Busque Saber

25.5.12

A Terceira Pessoa da Trindade - O Espírito Santo! (João 15.26-27 e 16.4-15)


Jesus sabia da crise pela qual os Seus discípulos iriam passar, depois que Ele voltasse para junto do Seu Pai. Jesus estava consciente de que seus discípulos teriam dificuldade de “aguentar o tranco” depois da Sua partida. Foi por isso que Ele eviou o Espírito Santo a todas as Suas seguidoras; a todos os Seus seguidores. Do Evangelho lido, eu destaco o verso 7 de João 16: “Mas eu vos digo a verdade: convém-vos que eu vá, porque, se eu não for, o Consolador não virá para vós outros; se, porém, eu for, eu vo-lo enviarei.”

Para mortais como tu e eu, o Espírito Santo é um grande mistério. Em nenhum momento Ele nos é apresentado como uma pessoa. Vem daí a nossa dificuldade em imaginá-Lo. Dado a esta dificuldade, algumas pessoas chegam ao ponto de negá-Lo; a classificá-Lo como uma “força divina impessoal e relativa” – nada mais do que isso.

Aqui e ali se ouve perguntas do tipo: - Será que o Espírito Santo é mesmo tão importante para nós? Será que a nossa fé em Deus e em Jesus Cristo já não sejam suficientes? – Será que precisamos levar o Espírito Santo tão a sério como se sugere por aí? Ora, erram feio as pessoas que pensam assim. O próprio Jesus e todo o testemunho que brota de dentro do Novo Testamento nos deixam claro o quanto somos dependentes do Espírito Santo. Sem o Espírito Santo nós não poderíamos ser resgatados para dentro do Reino de Paz, Amor e Perdão de Deus!

Jesus nos declara que o Espírito Santo abre o entendimento das pessoas a respeito do seu pecado (João 16.8); que é somente através do Espírito Santo que podemos reconhecer a nossa maldade; que podemos vir a desejar a nossa redenção. Gente querida! Nós só poderemos perceber e compreender o caminho que nos leva à salvação, se o “Espírito da Verdade” nos conduzir a toda verdade (13). Resumindo, o Espírito Santo nos atrai (14-15); nos leva até o nosso Pai do Céu.

Digo mais... O Espírito Santo de Deus também nos promove a vitória sobre os nossos pecados (Romanos 8.2). É o Espírito Santo quem amadurece os “Frutos do Espírito” em nós (Gálatas 5.22-23): amor, alegria, paz, paciência, bonade, retidão, fidelidade, mansidão e domínio próprio. É assim, e não de outra forma que a nossa vida vai se sintonizando com o Amor de Deus. O Espírito Santo promove o crescimento espiritual e desenvolve dons na vida das pessoas cristãs (1 Coríntios 12.1-11): dar conselhos sábios; aptidão para estudar e ensinar; a ter fé; a curar doentes; a fazer milagres; a profetizar e pregar; a ter discernimento sobre as mensagens que são trazidas; a falar e a compreender línguas estranhas, etc. Enfim, o Espírito Santo promove a alegria e a certeza da salavação no coração das filhas e dos filhos de Deus (Romanos 8.15-16). Sim, o Espírito Santo dá profundidade à nossa vida de oração (26-27) e nos oportuniza darmos um testemunho coerente sobre Jesus Cristo, o nosso Salvador (Atos 1.8). 

Concluo dizendo que o Espírito Santo oportuniza todos estes efeitos em nós. E assim nos fica claro o quão pobre seríamos, se o Espírito Santo não fosse o nosso Assessor; nos fica evidente o quanto Ele nos quer fazer ricos e o quanto somos dependentes Dele. Sem o Espírito Santo, nós não teríamos qualquer ajuda; nós não poderíamos ser confortados; nós estaríamos órfãos, completamente sós neste mundo (João 14.16-18); nós estaríamos perdidos, sem nenhuma esperança. Peçamos, diariamente, que o Esírito Santo nos visite para que possamos ficar “cheios” Dele (Atos 2.38-39  e 4.8-31).

