Busque Saber

13.9.11

Reforma Luterana!


Outro dia ouvi a avó do Nando berrando na vizinhança: - Cuidado menino! Desse jeito você não vai pro céu! E o menino retrucou gritando: - Ah vó! Eu nem sei se quero ir para o céu!

Confesso que fiquei com vontade de interferir naquela conversa. Pessoas como o Nando não podem ser ajudadas. Sem Deus poderemos chegar onde quisermos, mas, “no final desse caminho sempre haverá uma pedra”! Se Martim Lutero tivesse ouvido a resposta que o Nando deu para sua avó, ele, certamente, retrucaria: “Nando! Deus te quer no céu! Busca uma resposta que te encaminhe para lá!”

Martim Lutero sempre se esforçou para responder a pergunta: Como se faz para chegar ao céu? Sim, ele ocupou grande parte do seu tempo como monge para alcançar a certeza desta resposta. Sabe-se que como professor de Teologia ele gastou horas e horas de oração; de reflexão e de pesquisa na Bíblia para dominar esta questão. A História testemunha que quando ele se tornou padre, assessorou-se da Comunidade para dirimir sua dúvida: Como é que nós, pecadores, conseguiremos nos confrontar com esse Deus justo, do qual tanto se fala na Bíblia?

Deveria haver uma resposta clara para tal pergunta! Um dia, assim, de repente, lhe veio uma luz: “Ele só teria acesso ao Reino de Deus a partir da sua fé”. (Romanos 1.17: Pois o evangelho nos mostra como é que Deus nos aceita: é por meio da fé do começo ao fim. Como dizem as Escrituras Sagradas:”Viverá aquele que, por meio da fé, é aceito por Deus.”)

O resultado de toda esta luta em prol de uma resposta satisfatória redundou nas conhecidas “95 Teses” escritas pelo nosso Reformador. Nelas se lia uma “resposta” à pergunta de “como se chega ao céu”.

O Papa não gostou nada daquilo que Lutero escreveu naquelas Teses. O Imperador e grande parte das Autoridades Políticas da época fizeram coro com o Chefe Máximo da Igreja de então e, com grande estardalhaço, expressaram sua discordância com aquele conteúdo pregado na porta da Igreja do Castelo de Wittenberg.

Fazer o quê? Para Lutero aquela resposta encontrada na bíblia era mais importante que o Papa; que o Rei e que tudo o mais.

No começo Martim Lutero até pensava que deveria fazer boas obras para alcançar o céu; entendia que precisava se esforçar para ser notado por Deus e, como consequência, ganhar o “bilhete” que lhe dava acesso ao céu. Também hoje muita gente ainda pensa assim: “Vou ao céu se me comportar bem aqui neste mundo.” Martim Lutero desaprovava esse comportamento. Para ele, nunca ninguém saberá se os seus esforços são ou serão suficientes para alcançar a bênção de Deus e a salvação eterna.

Impressionante! Ninguém pode fazer nada para conseguir o céu! Deus, a partir de Jesus Cristo, fez tudo o que precisava ser feito para que se alcance o Reino de Deus. A pessoa que coloca a sua vida no colo de Deus acaba herdando essa possibilidade gratuitamente!

Essa compreensão mudou a vida de Lutero por completo. Lutero tornou-se uma nova pessoa. Ele entendeu que sua vida não dependia dos próprios esforços; do tempo que gastava com orações e estudos bíblicos. Lutero percebeu que somente a sua fé em Jesus Cristo é que lhe abria as portas do céu; que Deus lhe acenava com o perdão para tudo o que tinha feito de errado.

Sim, penso que a vida do Nando vai mudar se ele vier a crer nesta verdade. Martim Lutero entendeu que o caminho até Deus não pode ser construído com força própria; não pode ser herdado por merecimento; não vem da Igreja. Depois que ele reconheceu essa máxima, deu de si no sentido de que todas as pessoas encontrassem o caminho que leva ao céu: traduziu a Bíblia para uma linguagem compreensível; não permitiu que os poderosos da época o assustassem; escreveu livros e pregou sobre a fé; sobre o presente do perdão de Deus através da morte e da ressurreição de Jesus Cristo.

O céu está aberto para a avó do Nando; para o Nando e também para nós. É Deus quem nos convida a entrarmos nele. Deus não nos força a fazermos isso. Cada um tem a liberdade de acreditar no que quiser. Todos podem viver como bem entenderem. No entanto, se quisermos chegar perto de Deus, deveremos arriscar nossa confiança em Jesus Cristo; pendurarmos nosso coração Nele; permitirmos que Ele renove a nossa vida por completo.

- Nandooo! Eu se fosse tu, ia querer o céu!

7.9.11

Pontifex maximus!


Era segunda-feira, meu dia de folga e eu estava só. O céu estava azul; o sol se mostrava quente e sombra agradabilíssima, debaixo do laranjal. Foi ali que estiquei a rede. Devo ter cochilado uns trinta minutos. Quando abri meus olhos, vi a natureza e me parei a pensar...

Deus me chamou para construir “pontes” que aproximam pessoas; que oportunizam diálogos; que ligam idéias... Como me desincumbir desta tarefa? Relaxando meus cercados; reconhecendo tesouros outros; abdicando de “reinventar a roda” – por exemplo.

Pontes” oportunizam a passagem sobre depressões e fronteiras; oportunizam contatos onde nunca houve possibilidade de diálogo. Elas podem ser de madeira; de pedra e ou de aço. Quem passa por elas sente novidade. “Pontes” sempre são mais simpáticas do que “muros”.

A abelha suga o néctar da flor branquinha. As folhas verdes brincam com as réstias dos raios da luz solar. São lindos os pés que encaminham ao outro. São lindos os braços que se abrem aos abraços. São lindas as mãos que se apertam. São lindos os olhos que se encontram. São lindos os ouvidos atentos às vozes alheias. São lindas as bocas que esboçam sorrisos abertos. São lindas as palavras providas de bons tons. Tudo são encontros; “redes” de interesse promotoras da implosão das possibilidades de “ensimesmamento”.

Incluir – não dividir. Não seria essa uma boa idéia? A Bíblia sugere a construção de “mil pontes” quando Jacó e Esaú se dão as mãos; quando Deus faz acontecer o arco-íris; quando o pai abre os braços para receber o filho perdido; quando Jesus reata a nossa comunhão com Deus.

Em 1 Timóteo 2.5 onde se lê: “Porquanto há um só Deus e um só Mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus, homem.” Jesus Cristo foi um “Mediador”. Jesus Cristo edificou a “ponte”. Jesus Cristo “mediou” a possibilidade da aproximação das pessoas de Deus, a partir da Sua “ação” no mundo. Jesus Cristo foi e continua sendo o maior “Construtor de Pontes” que o mundo conheceu. Em latim se diria que Jesus Cristo foi o “Pontifex maximus”.

Sento-me na rede. Meus pés balançam. O sabiá canta. A brisa é fresca e eu piso no chão. Quero continuar este processo. Volto para a minha casa. Também sou um “pontífice”.

30.8.11

Podemos nos divorciar?


Outro dia me deparei com uma questão a ser respondida, enquanto abria minha caixa de e-mails: “Vocês pastores, sempre ao final de qualquer cerimônia matrimonial se saem assim: - O que Deus uniu, não o separe o homem. De onde vem esta certeza que foi Deus quem uniu os nubentes?

Errar é humano. Hoje se diz que a grande causa do excessivo número de separações matrimoniais dos nossos dias nem são as questões íntimas, mas a carreira; o consumo; a dificuldade financeira e o lazer. Ora, um casamento que pretenda se pautar em Deus, não pode prescindir de Deus.

Concordo que a decisão de uma “caminhada conjunta” nem sempre passe pela vontade de Deus. Muitas vezes a idéia da união tem motivação particular. Há um sem número de motivos para que duas pessoas se unam em matrimônio. Já ouvi de amigos que apostaram entre si, se o colega iria ou não se casar com a tal “pintura de mulher”. Sei de casos onde os pais foram contrários à relação dos seus filhos e eles, só para “quebrarem seu bico”, acabaram casando. Há também aqueles que entram em pânico pelo fato de não terem encontrado ninguém e então: “uni du ni tê, salamê, minguê, um sorvete colorê, o escolhido foi você...

Três situações que apontam para a escolha de qualquer uma; de qualquer um. Casos claríssimos de que Deus não teve nada a ver com o “contrato”; com a “aliança”; com o “compromisso”. Sim, não é fácil usar o bordão cristão: - O que Deus uniu, não o separe o homem.

19.8.11

Hermenêutica Luterana!


Era domingo, quase meio-dia. O celular da Comunidade Evangélica Luterana de Joinville estava comigo. Sim, a partir daquele momento eu estaria plantão da CEJ e isso, até a segunda-feira à noite. Nós, as “ministras” e os “ministros”, acordamos que, sempre, um de nós, está a postos para trazer “boa palavra” quando de momentos especiais na nossa Joinville. Eu, absorto, me encontrava limpando a churrasqueira quando o telefone móvel tocou.

- Alô!...
- Oi pastor Renato. É a Êlla.
- Ou Êlla! O que houve? Como sabias que eu estava disponível neste número?
- Ô pastor... Eu leio jornal.
- Tá certo. Algum problema Êlla?
- Sabe o que é pastor... Eu fui ao Culto e o nosso pastor falou a palavra “hermenêutica”, enquanto tentava explicar algo sobre o tema “homoafetividade” a partir da Bíblia. Olhei no “Wikipédia”, nessa enciclopédia participativa, na qual quase todos da minha geração pesquisam, mas não entendi nada desse assunto. O senhor pode me ajudar?...
- Puxa Êlla. Que assunto pra domingo... Te mando um e-mail hoje à tarde, pode ser?
- Beleza pastor. Obrigada e bom domingo.

Joguei a cinza velha no lixo. Espalhei carvão novo no fundo da “assadeira”. Passei um “paninho” nos espetos. Espetei a costela gorda. Salguei o pedaço de carne vermelha. Lavei as mãos e dei seguimento a esta “liturgia domingueira”. Enquanto o fogo ia se alastrando, pensei na Êlla, na sua pergunta, numa possível resposta. A cuia de chimarrão parou na minha mão e eu sorvi um, dois, três goles...

“Hermenêutica Luterana”... Ela é o “instrumento” que ajuda a Bíblia se “auto-explicar” a partir da verdade e da força orientativa (scriptura sui interpres) que emana do Evangelho. A Igreja (Corpo de Cristo) pode e deve confiar neste “poder”, calçando-se em Romanos 1.16 onde se lê: “Porque não me envergonho do Evangelho de Cristo, pois é o poder de Deus para salvação de todo aquele que crê: primeiro do judeu, e também do grego.” Ela, a “hermenêutica luterana” é o “ensino” que promove o aprendizado (mudança de comportamento) dos “discípulos” da atualidade (a Êlla e eu) que buscam a reta compreensão da Bíblia. Ela, a “hermenêutica luterana”, nos desafia a ensinarmos a Palavra de Deus, alicerçados na razão; a desnudarmos a realidade e a verdade, sempre de forma contextualizada, a partir do estudo do todo da Bíblia. Não nos cabe optar por esta ou aquela “palavra”; por este ou aquele “assunto”; por esta ou aquela “idéia”, como se os tais “detalhes” fossem a “cereja do bolo”. O “bolo todo” nunca pode ser perdido de vista. Quem quiser ensinar a Bíblia, haverá de se comprometer com esta tal de “hermenêutica luterana” que observa cada nuance dentro do grande contexto da História. A nós sempre cabe comunicar a Palavra de Deus de forma tão clara e profunda que Jesus Cristo transpareça em cada som que porventura saia da nossa boca.

