Busque Saber

31.12.10

Feliz Ano Novo!


Feliz ano novo – essas são as palavras que repartimos, que, ontem e hoje, estamos repartindo uns com os outros. Quando nos desejamos “bom ano novo” estamos “sonhando” que tenhamos um bom início em 2011. É assim que cada ano novo tem a ver com recomeços. Os primeiros dias chegam a ser sedutores porque apontam para a novidade; para o desafio do enfrentamento do que ainda é desconhecido. Do texto de Lucas 2.1-20 que relata sobre o nascimento de Jesus Cristo, destaco o versículo 19: “Maria guardava todas essas coisas no seu coração e pensava muito nelas.”

Nós, no ano novo, colocamos todas as nossas esperanças e medos no colo de Deus – o Senhor do Tempo. O “novo tempo” já começou e nós não sabemos o que vem pela frente. Como será a administração da Dilma Rousseff no Brasil? Como se comportará o P. Inácio Lemke no Sínodo Norte Catarinense? Como se pautará o colega Nestor Friedrich na presidência da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil - IECLB? Será que as nossas finanças “andarão em terrenos planos”? E quanto à nossa saúde – será que vai correr tudo bem? E no que diz respeito aos nossos filhos; nossos netos? E, e, e...

Gente querida! Deus veio ao mundo para promover cura; saúde; perspectivas; recomeços dentro do “tempo certo”. Deus é o Senhor da História e o que Ele pensou não pode ser mudado. Gosto demais da palavra do apóstolo Paulo em Gálatas 4.4: “Mas, quando chegou o tempo certo, Deus enviou o seu próprio Filho, que veio como filho de mãe humana e viveu debaixo da lei. ”Todos os nossos recomeços se baseiam neste “tempo certo”; neste início divino. Porque isto é verdade, cabe agradecermos a Deus pelo fato Dele estar conosco desde o primeiro dia.

Agora reflitamos sobre o comportamento da Maria – mãe de Jesus. Essa mulher teve uma atitude de fé que fica muito evidenciada em Lucas 2.19. Leio o mesmo texto numa outra tradução: “Maria, porém, guardava todas estas palavras, meditando-as no coração.” Notem que Maria não entendia tudo o que se passava à sua volta, mas dava de si, se esforçava por entender enquanto refletia e meditava quando das suas “horas tranquilas”. Maria não usava apenas o seu raciocínio para meditar sobre as “Coisas de Deus”. Para tal ela fazia uso do seu coração, a sede de todos os nossos sentimentos e emoções; da vontade e do amor. Maria usava toda a sua força mental para apreciar as “Boas Obras” que Deus tinha trabalhado com tanta maestria. Maria tinha carregado Jesus Cristo nove meses debaixo do seu coração com todo amor e carinho. Agora ela fazia o mesmo, deixando-se preencher de Deus, a partir da visão e da audição. Essa sua nova reflexão não durou apenas nove meses, mas sua vida toda. É claro que esse comportamento promoveu grande sabedoria à Maria.

Como poderemos fazer de 2011 um ano bom? Muitos pensam que a saída é ter mais dinheiro; um melhor emprego; um Plano de Saúde mais completo; e assim por diante... Isso tudo são detalhes que deveríamos classificar como de segundo plano. Em primeiro lugar está a necessidade de nos assenhorarmos de sabedoria. Pessoas que têm sabedoria sabem discernir melhor entre o que é bom e ou é ruim; entre o que se apresenta como claro e ou escuro; entre o que é correto e ou duvidoso. Essa “sabedoria” não cai do céu. Ela também não pode ser aprendida na Escola ou na Universidade. A “sabedoria”, a capacidade de olhar a vida do ponto de vista de Deus, é o resultado de longas reflexões e meditações sobre os principais momentos da História que Paulo nominou como “tempo certo”; como “plenitude do tempo”.

O poeta descreveu esse tipo de meditação; de reflexão testemunhada pela Maria com palavras simples: “Eu quero mergulhar completamente no Seu amor.” Cada um de nós pode fazer isso. Não há necessidade de muito estudo para tal. Sabem o que é verdadeiramente preciso? Um estado de espírito tal como o de Maria – isso é preciso! Lembram da estrofe três do hino número 26 do nosso HPD I (Hinário do Povo de Deus I)? Ali o poeta Paul Gerhardt resume exatamente isso que acabei de dizer: “Contemplo-te em exultação e não me canso disto, detenho-me em meditação, pensando em Ti, ó Cristo! Que a mente viesse a se tornar abismo, e a alma um vasto mar, que assim eu te abrangesse!”

A fé sincera exercitada pela Maria fez dela uma pessoa profunda e sábia. Ela é o nosso modelo neste início de Ano Novo. Miremo-nos no seu exemplo para alcançarmos profundidade e sabedoria em 2011. Não entremos absortos no mesmo, mas carregados da esperança que Deus levará a cabo tudo aquilo que Ele já iniciou conosco. Ele conduzirá a nossa vida a bom termo. Podem ter certeza disso!

17.12.10

E Deus se fez gente...


Oi Pessoal!

No dia 24 de dezembro, às 19h, eu vou celebrar mais um Culto de Natal na Paróquia São Mateus. Trata-se de um Culto Especial - o Culto de Natal. Minha prédica será esta. Boa leitura; boa reflexão; bom Natal!

Quem “sintoniza” sua alma com a Boa Notícia que nos alcança nesta Noite Santa, celebra o Natal como ele verdadeiramente deve ser celebrado. Mesmo em meio a todos os barulhos que nos circundam, tentemos perceber Aquele que vem ao nosso encontro. Silenciemos diante do Menino Jesus. Ele, como nós, também nasceu de mulher; vivenciou os mesmos prazeres e dificuldades que vivenciamos, apesar de ser Filho de Deus. Deus se tornou gente como nós. A luz do Filho de Deus encarnado brilhou para os reis magos; guiou-os para irem ver a Criança; guiou-os para irem e prestar-Lhe Culto. Pois esta mesma luz brilha sobre nós, aqui e agora. Ela também já nos faz sentir o “choque da graça” que oportuniza o brilho inocente desta Criança que já está sob as ameaças da cruz. O texto de Gálatas 4.4-7 nos ajuda nesta reflexão. Ouçamos o que ele escreve à Comunidade dos Gálatas com os “ouvidos” do coração: 4.4 - Mas, quando chegou o tempo certo, Deus enviou o seu próprio Filho, que veio como filho de mãe humana e viveu debaixo da lei 4.5 - para libertar os que estavam debaixo da lei, a fim de que nós pudéssemos nos tornar filhos de Deus. 4.6 - E, para mostrar que vocês são seus filhos, Deus enviou o Espírito do seu Filho ao nosso coração, o Espírito que exclama: “Pai, meu Pai.” 4.7 - Assim vocês não são mais escravos; vocês são filhos. E, já que são filhos, Deus lhes dará tudo o que ele tem para dar aos seus filhos.
Novo Tempo

O texto que acabamos de ler nos faz entender que o Presente que nos foi alcançado por Deus pode ser sentido; vivido. Vocês não ficaram tocados; transformados pelas palavras do apóstolo Paulo que ainda ecoam em nossos corações; aqui neste templo? Carrego o sentimento de não ser mais a mesma pessoa diante da força que vem desta Criança. Estou me sentindo fraco; carente de ajuda. É assim que quando abrimos o nosso coração à Palavra de Deus, acabamos tocados pela verdade de que Deus nos quer como filhos; como filhos que confiam Nele; como filhos que esperam tudo Dele; como filhos que experimentem da Sua segurança; como filhos que O amem como se ama uma mãe, uma avó, um pai, e um avô.

Com Jesus nasceu um “novo tempo”. Deus deu um grande passo em nossa direção quando se fez homem como nós na pessoa de Jesus de Nazaré. Este ato trouxe e ainda traz conseqüências na nossa relação com Deus. Nós fazemos parte do Projeto de Amor de Deus. Somos filhas e filhos de Deus com o direito de herdar o Reino de Deus, tal como o Menino da Mangedora herdou. Sinto-me um tanto tímido em dizer isso, mas sem dúvida é um grande presente esse que Deus nos dá nesta noite de Natal. Jesus, nosso irmão, nos mostra que a vida pode ser bem sucedida. Como irmãos que somos, temos o compromisso mútuo de trazermos a Glória de Deus a face da terra a partir da nossa ação; do nosso testemunho; do nosso engajamento; do reflexo da luz que brilha em nós.

