Busque Saber

2.9.13

O Testemunho da Viúva!


 
Gente querida! Faz pouco, li a história da Viúva Pobre. A doação daquelas duas moedinhas sempre foi apontada como um ideal a ser seguido na vida cristã. Muitas irmãs e muitos irmãos já repartiram e continuam repartindo suas propriedades; sua força; seu tempo e até os seus nervos para ajudar pessoas em dificuldade. Sim, exemplos deste tipo são comuns desde o nascimento da Igreja Cristã.  

Será que é certo fazer assim? Vejamos: A Viúva Pobre foi ao templo e, lá, se deparou com uma Caixa de Ofertas. O dinheiro que ela depositou ali seria usado nas despesas com o Templo. O fato que, a partir de agora, depois de doar todo o seu dinheiro, aquela mulher não experimentará mais nenhuma segurança financeira. Isso mexeu com Jesus!

Se pensarmos em termos econômicos, teremos que deduzir que a Viúva Pobre foi irresponsável. Ora, não se doa tudo o que se tem. Um pouco antes de entrar no templo aquela mulher tinha alguma coisa nas mãos, mas, ao sair dele, ela não tem mais nada. Antes, mesmo em níveis mínimos, ela vivia uma “bela independência”, mas, logo que saiu, abdicou da mesma; transformou-se numa pessoa carente que precisa da ajuda de alguém para sobreviver. Alguém quer elogiá-la como Jesus elogiou? Tudo bem, mas todo e qualquer elogio não vai encher o seu estômago.

A oferta daquela Viúva Pobre foi sem sentido caritativo; foi economicamente insana e socialmente irresponsável e, mesmo assim, Jesus a elogiou. Sabem por quê? Porque no momento em que ela doou o seu bem, ela também se colocou como alguém que carece de doação e essa é uma atitude de fé.

A viúva entrou no pátio do templo como uma pessoa independente e saiu de lá com alguém dependente; passou pelo portão do templo como uma alguém que é senhora dos seus atos e voltou como uma pessoa que precisa ser carregada; pisou no pátio do templo com o peito cheio de alegria e, depois de fazer sua doação, saiu daquele lugar, movida pelo mesmo contentamento.
 
Notem que o ato de doar o que possuía não mudou o seu estado de espírito; não mexeu com os seus sentimentos; não indicou nenhuma conversão. Ela mostrou ser uma pessoa equilibrada, serena, antes e depois de doar. Tudo isso porque a sua doação foi motivada pela fé. Foi por isso que Jesus a elogiou.

É neste aspecto que a oferta da Viúva Pobre se difere da oferta das pessoas ricas. A diferença entre as duas ofertas está no sentimento que estas duas classes sociais têm, ao fazerem suas doações. Atrás daquela oferta menor se esconde uma vida de fé, uma realidade que Jesus não percebe na oferta das pessoas ricas que até podem dar mais, por causa do seu orçamento, mas isso não vem ao caso.

A Viúva Pobre nos dá o recado de que a vida sonhada por Deus para nós tem a ver com dar e receber. Os bons relacionamentos sempre dependem do dar e do receber. No matrimônio é assim; entre mães e pais com suas filhas e seus filhos é assim; entre amigas e amigos e entre as pessoas com as quais temos contatos é assim.
 
O “dar” não acontece sem o “receber”, assim como o “receber” não acontece sem o “dar”. Se alguém só “dá” e nunca recebe, algo está errado. Da mesma forma, se alguém só “recebe” e nunca “dá”, isso também não está correto. 
 
Assim como o ser humano não vive só, a partir de si mesmo, ele também não vive só para si mesmo. Para que a vida tenha sentido, é preciso mais do que se realizar apenas com “doação” e ou com “recepção”. Quem recebe ou dá confia. É na confiança que conseguimos descansar. Amém!

 

30.8.13

Biografias Borradas!


 
Desculpe! Não entendo nada do que você fala! É assim que reagimos quando alguém nos diz alguma coisa em meio aos ruídos do dia-a-dia. Houve um momento em que Jesus, perto de um poço, conversou com uma mulher que também não entendia quase nada do que Ele lhe falava: Vale a pena ler o texto de João 4.16-26:

16 - Vá chamar o seu marido e volte aqui! - ordenou Jesus. 17 - Eu não tenho marido! - respondeu a mulher. Então Jesus disse: - Você está certa ao dizer que não tem marido, 18 - pois já teve cinco, e este que você tem agora não é, de fato, seu marido. Sim, você falou a verdade. 19 - A mulher respondeu: - Agora eu sei que o senhor é um profeta! 20 - Os nossos antepassados adoravam a Deus neste monte, mas vocês, judeus, dizem que Jerusalém é o lugar onde devemos adorá-lo. 21 - Jesus disse: - Mulher, creia no que eu digo: chegará o tempo em que ninguém vai adorar a Deus nem neste monte nem em Jerusalém. 22 - Vocês, samaritanos, não sabem o que adoram, mas nós sabemos o que adoramos porque a salvação vem dos judeus. 23 - Mas virá o tempo, e, de fato, já chegou, em que os verdadeiros adoradores vão adorar o Pai em espírito e em verdade. Pois são esses que o Pai quer que o adorem. 24 - Deus é Espírito, e por isso os que o adoram devem adorá-lo em espírito e em verdade. 25 - A mulher respondeu: - Eu sei que o Messias, chamado Cristo, tem de vir. E, quando ele vier, vai explicar tudo para nós. 26 - Então Jesus afirmou: - Pois eu, que estou falando com você, sou o Messias.

A Mulher Samaritana dialoga com Jesus, mas não sabe que Ele é o Filho de Deus. Jesus tenta lhe esclarecer que é o Prometido de Deus, mas aquela senhora não entende quase nada daquilo que sai de Sua boca. Ela até tem uma pequena ideia do assunto que Aquele Homem aborda. Num dado momento Jesus se mostra como sendo o Cristo, o Abençoado de Deus, àquela mulher que pertencia a uma casta menor do Judaísmo. Sim, Jesus se coloca como o Filho de Deus para aquela Mulher que já tinha tido cinco maridos e que, naquele exato momento, não vivia em situação regular com o sexto. Porque é que Jesus se apresenta para uma pessoa à margem da sociedade? Porque é que Jesus se desvia de tantas outras pessoas que são certinhas e se dá a conhecer para alguém não se encaixa neste perfil?