24.5.12

Pai Nosso que estás nos Céus... (Mateus 6.9)


Queridos irmãs e queridos irmãos! A oração do Pai Nosso é um tesouro, uma herança preciosa. Ela foi orada pelos nossos pais, quando do nosso Batismo. Alguns já a aprenderam no tempo do Jardim de Infância. Outros a decoraram no Primário, na Escola Fundamental. Como era bom poder reconhecer esta Oração quando da nossa participação no Culto. Hoje ninguém de nós precisa mais decorá-la, pois já a sabemos de cor. Podemos nos esquecer de algumas “falas”, quando na Liturgia dos nossos Cultos. Também podemos nos esquecer de alguns Textos da Bíblia. Eu conheço pessoas que não conseguem decorar Hinos Cristãos. Agora, da Oração do Pai Nosso, ah isso ninguém se esquece. Há pessoas que não deixam passar um dia sequer, sem pensar e ou orar estas palavras da Oração que o Senhor Jesus Cristo nos ensinou a orar.

A oração do Pai Nosso pode ser orada em meio aos escombros de um terremoto, como o que aconteceu no Haiti. Ela também pode ser orada no leito de morte de uma pessoa querida. Se sabe que, em muitos casos, a oração do Pai Nosso já ajudou pessoas a “largarem mão” desta vida terrena. Outro dia presenciei um acidente de pequena monta em que a pessoa ferida, já sobre a maca do Corpo de Bombeiros, orava o Pai Nosso. O “Pai Nosso” é orado em circunstâncias difíceis. Aqui lembro que sempre há muita dor, quando se leva um corpo à sepultura. O momento de se baixar o caixão é extremamente doloroso. Nestas horas é boa a experiência de se ouvir: “Pai Nosso que estás nos céus...
 
As palavras da oração do Pai Nosso nos acompanham “do berço ao caixão”. Ela é a oração mais orada que existe na História. Suas palavras nos ajudam não apenas em momentos decisivos da vida. Repito: elas são um tesouro, um patrimônio precioso...

As palavras da oração do Pai Nosso testemunham da nossa boa relação com Deus. Deus é nosso Pai Celestial – Isso é mais importante e decisivo do que as Sete Petições que vamos estudar nas próximas semanas. A relação de Deus conosco não depende de qualquer visibilidade Sua. Se a nossa relação com Deus dependesse de visibilidade, então ela se igualaria à relação que eu tenho com uma amiga ou com um amigo. No contato com Deus eu também não preciso me desgastar com muito vocabulário, como se o ato de orar fosse uma espécie de luta em prol de conquista. Também não vem ao caso se eu oro em voz alta ou em voz baixa; se eu agradeço ou se eu peço; se eu reclamo ou não de Deus. Sempre há boas razões para se orar. É importante que levemos a sério esta relação com Deus e que, assim, permanentemente, nos coloquemos, de corpo e alma, diante Dele; em relacionamento com Ele. Aqui podemos contextualizar a Palavra de Deus: Peçam! Já está dado a vocês... Busquem! Vocês já encontraram... Batam! A porta já está aberta... O que conta é encontrarmo-nos na relação com Deus, a partir desta oração. É por isso que Jesus nos chama a atenção no Sermão da Montanha: “não sejais como os hipócritas que se mostram nas sinagogas e nas esquinas...”,  mas “optai pelo silêncio do quarto com a porta trancada...” e “não não exagerem tanto nas palavras como os pagãos fazem. Eles entendem que serão ouvidos pela articulação das suas muitas falas” (cf. Mateus 6.5ss.)

O teólogo Karl Bart afirmou que a oração é “uma demonstração de fé disfarçada de  pregação; que a oração é um “instrumento de edificação”; que a oração é uma “brilhante travessura”, mas não uma oração”. A oração não é oração quando se quer dizer alguma coisa para outro alguém que não seja Deus. Daí que é primordial refletir-se sobre a oração, que sempre tem a ver com a minha relação com Deus. Jesus não quis dizer: - É assim que vocês precisam; devem orar. Vocês podem orar assim porque Deus, na Sua bondade; na Sua misericórdia se mostrou a vocês.  Ele se mostrou a “vocês”, não a um de vocês. Jesus nos desafia a orarmos a oração do Pai Nosso em Comunidade, nunca no silêncio do nosso quarto... Se olharmos este texto de forma bem literal vamos perceber que não temos uma relação exclusiva com Deus. Uma oração onde nos referimos a “meu Pai que stá nos céus” ou “meu pão diário” iria nos separar da Comunidade; nos promoveria a busca de uma salvação egoísta. Ora, um relacionamento com Deus que exclui os outros não é um relacionamento com Deus.