O fogo estava bom. Eu teria que dar andamento ao propósito do almoço. Já brotava água na minha boca...

17.8.11

A reflexão continua!


José, amigo desde os tempos de colégio, fez menção de embarcar no velho “golzinho rebaixado”. O problema é que seu colega não se mexia. Observou-o, parado, ali na beira do asfalto. Ele parecia estar olhando para dentro de um vazio. Estranhas todas aquelas palavras: medo; chão; bela cidade; felicidade completa; inícios míseros... Deixa pra lá. Aproximou-se do companheiro, agarrou-o pelo braço e, meio que sem jeito, empurrou-o para dentro do carro.

Viajaram longo tempo em silêncio. José, com o “rabo do olho”, monitorava o comportamento do seu “carona” durante a viagem. Seu corpo comunicava que alguma coisa muito importante estava tendo vazão dentro da cabeça do “Itália”, como o chamavam na faculdade.

Já era noitinha quando o carro ultrapassou o quebra-molas anunciador do perímetro urbano da sua cidade natal. Depois de algumas curvas para a direita e outras para a esquerda, estacionaram em frente à casa da Êlla. Sua mãe abriu a porta e convidou-os a entrar. Os dois jovens acomodaram-se no grande sofá. Seus pés se afogavam no tapete de lã de ovelha.

- A Ella já vem. Aceitam uma bebida?

José não se fez de rogado e, com um sorriso no rosto, disse que aceitavam. Não demorou muito veio a amiga, espalhando alegria com palavras e gestos carinhosos como sempre. Aquele comportamento era natural, nada teatralizado. Os moços gostavam daquela menina que logo foi colocando:

- Que bom que vocês vieram. Vamos sair?

José já esperava esse convite. Manteve-se quieto na esperança que seu amigo velho reagisse positivamente. Aquela guria que sempre esbanjava simpatia tinha tudo para ajudar seu amigo. E não deu outra. Não demorou nada e o Arthur já saiu da casca.

- Eu topo. Pra onde vamos?

16.8.11

Ai, ai, ai, ai, ai, ai ai...


- Não sinto mais medo José.
- Já notei amigão! Reparte teus sentimentos.
- É que andei estudando o chão onde piso.
- Ah tá! Viraste geólogo agora?
- Nada disso!
- Abre o jogo Arthur, estou curioso!
- Vai ser aqui neste lugar que, no futuro, se erigirá uma bela cidade.
- Arthur Trevisan – o italiano visionário...
- Vai vir o dia em que a opressão do homem pelo homem, não será mais verdade; em que o brilho do ouro não seduzirá mais nenhuma viv´alma.
- É febre, só pode ser febre... Vamos pra casa!
- Neste lugar, o vil metal servirá apenas de paralelepípedo aos transeuntes.
- Arthur! Menos por favor!
- Neste dia nós experimentaremos a felicidade completa.
- Cara! O que é que está acontecendo contigo?
- Nada ó grande José! Dei-me conta de que Deus se colocou no nosso nível – só isso.
- Tá e daí?
- Daí que, com o nosso auxílio, Ele vai erigir esta cidade do futuro.
- Ai, ai, ai, ai, ai, ai, ai... Vamos ter que ouvir novas marteladas libertárias.
- Não!
- Arthur! Eu já te pedi: abre o jogo. Do que é que estás falando?
- Esta nova cidade já está sendo erigida a partir de pequenos sinais; de inícios míseros.
- Inícios míseros!? Pequenos sinais!? Arthuuurrr... Menos!
- Inícios míseros e pequenos sinais que já são verdade no engajamento da cristandade.
- Agora é sério. Vou te levar pra casa.
- Tu e eu vamos vizinhar nesta metrópole, renovados e inteiros.
- Embarca no carro Arthur...!

11.8.11

Dízimo – um discurso insustentável?


Criei o diálogo abaixo a partir de uma palestra que ouvi da boca do colega Pastor Werner Fuchs, quando da minha participação numa Conferência de Obreiros (como se dizia) em Ijuí (RS), no ano de 1997. O texto estava amarelado dentro de uma de minhas pastas, mas o salvei dando vida ao mesmo nos personagens Oraldo, Felício e Amadeus. Penso que vale a pena ler o mesmo. Boa leitura!

A vida tem destas coisas. Era dia 11 de abril de 1999 e o Aeroporto Salgado Filho de Porto Alegre estava “bombando”. Os alto-falantes tinham acabado de anunciar que os passageiros com destino a Munique, na Alemanha, teriam que entrar na fila de embarque que levava ao portão B. Que surpresa! Depois de longos 30 anos de convivência nos bancos escolares da Escola Evangélica de Ivoti – um reencontro. Depois dos abraços; da troca de boas palavras e dos sorrisos marcados de alegria, o Oraldo, o Amadeus e o Felício se deram conta que iriam viajar juntos durante mais de 12 horas. A articulação gerou-lhes a possibilidade de sentarem juntos nos espaço correspondente à classe econômica. Foi nas poltronas centrais que os três amigos ocuparam a primeira fileira, bem em frente à tela maior. Ninguém dos três prestou atenção em mais nada e o diálogo tornou-se vivo por causa das relembranças de cada um.

O avião já tinha se estabilizado quando as aeromoças começaram a servir bebidas. Lá fora a lua crescente brilhava sobre uma parte da terra.

Oraldo – A lua está crescente...

Amadeus – Como você sabe se ela está crescente ou decrescente?

Oraldo – Simples! Se ela conseguir segurar “água” dentro da sua concavidade ela é crescente. Se não conseguir segurar “água” é porque é minguante.

Felício – Muito boa essa da “água”. Você não perdeu sua praticidade...

Amadeus - Nunca me esqueço das discussões que tínhamos com o “Salomão”. O Oraldo não dava folga pro “querido mestre”...

Felício – É verdade! Foi ele quem nos preparou para entrarmos na Faculdade de Teologia em São Leopoldo.

Oraldo – A antiga FACTEOL que hoje se chama Faculdades EST. Às vezes fico pensando... Se eu não tivesse optado em ser pastor da IECLB acho que eu seria professor.

Amadeus – Você ia se dar bem nesse “negócio” Oraldo. Mas mudando um pouco o rumo da nossa conversa, estou viajando pra Baviera para conversar com as lideranças da “Landeskirche” sobre projetos que dizem respeito ao bom uso dos bens da natureza. E vocês?

Oraldo – Meu objetivo é estudar durante três meses um pouco mais sobre a História do “Gotteskasten”.

Felício – Rapaziada! Vocês são demais, mas o “papai” aqui está indo gozar 30 dias de férias – nada mais do que isso. Mas me diga Oraldo: Tu que és mais teólogo que nós dois juntos, como é que tu estás percebendo esta história do “dízimo” na nossa IECLB?

Oraldo – Boa essa do “mais teólogo”... O grande argumento em favor do dízimo que sempre se ouve fora e dentro da IECLB é que sua prática é bíblica. É dessa forma que se sustenta o dízimo como a única forma legítima de se contribuir para Deus e a Igreja.

Amadeus – Tá certo!... Mas ao mesmo tempo este argumento também gera acanhamento; silêncio entre os que não apregoam o dízimo; entre os que praticam outras formas de contribuição.

Oraldo – Lembram do Schwantes? Ele dizia que no Antigo Testamento o dízimo era arrecadado para o sustento dos sacerdotes, dos levitas e do templo (Gênesis 14.20; 28.22; Levíticos 27.30ss.) Naqueles tempos o dízimo também servia para socorrer necessitados (Deuteronômio 14.28ss; 26.12ss).

Felício – Não sou tão versado no assunto como aquele nosso professor, mas também entendo que o dízimo não era a única forma de arrecadação naquelas épocas do passado. Li outro dia que havia outras formas de se levantar dinheiros que variavam conforme o período histórico e a atividade produtiva.

Oraldo – Você está certo “garoto”. É provável que a forma mais antiga de arrecadação esteja ligada à tradição pastoril e ao êxodo. Naqueles tempos se falava da “oferta das primícias” ou dos “primogênitos” (Gênesis 4.4; Êxodo 13.15; 34.26; Números 3.13; 8.17; 18:12ss; Deuteronômio 26.2; 2 Crônicas 31.5; Provérbios 3.9ss; Neemias 10.35ss; Lucas 2.22ss.).

Amadeus – Pelo que eu sei também havia as “ofertas voluntárias”. Outro dia criei um estudo bíblico sobre “dízimo”. Ainda lembro da palavra de Êxodo 25.2 e 35.5 onde está sugerido que a “oferta” pode acontecer a partir do “coração de todo homem que se mover para isso...”. Sim! Também havia as numerosas “ofertas instituídas” no censo (Êxodo 30.12ss) e nas festas. Nas ofertas proporcionais à renda (Deuteronômio 16.17); nas trazidas por gratidão (Levítico 7.12); nas ofertadas pelo pecado cometido (Levítico 4.3ss); nas ofertas que aconteciam pelo ciúme (Números 5.15); nas ofertas que se tornavam verdade por causa da purificação (Levítico 12.6; 14.13); nas ofertas que eram doadas para consagrar lugares (Números 7.15; 1 Reis 8.64); nas ofertas que tinham o objetivo de resgatar coisas consagradas (Levítico 27.16ss), etc., etc., etc.

Felício – Grande Amadeus! Continuas com a “cabecinha” oxigenada amigão. Vale dizer que todas essas ofertas e que todas essas primícias, assim como todos os dízimos, serviam igualmente a manutenção dos levitas (Números 18.11s; Neemias 12.44).

Oraldo – Certo Felício. Por vezes as contribuições ao templo eram negadas, ou prestadas apenas parcialmente, ou ainda trazidas por mero ritualismo (Neemias 13.10; Malaquias 3.7ss). Outras vezes elas consistiam num peso exagerado para o povo, de modo que surgiram reformadores e profetas para denunciar e corrigir estas distorções (2 Crônicas 24.4s; 31.5; Miquéias 6.6s; Amós 5.22ss).

Felício – Oh loco! Dava pra gente escrever um pequeno tratado com base no conteúdo desta conversa. Mas deixando a graça de lado, vale notar que, alem das contribuições ao templo, o Antigo Testamento também determinava a realização da “misericórdia e da justiça” que se resumiam em “esmolas” e “boas obras” (Levíticos 25.35; Deuteronômio 15.7; Provérbios 31.20).

Amadeus – Que é isso gente! Nós aqui, sobre o Oceano Atlântico falando de dízimo. Só pastores da IECLB mesmo pra ficar ruminando assuntos desta monta.

Oraldo – É a nossa vida Amadeus. O que é que nós vamos fazer? Outro argumento em defesa do dízimo é que Deus prometeu “abençoar” regiamente aos dizimistas.

Felício – Olha gente! Eu carrego a impressão que essa palavra dá a entender que Deus só abençoa quem é dizimista com felicidade; com prosperidade e com reconhecimento.

Oraldo – É! Tens razão. Hoje se diz que as bênçãos só podem ser comprovadas na vida espiritual e material do cristão, bem como no sucesso das Igrejas dizimistas.

Amadeus – Meio complicado isso daí! É fácil notar que essa afirmação não tem fundamentação bíblica e constitui uma distorção teológica perigosa.

Oraldo – Certo! O versículo mais citado nesse discurso e isso até com um triunfalismo raso, é Malaquias 3.10 onde se lê “Trazei todos os dízimos à casa do tesouro, para que haja mantimento na minha casa e provai-me nisto diz o Senhor dos Exércitos, se eu não vos abrir as janelas do céu, e não derramar sobre vós bênçãos sem medida.”