A resposta é simples! Jesus leva a Boa Mensagem de Deus que se resume em mais vida para as pessoas que Lhe são receptivas; para as pessoas que se mostram dispostas a se envolver com Ele. Quem são estas pessoas das quais Jesus se aproxima? São as pessoas que tem sua biografia borrada; seu coração quebrado e sua alma ferida. São as mulheres e os homens que não tem mais nada a perder. Só essa gente é que lucra com a proposta do amor ao próximo que Jesus vem trazer. Este povo que vive nas beiradas da vida não faz mais parte do mundo certinho e é justamente esta situação que os faz ser receptivos à novidade de vida que lhes é plantada nos corações. Essa realidade parece ser mais difícil de acontece com as pessoas satisfeitas e estabelecidas no seu dia-a-dia.

O fato de Jesus voltar-se para as pessoas que caminham pelos corredores laterais da vida irrita esse pessoal mais arraigado nos seus costumes. Notem que Jesus costuma se desviar dessa gente para ir ao encontro das pessoas pobres; doentes e socialmente fracas. Agindo assim Ele quer deixar claro para todas; para todos que o Seu amor é sem fronteiras; que o Seu amor pode ultrapassar todo e qualquer cercado e que este amor “pode mudar a face do mundo”. Nós também, muitas vezes, não entendemos nada da mensagem que Dele ouvimos. Jesus, entretanto, se desvia das nossas falhas e dos nossos medos para se aproximar de nós; mergulhar nos nossos pensamentos; aproximar-se dos nossos corações; inserir-se no nosso entendimento. Você entendeu esta prédica?

26.7.13

Minha Morte!