E sobre a imagem de “Pai”? Para Jesus o ato de falar de Deus como um “Pai” era algo muito natural. Se a Bíblia fosse traduzida de forma apropriada, leríamos: “Tu, ó Deus, nos é Pai e Mãe nos Céus.” Penso que uma tal tradução seria correta! A palavra “pai” pode me levar a pensar num “pai de sangue”, mas e se ele não foi um bom pai? Quais os sentimentos que eu carregarei dentro do meu peito quando dizer a palavra “Deus-Pai”, se as experiências com meu pai não foram boas? A imagem de “Deus-Pai” deve ser diferente da do nosso pai de sangue. Se “Deus-Pai” fosse como eu sou, então eu não poderia aprender com Ele; não teria esperanças maiores das que eu carrego comigo mesmo.

Eu, por mim, desejo um “pai terreno” que mostre o seu próprio rosto, que pense, viva e se relacione “teti-a-teti” comigo. Será que um “pai terreno” nunca agiria com força e nem tampouco com violência; não me dobraria quando estou no fim das minhas forças; não se irritaria com minhas fraquezas e meus erros; se inclinaria para mim quando me percebesse deitado no chão. É meio assim a minha idéia de um “pai de sangue”. Ora, de um “pai terreno”, que seja companheiro, não se aprende muita coisa. Será que o nosso pensamento sobre o “Pai do Céu” não está meio fora de foco?

O desejo do “pai terreno” em relação a nós é ver-nos crescidos; desenvolvidos; não imaturos e dependentes Dele. Por um longo tempo eu ainda não sou e não posso. Nessas horas ele ainda é o meu representante. Ele se desincumbirá deste papel até o momento em que eu souber  falar por mim; assumir meus atos. É assim que eu, instintivamente, desejo um “pai terreno”. Dessa forma eu não sou capaz de imaginar o nosso “Deus-Pai” assim como Ele é. 

Penso que com esta reflexão eu tenha conseguido colocar os limites entre “Deus-Pai” e um “pai terrestre”. Se o “pai terrestre” for bom e sábio, então ele abdica do seu papel. Felizmente Deus não abdica nunca do Seu papel. Mas Ele também não quer ser nosso “Tutor” durante toda a vida. Ele nos quer como parceiros. Será que os filhos de Deus, aqueles que sempre querem continuar sendo filhos de Deus, não estão se esquecendo deste fato de que Deus os espera parceiros?  

Bons pais não são apenas fortes e superiores. Um tal comportamento seria intolerável. Eles também são criaturas vulneráveis e também necessitam do carinho e do amor de seus filhos. Isso também não é assim com Deus? Eu creio que Deus carece do nosso amor. Um Deus que não necessita de nada, que só é superioridade, é um Deus intolerável. Nós precisamos reaprender que Deus anseia por amor, como todo amante anseia sua mada e viceversa. Assim, o Seu rosto deve se iluminar quando oramos: Pai Nosso que estás nos Céus, santificado seja o Teu nome!...

Notem que não é por acaso que a Primeira Petição, “Santificado seja o Teu Nome”, seja coloca como quela que antecede as demais. O “Nome de Deus” está acima de tudo o que se confere a Deus. “Deus-Pai” nos prometeu o Seu Reino; a Sua boa vontade; os Seus bons dons; o perdão que Ele quer presentear; a preservação e salvação que Ele quer fazer acontecer através de Jesus Cristo.