Felício – Que coisa! A gente tem que ter coragem para pensar um pouco mais profundamente sobre esse assunto.

Amadeus – Nós temos! (Amadeus retira sua Bíblia da sacola de mão e abre-a) Escuta aqui ó: No capítulo 3; versículo 8 de Malaquias se lê sobre uma acusação de que os dízimos e as ofertas não foram integralmente trazidos de modo que o pronome “todos” que consta no versículo 10 não se refere apenas ao dízimo, mas inclui, logicamente, também as demais ofertas devidas.

Oraldo – Já estudei este texto Amadeus. Percebam que a causa de retenção dos dízimos e das ofertas é que, na situação precária de estiagem (“abrir as janelas do céu”, v. 10); de pragas (“gafanhoto” devorador, v. 11) e de vinhas estéreis (v. 11), cada um cuidava primeiro do seu próprio sustento e, assim, “defraudava a Deus” (v. 8).

Amadeus – Sim! E isso revela falta de confiança em Deus, a quem se ofereciam as sobras - se houvessem. E claro, em decorrência, a bênção é prometida não para a prática mecânica do dízimo, mas para quando for restabelecida a confiança prioritária em Deus que proverá o necessário. Esta confiança se mostra nos atos do povo.

Oraldo - Segundo a expectativa da época pós-exílica que é posterior à construção do segundo templo (ca. 470 a.C.), as bênçãos descritas em Malaquias 3.10-12 (especialmente no v. 12, "as nações verão", cf. Isaías 62.2; Zacarias 8.13) são sinais do futuro escatológico, do tempo de salvação (K. Elliger, ATD 25, 6a ed., p. 188 e 211). Ou seja, por serem promessas para o fim dos tempos, era preciso ter cuidado de não aplicar as bênçãos assim, sem mais nem menos ao cotidiano e à prosperidade material no mundo secularizado.

Amadeus – Não carrego a mínima dúvida que a intenção de Malaquias era produzir arrependimento e humildade. Mas a palavra sobre a possibilidade de pôr Deus a prova e obter Dele provas através da prosperidade material soa arrogante na boca dos dizimistas.

Felício – Ei pessoal! Se bem me lembro Jesus classificou como diabólico o ato de “tentar a Deus” (Mateus 4.7; Deuteronômio 6.16)! Deus declarou que ele não necessita das ofertas do povo (Isaías 43.23ss; Salmo 50.7-15). Mais que isso! Para Ele o doador experimenta a alegria e a aceitação de Deus não porque dá o dizimo, mas porque oferece de coração, liberalmente, tudo o que dá (1 Crônicas 29.9; Provérbios 11.24s; Lucas. 6.38).

Oraldo – (Pensativo) Quanto ao “sucesso” visível do dizimista... No Antigo Testamento as primícias eram ofertadas no início da colheita ou da produção animal, ao passo que o dízimo podia ser calculado somente no final da colheita.

Felício – É! Se o cristão separa 10% do salário no começo do mês, está de fato ofertando primícias. Se o faz de coração, confiando que Deus provera o necessário para o mês todo, essa primícia em forma de dízimo é uma contribuição válida, como a de qualquer outro percentual ou valor. Além disso, ha um efeito prático: Para uma pessoa pouco disciplinada em seu orçamento, oferecer mensalmente primícias de 10% significa a aprendizagem de autocontrole e previsão de gastos, de modo que ela experimenta maior disponibilidade financeira.

Amadeus – Vou abrir meu coração com vocês! Tenho para mim que além de distorcer as evidências do Antigo Testamento, o discurso a favor do dízimo também deixa totalmente de lado o testemunho do Novo Testamento. É que os próprios termos “dar a décima parte” (apodekateuein, dekatoun) aparecem somente em 3 ocasiões: Mateus 23.23; Lucas 11.42; Lucas 18.12 e Hebreus 7.5s. Acho isso um tanto pouco.

Oraldo – (Rindo) Jesus ironiza o exagerado rigor legalista dos fariseus e insiste no cumprimento da justiça; da misericórdia e da fé. Mesmo que Jesus diga que deveriam trazer os dízimos sem negligenciar as obras de caridade, a ênfase não está na defesa do dízimo, e sim na misericórdia e justiça. Portanto o dízimo é circunstancial; é uma variável sócio-cultural, ao passo que a justiça é essencial; é do coração; é uma exigência constante nas diversidades históricas.

Felício – Creio que é por isso que, ao radicalizar, indo à raiz, ao coração, Jesus relativiza o dízimo. Para Ele o “túdimo” da viúva pobre vale mais que as ofertas dos ricos (Marcos 12.41s). Quem não renuncia a tudo o que tem, não pode ser discípulo (Lucas 14.33; Filipenses 3.8) e ao que renunciou, é que são prometidas bênçãos (Lucas 18.28s).

Oraldo – Em Lucas 18.12 também se lê que o dízimo serve para a auto-justificação do fariseu. O fariseu cria que para estar bem com Deus, bastava cumprir exteriormente os ritos e respeitar as separações sacrais. Jesus foi claríssimo ao dizer que o fariseu dizimista não é aceito por Deus (v. 14), e que o “arrependimento” sincero do publicano era o caminho para a reconciliação com Deus, bem como o dinamismo para a comunhão. “Buscai primeiro...” (Mateus 6.33).

Amadeus – A gente não pode ficar repartindo isso daí com todo o mundo, mas em momento algum, em Atos ou nas Cartas se dá qualquer notícia de que as primeiras Comunidades Cristãs tivessem praticado o dízimo ou que ele fosse um alvo recomendável, apregoado pelos apóstolos.

Felício – Certo Amadeus! Os primeiros cristãos tinham tudo em comum e a necessidade do próximo constituía a medida de sua contribuição (Atos 2.45; 4.32). O pensamento de Paulo é inspirado pelas primícias, oferecidas espontaneamente no inicio da semana e proporcionais às possibilidades da pessoa (1 Coríntios 16.2), segundo cada um se propôs no coração (2 Coríntios 9.7).

Oraldo – Estou convicto de que para o apóstolo existe uma troca de bens materiais e espirituais (louvor e orações) entre doadores e beneficiados, pela qual se estabelece a igualdade (2 Coríntios 8.8ss). Ele destaca também que oferecer as primícias era uma forma de consagrar a totalidade da produção (Romanos 11.16), e enfatiza a contribuição generosa a partir da liberdade evangélica (Romanos 12.8).

Amadeus – Rapaziada! Estou aqui ouvindo vocês e me lembrei de Hebreus 7. Este texto aborda de forma exaustiva a questão do dízimo, mas, curiosamente, os defensores do dízimo o ignoram, passam rapidamente por ele, ou o omitem porque não lhes convém. Já se deram conta disso?

Felício – Verdade! E não o citando este texto de Hebreus também passa despercebido pelos demais evangélicos. Alguém de vocês já estudou este texto mais a fundo?

Oraldo – Fiz isso! Hebreus 7 afirma que o dízimo é coisa da Velha Aliança que, por ser fraca é inútil (v. 18) foi totalmente superada (v. 12) e revogada pelo sacerdócio perfeito de Cristo, que não pertence a tribo dos levitas (v. 13). Jesus, o fiador de uma aliança superior (v. 22) é o “sacerdote perfeito para sempre” (v. 17, 21, 28).

Amadeus – Tudo a ver. Jesus não provinha da tribo dos levitas, a quem era devido o dízimo, e sim, da tribo de Judá (v. 14), sendo constituído sacerdote não pela linhagem carnal, mas segundo a ordem de Melquisedeque (Salmo 110.4), o misterioso rei de Salém, sacerdote do Deus Altíssimo, que abençoou Abraão e já recebeu dele o dízimo (Gênesis 14.17-20).

Felício – Então “não há mais nenhum motivo para que quem crê em Cristo de pagar o dízimo”, é isso?

Oraldo – Calma! O significado de Melquisedeque, rei da justiça, enseja uma reflexão sobre o que é justo. Pois, além de ser uma pratica “imperfeita e legalista” e superada pelo Evangelho; pela Nova Aliança, o “dízimo é profundamente injusto”.

Amadeus – Gente boa! Uma conversa dessas, nós só podemos conversar aqui dentro do avião. Já pensaram se o “Frida” fica sabendo?

Felício – (Rindo alto) Apesar da aparente justiça (tratamento igual para todos), logo se descobre o engano. Pois tratar de forma igual pessoas desiguais, não vai diminuir, mas antes aumentar as injustiças. Por exemplo, para um operário de salário mínimo, dar o dízimo significa tirar o pão da mesa, enquanto alguém com salário de R$ 3.000 reais pode contribuir com R$ 300,00 e ainda dispor de uma boa sobra para supérfluos.

Oraldo – Sempre defendi a tese de um escalonamento progressivo: Quanto mais rico, maior o percentual. Portanto, se alguém introduz na Igreja simplesmente o dízimo, não está afrontando e espantando a Cristo, o rei da justiça?

Amadeus – Pregadores do dízimo são judaizantes, à semelhança dos pregadores da circuncisão criticados em Gálatas 5. Fazer do dízimo uma lei ou um cavalo de batalha para membros, Comunidades e Paróquias é uma distorção teológica grave. Revela não somente desconhecimento bíblico e ingenuidade ética, mas, sobretudo uma assustadora facilidade de trocar o coração pelo rito; a essência pela aparência; a fé pela vantagem; a liberdade pela coação.

Oraldo - Sem dúvida há uma enorme necessidade de se repensar a argumentação e a prática de contribuição na Igreja. Mas será válido ofertar primícias de 10% a Deus, assim como de qualquer outro percentual, somente se forem dadas de coração, livre e generosamente, sem “calculismos”, de acordo com a prosperidade de cada um, pois a Deus pertencem 100% de tudo (Salmo 24.1).

Felício – Já passa da meia-noite. Penso que estejamos sendo inconvenientes com quem quer dormir. Continuamos essa conversa amanhã, depois do café. Boa noite!

Amadeus – Boa noite.

Oraldo – Acho que vou demorar pra adormecer. Em todos os casos, boa noite...

9.8.11

Martin Nehls - Tributo

Ontem, dia 08 de agosto de 2011, lá pelas 09h, eu fui informado da morte do nosso querido Martin Nehls que, no tempo de juventude, não foi muito ativo na Igreja. Ele gostava de dizer que essa história mudou depois que conheceu o pastor Otto Tollefson. Sim, nós estamos diante do corpo do “Seu Nehls” – como muito o chamavam; diante deste homem que foi um dos fundadores da Paróquia São Mateus; do Coral da Paróquia dos Apóstolos e do Coral da Paróquia São Mateus; deste homem que sempre participou da liderança da Igreja, seja no Presbitério e ou no Grupo de homens da Legião Evangélica da São Mateus. Aqui e agora o Martin, aquele homem de fala incisiva, é a razão de ser deste nosso Momento de Despedidas...

Não me segurem aqui...

Queridas família enlutada; queridos enlutados! É estranho, mas sempre que perdemos uma pessoa querida, carregamos a impressão de que estamos mais próximo dela. Aqui e ali nos lembramos dos momentos vividos. Imagino que isso também esteja acontecendo com vocês. Quase sempre é assim que só quando perdemos alguém que gostamos, que nos damos conta de quem verdadeiramente era a pessoa que caminhava do nosso lado.