Dormi ao volante. A batida foi forte. O motor saltou de dentro da estrutura do carro e eu fiquei ali, imóvel. Imediatamente após o acidente, alguém chegou perto e fechou meus olhos com dedos ásperos. Tentei abri-los, mas não consegui dominar os músculos das pálpebras. As pessoas ao redor de mim ficaram nervosas ao segurar meu pulso. Elas não sabiam o que fazer diante da morte. Umas delas logo se afastaram do meu corpo. Já outras poucas ousaram aproximar-se. Senti certo prezar mórbido na sua respiração. Não, ninguém conhecia aquele gaúcho da classe de 54. Alguém colocou a mão no meu bolso e, discretamente, passou a mão na minha carteira. No outro bolso estava meu celular. Um motoqueiro vasculhou meus endereços nele. Falavam baixinho. Num dado momento uma senhora discou o número 101 com discrição. Logo depois soaram as sirenes do Corpo de Bombeiros. Viajei numa carroceria fechada, dentro de um recipiente de latão, até uma sala lúgubre. Ali me despiram e, logo depois, me deram um banho com a água gelada que brotava de um esguicho metálico. Os funcionários agiam profissionalmente, mas mesmo assim se sentiam incômodos com minha presença inerte. Era por isso que faziam piadinhas a meu respeito. Outro dia li que este pessoal que trabalha com mortos precisa de acompanhamento psicológico de quando em quando. Tratava-se de uma “catar-se”. Encheram minha boca e minhas narinas com uma espécie de cimento branco. Colaram meus lábios com fita adesiva para que se endurecessem fechados. Vestiram-me com o terno que, um dia, eu comprei para a Festa de Casamento da Ella. Estava difícil de vesti-lo em mim, por isso rasgaram-no nas costas. Deitaram-me dentro do caixão e ajeitaram minhas mãos, ainda amolecidas, como se eu estivesse orando. Colocaram-me dentro de um automóvel branco. Rodei durante trinta minutos dentro daquela caixa, até que me descarregaram num necrotério. O cheiro de flor e cera queimada das velas me incomodava um pouco. Minha esposa, companheira de mais de 40 anos, e meus filhos choravam ao meu lado. Um dos meus garotos se mostrava calado, talvez lembrando que ainda poderia ter me dito isto ou aquilo. O outro, em alguns momentos, chorava choro solto, talvez se lembrando de que tinha tentado dizer tudo o que podia. Uma das minhas noras se apresentava extremamente séria, já a outra sempre tinha os olhos marejados. Amigas e amigos vinham dar abraços, disfarçando sua tristeza atrás de óculos escuros. Um pouco mais longe, eu ouvia o burburinho. Gente lembrando-se do meu passado, mas também não querendo lembrar. Eu sentia o cansaço nas pessoas que me ladeavam. Havia muito movimento. No fundo, mas bem no fundo, esse povo esperava que aquele momento chegasse ao fim. Algumas e alguns passaram a mão na minha testa, sem se perguntar se eu desejava aquele gesto. Havia muitas pessoas em pé no pequeno recinto. A conversa aumentava de volume. De repente, depois de muito tempo, o povo que se despedia de mim se aquietou com a chegada do Pastor da Comunidade na qual eu, aposentado, participava. Ele se fez acompanhar do Pastor Sinodal que ainda ajudei a eleger. Os dois se apresentaram debaixo de seus talares pretos. Sob os meus pés a minha família colocou o talar que, sempre ainda em uso, um dia, em 1977, me foi presenteado por um grupo de amigas e amigos. Do lado dele, combinando com o preto, estava a bandeira do Grêmio com suas três estrelas amarelas. Sim, o meu Pastor se preparara para aquele momento – senti isso. Não quis dizer bobagem e, por isso, fez pesquisa no meu Blog; no Facebook; nos arquivos da “empresa” (IECLB) em que trabalho. Ali ele descobriu que já militei no Encontrão e no PT; que já fui Evangelista de Tempo Parcial nos anos 80 e 90; que dediquei quase todo meu pastorado em prol de jovens secundaristas e universitários; que já “pintei o sete” no sul do Brasil, nesta igreja oriunda de Lutero; que, no final do meu Ministério, me descobri feliz na Comunidade de Itoupava Central. Ouvi-o apontando para a perspectiva da ressurreição; consolando àquelas e aqueles que, de fato, já sentiam saudades. Nunca mais poderei saborear aquela cervejinha com o Sr. Adamastor; aquele café esperto com a Dona Regina. Ouvi a oração do Pai Nosso. Pela experiência eu sabia que tudo se encaminhava para o fim. O pessoal da funerária se aproximava discretamente. Eles queriam fechar a tampa da caixa fúnebre, pois tinham horários para cumprirem. Isso era preciso. Agora a saudade deveria ser trabalhada em quem ficava. O luto das pessoas presentes duraria mais ou menos um ano. Se passasse disso, precisariam buscar ajuda psicológica profissional. Senti o abafamento do tampão se fechando sobre mim. Agora apertavam os parafusos de rosca sem fim. Aprendi a apertá-los até meia volta antes de quebrar enquanto fui mecânico, no início da década de 70. Foi o meu avô Reinbold quem me ensinou isso. Gente querida agarrou nas seis alças. Agiam sérios, como se este ato fosse um último tributo que me prestavam. Iam quietos. Percebi que estava sendo pesado, mas mesmo assim carregavam-me com cuidado por entre os corredores estreitos, escorregadios e obtusos do cemitério. De repente senti um pequeno solavanco. Eram os caibros que apoiavam o caixão para que as velhas e secas cordas o abraçassem. Abaixo de mim estava a cova, toda forrada com pedra brita. Os responsáveis eram zelosos e, a pedido do Pastor, depositaram-me no espaço oco e seco. Senti-me mergulhando no ar. O Pastor leu o Salmo 23. Sim, ele se preparou bem para realizar o Ofício, mas sua voz demonstrava inquietude, uma vez que sabia da minha história; que queria poder dizer um pouco mais daquilo que sabia. Coisa boa que não falou “abobrinhas” neste momento de dor, para as minhas queridas e os meus queridos. Jogaram pétalas de flores sobre meu caixão. Daí então a colher do pedreiro passou a atritar com a areia e esse ruído me faz perceber que tampavam a sepultura. Tudo começava a ficar extremamente mais escuro. E agora? O que seria de mim? Não ouvia quase mais nada. Não sentia mais fome, sede e nem tampouco saudade. Eu que um dia escolhera minha profissão para nunca experimentar a sensação da solidão, de repente me sentia só; muito só. Ouvi ou pensei ter ouvido uma salva de palmas. Eu estava no “hades”, palavra hebraica que, traduzida para o Português significava “inferno” e que, na minha língua de teólogo não dizia outra coisa do que “debaixo da terra”. Não me desesperei. Sabia que Deus já vinha me acolher com Seu abraço quente e apertado; presentear-me com um corpo novo. Foi então que experimentei mais um milagre! O espaço exíguo onde me encontrava se “agrandou”, a escuridão ao redor de mim se converteu em luz. A alegria se fez presente naquele cubículo. Eu me levantei. Não havia mais muros entre mim e a vida. Percebi que tinha sido guindado ao Reino de Deus do qual eu, em vida, dizia “ainda não”. Senti vontade de cantar; jubilar. Vi, de relance, que não carregava mais a cicatriz oriunda do prego enferrujado que rasgou a parte interna da minha coxa direita, aos seis anos de idade, enquanto brincava só, lá embaixo, entre tábuas velhas onde, um dia, meu pai tinha matado uma jararacuçu. Minha diabetes Tipo 2 já era passado. Eu não precisava mais judiar meus rins com medicamentos. Assentei-me no assoalho macio de um ambiente enorme e isento de paredes. O ar ali era puro. Não havia necessidade de casaco. Sim, eu vivia numa nova terra, isenta de barulhos, de tristezas, de frio, de calor, de agonias... Não! Eu não sentia falta das coisas que me eram caras, nem do Jornal O Caminho. Experimentava comunhão com o Pai do qual era mais um dos filhos que retornava. Serviram-me um chimarrão montado com erva-mate sem sabão. Alguns tomavam cafezinho sem cafeína. Outros bebiam chá sem veneno. Quanta comunhão! Revi a Romilda, o Lauro, o Osmar, o Luiz, o Ari e tantas outras irmãs e irmãos das quais e dos quais sentia saudade. E os meus sentimentos foram se sucedendo, um mais bonito que o outro... 

13.2.13

Joseph Ratzinger - Bento XVI


Eu vi a alegria do povo alemão quando a fumaça branca fumegou no Vaticano em 2005... Surpreso com sua saída do Ministério Papal, fui me informar um pouco nos Jornais Alemães e descobri o seguinte: 

 Hoje Joseph Ratzinger está prestes a completar 88 anos de idade. Ele nasceu no dia 16 de abril de 1927 na Baviera – Sul da Alemanha. Moço inteligente, logo se destacou no estudo da Teologia. Homem feito, foi ser professor na Universidade de Regensburg. Mais tarde, tornou-se arcebispo de Munique. No dia 1° de março de 1982 foi eleito Prefeito da Congregação da Fé, no Vaticano, em Roma. Com a morte de João Paulo II no dia 19 de abril de 2005, Joseph Ratzinger se tornou o Papa da Igreja Católica com o nome de Bento XVI. Pasmem! Agora, no dia 11 de fevereiro de 2013, alegando motivos de saúde, o referido Papa pediu pelo desligamento das suas funções papais. 

O Papa Bento quase fechou oito anos de ministério à frente da Igreja Católica. Enquanto isso, não fez acontecer qualquer mudança na Igreja a partir de articulações políticas. Fazia e acontecia calçado em si só. Assim, escreveu alguns textos dos quais destaco três. No texto “Deus Caritas est”, ele filosofou sobre o amor de Deus para com as pessoas e sobre o amor das pessoas umas para com as outras. No escrito “Spe salvi” ele criticou a fé cega no progresso e os conceitos de salvação mundanos.  Já em “Caritas in Veritate” ele apontou para o comprometimento com uma ordem mais social justa.  