O próprio nome de Deus valeria uma prédica por si só. Deus se revelou a Moisés de forma misteriosa e velada: - EU SOU O QUE SOU...Assim dirás aos filhos de Israel: EU SOU me enviou a vós outros. (Êxodo 3.14) No início dos Dez Mandamentos se lê: - “Eu sou o SENHOR, teu Deus, que te tirei da terra do Egito, da casa da servidão.” (Êxodo 20.2) “Não tomarás o nome do SENHOR, teu Deus, em vão, porque o SENHOR não terá por inocente o que tomar o seu nome em vão.” (Êxodo 20.7) E o conhecimento de Deus não está longe. Quando o Nome de Deus é profanado e jogado no chão, daí não demora muito o atropelamento do primeiro Mandamento.

Deus permite que o Seu Nome habite no templo em Jerusalém. Os Salmos levantam muitas vozes de louvor ao Nome de Deus. As judias e os judeus santificam o nome de Deus sem expressar as quatro letras do alfabeto hebreu “Iud / He / Waw / He”. (Javé)

O que significa para nós a expressão “Santificado seja o Teu Nome”? - Martin Luther, em seu Pequeno Catecismo, escreve: “Quando a Palavra de Deus é ensinada na sua verdade e pureza, e nós, como filhos de Deus, a vivemos de forma santa... ali o nome de Deus é santificado.” Repito essa frase de Luther de uma forma mais popular: “Tal como falamos e agimos, amamos e confiamos, nos relacionamos, cantamos trabalhamos e curtimos nosso lazer, assim também respeitamos o Nome de Deus.

“Pai Nosso que estás Céus. Santificado seja o Teu Nome”. Orar esta oração é abster-se de olhar para si e olhar para Deus; é estender a mão para Ele...

Através da oração pode acontecer muita coisa, inclusive um encontro com Jesus Cristo. Para tal, o silêncio do quarto é de suma importância.


18.5.12

TISCHREDEN E A VISITA DA JAMILE



Olá Pessoal! Hoje eu celebrei meu quinquagésimo oitavo aniversário e me auto-presenteei com esta Peça de Teatro que escrevi para o bem da Diaconia na IECLB. Use-a no seu Grupo de Jovens; no seu Grupo de OASE. Abraços!

 

A Jamile participava do Grupo de Juventude Evangélica na sua cidade. Aos dezoito anos, ela fez vestibular e passou para Filosofia na Universidade. Sua família alegrou-se muito e presenteou-a com uma viagem para a Alemanha. Ela viajou contente por cidades como München, Heidelberg, Dresden, Frankfurt e Berlin. Mas ela queria mesmo era visitar Wittenberg, a cidade onde Lutero morou, trabalhou e constitui família ao lado de sua querida Katharina von Bora. 

 

Não se fez de rogada. Embarcou no trem em Berlim e, duas horas depois já estava em frente à casa de Lutero que, hoje, é um museu. Que casa enorme. Três andares, uma torre arredondada ao lado da porta de entrada em estilo gótico e, no telhado, quartos e chaminés. Comprou o ticket e entrou nos aposentos cheios de História...

 

Algo não estava certo. A luminosidade que até à sua entrada era intensa, começara a rarear. As paredes pintadas mudavam de cor, à medida que subia as escadarias. De repente, lá numa sala mais ao fundo, ouvia-se algazarra. Dirigiu-se para aquele espaço e viu o Reformador Martin Luther, sentado com crianças pulando no colo e brincando ao lado da sua esposa. Jamile parecia não acreditar no que via. Sentou-se numa daquelas cadeiras com guarda alta que estavam encostadas à parede e ficou vendo, ouvindo embasbacada tudo o que se passava na volta.

 

Melanchton, um dos grandes amigos de Lutero, estava de visita e também participava do “festerê” com as crianças. Não demorou muito todas as crianças se retiraram do recinto e se dirigiram ao pátio para brincar de “esconde-esconde”. Logo a casa se encheu de estudantes de Teologia. Sua esposa, Katharina, colocou uma toalha sobre a mesa. Mais tarde ela serviu cerveja aos visitantes. Todos se sentaram em torno da mesa para dialogar com seu professor. A maioria dos estudantes trazia material para apontamentos. É que, durante suas falas, o professor Martin Luther, sempre dizia verdadeiras “pérolas”, cheias de conteúdo, e os estudantes simplesmente amavam aqueles momentos... E começaram as “Tischreden” (os diálogos à mesa).