É Véspera de Natal! Imagino que lá fora e que também aqui dentro ainda se chorem lágrimas solidão; de desamparo; de tristeza e de dor. Gente querida! Ainda não chegou o momento do próprio Deus enxugar todas as lágrimas – conforme a promessa. Deus se fez gente para estar com a gente; para, contextualizado, estar do nosso lado. Mais do que isso: Ele nos aceita como somos. Seu amor não está sujeito a condições; é absoluto. Nós sempre podemos voltar a Ele, mesmo que tenhamos nos afastado Dele. Claro que ninguém de nós é obrigado a aceitar este Presente, mas eu chamo a atenção: Jesus Cristo é o Maior Presente que podemos imaginar e creio que nos cabe valorizá-lo, sim.

Conclusão

Onde podemos encontrar esse Deus? Aqui entre nós! Deus nos procura entre os entristecidos e cansados; entre os que sentem medo e desprezo; entre os que estão sob pressão e os não sabem mais como andar adiante. Deus nos indica o caminho do amor e hoje, especialmente hoje, nesta Noite de Natal, esse caminho nos leva à libertação de todos os constrangimentos e opressões. Deus nos mostrou esse caminho no nosso irmão Jesus Cristo que nos dá forças para vivermos uma vida marcada pela liberdade; para ousarmos ir em busca de uma vida digna; para experimentarmos um “Feliz Natal”.

Nós somos filhos de Deus e essa é a herança que Ele nos dá: Não estamos mais sujeitos aos regulamentos e às restrições que o mundo usa para nos escravisar. Somos livres para presentearmos cada vez mais do nosso tempo; das nossas esperanças; das nossas alegrias e de nós mesmos àqueles que caminham conosco. É pautados nesta proposta de vida que queremos olhar para o Menino Jesus. Nele reside o “mistério” da Vida Eterna que carregamos em nós. Deixemos nos levar por este momento e, partir Dele, olhemos com liberdade para o Menino Jesus que nos traz a “Boa Nova do Natal” nos nossos corações.

14.12.10

“E agora José!”


Olá amigas!
Olá amigos!

No próximo domingo, dia 19 de dezembro de 2010 nós festejaremos o Quarto Domingo de Advento. No Culto a minha prédica vai ser baseada no texto de Mateus 1.18-25. Se quiserem lê-la; meditar em cima dos conteúdos apresentados; se comunicarem comigo... Fiquem à vontade. Abraços!

Hoje quero falar do carpinteiro José; do marido da Maria; do pai adotivo de Jesus Cristo que viveu momentos difíceis antes do seu casamento. Maria e ele tinham combinado abstenção sexual durante o namoro e o noivado. Que loucura! Maria lhe repassa a informação dada pelo Anjo de Deus: Está grávida. Só faltava essa! Para José os anjos tinham coisas mais importantes a fazer do que visitar jovens mulheres na terra. No seu entendimento os anjos eram assexuados e eternos; não precisavam se relacionar sexualmente para eternizar gerações. Não! Aquele tal Anjo não podia ser o pai da criança plantada no útero da sua Maria. Ah sim! Ela lhe tinha falado do Espírito Santo; que Deus mesmo a engravidara. Mas o que é que a sua futura esposa estava pensando? Deus só falara com profetas até então. Que história era aquela? Comunicar-se com a humanidade através da barriga da sua futura esposa... Isso não tinha cabimento! E se o povo ficasse sabendo daquela gravidez extraconjugal? Os amigos certamente fariam piadinhas do tipo: - Nenezinho prematuro esse – hein José! Os parentes iriam franzir a testa e, certamente, sugerir que ele denunciasse Maria às autoridades competentes. O problema é que daí ela seria apedrejada. Não! Ele não seria tão radical. Opa! Ele poderia se separar da Maria. Moisés tinha permitido dar “carta de divórcio” em casos de infidelidade. Ele iria “dormir uma noite” sobre aquele assunto...

Um homem temente

José acordou assustado com aquela voz que dizia: - José, filho de Davi, não temas receber Maria tua mulher, porque o que nela foi gerado é do Espírito Santo. Incrível! O Anjo de Deus lhe sugeria que fosse ao encontro da Maria. José estava chocado. Sua mente estava confusa com a informação de que Deus iria fazer acontecer Sua obra salvadora a partir das entranhas daquela que ele tanto amava.

Naqueles tempos o noivado de um casal era entendido como o “primeiro ato” do casamento. O noivo repassava o “dote” ao pai da noiva e se seguiam oito dias de festa nos quais os noivos continuavam a viver separadamente. O casamento se consumava somente no final dos festejos. José deve ter ficado extremamente chocado quando descobriu que sua esposa estava grávida. Para ele estava tudo acabado! Fazer o quê? José só via duas possibilidades: 1- Denunciar Maria aos poderes constituídos, o que significaria a sua morte (Deuteronômio 22.23; João 9.1-11) e ou 2 - Dar “carta de divórcio” à Maria, o que significaria que ela teria que conviver pro resto da vida administrando “vergonha”; dificuldades mil.

É neste momento mais escuro da vida de José que Deus interfere fazendo brilhar esperança. Deus se inclina para José. Se no Antigo Testamento Ele só se comunica em sonhos com ateus para dar ordens, com José Ele faz diferente: Ele lhe explica o milagre daquele nascimento para dentro do contexto que se vive e José entende que Jesus, o Salvador, nascerá do útero da sua mulher (21). O filho que a Maria carrega no seu útero é fruto do Espírito Santo. José compreende Deus porque está atento (24) àquela mensagem que vai contra tudo o que é crível. Ele crê; ele tem sensibilidade para ouvir a voz de Deus.

Havia três possibilidades para José resolver o seu problema: - 1. O apedrejamento da Maria – 2. A “carta de divórcio” e ou – 3. Assumir a “vergonha” da Maria. José descarta as duas primeiras opções e opta pela terceira. Ele vai “sair de fininho” da relação. Agindo assim, como um pai desnaturado age, ele iria carregar a “vergonha” da Maria no próprio corpo; ele iria deixar Maria seguir o seu caminho. Afinal, ninguém sabia que a criança não era dele. Aqui Deus mostra a José um quarto caminho: 4. O caminho da obediência. José tem os ouvidos abertos e ouve a voz de Deus e assim, sem se dar conta, caminha pelos caminhos da fé, mesmo desconhecendo o que ainda vem pela frente. José reage positivamente ao Mandamento de Deus e faz a Sua vontade; se deixa conduzir.

Conclusão

Deus planejou o crescimento de Jesus numa família integrada. José entendeu este recado e adotou o Menino Jesus que, a partir daquele momento da adoção, passava a ser também um descendente de Davi que desse continuidade à bênção. (Salmo 132.11; Jeremias 23.5; 33.15; Romanos 15.12). José assume Jesus como seu filho e assim se torna o pai de direito do Menino Deus. Hoje se diria que José é “um homem que faz”. Ele aceitou a direção de Deus no sentido de levar a cabo a tarefa que lhe foi sugerida e, junto, se tornou “uma só carne” com Maria que, por sua vez, também tinha uma tarefa a cumprir como serva de Deus (Lucas 1.38).

As dúvidas referentes à sua Maria eram infundadas. Ela não tinha lhe mentido. Se Deus tinha criado o céu e a terra, Ele também seria capaz de gerar um Filho daquela forma. Dá para se dizer que o aprendizado de José foi rápido: ele abandou os pensamentos obtusos que carregava dentro do peito e caminhou a caminhada cristã de forma flexível. Ele cuidou da família enquanto fugia para o Egito; preparou-se para o enfrentamento das dificuldades que ainda estavam por vir no estranho Egito; enfrentou o medo que sentia de Herodes – o matador de primogênitos; mostrou-se disposto a optar pelos caminhos que Deus lhe indicava; não se desgastou perguntando sempre de novo pelos porquês.