Bento XVI era um conservador que desconfiava das tendências de individualização da sociedade e do subjetivismo da Filosofia e da Teologia. Uma das grandes novidades que ele fez valer na Igreja Católica foi a Missa rezada em Latim. Uau! Falando um Português claro, dá para se dizer que ele frustrou muitas e muitos católicos que esperavam por reformas mais substanciais no seio da sua Igreja. Na temática da moral sexual, por exemplo, ele se mostrou conservador ao extremo ao não concordar com o uso do preservativo nas relações sexuais.

Enquanto Papa, João Paulo II preferia viajar a se ocupar com os pontos e vírgulas que moviam a Cúria. Assim, suspeitava-se que seu sucessor promoveria mudanças ali, mas estas ficaram esquecidas numa gaveta qualquer. Ainda hoje há carência de postura profissional; falta de transparência e competência entre seus assessores. Um exemplo disso foi o caso do Bispo Richard Williamson que, em 2008, deu uma entrevista onde negou o Holocausto. Benedito XVI, sem saber desse fato, tinha acabado de anular sua excomunhão por outros deslizes.

O Papa Bento XVI sempre se apresentou como um intelectual, mas volta e meia se comportou como um mau político. Num discurso proferido em Auschwitz (Antigo Campo de Concentração da 2ª Guerra Mundial) ele colocou os pés pelas mãos quando deu declarações inexatas sobre o Nazismo. No Brasil ele causou irritação aos indígenas, quando sugeriu que as nativas e os nativos ansiavam pelo Batismo no decorrer do século XVI. Num discurso em Regensburg ele deu a deixa de que deveria ter se informado sobre o Bispo Williamson na Internet. 

Quer dizer: Joseph Ratzinger é um sujeito como tu e eu. Sujeito a erros e acertos. Querido aqui, teimoso ali. Penso que ganha a Igreja Católica com a sua saída do papado. Que venha um homem com outro perfil, mais aberto para a vida... Quem sabe surge um Concílio Vaticano III... Vamos esperar!





Quarta Feira de Cinzas – Que tal jejuarmos?


Foi o texto de Mateus 6.16-21 me animou a escrever o texto abaixo... 

São muitas as pessoas que, nesta época da Quaresma se preparam para festejar a Páscoa com Oração e Jejum. Quem jejua se concentra mais na Palavra de Jesus. A Oração e o Jejum nos ajudam a vivermos nossa fé com mais densidade. Depois de um Tempo de Jejum, se adquire mais capacidade de ouvir; de ver; de perceber os detalhes bons e ruins que nos rodeiam. Sim, a pessoa que jejua também experimenta mais tempo para a oração; para a leitura da Bíblia; para compreender as mensagens que Deus transmite. Quem jejua também acaba experimentando a libertação de algumas amarras que sempre de novo danificam a vida. Isso é fato: A pessoa que jejua sem alarde ajunta tesouros no céu. Mais do que isso: Essa pessoa descobre o gosto para um sem-número de detalhes outros que até então não se dava conta.

O jejum é um antídoto que age contra a saturação daquilo que nos desvia do que é essencial. Detalhe: Tal como os medicamentos indicados pela Medicina, o Jejum também pode nos envenenar. Foi pensando nisso que Jesus puxou o tema do Jejum. Ele queria nos dar subsídios para enfrentar esse perigo dosando o Jejum de forma correta no nosso organismo.  

Ora, quem se abstém de comidas, álcool, doçuras, televisão ou carro, deveria fazê-lo sem alarde. Nada de gabar-se ou ostentar mau humor por causa disso. A pessoa que jejua não é melhor e nem tampouco recebe qualquer recompensa no céu. Quem aproveita o tempo da Quaresma para melhor compreender a si mesmo; para melhor entender o caminho que leva à cruz de Cristo; para se perguntar pela vontade de Deus em relação à sua vida e, depois, pratica estas respostas, acabará se alegrando muito mais com a Festa da Páscoa. Essa pessoa certamente encontrará um tesouro no céu, lá onde também deve estar o nosso coração.

Oração: Senhor Jesus Cristo! Eu quero Te seguir. Obrigado por teres sofrido na cruz por mim. Desata as amarras que me afastam de Ti.  Permita que eu Te reconheça e repouse o meu coração em Ti. Que eu possa ficar hoje e eternamente contigo. Amém!

6.12.12

MARIA - MULHER QUE FAZ!

Maria, a mãe de Jesus, precisou se confrontar com uma situação bem difícil quando ainda era adolescente. Sim, eu penso que ela deve ter ficado com medo diante do chamado de Deus. Antes dela, homens renomados como Moisés, Daniel e Isaías tremeram as pernas quando Deus lhes fez um convite pessoal para serem Suas testemunhas. Cabe lembrar que Maria tinha 17 anos, talvez 18, quando foi chamada a carregar o Filho de Deus no seu útero. Será que aquela experiência foi mesmo uma graça? Será que foi bom para ela o fato dela ter experimentado tão intensamente o plano de Deus para a salvação do mundo em seu corpo? Muita gente continua discutindo a respeito destes aspectos hoje em dia.

Um detalhe me fascina neste texto do Evangelista Lucas: Maria não fez nenhum protesto, mesmo que tivesse todas as razões do mundo para fazê-lo. Agindo assim, ela se colocou num nível superior ao de mulheres e homens famosos da Bíblia que, em momentos decisivos, só tinham olhos para as suas incapacidades, quando convidadas, convidados a servirem ao seu Deus em linhas de frente: Moisés quis cair fora com o argumento de que era gago (Êxodo 4.10) e o profeta Jeremias se via muito jovem para o encargo que Deus lhe dava (Jeremias 1.6).