Podemos agradecer a Deus pelo vizinho; pelo amigo; pelo esposo; pelo pai; pelo irmão; pelo cunhado; pelo sogro; pelo avô; pelo “ancião” da Igreja; pelo sr. Martin Nehls, de quem estamos nos despedindo nesta triste terça-feira de agosto. Quero lhes trazer uma Palavra baseada em Gênesis 24.56: “Isaque respondeu: - Não me façam ficar aqui. O Senhor Deus fez com que a minha viagem desse certo; deixem que eu volte para a casa do meu patrão.”

Gente querida! O Deus de Isaque; o Deus de Jacó e o Deus de Abraão também é o nosso Deus. Posso afirmar com segurança que o nosso Martin Nehls amava a vida. Tive o privilégio de celebrar suas Bodas de Ouro com a Cidália. Choveu muito quando do seu casamento em novembro de 1960. Choveu tanto que as árvores desciam do morro pelo rio Piraí, a ponto da correnteza derrubar uma ponte, mas nada, absolutamente nada, iria impedir aquela bênção matrimonial. Ontem, quando da sua morte também choveu muito...

Nesse momento o Martin e um Grupo de Homens da Legião Evangélica que se encontra aqui, estaria construindo a sapata que serviria de base para a caixa dágua que captará água da chuva lá no pátio da São Mateus. O Martin estava eufórico no sábado. Ajudei-o a descarregar as tábuas para a caixaria. Na oportunidade, falando alto, me informou que tinha conseguido a pedra brita gratuitamente. Martin! Não deu pra fazer o que tínhamos combinado. Tivemos que mudar nosso programa. Que coisa! O Isaque disse: - “Não me façam ficar aqui. Permitam que eu volte para a casa do meu pai.”

Sim, permitamos que o Martin Nehls parta. Num primeiro momento essa atitude parece ser pesada de ser tomada. Lembram da cor dos seus olhos?... Do tom da sua voz? Do jeito que falava da sua profissão de relojoeiro? Da maneira como encarava os problemas? Ele sempre falava de sua família com orgulho. Sim, ele era um homem que tinha fé e esperança e porque isto é verdade, olhemos nós também, como ele sempre fazia, para frente. A nossa fé é clara: Jesus morreu e ressuscitou. Deus, através de Seu Filho amado, levará as pessoas que morreram para a glória com Ele. Ele já está fazendo isto com o Martin.

“Segurar” e “soltar” – todos conhecem isso. Inspiramos ar dentro dos pulmões e logo precisamos soltá-lo. Ninguém faz uso da consciência para respirar. Nós colocamos objetos sobre a mesa e depois retiramos os mesmos de lá. Nós compramos roupas e, num dado momento, doamos as mesmas. Uns de nós têm mais facilidade de “largar” que outros. Nós geramos filhos; educamos os mesmos e, num dado momento precisamos soltá-los dentro do mundo. Querem saber de uma coisa? Quando “seguramos” e depois “soltamos” as pequenas coisas, estamos ensaiando para as despedidas, quando, de repente, precisaremos largar o que mais queremos bem: Estamos largando da mão do Martin. Quando largarmos as nossas mãos das suas mãos, então as suas mãos ficarão livres para segurarem nas mãos estendidas de Deus que presenteia a vida eterna.

“Não me façam ficar aqui. “O Senhor Deus fez com que a minha viagem desse certo.” Quem crê e vê o caminho que leva a Jesus Cristo aberto diante de si, sabe que esta vida que vivemos, aqui no chão, é apenas uma passagem. Isso, no entanto, não significa que nós não devamos dedicar toda a atenção e cuidado à vida que vivemos. Sim, a nossa vida é querida e importante. O Martin Nehls também gostava dela. Ele deixou sinais que ficaram evidentes, a partir da sua fé. É Deus quem nos segura na mão, não somos nós que seguramos na mão de Deus. Ele nos segura quando não conseguimos mais ver e sentir Seus sinais. É assim que nós, a cristandade, vivemos e morremos na esperança. O apóstolo Paulo escreve: “Nós somos cidadãos do céu e estamos esperando ansiosamente o nosso Salvador, o Senhor Jesus Cristo, que virá de lá. Ele transformará o nosso corpo fraco e mortal e fará com que fique igual ao seu próprio corpo glorioso, usando para isso o mesmo poder que ele tem para dominar todas as coisas.” Amém!

3.8.11

Que dia aquele!


Aquele dia tinha sido especial e os discípulos certamente nunca mais se esqueceram dele. Os doze tinham pedido a jesus que mandasse toda aquela gente pra casa. Mas Jesus não tinha a intenção de inviá-los, com um simples aceno de mão, com fome para os seus lares. Assim, Ele desafiou os seus companheiros a darem algo de comer àquele povo. Os discípulos pesquisaram em suas mochilas e perceberam que ainda tinham cinco pães e dois peixes que, milagrosamente, acabaram sendo multiplicados, a ponto de saciar todas as pessoas presentes. Que dia aquele!... Vamos continuar lendo esta história escrita em Mateus 14.22-33...

14.22 - Logo depois, Jesus ordenou aos discípulos que subissem no barco e fossem na frente para o lado oeste do lago, enquanto ele mandava o povo embora. 14.23 - Depois de mandar o povo embora, Jesus subiu um monte a fim de orar sozinho. Quando chegou a noite, ele estava ali, sozinho. 14.24 - Naquele momento o barco já estava no meio do lago. E as ondas batiam com força no barco porque o vento soprava contra ele. 14.25 - Já de madrugada, entre as três e as seis horas, Jesus foi até lá, andando em cima da água. 14.26 - Quando os discípulos viram Jesus andando em cima da água, ficaram apavorados e exclamaram: - É um fantasma! E gritaram de medo. 14.27 - Nesse instante Jesus disse: - Coragem! Sou eu! Não tenham medo! 14.28 - Então Pedro disse: - Se é o senhor mesmo, mande que eu vá andando em cima da água até onde o senhor está. 14.29 - Venha! - respondeu Jesus. Pedro saiu do barco e começou a andar em cima da água, em direção a Jesus. 14.30 - Porém, quando sentiu a força do vento, ficou com medo e começou a afundar. Então gritou: - Socorro, Senhor! 14.31 - Imediatamente Jesus estendeu a mão, segurou Pedro e disse: - Como é pequena a sua fé! Por que você duvidou? 14.32 - Então os dois subiram no barco, e o vento se acalmou. 14.33 - E os discípulos adoraram Jesus, dizendo: - De fato, o senhor é o Filho de Deus!

Nos temporais da vida

Depois que Jesus se despede de todo aquele povo saciado, Ele pede que os Seus seguidores remem; que levem o barco à outra margem do lago. Sim, Jesus queria colocar seus pés em terra firme; queria se retirar para orar. Notem que a rotina dos discípulos tinha sido completamente quebrada. Fazia pouco, todos tinham se admirado com o milagre da multiplicação dos pães e dos peixes. Eles até tinham tido participação ativa naquele milagre. E agora, momentos depois, eles se encontram no meio do lago, a noite está escura como breu e uma tempestade se abate sobre eles. Eles estão “sem pai e sem mãe”. Às vezes é assim que todos os problemas vêm de mãos dadas para nos abater; afogar-nos; desanimar-nos... Concordam comigo?

Certamente teria sido melhor ficar em terra firme; ter esperado o raiar de um novo dia para tomar decisões. O fato é que o próprio Jesus os tinha enviado para o lago com o objetivo de remarem até a outra margem. Quem desafia pessoas a deixarem seu porto seguro rumo ao desconhecido, no meio da noite escura, Esse também deveria saber que era responsável pelas pessoas que estavam debaixo do seu discipulado.

Enquanto Jesus orava, seus pensamentos focados nos discípulos. “Ele viu que os discípulos estavam remando com dificuldade porque o vento soprava contra eles. Já de madrugada, entre às três e às seis horas, Jesus foi até lá, andando em cima da água, e ia passar adiante deles.” (Marcos 6.48) Foi a partir desta visão que Ele não aguentou mais. Envolveu-se com o temporal e, caminhando sobre as águas, foi ter com eles para trazer calma; paz...

Conclusão

Neste ponto da história, sempre páro para pensar: quando as “tempestades” vêm sobre mim eu me agonio. Daí então eu remo horas; remo dias; remo semanas; remo meses. Penso; faço contas; me preocupo; tento fazer alguma coisa. Olho para o lado e vejo que meus parentes; meus amigos e meus irmãos fazem o mesmo. Olha! Me faz bem saber que Jesus vê as nossas lutas e os nossos esforços e, em seguida, também vem até nós, no meio dos “mares tempestuosos” que nos assolam. O “vento” bate no casco do nosso “barco” e parece que nossas forças vão acabar. A escuridão dá medo. A “tempestade” açoita a “vela” da nossa vida e Jesus aparece no meio de todo o caos para estar conosco; para nos acalmar; para nos animar e então nos reconduzir para a costa; para a praia; para a terra firme.

Oração

Senhor Jesus, eu Te agradeço porque Tu nunca nos perdes de vista e porque sempre fazemos parte dos Teus pensamentos e ainda, porque Tu sempre vens ao nosso encontro quando estamos no meio das turbulências propostas pela vida. Amém!

2.8.11

Teste seus conhecimentos sobre os 10 Mandamentos!


Oi Pessoal! Esta foi uma "Verificação de Conhecimentos" que apliquei com a turma de Pré-confirmandos aqui da Paróquia onde trabalho. São 10 questões referentes aos Dez Mandamentos e de uma referente ao “Que Deus diz”. Você lê o Mandamento e então aparecerão duas explicações de Lutero: uma falsa e outra verdadeira. Transfira a explicação “que significa isto” verdadeira para grade de respostas. Só isso... Cada acerto vale um ponto. O acerto da 11ª questão bonifica um erro. A fim de experimentar?!

Primeiro Mandamento: Eu sou o Senhor, seu Deus.Você não deve ter outros deuses além de mim.
Que significa isto?
A - ( ) Devemos temer e amar a Deus e confiar nele acima de tudo.
B - ( ) Devemos ter medo de Deus e mesmo assim amá-Lo acima de tudo.

Segundo Mandamento: Não abuse do nome do Senhor, seu Deus, porque o Senhor não considerará inocente quem abusar do seu nome.
Que significa isto?
A - ( ) Devemos temer e amar a Deus e, por isso, em seu nome não amaldiçoar, jurar, jogar peteca; praticar a magia, mentir ou enganar; mas devemos pedir a sua ajuda em todas as necessidades, orar, louvar e agradecer.
B - ( ) Devemos temer e amar a Deus e, por isso, em seu nome não amaldiçoar, jurar, praticar a magia, mentir ou enganar; mas devemos pedir a sua ajuda em todas as necessidades, orar, louvar e agradecer.

Terceiro Mandamento: Santifique o dia de descanso.
Que significa isto?
A - ( ) Devemos temer e amar a Deus e, por isso, não desprezar a pregação e a sua palavra;
mas devemos ter respeito por ela, ouvi-la e estudá-la com muitíssimo gosto.
B - ( ) Devemos temer e amar a Deus e, por isso, não desprezar a pregação e a sua palavra;
mas devemos ter respeito por ela, ouvi-la e estudá-la com gosto.

Quarto Mandamento: Honre o seu pai e a sua mãe.
Que significa isto?
A - ( ) Devemos temer e amar a Deus e, por isso, não desprezar nem irritar nossos pais e as pessoas que têm autoridade sobre nós; mas devemos honrá-los, servir e obedecer-lhes, amar e querê-los bem.
B - ( ) Devemos temer e amar a Deus e, por isso, não desprezar nem irritar, nem encher a paciência dos nossos pais e as pessoas que têm autoridade sobre nós; mas devemos honrá-los, servir e obedecer-lhes, amar e querê-los bem.

