Ao mesmo tempo, dentro de mim cresciam sempre mais pontos de interrogação. Os hormônios estavam a flor da pele. Será que a oficina mecânica era verdadeiramente aquilo que eu queria para a minha vida. Havia meninas jogando seu charme para mim, enquanto assistia as aulas diurnas e, depois, noturnas do Colégio Estadual Ernesto Alves de Oliveira. Aqui e ali, íamos aos bailes interioranos para dançar com as meninas da Linha Santa Cruz. Num e noutro momento alguém me "espetava" com a pseudo-informação de que "dançar" e "jogar bola" era pecado. Quanta confusão na minha cabeça. Sim! Eu também tinha a possibilidade de namorar meninas ligadas à JE, mas quem? Por outro lado, sentia-me diminuido por ter mexer com gasolina, com graxa. Hoje tenho clareza que minha auto-estima era baixíssima.
Certo sábado, depois de voltar de uma das minhas viagens a Candelária, chefuei em cima do laço numa das nossas reuniões que aconteciam aos sábados. De cara, vi uma menina novata, loira, olhos verdes, falante e cheia de sotaque gauchesco. Fui me encantando no meio das minhas crises. Eu queria mas também não queria compromisso. De repente a minha história passou a ficar embaralhada, muito complicada, totalmente misturada. Eu precisava tomar decisões particulares. Fora de Santa Cruz do Sul havia um mundo a ser descoberto. Já na Capital do Fumo a vida ia seguindo seu ritmo...
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