Maria não disse não e, assim, se colocou como serva absoluta de Deus, completamente dependente da Sua vontade. Claro que este caminho não foi fácil, mas ela o caminhou na confiança em Deus que a tinha chamado para aquele fim. No final das contas ela estava parada somente debaixo da cruz com o discípulo João (João 19.25-27), mas se encontrava na “sala mais importante” na reunião que os discípulos de Jesus organizaram para esperar o derramamento do Espírito Santo (Atos 1.13-14). Já por isso ela nos é um bom exemplo.

O caminho caminhado pela Maria sob a cruz a conduziu para dentro da Comunidade. Onde foi que a tua vida e a tua fé te conduziram? Estás ao lado de tuas irmãs e de teus irmãos sob a cruz de Cristo, ou ainda vives e te pautas por “receitas” que o mundo dá? Uma coisa é certa: o perdão, a salvação e a eternidade nós só vamos alcançar sob a cruz, noutro lugar – nem pensar. De repente tu estás te dando conta de ter perdido o rumo da tua vida. Hoje tu podes te reorientar, mudar de rumo e se colocar a caminho que leva de volta ao Gólgota. Faz tempo que Deus te espera ali!

4.12.12

Chave de Fenda de Cabo Vermelho!

Larguem o “leme” só por alguns instantes e deem um “pulo” até o “porão”, lá onde “bufam as máquinas”, bem perto das “hélices”. Ali, muitas e muitos se desgastam e até adoecem por causa do trabalho contínuo de colocar “água de volta ao mar”, a partir de “velhas latinhas de azeite”. Esta ação repetitiva já machuca suas mãos e seus espíritos...


Hoje faz uns oito meses que escrevi o parágrafo acima. O texto doeu a ponto de eu ouvir a reação com voz empostada de um colega ministro: - Eu também luto para fechar “buracos” do “casco da IGREJA”. Baixei o olhar e não pude deixar de perceber que meu interlocutor tinha uma chave de fenda de cabo vermelho em suas mãos... Fazer o quê?...

29.11.12

SER, PARTICIPAR, TESTEMUNHAR - Eu vivo Comunidade!

Coisa boa poder participar, viver o lema e o tema do novo Ano Eclesiástico (2012-2013) que vamos experimentar como Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil - IECLB. Vale a pena ouvir o nosso Pastor Presidente falando sobre o assunto. São só 5 minutos. Pare e ouça!




21.11.12

A Água e o Vinho - João 2.1-11


Querida Comunidade! Um pastor contou a história das Bodas de Caná (João 2.1-11) para jovens pré-adolescentes. Num dado momento ele lhes disse que Jesus tinha transformado 600 litros de água em 600 litros de vinho da mais alta qualidade. No fim do relato, o colega perguntou: - Qual foi a reação das pessoas diante daquele feito? Um jovem respondeu: - Esse sujeito nós também convidaremos para a nossa festa!

Jesus quer ser convidado a entrar nas nossas vidas. Às vezes ele vem até nós na figura de um simples hóspede que nem dá na vista. O fato é que ele vem até nós e nos traz exatamente aquilo que mais precisamos no momento. O que pode estar nos faltando? A alegria (que acontece nas festas de casamento) de estarmos na presença do nosso cônjuge; a alegria de educar os próprios filhos; a alegria de acompanhar as pessoas idosas que nos são próximas; a perspectiva no trabalho; um sentido para a vida. Sim, será que, talvez, não esteja faltando um pouco de alegria, um pouco de vinho para festejarmos a vida no dia-a-dia?

Jesus se faz presente e converte seis barris cheios d’água em seis barris do melhor vinho que se pode beber. Com este ato Ele não apenas alegria, energia e perspectivas para aquele momento, mas para a vida toda. Esse milagre da transformação da água em vinho é uma indicação daquilo que Jesus quer ser para nós. Ele que, com Seu sangue, construiu a ponte que nos leva a Deus, quer comemorar com todas nós; com todos nós um banquete na eternidade, lá onde a verdadeira alegria sempre será abundante. Sim, Jesus abençoa aquela festa. Vamos ser sinceros, seiscentos litros de vinho já têm o seu impacto. Duma abundância tal nós podemos repartir com quem está próximo. Nós podemos participar da alegria desta festa, porque Jesus nos fez pessoas tementes e cheias do Seu amor.

Maria, a mãe de Jesus, quer que seu filho intervenha. Jesus, entretanto, com atitude enérgica, pede que ela se acalme. Diz-lhe que Sua hora ainda não chegou. Ao dizer-lhe isso, Jesus já pensa na Sua ressurreição. Primeiro Ele precisa ser um com o Pai. Daí então o céu se abrirá para todas as pessoas que Nele creem e, em seguida, todas as pessoas ligadas a Ele serão convidadas  para a Festa de Casamento Celestial.

Se Jesus tivesse tocado no assunto da Sua ressurreição na hora em que Sua mãe o desafiou a fazê-lo, então o milagre da transformação de água em vinho só teria servido para uma espécie de propaganda em prol da vida eterna com Deus. Jesus não quer aparecer diante das pessoas com o milagre do preenchimento de garrafas vazias com vinho de primeira qualidade. O que Ele quer é deixar evidente que no céu o vinho sempre será abundante para todas as pessoas que se pautarem na Sua proposta de paz, amor e perdão.

Os seis tonéis cheios d’água acabam sendo importantes para Jesus. Eles estavam ali para que, num ritual de purificação, as pessoas convidadas pudessem lavar suas impurezas. A partir de Jesus aquele ritual não seria mais necessário, uma vez que Ele já iria purificar todas as impurezas que nos separam de Deus com Sua morte na cruz.

A Maria é um modelo para mim. Ela percebe o problema e pede a Jesus: Ajude essa gente! Ela não “baixa a guarda” com a negação do Seu filho, mas confia que Ele vai resolver o problema. Jesus também espera que tu e eu Lhe peçamos ajuda. Não apenas para as nossas próprias necessidades, mas também para os problemas que vamos percebendo à nossa volta. Nós somos responsáveis pelas coisas que acontecem no mundo em que vivemos. Mesmo que a resposta de Jesus não seja aquela que esperamos, somos chamadas; somos chamados a esperar que Jesus nos ajude e, enquanto Ele não ajudar, fazer de tudo para resolver os problemas com as nossas mãos, com os nossos pés, com a nossa
inteligência.