Quinto Mandamento: Não mate.
Que significa isto?
A - ( ) Devemos temer e amar a Deus e, por isso, não agredir nem ferir o nosso próximo, nem esmurrar nosso irmãozinho; mas devemos ajudá-lo para que tenha tudo de que precisa para viver.
B - ( ) Devemos temer e amar a Deus e, por isso, não agredir nem ferir o nosso próximo; mas devemos ajudá-lo para que tenha tudo de que precisa para viver.

Sexto Mandamento: Não cometa adultério.
Que significa isto?
A - ( ) Devemos temer e amar a Deus e, por isso, levar uma vida sexual responsável, segura de si e disciplinada, amar e respeitar a esposa ou o marido.
B – ( ) Devemos temer e amar a Deus e, por isso, levar uma vida sexual responsável e disciplinada, amar e respeitar a esposa ou o marido.

Sétimo Mandamento: Não roube.
Que significa isto?
A - ( ) Devemos temer e amar a Deus e, por isso, não tirar o dinheiro ou os bens do próximo nem nos apoderar deles por meio de mercadorias falsificadas ou negócios desonestos; mas devemos ajudá-lo a conservar e melhorar seu meio de vida.
B - ( ) Devemos temer e amar a Deus e, por isso, não tirar o dinheiro ou os bens, ou ainda a carteira do próximo nem nos apoderar deles por meio de mercadorias falsificadas ou negócios desonestos; mas devemos ajudá-lo a conservar e melhorar seu meio de vida.

Oitavo Mandamento: Não fale mentiras a respeito do próximo.
Que significa isto?
A - ( ) Devemos temer e amar a Deus e, por isso, não enganar o nosso próximo com falsidade, com mentiras descaradas, traí-lo, caluniá-lo ou fazer acusação falsa contra ele; mas devemos desculpá-lo, falar bem dele e interpretar tudo da melhor maneira.
B - ( ) Devemos temer e amar a Deus e, por isso, não enganar o nosso próximo com falsidade, traí-lo, caluniá-lo ou fazer acusação falsa contra ele; mas devemos desculpá-lo, falar bem dele e interpretar tudo da melhor maneira.

Nono Mandamento: Não deseje possuir a casa do seu próximo.
Que significa isto?
A - ( ) Devemos temer e amar a Deus e, por isso, não tentar conseguir com esperteza a herança ou a casa do nosso próximo nem nos apoderar delas como se tivéssemos direito a isso; mas devemos ajudar e cooperar para que possa conservá-las e até conseguir mais e mais.
B - ( ) Devemos temer e amar a Deus e, por isso, não tentar conseguir com esperteza a herança ou a casa do nosso próximo nem nos apoderar delas como se tivéssemos direito a isso; mas devemos ajudar e cooperar para que possa conservá-las.

Décimo Mandamento: Não cobice a esposa ou o marido do seu próximo, nem as pessoas que trabalham com eles nem coisa alguma que lhes pertença.
Que significa isto?
A - ( ) Devemos temer e amar a Deus e, por isso, não seduzir, desviar ou afastar a esposa ou o marido do próximo, nem as pessoas que trabalham com eles; mas devemos aconselhá-los para que fiquem e cumpram o seu dever.
B - ( ) Devemos temer e amar a Deus e, por isso, não seduzir, desviar ou afastar a esposa ou o marido do próximo, nem as pessoas e os animais que trabalham com eles; mas devemos aconselhá-los para que fiquem e cumpram o seu dever.

Que diz Deus de todos estes mandamentos?
Ele diz:
A - ( ) "Eu, o Eterno, sou o seu Deus e não tolero outros deuses. Eu castigo aqueles que me odeiam, até os netos e bisnetos. Porém, sou bondoso com aqueles que me amam e obedecem aos meus mandamentos e abençôo os seus descendentes por centenas de milhares de gerações." Deus ameaça castigar todas as pessoas que não cumprem estes mandamentos; por isso, devemos temer a sua ira e não deixar de cumpri-los; mas ele promete graça e todo o bem às pessoas que os praticam. Por isso, devemos amá-lo, confiar nele e guardar os seus mandamentos de boa vontade.
B – ( ) "Eu, o Eterno, sou o seu Deus e não tolero outros deuses. Eu castigo aqueles que me odeiam, até os netos e bisnetos. Porém, sou bondoso com aqueles que me amam e obedecem aos meus mandamentos e abençôo os seus descendentes por milhares de gerações." Deus ameaça castigar todas as pessoas que não cumprem estes mandamentos; por isso, devemos temer a sua ira e não deixar de cumpri-los; mas ele promete graça e todo o bem às pessoas que os praticam. Por isso, devemos amá-lo, confiar nele e guardar os seus mandamentos de boa vontade.

Gabarito para marcar as respostas:
1° Mandamento A ou B
2° Mandamento A ou B
3° Mandamento A ou B
4° Mandamento A ou B
5° Mandamento A ou B
6° Mandamento A ou B
7° Mandamento A ou B
8° Mandamento A ou B
9° Mandamento A ou B
10° Mandamento A ou B
Que diz Deus? A ou B

30.7.11

Sobre a relação a dois!


O ato do matrimônio é “o momento” na vida de duas pessoas que se amam. Sim, ele é um ato de suma importância também para a vida da Igreja. Entendo que duas pessoas que se amam formam o menor e mais íntimo segmento da Igreja de Deus; que o amor testemunhado a dois visibiliza ao mundo a boa proposta de vida promovida por Deus. Ora, não se ama por causa de algum propósito ou pela troca de alguma coisa. O amor sempre se foca numa pessoa e aí então a graça de Deus se mostra de forma bem concreta na relação.

O casamento nunca é um “produto” acabado. Na vida tudo muda - nada fica estático. Daí que os cônjuges que se amam se redescobrem todos os dias, como um presente oportunizado por Deus para o outro. A comunhão de dois corpos tem íntima relação com a aceitação do outro. Para dar certo, esta aceitação espelhar-se-á na aceitação que Deus já testemunhou a partir de Jesus Cristo. Notem que numa relação madura até mesmo os erros e as falhas mútuas são boas para o crescimento e a maturidade do casal. Digo mais: o amor é a Escola Superior onde se forjam as virtudes. A fidelidade não substitui o amor, mas o valoriza durante os anos que se passam.

Que o nosso Deus, Todo-Poderoso, nos aproxime do nosso cônjuge para que consigamos viver o casamento como ele deve ser vivido. Que possamos continuar próximos da nossa parceira ou do nosso parceiro, tanto em dias bons como em dias ruins. Que o Senhor aumente e purifique o nosso amor; que possamos continuar caminhando de mãos dadas, enquanto nos dirigimos ao encontro de Deus; que possamos continuar crescendo na companhia de nossas filhas; de nossos filhos; de nossos netos. Sim, nós Te pedimos isso em nome de Jesus Cristo, ó Deus. Amém!

27.7.11

Alegria ou Tristeza!


Há dias em que a alegria está instalada em nós. Noutros somos sombreados por nuvens de tristeza. O apóstolo Paulo também experimentou estas sensações na sua vida. Eu leio de o texto de Romanos 9.1-5: “9.1 - O que eu digo é verdade. Sou de Cristo e não minto; pois a minha consciência, que é controlada pelo Espírito Santo, também me afirma que não estou mentindo. 9.2 - Sinto uma grande tristeza e uma dor sem fim no coração 9.3 - por causa do meu povo, que é minha raça e meu sangue. Para o bem desse povo, eu mesmo poderia desejar receber a maldição de Deus e ficar separado de Cristo. 9.4 - Eles são o povo escolhido por Deus; ele os tornou seus filhos e repartiu a sua glória com eles. Deus fez suas alianças com eles e lhes deu a lei, a verdadeira maneira de adorar e as promessas. 9.5 - Eles são descendentes dos patriarcas; e, como ser humano, Cristo pertence à raça deles. Que Cristo, que é o Deus que governa todos, seja louvado para sempre! Amém!

Administração dos tempos

Nós aprendemos na Igreja que uma pessoa cristã sempre deve se mostrar disposta; estampar bom ânimo no rosto em qualquer circunstância. O próprio apóstolo Paulo escreveu à Comunidade Tessalonicense que ela deveria se “alegrar sempre de novo” (1 Tessalonicenses 5.16). Interessante que, agora, neste texto da Carta de Romanos que acabamos de ler, ele “abre o seu coração” e diz, com todas as letras, que está experimentando tristeza muito profunda. O que é que vocês dizem disso? Estamos diante de uma incoerência de Paulo? Num momento está escrito que deveremos ser sempre alegres e no outro que podemos experimentar tristezas na vida. Vamos tentar compreender melhor esta questão...

É assim que tanto a alegria como os momentos de tristeza fazem parte da nossa vida. O Rei Salomão sabia disso. Ele escreveu em Eclesiastes 3.4 que “há tempo de ficar triste e tempo de se alegrar; tempo de chorar e tempo de dançar...” As pessoas que pensam poder viver “sempre alegres” e que esperam todos os dias “ensolarados”, certamente estão “vivendo nas nuvens”; vivendo fora da realidade. Não! Nós não vivemos no “País das Maravilhas” onde “os pedaços de frango fritos vêm voando para dentro da nossa boca”.

O texto pensado para a prédica de hoje deixa claro que o apóstolo Paulo estava profundamente chateado pelo fato dos israelitas; do Povo a mado e escolhido por Deus, não conseguir reconhecer a Pessoa de Jesus Cristo como seu Salvador. Esta rejeição tem consequências: a perda da vida eterna. Observem que para salvar os membros do seu povo, Paulo até estaria disposto a renunciar a sua própria salvação.

Este comportamento de Paulo nos faz lembrar do grande líder Moisés que atuou nos tempos do Antigo Testamento. Quando o Povo de Israel voltou a se lambuzar com os assuntos da idolatria, ele, em oração, pediu a Deus: “Por favor, perdoa o pecado deles! Porém, se não quiseres perdoar, então tira o meu nome do teu livro, onde escreveste os nomes dos que são teus.” Deus rejeitou a oferta de Moisés. Quer dizer: ninguém pode promover a salvação dos outros, nem mesmo ofertar a sua vida em prol desta idéia.

Conclusão

Será que entendemos a tristeza do apóstolo Paulo? Sou uma pessoa rodada nos caminhos da Igreja. Sei, por exemplo, de muitas irmãs e irmãos que estariam dispostos a se sacrificar para salvar o filho; a filha; o pai; a mãe ou qualquer outra pessoa querida das suas relações. Para mim, sempre de novo, chama atenção o fato que há membros das nossas Paróquias que se desesperam quando olham para suas Comunidades com olhos de ver. Outro dia ouvi essa palavra de alguém: “Estou doente por causa de preocupação. Não consigo mais dormir. Nosso povo cristão é muito superficial nas coisas de Deus. Isso me machuca interiormente.” Sabem o que eu disse a este irmão? Disse-lhe que “não lhe cabia carregar essa carga; que deixasse esse encargo para Jesus Cristo”. Vocês não imaginam como foi difícil para ele aceitar esta verdade. Existe outra solução? Só Deus é capaz de amaciar corações duros. Atentem para isto: Este é o conforto que nos oportuniza a experimentação da felicidade.

26.7.11

A definição de uma avó!