Hanz: Puxa Professor! O senhor já recebe estudantes aqui na sua casa desde 1531. Já faz 15 anos que o professor se dedica com carinho em prol dos estudantes desta Universidade. Adoramos estes momentos. O senhor sabia que esta é a hora em que nós conseguimos chegar mais próximos do senhor?

Luther: Sabe Hanz! Eu também gosto desses momentos. O fato é que me sinto bem na presença de vocês. Hoje vamos conversar sobre o tema “diaconia”. Digam-me uma coisa: - Como é que se repassa o amor que Deus nos presenteou aos outros? Melhor, como é que se leva o amor com o qual Jesus Cristo nos amou aos próximos?

Todos os estudantes permaneceram em silêncio, esperando que seu professor continuasse, e ele continuou...

Luther: A “diaconia”, o amor em ação, é o instrumento com o qual se pode compartilhar o amor “apreendido” com as pessoas que circulam à nossa volta.

Peter: O senhor está dizendo que a “diaconia” é uma espécie de “guarda-chuva” da “previdência cristã” professor?

Luther: Peter! Peter! Quem pratica a “diaconia” sabe que as pessoas querem ser amadas. Todo ser humano quer ser amado. Em Romanos 12.4-16, Paulo identifica o “ato de amar” como uma ação elementar e suficiente. Paulo define o “amor” como extremamente prático para a vida. Pessoas que se engajam na “proposta do amor”, logo se conectam com outras que, juntas, se articulam na Camunidade, com o objetivo de amar como Jesus amou. É assim que, em Comunidade, o nosso testemunho sempre é mais forte.  

A Jamile via e ouvia tudo, mas não era notada. Depois de se dar conta disso, ela tomou sua agenda de viagem na mão e também passou a fazer anotações...

Werner: O senhor quer dizer que na “diaconia” se aprende com o outro.

Luther: Sim Werner! Pra se lidar com outras pessoas há que se ter sensibilidade e equilíbrio. A Carta aos Romanos nos indica o caminho que nos leva até o “dom de servir”. Ainda lembro como se fosse ontem... Eu me encontrava na torre do castelo e lá eu gastei um tempo enorme tentando entender o texto de Romanos 12.7. Traduzi a palavra “diaconia” do Grego para o Alemão como “Amt”. O Melanchton e eu discutimos muito sobre isso e concordamos que “diaconia” é “profissão”. Vocês tem a Bíblia mão. Alguém pode ler este versículo?

Otto: Eu leio professor: “Ist jemand Diakonie gegeben, so übe er Diakonie...”

Luther: É isso, se alguém tem o dom de “servir”, esse alguém deve executar o serviço de “servir”; fazer “diaconia”; fazer o bem para outra pessoa de forma “prática”; de forma serviçal.

Hanz: Entendi professor. Paulo sustenta que nem todas as pessoas têm o “dom” de “servir”. Para ele, o “ato de amar com a partir do serviço” tem a ver com a fé.

Luther: Hanz! Guarde isso: A vida cristã só é possível quando há a aceitação da diversidade no “Corpo de Cristo”. Tornamos-nos membros do “Corpo de Cristo”, através da fé e do Batismo. Deus nos dá “funções especiais” para exercermos o nosso “dom” no referido “organismo”. São as nossas experiências particulares de fé que libertam os “dons” em nós. São estes “dons” que, “habilitados” pela nossa fé, direcionam as nossas funções como “membros do Corpo de Cristo”.

Neste momento Melanchton tomou sua palavra com aquele ar intelectual...

Melanchton: A imagem da Igreja como “Corpo de Cristo” me fascina. Em um “corpo” não existe hierarquia. Não existem “membros” que sejam menos ou mais importantes. Quer dizer, o “corpo” vive da “função diferenciada” dos seus “membros” que atuam debaixo de uma ordem prescrita. É óbvio que um “corpo” não sobrevive apenas da ação do coração e ou de um pé, mas da ação igual de cada membro que dele faz parte. Todas as pessoas são necessárias em seu “lugar especial” e a atribuição deste lugar não tem nada a ver se o tal membro é mais valioso do que o outro; se o tal membro tem mais dinheiro do que o outro e ou se o tal membro é oriundo de uma família privilegiada. O lugar de “atuação do membro” depende, única e exclusivamente, do lugar que Deus lhe atribui, a partir do “dom” presenteado.