Os mordomos e seu chefe ficaram surpresos pois ostentavam muita dificuldade em crer no que viam. Já os discípulos creram. Jesus já lhes tinha anunciado sobre a abertura dos céus em João 1.51. Foi por isso que eles logo reconheceram a ação de Deus no milagre. Tenho para mim que os milagres só confirmam a fé, mas não a despertam.

Muitas pessoas se confundiram com este milagre. Uns diziam que somente o deus grego Dionísio, o filho de Zeus com a mortal Sêmele; o deus das festas; do vinho; do beber vinho e do fazer vinho era capaz de fazer aquilo. Essa gente não percebia que Jesus, o Prometido; o Filho de Deus, concebido pelo Espírito Santo e nascido da Virgem Maria, tinha transformado a água em vinho. Sim, Jesus tomava vinho e comia com publicanos e pecadores. Os discípulos sabiam disso, pois já haviam experimentado o perdão dos pecados, a vida abundante com Deus e, assim, O reconhecido como Autoridade Divina.

As experiências que as pessoas cristãs fazem enchem as pessoas não cristãs de curiosidade, mas estas experiências não levam à fé. Para se experimentar a fé há que se ter uma relação pessoal com Jesus Cristo. Esta relação com o Filho de Deus é que nos dá a clareza de compreendermos aquilo que uma experiência ou um milagre podem produzir.

Gente querida! Hoje nós estamos convidadas, convidados para uma Festa de Casamento. O noivo é Jesus e a noiva é a Comunidade. O que é que nos falta se quisermos tomar lugar à mesa do Senhor? Nós até podemos enganar os outros e dizer que tudo vai bem conosco, mas não podemos enganar a Jesus. Quais os barris que estão vazios no porão da nossa adega? Foquemos nossa circunvizinhança. Quais os barris que estão vazios? Quem precisa de novas perspectivas e de alegria para viver? Quem é que nós podemos ajudar?

Jesus é a Videira, que transforma água em vinho. Ele faz um milagre em nossas vidas para que a nossa alegria não se apague e para que a Sua Festa nunca tenha fim. Ainda há 600 litros de vinho disponíveis para serem usados em prol da alegria. Quando tomamos parte na Santa Ceia, participamos da Festa de Casamento mais esperada no céu, e isso nos dá muita coragem para enfrentarmos os próximos passos. Viver com Jesus significa estar ligada; ligado com Ele. Nossa relação com Jesus é como a relação de um homem e de uma mulher que se amam, ou seja: um precisa do outro. Aqui Deus nos pergunta: O que aprendemos com o Casamento em Caná? A nossa resposta: Esse Jesus nós também queremos convidar para estar conosco!

10.11.12

SERVIÇO BATATA



Outro dia ouvi a expressão: “cristão batatinha”! Confesso que fiquei curioso e, na hora, perguntei ao meu interlocutor:

- O que é isso?

Ele, com sorriso no rosto, respondeu:

- Hoje é assim que as pessoas cristãs se parecem com a batata inglesa. Ela, a batatinha se conserva melhor dentro da terra, onde é o seu lugar. Ali ela se mostra suja, coberta de barro e consegue fazer àquilo que lhes cabe: multiplicar-se! Você já procurou saber o que acontece com as batatinhas que são guardadas dentro de um cesto, em ambientes aquecidos?

- Nunca prestei atenção!

- Pois é! Elas germinam. Elas também criam brotos quando a gente as limpa e as põe dentro de um saco, numa despensa iluminada e aquecida. Ali, com o tempo, elas murcham e se tornam ruins para o consumo. Mais do que isso, elas perdem sabor e, inclusive, na sua casca até se forma um fungo nocivo à nossa saúde.

- Entendi a relação entre as pessoas cristãs e as batatinhas. As pessoas cristãs gostam de se manter aquecidas no seio da Comunidade, dentro de um ambiente agradável e, neste espaço, elas acabam perdendo a condição de cumprir o chamado que Deus lhes fez.

Meu companheiro mostrou-se animado por eu ter entendido sua forma de pensar. Despedimo-nos. Enquanto me dirigia para casa, lembrei-me do texto de João 17.18: “Como Tu Me enviaste ao mundo, também Eu os enviei ao mundo.” O Filho de Deus abdicou da honra de viver na glória, ao lado do Pai. Assim, humilhou-se e, assumindo a forma de homem, veio morar, conviver no nosso meio, bem longe dos templos e das sinagogas. Aliás, Jesus se sentia bem junto com as pessoas. Ele as visitava no seu trabalho. Ele fazia festa com elas. Ele lhes estendia a mão quando as encontrava no caminho.

Desci do carro e já o sino do templo badalou, me deixando claro que era hora do almoço. Enquanto o ouvia me dei conta do nosso grande desafio como Igreja hoje: Sujarmo-nos novamente com a “terra”; "ir ao encontro das pessoas lá onde elas estão" - como sugeriu o cantor Milton Nascimento. A probabilidade de que as pessoas visitadas nos perguntem como se pode chegar mais perto de Deus é baixa.

Nestes tempos está sendo assim que as pessoas, de um modo geral, se desassociaram da Igreja. Vai daí elas precisarão “ler” na nossa vida como é libertador; saudável e revigorante a vivência com Deus na Comunidade. Ações deste tipo não apenas fortalecerão a Comunidade, mas também as pessoas que a articulam no meio da sociedade.

Neste momento pensei nas crianças que não tem mais participado com tanta regularidade da vida comunitária por causa de afazeres outros; lembrei-me dos adolescentes “afogados” em compromissos diferentes e entendi que era hora de repensar atitudes: Ir onde o povo está. 

De repente, poderíamos fazer uma parceria com as escolas municipais que nos circundam geograficamente. E se desenvolvêssemos uma proposta esportiva no bairro onde estamos fincados? Até prova em contrário, projetos deste tipo sempre atraem crianças e adolescentes. O importante é que este nosso trabalho seja um verdadeiro “serviço batata”!