José foi um exemplo: - Para Deus, ele foi um homem temente que tinha ouvidos abertos para a vontade do seu Senhor. – Para Maria, ele foi um companheiro amoroso e cuidadoso. Para Jesus, ele foi um verdadeiro pai presenteador de segurança em meio aos conflitos e crises que a vida propõe. Sim, José foi um exemplo de fé para todos nós. Amém
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7.12.10

Tempo de Advento Cristão!


De um lado o Advento é o tempo de preparo para os festejos do nascimento de Jesus Cristo que nos foi enviado por Deus há dois mil anos. Por outro lado este tempo é oportuno para olharmos além do horizonte; para erguermos as nossas cabeças; para esperarmos o Filho de Deus que virá até nós uma segunda vez – conforme a promessa.

A Igreja não tem força para combater todo o comércio que enreda o tempo de Advento. Daí que uma coisa precisa ser dita: O Advento não é isso que se propagandeia na mídia; ele é mais.

No Advento temos a chance de avaliarmos a nossa vida; de tentamos melhorar os aspectos da nossa existência; de nos preparamos para receber o Filho de Deus que vem. Assim, vejo a Coroa de Advento e o pinheirinho enfeitado como bons símbolos a nos auxiliar na compreensão desse momento que vivemos.

Deus vem ser luz que se mostra na chama de uma vela. O verde da coroa e da árvore de Natal comunicam esperança. O corte destes dos ramos e da própria árvore apontam para a cruz. As cores das bolas que estão penduradas também carregam significados. Enfim, que todos possamos experimentar este Tempo de Advento Cristão.

Kaká e Caroline


Segundo notas publicadas na imprensa (Jornal “O Dia” – 05 de dezembro), o jogador Kaká e sua esposa Caroline romperam com a Igreja Renascer. A razão deste rompimento se deve ao fato de que o casal não estava mais satisfeito com a administração dada aos dinheiros arrecadados. A Instituição religiosa confirmou o desligamento destes dois membros ilustres, mas sem apontar motivos.

Segundo reportagem publicada na revista “Veja”, a ruptura já teria ocorrido em agosto de 2010. Caroline declarou que “Seu tempo na Igreja Renascer tinha acabado e que, a partir daquele momento, sua busca constante seria somente por Deus”.

Os motivos oficiais não foram explicados, mas supõe-se que houvesse discordância entre o casal e a administração da igreja, cujos líderes, Estevam Hernandes e sua mulher, Sonia, foram presos em Miami, em 2007, com US$ 50 mil não declarados, com parte do valor escondido em uma Bíblia. Segundo a reportagem de “O Dia”, em 2009 Kaká teria contribuído com pelo menos US$ 1,4 milhão de dízimo para a referida igreja.

Se isso é verdade, bato palmas. No entanto eu desconfio que, em breve, teremos uma nova Igreja; uma nova “liderança” eclesiástica; uma nova leva de gente buscando “razão para viver” em pessoas famosas, mas não em Jesus Cristo que optou pelos caminhos da cruz. Tempos difíceis.

3.12.10

Alcides Jucksch


Ontem à noite abri minha caixa de e-mails e fiquei sabendo que o missionário de quase cem anos está muito doente. Desliguei o computador e remeti meus pensamentos para o ano de 1960, em Tenente Portela (RS).

Na época eu tinha cinco anos de idade e meu pai articulava um emprego político na Reserva Indígena Kaingang. O pastor Norberto Schwantes nos visitava toda semana. Ele, auxiliado pelo “seo” Darci, levava turistas alemães para conhecer, “in loco”, aquela população indígena e seus costumes. Foi daquelas relações que nasceu o trabalho da IECLB com o povo kaingang no Toldo Guarita (RS).

Pois o pastor Alcides Jucksch estava lá quando este “trabalho missionário” começou. Eu, no colo do meu avô, vi um sem-número de kainganges assistindo a sua evangelização em Língua Alemã (pasmem). Ainda me lembro do filme que ele passou na tela (um lençol de casal engomado da minha mãe) sobre a vida e a morte de Jesus. Havia silêncio e emoção na sala quando da crucificação do Filho de Deus. Sim, eu me lembro. Sou testemunha ocular daquele fato.

Dois anos depois, em viagem definitiva para Santa Cruz do Sul (RS), fui participar dos últimos dias da minha bisavó em Ibirubá (RS). Enquanto ela sofria seus derradeiros dias no hospital, eu fazia amigos na vizinhança da família Born. À noite havia momentos de Evangelização no templo da IECLB e lá íamos nós dois, a minha avó e eu. O missionário tinha um copo cheio d´água no púlpito e convidava para que as pessoas viessem beber da “água da vida”. Eu estava com sede e fui... Incrível! Eu entendia aquela palavra que “mexia” comigo.

No final dos anos setenta eu, ainda estudante, trabalhava em Sapiranga (RS). Um dia encontrei o missionário no gabinete dentário do dentista Hoch. Fomos apresentados um ao outro. Para ele eu era um estranho. Já para mim o pastor Alcides era um ídolo. Imagino que milhares fizeram a minha experiência. O tempo foi passando e um dia me caiu na mão o seu livro “Amor sem fronteiras”. Já na Alemanha me assenhorei do seu conteúdo na Língua Alemã.

Faz dois meses que tive privilégio de ler um documento que “salvei” numa das minhas pastas. Nele o pastor Alcides se posiciona de forma muito clara sobre as idéias “alienígenas” que invadem o seio da nossa Igreja Brasileira para, com intuitos escusos, achincalhar a evangelização. Curiosos quanto ao documento? Interessantíssimo... Tem conteúdo profético.

Caríssimas Dorothea, Elisabeth e Ruth. Hoje, dia, 03 de dezembro de 2010, estou lembrando de vocês, sentado no meu gabinete, aqui em Joinville (SC). Coisa boa poder olhar para trás e se “orgulhar” de um pai. Abraços!

15.10.10

Pelo fim da guerra santa nas eleições



Olá! Penso que que a "carta pastoral" escrita pelo P. Dr. Walter Altmann - Presidente da IECLB - nos ajude a melhor refletir sobre política nestes tempos de buscas... Abraços!

A Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil – IECLB tem exercido na área pública e no cenário político uma postura de vigilância profética e de ação calcada no princípio do amor ao próximo. Não tem perseguido interesses próprios institucionais, mas tem buscado, no âmbito de sua responsabilidade, servir as pessoas em suas necessidades físicas e espirituais.

Em seu próprio nome e em sua Constituição, a IECLB adotou deliberadamente a designação de ser igreja no Brasil, com “todas as consequências que daí resultarem para a pregação do Evangelho neste país e a corresponsabilidade para a formação da vida política, cultural e econômica de seu povo”, como formulado pelo Pastor Presidente H. Dohms já em 1949, no Concílio constitutivo da então denominada Federação Sinodal. Marco histórico foi também o chamado Manifesto de Curitiba, adotado no Concílio Geral de 1970, quando em meio ao período mais sombrio do regime militar, a IECLB estabeleceu critérios claros de distinção entre Igreja e Estado, entre esferas pública e privada, sem, contudo, separá-los como autônomas ou estanques. Realçou, por isso mesmo, o papel de vigia da igreja, por exemplo, na denúncia de infrações aos direitos humanos.

Um princípio fundamental da Reforma, no século XVI, e parte integrante da confessionalidade luterana, é também o total respeito à consciência de cada pessoa e a suas próprias decisões de fé, ainda que a Igreja deva proclamar sempre e em todos os lugares os valores da Palavra de Deus. Entre estes se destacam o cuidado para com toda a criação, a dignidade de todo ser humano como criatura criada à imagem de Deus e a edificação de comunidades acolhedoras e fraternas, nas quais não haja exclusões e onde, por isso mesmo, gozam de especial carinho todas as pessoas pobres, as que padecem necessidades ou sofrem injustiças e opressão.

Esses são princípios básicos que norteiam quem é cristão em seu discernimento ético e também na avaliação das propostas políticas em debate na Nação. Repudiamos como incompatível com a fé cristã todas as tentativas de “sacralizar” o embate político, sobretudo qualquer tentativa de “satanizar” ou “demonizar” pessoas ou forças políticas adversárias. Quem o faz deve se perguntar e ser questionado se não está sendo ele próprio instrumento da injustiça e do mal. Já há quase cinco séculos, o Reformador Lutero repudiou completamente o conceito de “guerra santa” como falsificação da palavra de Deus. Devemos resistir à tentação de reintroduzi-lo em nossas consciências e na vida política.