Hoje, dia 26 de julho, foi o dia da avó. Daí que me lembrei da palavra que o apóstolo Paulo escreveu ao seu jovem discípulo Timóteo: “Lembro da sua fé sincera, a mesma fé que a sua avó Lóide e Eunice, a sua mãe, tinham. E tenho a certeza de que é a mesma fé que você tem.” (2 Timóteo 1.5)

Contaram-me que um menino descreveu uma avó com todas as letras: “Uma avó é uma senhora que não tem filhos e que, portanto, ama de forma muito especial os filhos de outros. As avós, de um modo geral, não fazem nada o dia todo. Assim elas têm tempo para estarem com seus netos. É curioso que quando elas saem para passear com seus netos e estes se distraem com folhas ou lagartas, elas diminuem a velocidade dos seus passos. Elas também têm a capacidade de responder perguntas difíceis, tais como porque cães odeiam gatos e porque Deus não é casado. Quando elas lêem algum livro, elas não pulam os capítulos. Elas também não se importam se nós, as crianças, sempre de novo queremos ouvir a mesma história. Todas as pessoas deveriam ter uma avó. Elas são as únicas pessoas adultas que têm tempo disponível...”

O jovem Timóteo nos fornece evidências de como avós cristãs podem enriquecer a vida de uma criança. Não é difícil de se imaginar como Lóide brincava; como ela contava histórias bíblicas ao seu netinho Timóteo. Ela deve ter levado ele para a cama inúmeras vezes; deve ter cantado hinos lindos para ele; deve ter orado orações compreensíveis com ele, para ele e no tempo dele. Sim, ela deve ter acarinhado ele em muitas oportunidades.

Nos dias em que os trabalhos na Igreja de Éfeso ficaram complicadas para o jovem e tímido Timóteo, o apóstolo Paulo o lembrou da fé que sua avó professava. Deus é um pai sábio. Ele sabe como as avós podem ajudar a edificar positivamente as vidas dos seus filhos.

Tudo de Novo!


Às vezes fico pensando:
Eu bem que poderia ir adiante.
Limpo os sapatos,
Reacomodo-me e me auto-ordeno:
- Vamos lá!...

Faço contatos,
Lanço desafios,,
Envolvo-me e mergulho de cabeça.

Os olhares não geram paz e,
no seu brilho,
detecto sons que sussurram:
- Você é apenas moderno,
nós somos pós...

Recolho meu "time" e,
dias depois,
tento tudo de novo...

25.7.11

Deus na garupa e GPS


A CONURB (Companhia de Desenvolvimento e Urbanização) convidou-me para celebrar um Culto voltado a motociclistas, quando do “1° Motaço de Joinville”. Coloquei o talar e, de repente, o ronco das motos encheu a praça. Era lindo de se ver; de se ouvir. Dos quatro cantos da cidade, vieram motos de todos os tipos e tamanhos. O pessoal apeou das mesmas com suas jaquetas de couro; com seu estilo de vida alternativo e se colocou em frente ao altar.

Iniciei minha fala. Havia respeito no ar. Disse-lhes que me impressionava com o fato de que a maioria ali presente confiava tanto nos seus GPSs; que acreditava que a sua confiança irrestrita na “pequena caixinha” que calcula trajetos e distâncias a serem percorridas, se devia a um satélite carregado de tecnologia. Satélite este escondido entremeio às estrelas.

Os olhos de todos os presentes se mostravam curiosos pela continuidade da minha fala. Satisfiz sua curiosidade: Porque era tão difícil darem atenção à Palavra que vem mais do alto; que soa infinitamente mais acima da posição deste satélite? Nunca tinham se perguntado como Deus os acompanha; como Deus os dirige; como Deus os protege?

Sim, somos responsáveis por nós e pelas nossas famílias. Deus o é por todos nós. Ele nos cuida como cuida da “menina” dos Seus próprios olhos. Agradeçamos a Deus pelo cuidado que Ele nos dispensa e vivamos o cotidiano de forma agradecida. Deus vai na nossa garupa.

22.7.11

Vivendo sob Perspectivas!


Sou filho da terra revolvida e sofrida.
Andei no lamaçal e senti cabeças febris.
Vi estúpidos apostando unanimidade ferida.
Olhos opacos, cobertos por películas sem vida.

Quis curar apontando coloridos outros.
Dispensaram-me sob acusações mui hostis.
Visitei tribunais para explicar sonhos loucos.
Vozes timbradas articulavam ouvidos moucos.

Cicatrizes, marcas de experiências doloridas.
Velhos tempos a gerar e cruzar horizontes anis.
E eu, aqui, repromovendo médias e grandes saídas.
Povo, gente, comunidade vivendo sob perspectivas.

Perceba o teu tesouro!


Outro dia recebi um e-mail onde se lia: “Oi pastor! Meu nome é Juliana. Sou católica e congrego na Catedral. Gostei muito das suas palavras quando da comemoração do aniversario da Rádio Cultura. Suas palavras tocaram o meu coração. Acordei para a vida naquele dia... Eu estava entendendo que Jesus tinha se esquecido de mim; que Ele tinha problemas mais importantes com que se preocupar... O senhor disse que eu sou importante para Jesus! Obrigada.”

Senti-me bem com este “feedbeck”. Ele nos ajuda a entender o texto de Mateus 13.44-46: “O Reino do Céu é como um tesouro escondido num campo, que certo homem acha e esconde de novo. Fica tão feliz, que vende tudo o que tem, e depois volta, e compra o campo. O Reino do Céu é também como um comerciante que anda procurando pérolas finas. Quando encontra uma pérola que é mesmo de grande valor, ele vai, vende tudo o que tem e compra a pérola.”

Nossa rotina

Todos os dias a maioria de nós vive uma certa rotina. Temos que levar as nossas crianças para a escola; temos que buscar os nossos netos no colégio; temos que fazer a nossa lição de casa; temos que preparar a comida para o almoço; temos que ir ao trabalho; temos que ligar a máquina; temos que responder e-mails; temos que resolver as questões que se “escondem” na pilha de papéis que estão sobre a nossa escrivaninha... Gente! Tudo isso pode ser muito chato!

Agora, atentem para este detalhe: A Psicologia ensina que a rotina não é de todo ruim; que a rotina carrega algo de bom em si. Por exemplo: Todas as pessoas que são motoristas agem de forma rotineira, quando estão ao volante. Elas não refletem sobre como vão girar a chave para dar a partida no automóvel; elas não ficam pensando em virar o volante para a esquerda ou para a direita, mas simplesmente viram o mesmo para o lado que for necessário. É assim que motoristas experimentados até conseguem se deliciar com a paisagem, enquanto dirigem. Eu, por exemplo, gosto de ouvir rádio enquanto dirijo. O mesmo acontece quando estamos envolvidos com os nossos afazeres do dia a dia. Nós vamos nos desincumbindo dos nossos compromissos e, enquanto isso, até conseguimos fazer outras coisinhas do lado como: dar atenção ao que nossos filhos ou netos nos relatam; ao que o rádio nos informa sobre o que rola no mundo...

E aí, de repente, acontece algo que não esperamos que aconteça, tal como na história bíblica do assalariado que estava lavrando as terras de um fazendeiro. Para ele, aquele dia de trabalho estava sendo comum como todos os outros tinham sido. Ele dominava perfeitamente bem a técnica de arar a terra. Num dado momento aquela rotina foi quebrada. As correntes se esticaram. Os bois pararam por causa do soco seco; do barulho oco que vem da pá afiada. Não! Não se trata de uma pedra, mas de uma caixa. O lavrador se encurva e, com o auxílio das mãos, se dá conta que encontrou um tesouro: Prata? Ouro? Moedas? Não vem ao caso. O tal achado o enche de alegria. A partir daquele momento a sua vida passa a ter um outro sentido. O que antes era importante, perdeu o seu grau de importância. Agora ele pode se desfazer das coisas que antes lhe eram caras. Sim! Tudo aquilo que ele acumulara até ali poderia ser repassado adiante, porque o novo momento vivido estava sendo verdadeiramente impar.

Conclusão

Algo assim pode acontecer conosco se, de uma hora para a outra, Deus se mostrar no meio dos nossos hábitos cotidianos. Nós não estamos percebendo; não estamos esperando absolutamente nada e, de repente, o céu se abre: Uma pessoa nos traz uma boa palavra que é extremamente clara e que nos indica uma boa saída para algum problema; nós tomamos uma decisão importante que há muito deveríamios ter tomado; nós nos encontramos com alguém que nos ajudou a ter confiança na vida; nós descobrimos uma verdade na Palavra de Deus que lançou boa luz sobre a escuridão de um velho problema. Sim, de repente nós também encontramos um “tesouro” no “campo” onde trabalhamos, rotineiramente, desde o dia em que nos entendemos por gente. Agora a nossa vida fica diferente; fica cheia de alegria e satisfação.

Apesar da rotina, prestem atenção às coisas que se passam no dia-a-dia. Quem sabe Deus esteja querendo lhes surpreender!...

5.7.11

Quem sou eu?


Jesus caminhava com Seus discípulos nas cercanias das fontes do Rio Jordão. Num dado momento da caminhada Ele lhes faz uma boa pergunta aberta: - Ei pessoal! O que é que as pessoas pensam de Mim? Várias respostas erradas foram dadas, como bem se lê em Mateus 16.13-19.

Jesus, num segundo momento, fecha a pergunta. Ele quer dialogar de forma mais focada sobre a questão “Quem sou eu”? Sim, Jesus quer saber como os discípulos O entendem (v. 15). É nesse momento que o apóstolo Pedro fez uso da palavra e traz excelente resposta para dentro da roda. Ele diz: “Tu és o Cristo, o Salvador enviado por Deus, o Filho do Deus vivo”. (v. 16)

A Igreja Luterana tem um mártir chamado Dietrich Bonhoeffer. Esse homem escreveu a uma poesia, enquanto sofria num dos Campos de Concentração nazista. Nela ele expressa que os companheiros de cela o viam como alguém seguro de si; como uma pessoa que sai de sua mansão com a cabeça erguida. Será mesmo que ele era aquilo que os outros pensavam dele? Essa constação o fez olhar para dentro de si e se perceber como indivíduo inquieto; saudoso; doente; ansioso por cores, por flores e pelas “vozes” das aves; sedento por palavras de bondade e de boa vizinhança; conturbado; trêmulo; impotente; cansado e vazio ao orar; ao pensar e ao agir. Sim, ele estava pronto para dizer adeus à vida. “Quem era ele? Este, ou àquele outro? Um hipócrita diante dos outros e um angustiado diante de si? Fosse quem fosse – ele era propriedade de Deus e estava acabada a história!

Mesmo que não sejamos Bonhoeffer, os nossos sentimentos se aplicam a todos os verdadeiros cristãos. Mesmo que vivamos no mundo, não pertencemos a este mundo. Mesmo que não sejamos perfeitos, não somos escravos do pecado. Nós não pertencemos nem a nós mesmos, mas a Deus. Foi Deus quem nos criou; quem nos “comprou” do Diabo com o sangue de Jesus Cristo. O amor de Deus é tão forte e firme, que nada e ninguém são capazes de nos afastar Dele. Quer dizer, Deus nos abraça firmemente com Seu amor. Se nós não nos separarmos Dele, não existe força ou poder no mundo que tenha a capacidade de fazê-lo.

Quem somos nós? Nós somos ferramentas de Deus aqui neste chão. Que possamos continuar caminhando, sempre sabedores que Jesus Cristo é o nosso Salvador enviado por Deus; que Ele é o Filho do Deus vivo e acabiou a história.

4.7.11

Faz 57 anos!


Hoje, dia 04 de julho, faz 57 anos que eu fui batizado na Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil de Santa Cruz do Sul (RS). Os livros de registro não confirmam, mas ou eu fui batizado pelo Pastor Koch e ou pelo Pastor Wilfried Buchweitz que, que na época, fazia uma espécie de estágio na minha cidade natal. Estou festejando com a Valmi. Encomendamos uma pizza. A taça de vinho tinto seco já está na mão. Saúde!