Era hora de almoçar. Fiz um purê de batatas! Hummm...

19.10.12

Fé e Dinheiro!


Em Mateus 20.25-26 se lê: “Sabeis que os governadores das nações as dominam e os grandes as tiranizam. Entre vós não deverá ser assim. Ao contrário, aquele que quiser tornar-se grande entre vós, seja aquele que serve...”

Essa palavra me lembrou de um ditado popular que diz: “O dinheiro rege o mundo!” Está certo! É o dinheiro que dita os rumos do nosso sistema econômico. Quem tem dinheiro tem poder; pode comprar qualquer mercadoria. Sim, o dinheiro tem força descomunal no mundo em que vivemos. De um modo geral as pessoas podem aumentar seus bens e sua influência; explorar segundos e terceiros  com o dinheiro.

É isso! Com dinheiro se rege e se domina o mundo. O que diz a Igreja sobre este assunto? Será que as pessoas cristãs pensam de forma diferenciada? Será que a Comunidade Cristã não está acima destas questões que dizem respeito ao dinheiro? Às vezes eu carrego a impressão que nós, cristãs e cristãos, não nos diferenciamos das pessoas seculares, quando o assunto é dinheiro. Ouso fazer esta afirmação porque, aqui e ali, ouço palavras do tipo: “Não! Não podemos nos dar a esse luxo. Trata-se de uma boa ideia, sem dúvida, mas o nosso orçamento simplesmente não chega lá!” Muitas vezes, também é assim na Igreja que as nossas decisões se deixam determinar pelo dinheiro e não pela vontade de Deus. Quem tem olhos de ver, percebe que quando o assunto é dinheiro, as pessoas cristãs geralmente assumem o jeito de ser das não cristãs. Que jeito é esse? Ora, elas também se colocam como escravas de “Mamon”! 

Jesus diz: “Entre vós não deverá ser assim!” Aqui neste versículo Jesus se refere aos governantes que oprimem os seus povos. Penso que não seja errado aplicar esta mesma declaração à supremacia do dinheiro no mundo. “Não deve ser assim entre vós!” Isso mesmo! O dinheiro nunca deveria ter o primeiro lugar na Igreja, mas sim a proposta que Deus. O que sempre deveria estar ocupando o nosso foco é a tarefa que Deus deu à Comunidade; à Igreja. Onde focar nossa atenção? Ora, nas pessoas amadas por Deus. São elas que precisam ser objetivadas em todo e qualquer trabalho comunitário. Essa conversa de que “sem dinheiro nada funciona” não pode prevalecer na Comunidade. A confiança em Deus deve ser maior do que este detalhe!

Logo depois de ter declarado que não devemos servir às riquezas, Jesus ainda aprofunda a questão: “Não vos preocupeis com a vossa vida, quanto ao que haveis de comer, nem com o vosso corpo, quanto ao que haveis de vestir... o vosso Pai Celeste sabe que tendes necessidade de todas estas coisas... (Mateus 6.25a e 32b). Quer dizer: É Deus quem cuida de nós - se confiarmos Nele. Como é que hoje, nós, pessoas comprometidas com o cristianismo, poderíamos sinalizar que não somos pessoas movidas pelo poder do dinheiro, mas pelo poder de Deus?


14.10.12

CREMAÇÃO OU SEPULTAMENTO?


Será que podemos cremar uma pessoa cristã? Pode um cristão permitir-se a cremação? Como fica a questão da ressurreição se de fato somos a criação exclusiva dos “dedos de Deus”? (Salmo 8.4-5) A imagem de Deus pode ser queimada? Sim, essa temática gera muitas perguntas.  

Muitas pessoas defendem o “verdadeiro sepultamento” como aquele que acontece sob alguma camada de terra. A verdade é que todo esse povo que defende essa ou aquela posição, também carrega suas incertezas. Isso é assim porque o tema da “morte” mexe com os nossos sentimentos. Porque isso é assim? Porque nos velórios sempre se percebe pessoas falando de assuntos “nada a ver” com o momento? Porque tanta distância; tanta desinformação a respeito deste tema?

A dor do luto machuca muito àquelas e àqueles que sempre estiveram próximos de quem, de repente, precisa “partir”. Sempre que oficio sepultamentos, percebo perplexidade, profundas perturbações em quem fica. As emoções das pessoas se mostram diferenciadas quando se deita um corpo morto num caixão; quando se o enterra sob a terra; quando se o queima em fornos especiais; quando se recebe a urna contendo as cinzas.  

A morte sempre foi, é e continua sendo um “tabu” (Uma ideia proibida de as pessoas se aprofundarem). Quase todos os indivíduos têm dificuldade para tratar deste tema. O fato é que não podemos controlar a morte. De repente ela vem definitivamente. Dá para se dizer que a morte é o último degrau de entrada na eternidade e o fato de sabermos disso, mexe muito com qualquer um de nós. É em vista disso que sempre tratamos os nossos mortos com extremo respeito.

Quando refletimos sobre o ato do sepultamento, precisamos nos perguntar sobre o que acontece com uma pessoa que falece. Jesus afirma que, num certo dia, a Sua voz se fará ouvir e todos os mortos ressurgirão de seus túmulos para a ressurreição e ou para o juízo. O ato de levantar-se de dentro da tumba é algo irracional; é um jeito poético de se falar do juízo ou da nova vida que vem. Jesus deixa claro que o cristão viverá, mesmo experimentando a morte.

Isso significa que o cristão morrerá; que o corpo voltará ao pó, mas que o espírito permanecerá com Cristo na eternidade. Nas cartas paulinas se explicita que vamos ganhar um corpo novo de presente, quando da ressurreição; que este novo corpo não será parecido com o corpo que carregamos aqui na terra; que o nosso corpo será “deificado”. Ora, essa perspectiva da ressurreição me leva a crer que tanto faz se o nosso corpo se degradar na terra ou no fogo.