Uma preocupação especial temos com o uso, melhor dito, o abuso da internet. Nesta campanha, ela tem se revelado como instrumento poderoso não apenas para a difusão de notícias e opiniões, bem como para análises da realidade, mas também, em larga medida, para disseminar calúnias e difamações, muitas vezes de forma acobertada pelo anonimato ou até mesmo fazendo uso indevido de nomes de pessoas ou entidades respeitáveis e conceituadas.

Exortamos, portanto, a todas as pessoas, em particular os membros da IECLB, a que não se deixem seduzir por acusações oportunistas ou temáticas diversionistas, nem se deixar levar por emoções artificialmente induzidas.Ao contrário, examine-se com sobriedade, à luz dos valores de nossa convicção evangélica, acima arrolados, a nossa realidade, suas mazelas e suas belezas, o momento peculiar que vivemos como Nação, a qualidade de vida que temos e pretendemos alcançar. Avaliem-se também as propostas de programa da candidata Dilma e do candidato Serra. Em que consistem? Qual seu alcance e resultado? Avançam a justiça e a solidariedade no país? São exequíveis ou apenas promessas de campanha?

Assim, decida cada qual em sua consciência.

Porto Alegre, 14 de outubro de 2010
Dr. Walter Altmann
Pastor Presidente

14.10.10

Los 33


Os mineiros chilenos continuam sendo salvos do soterramento que sofreram há 700 metros de profundidade, enquanto escrevo esta meditação. Eles experimentaram grande crise que durou mais de dois meses. Neste momento a mídia nos informa que todo esse “processo de angústia” começa a chegar ao seu final. Nada será como antes para aqueles 33 homens. Eles, como poucos, tiveram tempo para refletir sobre suas vidas. Não resta dúvida que seu “momento histórico” é estupendo.

Li que pediram bíblias para ler e estudar nas profundezas. Um pastor chileno reagiu ao seu desejo e “criou” pequenos livros sagrados de 8 x 12 centímetros. Essas eram as medidas que podiam ser repassadas pelo “túnel de contato”. Lá embaixo o ambiente era um tanto escuro e as letras muito pequenas, quase indecifráveis. O tal pastor resolveu o problema enviando pequenas lupas para facilitar a leitura. Na capa de cada uma das pequenas bíblias havia um decalque onde constava o nome do mineiro e um pequeno recado: - Estamos orando pela volta de vocês!

Outro detalhe que certamente chamou a atenção daqueles homens lá no fundo da mina foi o Salmo 40.2-3 que estava sublinhado em cada exemplar: “Tirou-me de uma cova perigosa, de um poço de lama. Ele me pôs seguro em cima de uma rocha e firmou os meus passos. Ele me ensinou a cantar uma nova canção, um hino de louvor ao nosso Deus. Quando virem isso, muitos temerão o Senhor e nele porão a sua confiança.”

Uma boa palavra, sem dúvida. Tu e eu vivemos inúmeras crises. Aqui e ali há “buracos” de injustiça, de discriminação e de exploração que nos “enlameiam”. Sair deste “estado de negação” é preciso. O problema é que enquanto a “cápsula fenix” sobe e desce, continuamos dando mínima atenção às pessoas que se engajam em “projetos de vida” isentos de “segundas intenções”. É que nossa educação sempre priorizou a visão na “força” do mais articulado; do que “vende” o seu “produto” com mais convicção. Quais são as razões que movem estes indivíduos que propõem ajuda?... O presidente do Chile fez um bom trabalho e, por causa disso, a sua aceitação pública subiu para a “estratosfera”. Ele é um ganhador! Esse “jeito de ser e fazer” muitos já importam para dentro da Igreja. Nela, quase sempre, “faz-se” e “doa-se” para receber algo em troca. Um exemplo: O Conselho de Pastores Evangélicos de Joinville (SC) articula doação de “sangue cristão”. Até aqui, perfeito! O problema é que a “segunda intenção” dessa ação já está indicada na propaganda subliminar “Marcha para Jesus”. Evento esse que, como pastor da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil, não posso concordar.

Só a força e a ajuda de Deus é que valem. Nele experimentamos consolo dentro do desespero; resolvemos nossos “problemas” quando vem o sentimento do “afogamento nas águas do desespero”; quando somos rejeitados e discriminados. As “forças de fora” sempre visam nossa “implosão” como pessoas, mas Deus nos oportuniza mais “saúde” depois dessas tais crises. “Nada pode nos separar do amor de Deus”, mas para tal a cristandade deverá “acordar” seus dons e talentos no sentido de promover justiça, bem comum, sem esperar lucros.

O que fazer depois de experiências complicadas vividas? O salmista faz duas sugestões: Não acomodar-se diante do que acontece, mas agradecer a Deus pela Sua ajuda e louvá-Lo pelos Seus grandes feitos. Colocarmo-nos com palavra e postura clara (profecia, agradecimento e louvor) diante do que é injusto, e isso em qualquer nível. Eis aí o perfil da “testemunha de Deus” que continua a agir dentro do mundo. Que Deus nos dê forças para sermos assim, a partir daqui deste grupo, deste lugar...

17.9.10

Para os nossos políticos de hoje!


Olá gente querida! Estamos em vésperas de eleições. Pensando nelas foi que criei a "entrevista" abaixo com o nosso Reformador Martin Luther. Vamos interpretá-la dentro de um dos Cultos do mês de outubro de 2010. Boa leitura...

Renato: Sr. Martin Luther! Eu carrego a impressão que as nossas lideranças, os nossos políticos não estão levando muito a sério o “código de ética” dentro da política brasileira. Só pode ser por disso que a “politicagem” sempre se avulta mais e mais no nosso meio. Nós, cidadãos, precisamos recuperar, o quanto antes, a convicção de que essas mulheres e esses homens que nos representam nas mesas de decisão política sejam pessoas dignas; referências para a nossa sociedade. Outro dia pensei com meus botões: - Será que o nosso Reformador Martin Luther não seria capaz de criar um bom “código de conduta” para os nossos políticos de hoje?

Dr. Martin Luther: Pois é! Não espere muito de mim. Eu vivi num tempo em que a sociedade se dividia em duas castas: o povo de um lado e a burguesia do outro. Se o meu conhecimento ainda estivesse à altura de escrever um código de ética para os políticos do século 21 eu confesso que me alegraria muito.

Renato: Mesmo assim, tente nos ajudar a refletir sobre esse assunto, temos muito interesse em saber o que o senhor vai nos dizer!

Dr. Martin Luther: Olha! Posso dizer que são poucos os dirigentes políticos que não podem ser acusados de tolos e ou “desviadores” do dinheiro público. Os cidadãos mais comuns percebem esse fato. Lideranças políticas que não temem a Deus são incapazes de levar o seu mandato a bom termo. Uma pessoa que não é cristã facilmente comete injustiça contra alguém. Ela nem se dá conta que, agindo assim, chama a ira de Deus contra si. Quem exerce cargo político precisa julgar e reger pessoas. Ora, nessa posição sempre se está em contato com indivíduos que brigam e disputam entre si. Essas discussões e discordâncias trazem inúmeros problemas aos mandantes do nosso tempo. Se julgarem com justiça, vão alegrar uma das partes e, ao mesmo tempo, oportunizar raiva à outra que, por sua vez, vai trabalhar contra. Na regra sempre é assim que esse mandante vai acabar se colocando ao lado dos ricos, dos poderosos, dos amigos e dos parentes. Estas atitudes serão bem vistas por uma minoria. Já a grande maioria vai se alienar e até começar a destilar raiva. Essa casta de gente grande sempre quer ter razão e espera que se vá ao encontro das suas vontades. Nessas horas seria muito bom que o governante se colocasse; que tomasse posição, mesmo que sua esposa; que sua honra e que sua vida corram riscos. Quem se assenta numa tal “cadeira” e não é corajoso também não é apto ao cargo que foi eleito. Políticos medrosos sempre acabam vendendo a sua alma. Sim, eles são compráveis. Vou ser muito claro: Ganha o povo quando um governante ama mais a Deus do que aos homens (Atos 5.29). Esse pode vir a dizer: Se o tal sujeito vier a se tornar meu inimigo, vou fazer o quê? Junto comigo, aqui no gabinete onde atendo, eu tenho um Amigo que é muito mais simpático e poderoso do que o tal sujeito que quer me ver pelas costas: seu nome é Deus!