Atracar o barco é mais do que preciso!


O texto bíblico de Lucas 5.1-11 nos informa que os discípulos tinham dado tudo de si para pescar peixes, mas que se engajaram em vão. Aí vem Jesus e lhes sugere lançar novamente as redes na água. João e Tiago assessoraram Pedro e os discípulos acabam tendo o privilégio de participar de um grande milagre: As redes simplesmenter estavam prestes a se romper, tamanho o número de peixes que nela caíram. Logo depois disso o barco foi trazido para a beira da praia. Os discípulos desceram dele e, deixando tudo para trás, seguiram Jesus. Gente querida! Eu entendo que chegou a hora de nós, CEJ, também trazermos o nosso “barco” até a praia...

A Bíblia deixa claro: Quem quiser seguir Jesus precisa “trazer o seu barco à praia”. Olhem para a estrutura da nossa Igreja com olhos de ver. O nosso “barco” navega em ondas revoltas que nos impelem para a frente e para trás; para cima e para baixo. Alguns dos “tripulantes” estão sentindo enjôo. Ora, Jesus só pode ser seguido em terra firme. O Reino de Deus só cresce a “cem por um” no chão. Será que o nosso “barco” não está carregando o nome fantasia de “passividade”, enquanto navega, anos a fio, tentando realização em meio à inércia? Vocês conferiram se alguém já não pintou o nome ECM (Eu Comigo Mesmo) no casco do nosso “barco”? Olha, esses dias surpreendi um sujeito com um pincel e uma lata de tinta na mão, tentando pintar o nome GIT (Gastança Inútil de Tempo) numa das laterais do mesmo. É incrível, mas são muitas as possibilidades de se nominar; de se batizar o “barco” da nossa Igreja. Todas as nossas Comunidades e Paróquias podem estar perdendo as Bênçãos de Deus, enquanto decidimos ficar navegando sem ancorarmos...

Este texto da “pesca maravilhosa” nos traz boas informações sobre o discipulado; sobre o nosso compromisso com Deus. Uma vez os nossos antepassados se decidiram por Jesus Cristo e foi por isso que nasceu a IECLB. Naqueles dias o nosso povo trouxe o nosso “barco” à terra, porque queria seguir o Filho de Deus, a partir de um testemunho contextualizado... O fato é que sempre de novo nós somos tentados a reembarcar no “barco” para armazenarmos o que foi colhido; nos deliciarmos com o fruto costumeiro. Não! A semeadura precisa continuar. Observem que o “ph” do solo mudou. O clima mudou. As circunstâncias mudaram...

Simão Pedro trouxe o seu barco à praia e só então se concentrou no discipulado. Ele queria sair do lugar comum; “mergulhar” noutras frentes. Foi com esse objetivo em vista que ele deixou tudo para trás. É esse o caminho que nos leva para o Reino de Deus. Primeiro, depositar todas as nossas cargas nos ombros de Jesus e, depois, submeter nossa vida à direção de Deus; crer que tudo contribuirá para o nosso bem. Estamos aqui neste encontro para levarmos o nosso “barco” ao ancoradouro. Desconsideremos o que não é importante e sigamos o caminho abençoado por Deus de mãos dadas com Jesus Cristo. Que caminho é este? Proponho que o descubramos juntos a partir do nosso diálogo. Que Deus nos abençôe!

1.7.11

Pessimismo!


É sexta-feira e chove; faz frio na nossa Joinville cinzenta. O hinário luterano (HPD 1) está aberto diante de mim. Canto piano o hino n° 98 intitulado “Qual barco singra pelo mar”. O som que emito está destoado da alegria. Com o “rabo do olho” leio que se trata de letra e melodia de Martin Gotthard Schneider (um octogenário nascido em Constança no ano de 1930).

Sempre gostei de cantar. Enquanto canto me vem a sensação de que estamos enfrentando esses “temporais de medo, angústia e dor”; de que não “resistiremos”; de que “afundaremos” diante destas propostas teológicas esdrúxulas que estão sendo copiadas aqui e ali, sem o mínimo de contextualização.

Do jeito que a história está se desenvolvendo o nosso “Barco” (IECLB) não vai chegar ao “alvo prometido”. O nosso problema até não são os ventos fortes que dobram mastros e ou que rasgam velas, mas os “furinhos” que cabeças menos densas insistem em fazer no “casco”.

Sim, estamos desunidos. Os cômodos da nossa “Canoa” têm, todos eles, cores diferenciadas. A verdade é que estamos “mui sós em alto mar”. Eu até já mergulhei para tentar fechar um dos furos que se agranda, mas meu braço é pequeno. Sério! Penso que não chegaremos ao “alvo prometido”. Socorro!

30.6.11

Ciúmes...

...sim, tenho ciúmes de não ter tido a criatividade de escrever este texto escrito pelo Ricardo Gondim: "Deus nos livre de um Brasil evangélico"

Começo este texto com uns 15 anos de atraso. Eu explico. Nos tempos em que outdoors eram permitidos em São Paulo, alguém pagou uma fortuna para espalhar vários deles, em avenidas, com a mensagem: “São Paulo é do Senhor Jesus. Povo de Deus, declare isso”.

Rumino o recado desde então. Represei qualquer reação, mas hoje, por algum motivo, abriu-se uma fresta em uma comporta de minha alma. Preciso escrever sobre o meu pavor de ver o Brasil tornar-se evangélico. A mensagem subliminar da grande placa, para quem conhece a cultura do movimento, era de que os evangélicos sonham com o dia quando a cidade, o estado, o país se converterem em massa e a terra dos tupiniquins virar num país legitimamente evangélico.

Quando afirmo que o sonho é que impere o movimento evangélico, não me refiro ao cristianismo, mas a esse subgrupo do cristianismo e do protestantismo conhecido como Movimento Evangélico. E a esse movimento não interessa que haja um veloz crescimento entre católicos ou que ortodoxos se alastrem. Para “ser do Senhor Jesus”, o Brasil tem que virar "crente", com a cara dos evangélicos. (acabo de bater três vezes na madeira).

Avanços numéricos de evangélicos em algumas áreas já dão uma boa ideia de como seria desastroso se acontecesse essa tal levedação radical do Brasil.

Imagino uma Genebra brasileira e tremo. Sei de grupos que anseiam por um puritanismo moreno. Mas, como os novos puritanos tratariam Ney Matogrosso, Caetano Veloso, Maria Gadu? Não gosto de pensar no destino de poesias sensuais como “Carinhoso” do Pixinguinha ou “Tatuagem” do Chico. Será que prevaleceriam as paupérrimas poesias do cancioneiro gospel? As rádios tocariam sem parar “Vou buscar o que é meu”, “Rompendo em Fé”?

Uma história minimamente parecida com a dos puritanos provocaria, estou certo, um cerco aos boêmios. Novos Torquemadas seriam implacáveis e perderíamos todo o acervo do Vinicius de Moraes. Quem, entre puritanos, carimbaria a poesia de um ateu como Carlos Drummond de Andrade?

Como ficaria a Universidade em um Brasil dominado por evangélicos? Os chanceleres denominacionais cresceriam, como verdadeiros fiscais, para que se desqualificasse o alucinado Charles Darwin. Facilmente se restabeleceria o criacionismo como disciplina obrigatória em faculdades de medicina, biologia, veterinária. Nietzsche jazeria na categoria dos hereges loucos e Derridá nunca teria uma tradução para o português.

Mozart, Gauguin, Michelangelo, Picasso? No máximo, pesquisados como desajustados para ganharem o rótulo de loucos, pederastas, hereges.

Um Brasil evangélico não teria folclore. Acabaria o Bumba-meu-boi, o Frevo, o Vatapá. As churrascarias não seriam barulhentas. O futebol morreria. Todos seriam proibidos de ir ao estádio ou de ligar a televisão no domingo. E o racha, a famosa pelada, de várzea aconteceria quando?

Um Brasil evangélico significaria que o fisiologismo político prevaleceu; basta uma espiada no histórico de Suas Excelências nas Câmaras, Assembleias e Gabinetes para saber que isso aconteceria.

Um Brasil evangélico significaria o triunfo do “american way of life”, já que muito do que se entende por espiritualidade e moralidade não passa de cópia malfeita da cultura do Norte. Um Brasil evangélico acirraria o preconceito contra a Igreja Católica e viria a criar uma elite religiosa, os ungidos, mais perversa que a dos aiatolás iranianos.

Cada vez que um evangélico critica a Rede Globo eu me flagro a perguntar: Como seria uma emissora liderada por eles? Adianto a resposta: insípida, brega, chata, horrorosa, irritante.

Prefiro, sem pestanejar, textos do Gabriel Garcia Márquez, do Mia Couto, do Victor Hugo, do Fernando Moraes, do João Ubaldo Ribeiro, do Jorge Amado a qualquer livro da série “Deixados para Trás” ou do Max Lucado.

Toda a teocracia se tornará totalitária, toda a tentativa de homogeneizar a cultura, obscurantista e todo o esforço de higienizar os costumes, moralista.


O projeto cristão visa preparar para a vida. Cristo não pretendeu anular os costumes dos povos não-judeus. Daí ele dizer que a fé de um centurião adorador de ídolos era singular; e entre seus criteriosos pares ninguém tinha uma espiritualidade digna de elogio como aquele soldado que cuidou do escravo.

Levar a boa notícia não significa exportar uma cultura, criar um dialeto, forçar uma ética. Evangelizar é anunciar que todos podem continuar a costurar, compor, escrever, brincar, encenar, praticar a justiça e criar meios de solidariedade; Deus não é rival da liberdade humana, mas seu maior incentivador.

Portanto, Deus nos livre de um Brasil evangélico.

28.6.11

Decisão aqui e agora!


Martin Luther estava voltando de uma viagem. Ele tinha ido visitar os seus pais em Manfeldt. Os historiadores sustentam que essa viagem teria acontecido numa quarta-feira, dia 2 julho de 1505. Agora só faltavam mais uns seis quilômetros para ele chegar à cidade universitária de Erfurt. De repente o céu começou a escurecer e veio uma tempestade. O vento se mostrava forte e os relâmpagos eram assustadores. Num dado momento um dos raios atingiu uma das árvores que cresciam à beira do caminho que Lutero trilhava.

O nosso Reformador estava “morrendo” de medo. Até pode-se dizer que ele estava experimentando verdadeiro pânico. Foi exatamente neste momento que ele pediu proteção à Santa Ana. Mais do que isso: Fez um voto. Se a santa o ajudasse a sair vivo dali, se tornaria um monge. Foram as consequências desta decisão que mudaram o curso da História.

Nestes dias de julho, há 506 anos, um jovem fez a experiência de como é fácil mudar-se os rumos da vida quando se está debaixo de pressão. Sim, Lutero estava desesperado no meio daquela tormenta e pasmem: foi justamente este desespero que lhe oportunizou mudança de vida. Claro que não foi só Lutero que fez tal experiência. Volta e meia somos informados a respeito de pessoas que também experimentaram mudanças drásticas, a partir dos momentos difíceis que vivenciaram.

Lutero estava seguro do que ele queria para a sua vida. Ele já tinha planejado o seu futuro. Era por isso estudava para ser advogado. Que coisa incrível: um relâmpago foi capaz de mexer com tudo o que ele tinha construído em si, desde a meninice. Isso quer dizer que nós só temos o tempo do “aqui e agora” para tocarmos a nossa vida. Sim, porque o nosso futuro pode vir a não se concretizar. Foi em vista disso que Lutero se concentrou naquilo que era essencial. Que se danassem os sonhos de seu pai de vê-lo advogando. O que, de uma hora para a outra, passou a valer de verdade foi a perspectiva de uma caminhada cristã.