Ou seja, ninguém de nós invadirá a eternidade com estes corpos que carregamos e que, por natureza, são marcados por defeitos. Sim, porque no novo Céu e na nova Terra não vão existir as substâncias carne, sangue, terra e cinza (1 Coríntios 15.50-55).

2.10.12

Casamento e Divórcio!



- Escuta essa pai! “A fidelidade não está para a natureza humana”.
- Eh! Eh! Então os carros, as casas, os aviões e os concertos musicais também não estão.
- Tem lógica...
- Sabe filho! Em todas as culturas do mundo a relação matrimonial é protegida por regras e rituais, mesmo nos países onde um homem pode ter várias esposas.
- Verdade?
- Sim! Nas relações de poligamia, é assim que a primeira mulher tem posição de destaque. É ela que ajuda na tarefa de escolher a segunda e a terceira esposa para o seu companheiro.
- Não sabia disso. Onde é que fica o amor nesta história?
- No mundo poligâmico o papel do amor é secundário.
- Que coisa! Não consigo entender uma relação matrimonial sem a presença do amor.
- Eu também não filho. A verdade é que há relacionamentos de marido e mulher que também se dão sem amor.  
- Para mim casamento sem a bênção de Deus é empreendimento sem chance de sucesso!
- É! Não é fácil manter-se uma relação matrimonial de pé!
- Por que isso pai?
- O trabalho atrapalha. Hoje marido e mulher trabalham em empresas diferentes e têm problemas diversos para resolver que ninguém deles toma conhecimento. À noite eles precisam de bom tempo e de boa dose de energia para viver a vida em comum que se prometeram diante do altar. Tempo e energia que eles não têm mais força para doar.
- Então é por isso que muitos matrimônios são difíceis de serem vividos na sua plenitude.
- É!

3.9.12

E QUEM SE IMPORTA COM ISSO?



Palavra interessante! Cada verdade precisa de uma pessoa que a pronuncie. E essa pessoa também precisa ser corajosa a ponto de “subir no telhado” e, de lá, proclamar o que está ardendo dentro do seu coração.

Jesus estimulou os Seus doze discípulos dizendo-lhes: - Olha pessoal! “...o que se vos diz ao ouvido, proclamai-o de sobre os telhados.” (Mateus 10.27b)
 
Na minha família sempre de novo se comenta sobre a história vivida pelo meu sobrinho, o Arthur. Era seu primeiro dia de aula e todas, todos os coleguinhas eram estranhos entre si, mas, ao mesmo tempo, se mostravam curiosos: - Como seriam aqueles primeiros dias de aula? Logo que a sineta bateu, a professora levou a classe a conhecer o prédio e também o pátio do referido colégio. Todas as meninas e todos os meninos analizaram o auditório; o ginásio esportivo e o parque infantil daquele Estabelecimento de Ensino no qual iriam viver bons anos de suas vidas. Feito isso, foram encontrar-se com a Diretora da Escola. Todas as crianças correram na sua direção e claro, foram muito bem recebidas pela mesma.

Logo que a algazarra do primeiro momento terminou, o nosso Arthur se dirigiu à Autoridade Escolar com palavras indignadas. Ele disse: - Cem menos três é igual a noventa e sete, mas isso, não interessa a ninguém!...”

Rimos muito a respeito desta piada, quando de um encontro familiar na casa do meu irmão, em Santana do Livramento. O fato é que, no peito do meu sobrinho “ardia” o desejo de dizer aquilo que disse. Foi por isso que ele tomou coragem e, na primeira oportunidade, proclamou, “aos quatro ventos”, aquela verdade. Nós não podemos saber se o meu sobrinho escolherá a profissão de pregador, mas nos ficou evidente que ele não tem vocação para ficar calado na vida. Ele disse: - “Matemática não interessa a ninguém – nós queremos brincar!”

Essa irreverência do Arthur soou um tanto engraçada no contexto do Ensino Fundamental. No entanto, essa experiência ousada de dizer o que vai no coração nos é um exemplo de como podemos disseminar as verdades cristãs que “queimam” dentro do nosso peito; que nos foram sopradas pelo Espírito Santo nos ouvidos. São muitas as pessoas, e eu me encontro entre elas, que sonham com uma Igreja que mostre mais o seu rosto dentro da sociedadade brasileira. Mas será que a Boa Mensagem que proferimos, que estamos proferindo e que ainda vamos proferir ainda chega às pessoas?

No dia 31 de outubro, Dia da Reforma, nós nos lembramos das mulheres e dos homens que “subiram no telhado”, a fim de proclamar a mensagem libertadora da graça de Deus. Essas pessoas, as assim chamadas “reformadoras”, deram o seu recado ao povo com palavras claras e simples, conforme a vontade que “ardia” nos seus corações: Não somos nós que articulamos a salvação, mas é Deus quem nos fascina; anima-nos e nos conforta nesta tarefa. Foi desta forma que os clamores dos reformadores encontraram guarida nos corações das pessoas. A Boa Mensagem da Salvação que, primeiramente, foi sendo repartida nos corredores das Universidades, veio até às pessoas de “sobre os telhados” das cidades. Foi dessa forma que o mundo acabou conhecendo o Evangelho.

Aquilo que os reformadores fizeram, expor-se sobre o “telhado” e pregar, nós também estamos tentando fazer, mas, para tal, precisamos estar alicerçados numa boa base. Se não existir um bom apoio, então corremos o risco de perdermos o equilíbrio e cair.

A Igreja se auto-examina, se “olha no espelho”, vê quem é e em que ponto está, quando lembra da Reforma. É Deus quem nos apoia; quem nos sustenta; quem nos dá coragem e boa base para espalharmos a Mensagem Daquele que levanta Pessoas com Deficiência; que anima Pessoas Deseperadas; que dá coragem às pessoas que se perceberam  Imperfeitas.  

Sim, são muitas as mulheres e os homens que pregam a Boa Nova de Deus em nosso país e no mundo. São inúmeras as pessoas cristãs que vivem essa Boa Nova, que lhes foi soprada no ouvido, a partir de palavras e atitudes. Quem é que se importa com isso? Certamente todas, de todos nós!

OLHA SÓ!