Renato: O senhor quer dizer que um governante que quiser governar com postura cristã só poderá fazê-lo se tiver muita força de vontade e se alicerçar em cima de regras claras...

Dr. Martin Luther: Isso mesmo! Políticos que atuam buscando vantagens e benefícios para si nunca são queridos. Pior do que isso: são condenados e amaldiçoados pelo povo. Mas se eles agem a partir da máxima do amor e não a partir do seu próprio prazer; do seu próprio benefício; da sua própria honra e da sua própria segurança, mas abordam as pessoas com o intuito de beneficiá-las, aí sim vão experimentar honra. Quem quiser governar como um cristão governaria não deve pensar: - Este país e este povo são meus e é por isso eu vou fazer o que me der na cabeça... O contrário é que é certo: - Eu pertenço a este país e a este povo e vou trabalhar para eles no sentido de fazer o bem, de dar-lhes o melhor...

Renato: Nós aqui da São Mateus estamos encantados com as suas respostas!

Dr. Martin Luther: Ah é! (Risos) Um bom político deve encarar sem desprezo as pessoas que lhe fazem pressão de cima para baixo. O mesmo comportamento ele deve ter com os seus assessores. Ele não deve dar muita confiança para esta gente que o circunda. Ele não pode se colocar na mão deste pessoal uma vez que Deus não aprova tal conduta. O maior dos maus hábitos de um governante é quando ele terceiriza sua mente; quando ele se cala; quando ele se omite de dar opinião entre os homens “grandes” e “falantes”. Um bom governante confiará nos seus assessores até um determinado ponto. Ele sempre terá que permanecer com o poder na sua mão. Ele nunca deverá descansar na rede da confiança, mas exercitar o controle e fazer como Jeosafá fez em 2 Crônicas 19. Jeosafá viajou por todos os cantos e recantos do seu país, sempre fazendo verificações “in loco” para ver como o seu povo era governado. Só se deve ter confiança total em Deus, em ninguém mais.

Renato: Lamentamos muito, mas o senhor precisa finalizar esta entrevista. O Culto precisa continuar...

Dr. Martin Luther: É! Minha esposa “Kate” sempre diz que sou muito prolixo. Então... Pra terminar... Um político precisa dar atenção à proporcionalidade dos meios que dispõe. Ele não pode salvar uma colher e, ao mesmo tempo, quebrar a tigela ou ainda, por causa de uma cabeça trazer dificuldades pro país e pras pessoas carentes que nele vivem. Quer dizer: ele não pode seguir cegamente os seus consultores; as pessoas que querem provocá-lo e incitá-lo para que ele tome decisões e elas obtenham lucro a partir daí. Não é bom cristão aquele que, por causa de um “presente gordo” põe em perigo toda uma nação. Um bom governante precisa ter sensibilidade para governar. Esta sensibilidade é, muitas vezes, muito mais útil do que a esperteza.

Renato: Obrigado Dr. Martin Luther! Só nos resta orar para que a bênção de Deus esteja sobre os políticos brasileiros a partir de outubro deste ano...

6.9.10

Letras, vida e compromisso!


Pastor: O pastor inicia a peça teatral fazendo uma breve introdução dizendo o que foi o tempo de Ensino Confirmatório; falando dos conteúdos trabalhados; informando o número de jovens que participaram... De repente acontece uma grande algazarra dentro do templo... O pastor fica “estupefato

Algazarra: Seis jovens vêm correndo pelo corredor central; cinco pelo corredor lateral direito e seis pelo corredor lateral esquerdo (São 17 os confirmandos da nossa Paróquia). Falam; sorriem; gritam – tudo ao mesmo tempo. Expressam alegria com seus semblantes e com seus gestos. Sua corrida termina diante do altar, mas a festa continua (abraços, beijos, acarinhamentos, relação afetuosa...). O pastor que foi interrompido tenta dizer algo. Não consegue. Nas cabeças de cada jovem há um capacete. Sobre dezesseis capacetes estão sobrepostas as letras: J; E; S; U; S; C; R; I; S; T; O; I; Χ; Θ; Υ; Σ. Um dos capacetes terá as letras CVV (Caminho, Verdade, Vida – João 14.6)) Todos se movimentam muito diante do altar. O pastor continua se mostrando um tanto atônito. Quer colocar ordem na “bagunça organizada” e consegue...

Pastor: O que é isso gente? O que é que aconteceu com vocês? Porque estas letras nas suas cabeças? Isso é moda agora? Podem me explicar o que está se passando aqui? Todos silenciam e prestam atenção no que se desenrola...

J: (Se destaca dos demais. Dá uns três passos à frente e se coloca mais ao lado esquerdo da Comunidade reunida.) Sabe o que é pastor? Todos nós estamos prontos a dizer um “sim” para Jesus Cristo. E eu, durante toda minha vida, vou guardar o primeiro mandamento comigo: Eu sou o Senhor, seu Deus. Você não deve ter outros deuses além de mim. Quero dizer que “” (frisar esta palavrinha), aqui e agora, me comprometo com Ele para o que der e vier. Daqui para a frente eu vou respeitá-Lo, amá-Lo e confiar Nele acima de tudo.

E: (Exatamente neste instante, num salto, a letra “E” se coloca ao lado de “J”.) Estou do teu ladinho “J”. “Eu” (frisar este pronome), fulana/o de tal (diz o seu nome) vou dar tudo de mim para viver e divulgar o segundo mandamento: Não abuse do nome do Senhor, seu Deus, porque o Senhor não considerará inocente quem abusar do seu nome. Minha opção está feita. Vou respeitar a Deus como todos até aqui já frisaram. Vou amá-Lo e, por isso mesmo, não vou amaldiçoar; jurar; praticar magia; mentir ou enganar. Pelo contrário: vou pedir a sua ajuda em todas as necessidades. Vou orar, louvar e agradecer sempre que puder. Por todos os caminhos onde eu andar o Senhor comigo vai caminhar.

S(1): (Dá um pulo à frente e se coloca no lado esquerdo de “E”.) Ahaaa! Também me articulo nesta idéia. Quero ser cristão e o terceiro mandamento vai ser sempre o meu refrão: “Santifique” (frisar a conjugação deste verbo) o dia de descanso. Vou trabalhar; dar tudo de mim pelo progresso da minha vida de fé, da minha Comunidade e da sociedade, mas nunca me esquecerei de guardar o dia da honra ao meu Criador. Esse compromisso eu assumo. Deixa comigo!

U: Opa! Chegou a minha vez. Não quero passar batido aqui nesta roda. Também sou, como vocês, “uma” (frisar esta palavra) pessoa especial para Deus. Na minha vida eu vou levar o quarto mandamento dentro do meu coração: Santifique o dia de descanso. Penso que agindo assim vou dar testemunho vivo, santo e agradável no meio de uma geração que se esquece deste detalhe gerador de vida abundante em todos os cantos e recantos.

S(2): Oiiii! Também “sou” (frisar o pronome pessoal) um “S”. “Sou” uma pessoa que vai dar tudo de si para construir a vida, não desmantelá-la. Estou gravando, dentro do meu peito, o quinto mandamento: Não mate. Vou me esmerar em não pensar; falar mal, mas sempre de novo tentar pensar o bem a partir das coisas que vejo; que ouço; que sinto. “Sim”! Vou fazer uso da minha vida para “ser” pessoa construtiva...

C: Gente querida! Aqui estou... Eu sei que eu vivo num tempo difícil de ser vivido. O sexto mandamento será pra mim um alvo muito claro: Não cometa adultério. Eu vou me esmerar para levar uma vida sexual responsável e disciplinada; vou amar e respeitar o meu cônjuge. Sim, eu vou dar tudo de mim para não “cometer” deslizes nesta área moral. O mundo precisa de beleza. Se eu e tu não plantarmos estas plantinhas no nosso meio ele se desertifica.

R: Ufa! Chegou a minha vez. Tal como vocês, também quero comprometer-me. Faço-o com o sétimo mandamento que diz: Não “roube”. Tenho clareza que não vou tirar o dinheiro ou os bens de quem caminha ao meu lado; que não vou me apoderar de nada por meio de mercadorias falsificadas e ou negócios desonestos; que vou ajudar conservar e melhorar a vida que eu vivo junto dos meus irmãos.