Escolhas impactantes como essa experimentada por Lutero não são muito comuns nos dias de hoje. Mas isso também não tem a menor importância. Podemos nos “encharcar” com muito mais vida, se ousarmos responder estas perguntas: Como me posiciono diante daquilo que realmente é importante na minha vida? Empurro as minhas decisões com a “barriga” esperando que, no futuro, tudo fique mais tranquilo para uma tomada de decisão? E se eu fizesse isso ou aquilo?...

É óbvio que nem sempre essa pergunta nos conduz até Deus. No entanto a resposta a esta questão pode nos ajudar a pesar melhor as decisões que tomamos no dia-a-dia. Para encontrarmos boas respostas para a nossa vida não seria nada ruim se incluíssemos Deus na “parada”.

24.6.11

Anoiteceu e amanheceu!


Anoiteceu e...
O pessoal foi se chegando,
A conversa foi se acendendo,
O fogo foi se embrasando,
E quando vimos, estávamos em comunhão.
O tilintar de facas, garfos, pratos e copos
Fazia a vida pulsar nos tons de cada voz.
As crianças corriam de lá pra cá; daqui pra lá.
Recados, diálogos, articulações...
Tudo fazia parte da festa.
Aqui se gerava o descompromisso
E lá se promovia a catarse.
Quando o dito encontro foi se deslumbrando,
Todas e todos foram se despedindo
E o diálogo foi se fechando no abraço.
O braseiro foi se apagando
E de repente houve descomunhão.
Prenúncio de solidão?...
Absolutamente não!
Era mais força para se enfrentar o "tirão"...
E amanheceu...

21.6.11

OASE - Eu pensei em ti!


Conta-se que, certa vez, a rainha de Sabá enviou dois buquês de rosas ao sábio rei Salomão. Os dois maços de flores eram idênticos, mas um era autêntico e o outro falso. Salomão deveria selecionar as flores naturais. Sua tarefa não foi fácil visto que os buquês eram encantadores e apresentavam aspecto; fragrância; consistência; colorido, maciez e fragilidade iguais. Salomão pensou um pouco e, num segundo, abriu a janela que dava para o seu famoso jardim. Em poucos instantes o seu dormitório foi invadido por um pequeno enxame de abelhas que, sem hesitação, pousou nas flores verdadeiras. É da natureza das abelhas distinguirem a flor verdadeira da falsa. Também é da natureza de Deus reconhecer a diferença entre a adoração sincera e a adoração simulada. Penso que queremos ser pessoas próximas de Deus; que sonhamos adorá-Lo de forma autêntica. O texto de Provérbios 2.8-10 nos ajuda neste projeto: “Ele vigia as sendas do direito, e guarda o caminho dos seus amigos fiéis. Então compreenderás a justiça e o direito, a retidão e todos os caminhos da felicidade; porque virá a sabedoria ao teu coração e terás gosto no saber.”

Que alegria poder me dirigir a vocês, senhoras da Ordem Auxiliadora de Senhoras Evangélicas - OASE. Faço-o com minha memória voltada ao ano de 1982. Sim, faz 29 anos que exerci meu primeiro pastorado em Cidade Gaúcha (PR). A nossa Paróquia era composta por apenas 40 famílias, mas o grupo da OASE era forte. Eu era jovem e sem experiência, mas aquelas senhoras souberam me acolher, minimizando meus defeitos; convidando-me para visitar seus lares; inserindo-me no contexto da Comunidade. Quantas boas lembranças!

O livro de Provérbios nos desafia a desenvolvermos o caráter amoroso de Deus nas nossas vidas. Jesus Cristo se espelhou no Seu Pai quando demonstrou seu caráter misericordioso entre nós. Esse amor, essa misericórdia, essa doação em prol do próximo, sem a espera de qualquer recompensa, deveria nos incitar a viver com mais alegria nos espaços que ocupamos na família, na Comunidade e na sociedade.

Lembram de como Deus foi amoroso com o povo hebreu durante a travessia do deserto? Recordam como Jesus Cristo foi misericordioso quando assumiu a cruz em favor de nós? Outro dia, lendo o capítulo três da Carta do apóstolo Paulo a Timóteo, percebi que uma pessoa cristã nunca é avaliada pela sua crença, pelo grupo de OASE que participa, mas pelo caráter que tem. Pessoas afinadas com o caráter de Deus professam verdades e, depois, praticam as mesmas. Eu senti este testemunho nos grupos de OASE pelos quais passei. Ai que saudades dos grupos de senhoras evangélicas de Cruz Alta (RS), de Florianópolis (SC)...

As pessoas que de fato se relacionam com Deus nunca são vistas descansando nas “redes da teoria”. Ando por aí e percebo alguns grupos cristãos investindo num cristianismo abstrato, teórico, intocável e, por isso mesmo, sem gosto, sem perfume. Coisa boa! Também existem os grupos que investem na prática da diaconia (serviço cristão). Sim, eu sempre constatei reflexão e trabalho nos grupos pelos quais passei. Salomão, o autor do Livro de Provérbios, bate na tecla de que se busque a sabedoria com “unhas e dentes” e que, logo depois, se ponha em prática aquilo que se aprendeu; que se viva o Culto na Comunidade e, ao mesmo tempo, na calçada.

Hoje quase todas as pessoas lêem jornais; ouvem rádios; assistem programas de televisão e navegam na internet. As informações geradoras de conhecimento nos alcançam em qualquer canto e recanto do mundo. Quer dizer, somos pessoas bem informadas. Agora, será que todo esse conjunto de informações tem contribuído para que alcancemos mais sabedoria? Os trinta e um capítulos do Livro de Provérbios nos passam a informação de que Salomão está mais interessado em fazer as pessoas “sábias” do que fazê-las “espertas”, inteligentes.

É incrível! Nós sempre optamos pela segunda opção (inteligência). Por exemplo: quando os nossos cientistas dividiram o átomo, começou-se a fabricar bombas atômicas. A divisão do átomo bem que poderia ser usada para produzirmos apenas energia mais limpa o que, por si só, já seria uma atitude “sábia”, mas não: investimos na guerra com esta descoberta.

Gente querida! O que é bom, o que é certo é o que vale a pena. Não sejamos pessoas ingênuas. A pura “simplicidade” não é querida por Deus? Outro dia li de um teólogo muito famoso que “crer é também pensar”; que crer é também desenvolver o nosso senso crítico; que crer é ser “ágil como as serpentes e, ao mesmo tempo, prudente como as pombas” (Mateus 10.16). Noutras palavras: Saber o que é certo não é suficiente. Uma pessoa “sábia” é aquela que se relaciona com Deus, não a pessoa que só conhece certas verdades.

O texto bíblico citado nos informa que Deus zela pela caminhada das Suas filhas e dos Seus filhos. Coisa boa saber que esta Palavra nos diz respeito. Sim, Deus tem cuidado de mim e de ti, mas atenção: as pessoas guardadas por Deus também podem vir a sofrer fome e sede; experimentar tempos difíceis. Deus segura na mão das pessoas que O procuram porque o Seu desejo é que elas não deslizem na escorregadia noite da desesperança quando faltar fé. Foi Jesus Cristo mesmo quem nos deixou claro: “...guardei-os e nenhum deles se perdeu” (João 17.12b) Sim, fazemos parte do “time” daqueles que foram e que ainda são cuidados por Jesus Cristo.

O que é a Sabedoria de Deus? O referido texto nos esclarece que a Sabedoria é um presente que Deus nos alcança. Quem conhece Deus sabe como viver uma vida de qualidade. As palavras justiça, direito e retidão tem a ver com “conduta reta” e geram felicidade. Quer dizer: as filhas e os filhos de Deus estão num processo de santificação que os torna cada vez mais leais a Deus. O texto nos diz que Deus contempla com proteção as mulheres e os homens que buscam a Sabedoria.

A leitura final do texto acima nos deixa evidente que o caráter de uma pessoa deve ser mais relevante do que a atividade que essa mesma pessoa possa desenvolver na família, na sociedade ou na Igreja. Sim, aquilo que “somos interiormente” tem muito mais valor para Deus do que aquilo que “fazemos exteriormente”. Sinceramente, penso que deveríamos investir mais na nossa saúde interior, na nossa paz física e espiritual. Se nos equilibrarmos nesta área exerceremos o bom serviço, o auxílio querido, a partir da Ordem Auxiliadora de Senhoras Evangélicas (OASE).

Abelhas sabem discernir a flor verdadeira da flor sintética. Deus é Sábio e sabe reconhecer a diferença entre a adoração sincera e a adoração simulada. Aprendamos a adorar a Deus de fato e de verdade, enquanto em contato com nossas irmãs na OASE. Aproximemo-nos de Deus; adoremo-Lo de forma autêntica. Que possamos ter sempre um coração aquecido pelo calor de Deus. Que este calor que aquece os nossos corações possa resfriar sempre de novo a nossa cabeça para que, com sabedoria, possamos discernir entre o que é bom e o que é ruim.

20.6.11

Inverno - olha ele aí gente!


Todos nós murchamos como a folha”. Essa palavra do profeta Isaías (64.6c) me lembra do outono que se foi. Às vezes carrego a impressão que as músicas que cantamos nos nossos Cultos soam um tanto tristes nesta época. Os hinos parecem pesados de serem entoados. Olhem com olhos de ver: As folhas estão caindo discretamente das árvores. A natureza está dando mostras de que quer cochilar. Percebem a sua respiração? Ela se parece com o arfar de quem sonha debaixo de grossos cobertores. Sim, a primavera, o verão e o outono se foram.

Eu, hoje à tarde, experimentei folga. Sentei comigo mesmo sobre a grama que já cresce preguiçosa no pátio. O “ventinho” frio veio de mansinho e me expulsou daquele pequeno “culto”. Ele fez isso só para me mostrar sua força. Esse ventinho que, uma hora destas, poderá se transformar em vento; em ventania que amedronta. Coisa boa que, nestas oportunidades, eu posso me aconchegar com quem gosto.

Deus tem mais força do que a criança que há em mim. Sua Palavra sempre soa suave no meio das turbulências; das tempestades. Sua Palavra misericordiosa me dá colo, quer na vida ou na morte. Coisa boa saber que as filhas e os filhos de Deus nunca estão sós. Se Deus é nosso Pai, então somos todas irmãs; irmãos. Não é bom se dar conta disso?

É sim! Foi ontem que dei tchau pra minha juventude. Mesmo assim me sinto alegre. Jesus Cristo está vivo; venceu a morte e, pelo fato disso ser verdade, também posso fazer parte deste “projeto”. A minha salvação foi oportunizada pelas feridas de Jesus na cruz, nada mais. Tal como a primavera, o verão e o outono se foram, assim também se foi meu tempo de jovem. E daí? Deus está comigo, Amigo e Companheiro.

Não demora muito voltará a primavera. É por isso que eu canto; que eu louvo a Deus. Quero confiar na promessa de Deus que não me deixará órfão, quer seja em tempos de desespero ou de morte. Foi através do profeta Ezequiel que Deus nos prometeu “nova terra” (47.12). Ele escreveu que “ás margens do rio nascerá toda sorte de árvores cujas folhas não murcharão; cujos frutos nunca terão fim”.

É com esse futuro que eu conto...

Entendimento!


No ar, a curiosidade.
Pensamentos convergiam.
Que alto o grau da seriedade.
Que coisa! Todos se entendiam.

OLHA SÓ!