Otto: Que coisa maravilhosa. Então a “diaconia” não é nada mais do que serviço; obra realizada para todas as pessoas.

Luther: Isso Otto! Onde não há serviço, há roubo. Nunca coloquem seus dons no “mercado” com o objetivo de obter sucesso. Deus nos dá “dons” para que possamos fazer o bem ao nosso próximo. O “cerne da diaconia” é o amor e ponto final.

Werner: Então esse “amor diaconal” deve ser praticado sem “segundas intenções”.

Luther: Certo Werner! A luta em prol da busca pela “sinceridade do amor” é a idéia básica do Novo Testamento. Quem pratica a “diaconia” expressa a “essencia do amor” na “ação diaconal” e esse amor se molda no encontro com o outro, enquanto se “pratica o acolhimento”. Na “diaconia” ninguém se gaba dos trunfos que porventura venham a acontecer. Quem “serve” tem prazer em honrar as pessoas servidas. Quem “serve” dá testemunho de fé fervorosa. Sim, porque o “amor” nunca está sozinho, mas sempre se faz acompanhar da esperança, da paciência e da espiritualidade. 

A Jamile se mostrava atônita com o que ouvia. Ela não parava de anotar, enquanto a conversa continuava...

Peter: Então quem quiser praticar a “diaconia” lançará o seu foco nas necessidades das outras pessoas – certo?

Luther: Exato. A “diaconia” trabalha os problemas dos outros com base no diálogo com Deus. Assim, o sofrimento da irmandade que acontece no mundo importa para a “diaconia”. Se o “Corpo de Cristo” sofre em algum lugar do planeta, os “membros desse Corpo” padecem em qualquer lugar do globo terrestre. Importa se abrir “as portas do próprio lar aos estranhos”. A “hospitalidade” é uma forma de vida; é um sinal do interesse pelos outros. 

Hanz: Professor, eu li que “se alguém quer proclamar o Evangelho, esse alguém precisa amar as pessoas a quem visa entregar a Boa Nova”. Isso bate com os conteúdos que o senhor está nos expondo...

Luther: Guardem isso! Quem quiser ajudar pessoas não poderá, sob hipótese alguma, entendê-las como “objetos da sua propriedade”, mas amá-las com liberdade. Jesus sempre ia ao encontro das pessoas, motivado pelo “amor”. Quem age assim torna-se “simpático”; mostra “compaixão”. “Alegrar-se com aqueles que se alegram e chorar com os que choram” tem a ver com “entrar na pele” de quem está sendo ajudado. Quem pratica a “diaconia” precisa gostar das pessoas.

Otto: Anotei aqui professor: Praticar a “diaconia” é abrir mão do orgulho; é procurar a comunhão com as pessoas que se mostram inexpressivas e insignificantes; é colocar-se ao lado das pessoas que procuram ajuda, a partir da fé e das articulações da Igreja.

Luther: “Na mosca” Otto. O papel da Igreja gira em torno da Diaconia. O “amor vivido” é quem determina a “potência de radiação” da Igreja. Sem missão a “diaconia” é nada. Para se manter sob a proposta de Deus, a Igreja precisa da “diaconia” e a “diaconia” precisa da Igreja. Igreja sem “diaconia” é Igreja fria. “Diaconia” sem Igreja é algo vazio e é justamente por isso que carecemos do “amor ação”; de um estilo de vida marcado pela fé e por uma  forma mais eficiente de organização para ajudarmos as pessoas. É desse jeito que vamos conhecer o “amor” com o qual Jesus Cristo nos amou para, então, repassá-lo adiante...

Neste momento clareou a luz. As paredes ostentaram novamente sua pintura moderna. E Jamile só viu a mesa; a mesa e as antigas cadeiras ali na sua frente. Ao seu lado turistas do Japão, dos EUA, da Nova Zelândia... Ela, atônita, olhou seu bloco de anotações e não viu nada escrito. Jamile sonhou acordada...