I: E aqui estou eu, o “I”. Enquanto eu viver, vou levar em conta “isso” que as palavras do oitavo mandamento explicitam: Não fale mentiras a respeito do próximo. Sim, eu quero amar a Deus. Não quero enganar ninguém com falsidade. Também não quero trarir, caluniar, fazer acusação falsa contra quem quer que seja. Vou me esmerar em desculpar, falar bem e interpretar tudo da melhor maneira. É “isso” aí pessoal...

S(3): Olá! Perceberam? Sou o terceiro “S” (apontando para o capacete). O nono mandamento, esse eu vou atar ao meu coração: Não deseje possuir a casa do seu próximo. A minha história eu vou marcar com amor e profundo respeito a Deus. Vou tentar ser uma pessoa “simples” como as pombas e esperta como as serpentes. Noutras palavras, vou crescer para dentro dos conceitos de justiça, sempre ajudando para que os meus próximos possam conservar e aprimorar o que têm.

T: Oi Povo de Deus! Vou com “tudo” para dentro da vida com o décimo mandamento cravado no coração: Não cobice a esposa ou o marido do seu próximo, nem as pessoas que trabalham com eles nem coisa alguma que lhes pertença. Gente! Eu só quero amar a Deus. Não quero seduzir, desviar ou afastar a esposa, o marido ou as pessoas que trabalham com quem caminha perto de mim. Quero, isto sim, aconselhr essa gente para que fique e cumpra com o seu dever.

Pastor: Confesso que vocês acabaram de me surpreender. Vocês acabaram de testemunhar para as suas mães, os seus pais, os seus parentes, à Comunidade que Deus não tolera outros deuses; que Ele castiga às pessoas que odeiam, até os netos e bisnetos. Também ficou claro no testemunho de vocês que Deus é bondoso com aqueles que Lhe amam e Lhe obedecem os mandamentos; que Deus abençoa os descendentes daqueles que O amam até milhares de gerações. Lembrem-se que Deus ameaça castigar todas as pessoas que não cumprem os Seus mandamentos. É por isso que devemos temer a Sua ira e não deixar de cumpri-los. Coisa boa! Deus promete graça e todo o bem às pessoas que os praticam. É por isso que devemos amá-Lo, confiar Nele e guardar os Seus mandamentos de boa vontade. Mas há outras letras aqui. Elas são um tanto estranhas. O que é isso pessoal? Me expliquem por favor... (Pastor faz ar de curioso)

Ι(2): (O jovem que tem a letra grega “I” sobre o capacete desce os degraus e se coloca na frente da fileira que escreveu Jesus Cristo a partir das posições assumidas.) Uhuuu! O pastor descobriu a gente lá no cantinho. Agora estou aqui. Eu sou a primeira letra do acrônimo utilizado pelos cristãos da Comunidade Primitiva. No grego esta letra que está sobre a minha cabeça significa “Iesus” – Jesus.

Χ: Oiii! E eu sou a segunda letra que significa Cristo - “Christos” na Língua Grega...

Θ: Olha eu aqui! Sou a terceira letra que significa Deus – “Theou” na Língua Grega.

Υ: Também estou aqui. Sou a quarta letra que significa Filho - “Uios” na Língua Grega.

Σ: E por fim eu, a quinta letra que significa Salvador – “Soter” na Língua Grega. Juntos formamos a expressão I Χ Θ Υ Σ - Iesus Christos Theou Uios Soter - Jesus Cristo, Filho de Deus, Salvador.

I(2): Esta palavra “Ictüs”, que era utilizada para marcar as catacumbas cristãs na época de perseguição aos cristãos, também era utilizada para a comunicação entre os da primeira comunidade: uma pessoa cristã marcava com o pé uma meia-lua para baixo no chão. Se a pessoa com a qual ela conversava também fosse cristã, ela marcava a meia lua para cima, formando o símbolo do peixe.

Χ: Dentro deste símbolo do “peixe” se lê a expressão “IΧΘΥΣ” (Ictüs). Vocês certamente conhecem este símbolo que muitos motoristas usam na traseira dos seus carros. Este é o nosso símbolo também...

Θ: É, mas nós melhoramos esse símbolo. Dependendo do ângulo que se vê o mesmo ele é visto como uma cruz. Vejam (mostra o símbolo que, girado, se mostra como uma cruz)...

Υ: A cruz onde Jesus morreu crucificado pelos nossos pecados...

Σ: A cruz que se tornou uma “ponte” para podermos viver o Reino de Deus...

CVV: Ei pessoal! Eu não falei ainda. Lembrem-se sempre que Jesus Cristo é o nosso Senhor e Salvador;o nosso Caminho, a nossa verdade e a nossa vida. Nunca se esqueçam que Jesus resumiu os mandamentos numa palavra bem pequena: Ama a teu próximo como a ti mesmo... Sinceramente! Nós estamos prontos para sermos confirmadas, confirmados. Obrigado mãe, obrigado pai, obrigado madrinha, obrigado padrinho, obrigado Comunidade. Que Deus nos abençoe... (Todos se abraçam – o pastor toma conta do programa em suas mãos...

13.8.10

Tristeza!


Um dia te chamei de amigo!
Hoje, por aqui, o dia é nublado.
Ele, carregado de tristeza,
colore de cinza minha alma.
A percepção da escuridão
me fez lembrar de ti.
Meu pensar se converteu em ação
e escrever este verso eu decidi.
Pensei, matutei no que comunicar.
Daí travei, continuo travado
e o dia continua chumbeado.
Promete ficar mais turvado.
Aqui e agora eu daria tudo,
sim, tudo para ser alado...

4.8.10

Ai, ai, ai, ai, ai!


Em 1964 eu era aluno no Grupo Escolar Professor José Wilke. A pequena escolinha acontecia numa antiga residência adaptada, na periferia da cidade. Ali, muitas vezes, as enchentes foram responsáveis por pausas em nossos aprendizados. O nosso uniforme era um guarda-pó branco, quase sempre engomado. Nele, na altura do coração, se lia as letras azuis PW. Quantas e quantas vezes me irritaram quando, de forma jocosa, diziam: Professor Wagabundo.

O mês de setembro era cívico. Nossos parentes, o prefeito, todos nos assistiriam marchando. Vai daí ensaiávamos “marcha” nas ruas do bairro. O caminhão do exército trazia três ou quatro soldados que pulavam de cima da carroceria verde para bater bumbo de forma compassada. E lá íamos nós, enfileirados: esquerdo, direito, esquerdo, direito... Que festa!

Finalmente o Dia da Pátria. Manter o guarda-pó limpo era estressante. A nossa diretora, trazia a bandeira do Brasil e a alcançava para uma das meninas mais bonitas da quinta série. E nós ali, com nossos sapatos lustrados. Claro que sempre alguém tinha que trazer uma bola. Nossas professoras proibiam, mas resistíamos: só iríamos dar uns chutinhos, nada mais. A “coisa” esquentava e lá se ia o lustro do sapato. O suor escorria. A nossa professora expressava descontentamento, mas a vida continuava...

Hoje, como sempre fui, sou luterano! Sou protestante e continuo não aceitando “cale-se”, quando julgo necessário dizer... Que coisa impressionante! Há grupos dentro da Igreja Luterana que, "infectados" por propostas teológicas alienígenas pregam silêncio, submissão, em prol de unidade... Ai, ai, ai, ai, ai

28.7.10

A Valmi e eu somos avós!


