento!


Imaginemo-nos um motorista andando pela BR 101. Depois de certo tempo o relógio do combustível indica que a gasolina está quase no fim. O motorista não dá a mínima atenção ao fato, mas pisa mais fundo no acelerador. Num dado momento ele vê o posto de gasolina na beira da estrada. Ele pode estacionar perto de uma das bombas e encher o tanque do seu carro, mas ele diz pra si mesmo: “Não precisa! O restinho de combustível ainda dá para eu chegar ao meu objetivo.” E segue adiante. A luzinha vermelha do painel começa a piscar, mas nosso motorista segue sua viagem até o momento em que o motor começa a engasgar e apaga. Ele desce do carro e fica “sem pai e sem mãe” à beira da estrada.

Como é que podemos classificar esse tal motorista? Na certa vamos dizer: “Azar dele! Se tivesse ficado esperto para os avisos no painel do seu carro, teria abastecido o mesmo e não estaria a pé. Que se dane!”

Pois olha! Entendo Pentecostes como a festa do “Grande Abastecimento” da Igreja. Nela Deus oferta o Seu Espírito às pessoas, à Igreja. Estas pessoas não precisam fazer nada a partir de sua própria força, apenas confiar na força do Seu Espírito. Os discípulos, no encontro que tiveram com o Ressuscitado, receberam o Espírito Santo a partir de um sopro (João 20.22). Temos que olhar as festas da Páscoa e de Pentecostes uma do lado da outra. Em Pentecostes, a partir da força do Espírito Santo, nós podemos respirar e encher o nosso “tanque” de forças.

É interessante notar que também nos tempos da Igreja Antiga as pessoas se comportavam tal como o nosso motorista que não abasteceu seu carro, apesar das chances. Eles sabiam da “Fonte de Poder”, mas se esqueciam de usá-la. Timóteo tinha esse perfil. Paulo escreve sobre as lágrimas de Timóteo. Aquele jovem não chorou apenas porque não podia mais contar com a presença de Paulo ao seu lado (2 Timóteo 1.4). Pode ser que Timóteo tenha chorado por causa do sentimento de medo, de esgotamento e ou do amor que perdera. Timóteo tinha se esquecido de “abastecer”. Paulo precisou lembrá-lo: “...re-aviva o dom (carisma) de Deus que há em ti...” (2 Timóteo 1.6). Ou seja: Não te esqueças do “tanque de combustível” Timóteo! Não ande pelo mundo até gastar a última gota! Atenta para o dom que Deus te presenteou. Logo depois Paulo escreve a respeito desse “combustível interno” que existe dentro dos cristãos: “Deus não nos deu um espírito de medo, mas um espírito de força, de amor e de sobriedade” (2 Timóteo 1.7).

Há momentos na vida em que você também se sente assim como o Timóteo se sentiu? Vocês também se esquecem de atentar para os sinais de falta de “combustível”? Vocês se encontram esgotados? Vocês estão sentindo medo? Vocês não estão experimentando o amor?

Se este for o caso, lembrem-se: Pentecostes é a “Festa do Abastecimento”, a “Festa da Lembrança”! Deus nos deixou o Seu Espírito Santo. Jesus Cristo, o Ressuscitado, vive em nós. É o Seu Espírito que nos dá forças; que nos consola; que nos agrega como filhos de Deus; que nos oportuniza a experimentação de esperança; que nos faz passar da morte para a vida (Romanos 8.11-17).

Isso não significa que não devamos caminhar o nosso caminho. No percurso da vida nós também encontraremos “engarrafamentos”, “desvios” e até “acidentes”. Que bom! Em Pentecostes podemos sempre de novo lembrar-nos: Deus nos presenteou Seu Espírito. É Ele quem preenche a nossa vida com nova força! Amém!

OLHA SÓ!