17.5.12

TITANIC x VIDA MINHA



Do texto do Evangelho de João 15.9-17, destaco o verso 13: - Ninguém tem maior amor do que este: de dar alguém a própria vida em favor dos seus amigos. 

Estamos em maio, em plenas celebrações da Semana de Oração para a Unidade dos Cristãos. Para tal, me reporto ao mês de abril de 1912. Aquele mês ficou na História. Sabem por quê? É que, naqueles dias, afundou o grande navio de passageiros “Titanic”, que fazia sua viagem ianugural. Na época se dizia que aquele grande transatlântico era inafundável. O fato é que não foi sso que se viu, pois um “iceberg” fez um rasgo de vários metros no seu casco. Essa rasgadura permitiu a entrada de muita água nos porões da embarcação. Daí então, aquele peso desproporcional fez com o navio desaparecesse nas águas escuras e geladas do Atlântico Norte. Hoje sabe-se que o referido sinistro selou a morte de 1500 passageiros por afogamento.  

O filme “Titanic” nos conta a história desse desastre do ponto de vista de um jovem casal apaixonado. A Rosa, uma moça de 17 anos de idade, nos é apresentada como uma menina mimada da “classe alta”. Ela estava viajando com o objetivo de se casar com um homem muito nobre e rico nos EUA. É que a família da Rosa tinha perdido todos os seus bens e seus pais esperavam que aquele casamento arranjado os reabilitasse financeiramente. A jovem Rosa viajava com medo do futuro que lhe esperava e, nas suas reflexões, ela não encontrava nenhuma saída para os seus desassossegos. Esse sentimento fez com que ela se encaminhasse à popa do navio com o intuito de jogar-se ao mar para morrer e, assim, fugir do problema. Neste momento Jaques, um jovem pintor, a impede, a partir de uma boa conversa sobre o sentido da vida, de praticar aquele ato. Como não podia deixar de ser, o casal se apaixonou.  

Quando o “Titanic” bateu no “iceberg” e o navio se encheu de água, Jaques se colocou ao lado da sua nova namorada. Saltou com ela para dentro da água. Ali, perto deles, no mar revolto, flutuava uma porta de madeira. Esta porta, no entanto, só suportava o peso de uma pessoa. Jaques colocou Rosa sobre a mesma e ficou com seu corpo imerso na água gelada. Rosa sobreviveu.

Anos mais tarde ela testemunhou que seu namorado tinha lhe salvado a vida. Que, para salvá-la, ele teria “plantado” nela a vontade de viver novamente; que ele lhe teria ensinado a optar pelo verdadeiro valor da vida, enquanto descartasse as propostas de superficialidade que a enredavam; que ele teria se importado com ela, apesar da sua morte ser iminente; que ele teria permanecido sempre corajoso ao seu lado, sempre animando-a a lutar pela sua vida, durante todas aquelas dramáticas horas, antes do afundamento; que ele a teria colocado sobre a porta flutuante para que ela pudesse se salvar; que ele, antes dele morrer, a teria desafiado a viver uma vida livre e feliz pois, caso contrário, aquele seu sacrifício estaria sendo em vão. 

Nesta história nós encontramos muitos paralelos com o que Jesus fez por nós, cristãs e cristãos do mundo todo. - Como é que vai o nosso “caso de amor” pessoal com Jesus Cristo? - Como foi que Ele nos salvou? - Ele também nos libertou de hábitos negativos? - O que mudou na nossa vida, desde o momento em que nos achegamos a Ele? - Já permitimos que o Senhor Jesus nos mostrasse o que realmente vale a pena nesta vida? - Estamos felizes e livres, enquanto atuamos alicerçados nas nossas Igrejas? Estamos aproveitando as oportunidades que Deus nos dá nas cidades em que moramos? - Cremos que Jesus está sempre ao nosso lado, embora raramente sintamos Sua presença? 

Sim, o sacrifício de Jesus Cristo também não deve ser em vão para nós, cristãs e cristãos!

OLHA SÓ!