A gente é gerado. Vive nove meses dentro da barriga da mãe e depois nasce. Cruza o túnel e depois vê luz; ouve barulho; precisa chorar; deve mamar; aprende a mascar. Num primeiro momento só vê gigantes ao seu lado, já num segundo percebe os iguais. Perde os dentes da frente; fica feio; esconde o sorriso; precisa se pentear; descobre solidariedade e aí vem o jardim. A vida se converte em briga de cotovelos. As influências se multiplicam. É preciso filtrar informações; entender o estado de espírito da professora; decifrar letras e números; gastar energias acumuladas; confiar em amigos; decidir por super-heróis. Num dado momento brota a vergonha dos pais; a percepção do sexo; os desejos internos e segue o baile. As pernas espicham; os pelos mancham a pele; os opostos se articulam. Agora é a vez de dar respostas; de satisfazer àqueles que investiram; de fazer escolhas: do curso; da namorada; da estrada. Festas, compromissos sociais – é a dança da vida. Tudo é dinâmico: formatura; primeiro emprego; chefes; coordenadores; casamento; apartamento. O ritmo é frenético e faz surgir uma conta no banco que supre o gás; o pão; o feijão. E lá vem o rebento. Ele terá em mãos o cetro capaz de fazer re-acontecer aquilo que uma vez já se viveu, mas daí a pele vai murchando; o rosto vai enrugando; os olhos vão enfoscando; os ouvidos vão duvidando e o vento segue uivando, enquanto os cabelos vão branqueando. Mesmo assim, se continua dando de si. E aí, um dia, de madrugada bate o telefone às quatro e trinta da manhã: Eu: - Alô!... Meu filho: – Pai! Tu acabas de ser avô.

Grande Pedro! Seja bem-vindo ao nosso meio, o filho da Paula e do Dani que nasceu no dia 28 de julho de 2010, um dia nublado, mas mesmo assim amado. Três quilos e novecentos e dez gramas. Baita piá que Deus mandou pra nos alegrar. Só pra compartilhar...

27.7.10

Sou Cidadão – Sou Político!


Vêm aí as eleições de outubro. Nós, mais uma vez, vamos votar em deputado estadual, federal, senador, Governador e presidente da República. Confesso que sempre admirei as pessoas cristãs que se engajam na política; que articulam seus pensamentos em meio aos vários segmentos de lideranças comunitárias; que sempre visam o bem comum com seus atos. A vida me ensinou a ser crítico. Hoje, este aprendizado me autoriza a observar a dignidade com que certos indivíduos servem a Deus, enquanto comprometidos com cargos públicos.

Todos nós crescemos enquanto exercemos nossas profissões. Agir politicamente tem a ver com o chamado que Deus. É Ele quem nos desafia a “administrarmos” Sua criação. Estou querendo dizer que o “ofício” da política não tem nada a ver com o que aprendemos na Escola Técnica e ou na Faculdade. Um dos maiores mártires da Igreja do século passado, Dietrich Bonhoeffer, sempre deixou claro que a “política era um espaço de responsabilidade onde se podia fomentar vida em comunhão com quem está próximo”.

Sendo assim, estamos todos comissionados por Deus para articularmos funções políticas. Sim, todas as pessoas que reconhecem os seus dons como presentes de Deus, acabam obedecendo este mandato. O reformador Martin Luther era enfático quando dizia que “ao indivíduo cabia exercer a sua profissão com responsabilidade diante de Deus e dentro do mundo secular”.

Quem mora na cidade (polis) é cidadão (político). Aqui me paro a pensar nos políticos que vamos eleger em poucas semanas. Gostaria de alertá-los (Será que eles me lêem?) que fazer política em causa própria nunca foi e não é vontade de Deus. Sua função primordial foi e sempre será a de trabalhar no sentido de que os interesses opostos convirjam num denominador comum e isso, de forma justa e objetiva. Se conseguirem este objetivo, enquanto se desincumbem desse chamado específico de Deus, então os interesses mútuos serão mantidos e se dialogará; se viverá em equilíbrio.

Tu e eu vamos exercer o direito do voto e temos que pensar como cidadãos, como políticos comissionados por Deus para votar em gente que verdadeiramente represente a cidade. O que é representar a cidade? É promover a força do amor; é se esforçar em favor dos mais fracos; é fazer prevalecer a verdade sobre as próprias ambições políticas. Votemos nestes! Para que as boas reformas aconteçam no Brasil, não precisamos de “estrategistas” e ou de “conversadores”. Hoje carecemos de pessoas que contribuam de forma construtiva, a partir do fazer política. Aquele que vota conforme os critérios de Deus, mais do que ninguém, pratica ato político e quer o bem da cidade.

7.7.10

Minha relação com o ME!


É quase madrugada. Dizem que depois dos 56 anos o sono se apouca. Pra que rolar debaixo do cobertor se bate a vontade de escrever? Pois aqui estou: envolvido com meu teclado... Decidi me expor dez passos mais pra cá da parábola. Faço-o, pela primeira vez, abertamente. O que eu quero com isso: Deixar claro o porquê do meu afastamento das fileiras encontristas... Abraços!

Entendi o Evangelho em 1971, a partir do coração retorcido da Neusa; dessa santa-cruzense que foi evangelizada pelo Sérgio; desse evangelista que conheceu as Boas Novas a partir do engajamento do colega ...

Em 1972, num dos primeiros Encontros Nacionais dos Grupos ECO, lá estava eu. A palestra do colega Arzemiro (Ele ainda era muito jovem) ainda soa nos meus ouvidos. Ele falava do “Mundo do Zé”. Eu era o Zé. Engajei-me naquela proposta com tudo o que era e com tudo o que tinha.

De mecânico de fundo de quintal fui ser presidente de um grupo de JE. Isso me aproximou de um sem número de lideranças luteranas jovens. Retiros, Congressos, Grupo Vida Nova, PEPA (Paróquia de Estudantes Porto Alegre) eram a minha vida. Foi de dentro daquela realidade que deixei-me guindar para Ivoti (RS). Sim, eu queria ser professor catequista; evangelizar na Transamazônica. Vivíamos o “milagre econômico” em 1975.

Certo dia, no meio do almoço, soou a sineta na mesa do diretor. Todos largaram seus garfos e facas. O silêncio era absoluto. A voz do diretor dirigiu-se aos meus ouvidos: Renato Becker... Venha até aqui... Visita para você... Eu saí do meu lugar à mesa. Fui pra frente e, surpreso, recebi o abraço do meu “avô espiritual”. Suas palavras foram poucas, mas agudas: Quero fazer discipulado contigo. E lá fui eu de novo!

Optei pela Faculdade de Teologia. Conheci mais e mais lideranças. Em 1979 ouvi uma palestra que falava em “vida simples”; em “engajamento político”; em “fé e vida”; em “evangelização contextualizada”; em “jogo de cintura”... Ao redor de mim muitos sorriam. Umas daquelas pessoas mostravam acentos intelectuais e outras eram mais pragmáticas. Eu amava aquilo que se mostrava como um “corpo”. Minha noiva embarcou na proposta. Um mundo novo se abria. Decidi então abdicar de alguns caminhos que me eram oferecidos e isso, só por causa daquela “idéia”. Como Estudante de Teologia, continuei investindo o meu “eu” na proposta jovem. Atuei em Vila Scharlau (RS) e em Novo Hamburgo (RS), depois em Sapiranga (RS).

Um dia bateram à minha porta na Rua Pastor Dietschi. Era o futuro monitor do meu estágio, o Arzemiro que me convidava para trabalhar como Pastor Auxiliar em Porto Alegre (RS). Experimentei crises homéricas na grande cidade. Cresci para dentro da pastoral urbana. Aprendi a ser crítico enquanto novamente me envolvia com jovens. Eram os anos 82 quando fui enviado minha esposa e meus dois filhos para o meu primeiro Campo de Trabalho no Noroeste do Paraná. Minha tarefa: Continuar plantando as “sementes encontristas” naquelas paragens. Fiz o que pude. Aceitei o convite para ser pastor Evangelista da IECLB. Indispus-me com lideranças eclesiásticas estabelecidas. Lutei, sempre deixando claro a que vinha. Dois, três, cinco mil quilômetros não eram distâncias para participar das reuniões as quais era chamado. Dei tanto de mim que, em certos momentos, descuidei dos meus e ninguém me exortou. Talvez porque eu dava “lucro” ou seria boa “massa de manobra”.

Chamaram-me para servir em Cruz Alta (RS) quando eram os finais dos anos 80. Fizemos abaixo assinados em prol da então futura FATEV. Tínhamos que “pisar em ovos” dentro dos Distritos Eclesiásticos uma vez que as críticas não eram poucas. Criamos a Pastoral Jovem no Encontrão. Coordenei os primeiros dois grandes encontros em Santa Cruz do Sul e Cruz Alta (RS). Foi em Cruz Alta que também nasceu Missão Zero numa tarde fria de inverno, ao lado do “quentume” do velho fogão Wallig (herança de americanos). Viagens foram feitas; pessoas foram engajadas; diálogos foram forjados a ferro e fogo (não havia internet) a Direção da Igreja criticou; irmãos criticaram; cartas foram escritas; lutas foram lutadas e enfim nasceu Comunidade em Três Lagoas (SP). Designaram-me a ser o primeiro presidente deste projeto então considerado “arenoso”.

Daí veio a UDR (União Democrática Ruralista). Junto com ela vieram os sem-terra. Daí então veio a idéia de se trabalhar “política” no seio da IECLB, a partir de candidato oriundo das fileiras luteranas. Daí veio o controle telefônico a partir dos “Serviços de Informação”. Daí veio um grupo de apoio encontrista. Daí veio uma “estrada íngreme” que decidi trilhar por causa das marcas que experimentara no ME. Daí veio a rejeição. Daí veio a berlinda. Daí passei a ser “esfriado” no referido Movimento. Daí me ofereceram um “band-aid”. Daí me sugeriram Florianópolis (SC), para começar de novo; para me acalmar; para me “enformar”. Ah! Aqueles articulistas... Ou seria um só o articulista no início dos anos 90.

Chorei sozinho. Esperneei até. Articulei Fóruns de Evangelização. Sentei em só meias cadeiras que me passaram a ser oferecidas. O fato é que curti profunda tristeza durante dez anos. O máximo que fizeram foi ouvir-me. Nada mais. Dez anos se passaram. Reconstruí-me e, enquanto me recolocava, já em Munique, ouvi terceiros... Lembro de um colega que disse: Lamento muito! “Esfriaram-te” porque um dos grandes mantenedores não contribuiria mais com nenhum centavo se permanecesses na “vitrine”. Hoje esta informação tem três anos e meio. Confesso que ela me fez bem.

Hoje, na reta final dos meus últimos dez anos de pastorado, faço uma caminhada “solo”. Talvez amanhã também adormeça como o Reinoldo, o Edson, o Homero. Não quero me despedir sem antes dizer que carrego uma enorme cicatriz no peito. “Anticorpos soldaram a ferida”. Sou testemunha de que há mais histórias como a minha. Histórias que foram tratadas apenas com “esparadrapo”.

6.7.10

Conselho!


Conselho - este é o terceiro dom de Jesus Cristo, conforme a visão do profeta Isaías (11.2) Se diz que um bom conselho custa caro; que é uma mercadoria rara. Em vista disso cada pessoa cristã sempre de novo precisa de aconselhamento; de orientação; da sinalização para os muitos caminhos que a vida propõe. Uma vez que são poucos os bons conselheiros, temos que pedir ao Espírito Santo para que Ele mesmo nos guie.

5.7.10

Entendimento!


O profeta Isaías (11.2) cita o “entendimento” como um “dom” que, no futuro, estaria pousado sobre a pessoa de Jesus Cristo. Aqui e ali se ouve pessoas dizendo: - Caia na real... - Te liga meu... Sim, muitas vezes usamos estas duas frases para exortar pessoas e até para chamar a nossa própria atenção. É comum perceber-se indivíduos escravos de seus próprios sentimentos; de seus medos; de seus impulsos; de suas agressividades. A pessoa cristã que é senhora de si mostra ter este “dom do entendimento”. Cristãs e cristãos que não se permitem dominar pela raiva; pelos ciúmes; pelo medo; pela ganância; pela paixão, mas vêem o mundo e as pessoas à luz da razão, tal como elas realmente são, com toda certeza, tem este “dom”.

1.7.10

A sabedoria e o ME!


Nestes dias a Igreja ainda festeja a Festa de Pentecostes. Ela ainda continua refletindo sobre os dons que o Espírito Santo promove. O profeta Isaías escreve que são sete dons: Sabedoria e entendimento, conselho, fortaleza, ciência, piedade e temor a Deus. (Isaías 11.2) Aqui, centro minha atenção no primeiro dom: Sabedoria.

A "sabedoria" tem grande importância nas Sagradas Escrituras, especialmente no Antigo Testamento. Há uma gama de literatura ligada à mesma nos livros de Salmos, Jó e Provérbios. Nestes Escritos a sabedoria é “pintada” como o mais bonito e mais preciso dom de Deus: mais valioso que dinheiro e ouro; mais desejável que a juventude e que a saúde. Sim, porque dinheiro, juventude e saúde são detalhes passageiros. A sabedoria, no entanto, nos faz amigos de Deus e permanece para sempre (Provérbios 3.13). Mas, o que é sabedoria? Um dos grandes sábios da Antiguidade, Sócrates (o primeiro filósofo do ocidente), mostrou toda a sua sabedoria quando citou a célebre frase que até se tornou um ditado popular: “Oida, ouk eidos” – “Eu sei que nada sei”. Na época ele compartilhou esta frase com os seus discípulos que criam saberem tudo a respeito de tudo. “Eu sei que eu nada sei”: eis aqui o primeiro passo para se ser sábio. O segundo passo nos é ensinado pela própria Bíblia: “Eu sei que Deus tudo sabe.” Ora, Deus é a origem e o fim de todas as coisas. Vai daí que O homem sábio sabe o que é preciso, o que verdadeiramente conta: Deus! É Deus quem precisa ocupar o primeiro lugar na vida da pessoa. Tudo o mais – incluindo a própria pessoa – não é levado em grande conta pela pessoa sábia. Ela permanece calma e serena diante dos problemas que “pipocam” no mundo porque crê em Deus.

Me diverti bastante ultimamente com algumas lideranças evangélicas da IECLB. Elas insistem em marionetizar os que compõem seu grupo. Já de longa data desconfio que alguém, encastelado no sul, coordena os pensamentos dos que apresentam o rosto. Tudo meio que um pouco debaixo dos panos, mas a maioria se submete. Não há espaço para o diálgo aberto, uma vez que o controle é explícito. E assim não se dá vazão à sabedoria; ao crescimento do saber que nada se é; que só Deus é. Pena... E lá vai o Encontrão fazendo suas contas...

30.6.10

Acho que sonhei!


Aquela festa já era festejada há muitos e muitos anos. No começo eram apenas os meninos que participavam. Mais tarde ela também foi aberta para as meninas. A marca desse "festejo permanente” eram os balões que cada um trazia. Tudo tão lindo. Aquela meninada empunhava seus balões multicoloridos com orgulho. Quanto barulho. E quase todo mundo se entendia ali naquele meio de iguais, “
alguns mais iguais que os outros”. Lembro que num dos balões se lia a letra “S”. Na grande maioria deles era a letra “E” que vigorava. Uns e outros carregavam a letra “T”. A verdade é que com o tempo umas e outras letras “menos nobres” também foram sendo inscritas nos balõezinhos da gurizada. Era até engraçado. No fundo um sempre queria furar o balão do outro. A maioria se continha por causa das “dicas” recebidas em casa, antes da ida à festa. O garoto que mais gostava de fazer esta arte tinha seus seguidores. Lembro que um dia alguém ousou danificar seu vistoso balão. O referido dono do balão em perigo nem levou aquela “tentativa criminosa” muito em conta, afinal aquele “pequeno símbolo” de borracha nem era tão importante para ele. Se o mesmo viesse a estourar, ele certamente daria jeito noutro. O fato é que a sua “turminha” ficou indignada. Apontaram o dedo, disseram o que queriam. Ameaçaram o balão do nosso amiguinho. Houve aqueles que afirmaram que iam sair da festa; que não brincavam mais; que a partir de agora iriam se dedicar mais para este e aquele serviço mais nobre; que atitudes daquele tipo eram feias, impraticáveis; que Deus não gostava daquilo... Para basear suas expressões, até faziam uso de textos sagrados. Nossa! Uns e outros temeram. Será que a festa ainda seria a mesma? Parece mentira, mas aquela pequena ousadia promoveu reflexão, aprendizado, mudança de comportamento em uns poucos. Alguns passaram a vir à festa sem as chamativas inscrições das letras. Outros passaram a se apresentar com balões brancos. Num momento carreguei a impressão que eles estavam dispostos a ouvir a História, a aprender com a História, a se pautar um pouco mais na História. Ih! – Acho que sonhei!

OLHA SÓ!