Busque Saber

28.7.10

A Valmi e eu somos avós!


A gente é gerado. Vive nove meses dentro da barriga da mãe e depois nasce. Cruza o túnel e depois vê luz; ouve barulho; precisa chorar; deve mamar; aprende a mascar. Num primeiro momento só vê gigantes ao seu lado, já num segundo percebe os iguais. Perde os dentes da frente; fica feio; esconde o sorriso; precisa se pentear; descobre solidariedade e aí vem o jardim. A vida se converte em briga de cotovelos. As influências se multiplicam. É preciso filtrar informações; entender o estado de espírito da professora; decifrar letras e números; gastar energias acumuladas; confiar em amigos; decidir por super-heróis. Num dado momento brota a vergonha dos pais; a percepção do sexo; os desejos internos e segue o baile. As pernas espicham; os pelos mancham a pele; os opostos se articulam. Agora é a vez de dar respostas; de satisfazer àqueles que investiram; de fazer escolhas: do curso; da namorada; da estrada. Festas, compromissos sociais – é a dança da vida. Tudo é dinâmico: formatura; primeiro emprego; chefes; coordenadores; casamento; apartamento. O ritmo é frenético e faz surgir uma conta no banco que supre o gás; o pão; o feijão. E lá vem o rebento. Ele terá em mãos o cetro capaz de fazer re-acontecer aquilo que uma vez já se viveu, mas daí a pele vai murchando; o rosto vai enrugando; os olhos vão enfoscando; os ouvidos vão duvidando e o vento segue uivando, enquanto os cabelos vão branqueando. Mesmo assim, se continua dando de si. E aí, um dia, de madrugada bate o telefone às quatro e trinta da manhã: Eu: - Alô!... Meu filho: – Pai! Tu acabas de ser avô.

Grande Pedro! Seja bem-vindo ao nosso meio, o filho da Paula e do Dani que nasceu no dia 28 de julho de 2010, um dia nublado, mas mesmo assim amado. Três quilos e novecentos e dez gramas. Baita piá que Deus mandou pra nos alegrar. Só pra compartilhar...

27.7.10

Sou Cidadão – Sou Político!


Vêm aí as eleições de outubro. Nós, mais uma vez, vamos votar em deputado estadual, federal, senador, Governador e presidente da República. Confesso que sempre admirei as pessoas cristãs que se engajam na política; que articulam seus pensamentos em meio aos vários segmentos de lideranças comunitárias; que sempre visam o bem comum com seus atos. A vida me ensinou a ser crítico. Hoje, este aprendizado me autoriza a observar a dignidade com que certos indivíduos servem a Deus, enquanto comprometidos com cargos públicos.

Todos nós crescemos enquanto exercemos nossas profissões. Agir politicamente tem a ver com o chamado que Deus. É Ele quem nos desafia a “administrarmos” Sua criação. Estou querendo dizer que o “ofício” da política não tem nada a ver com o que aprendemos na Escola Técnica e ou na Faculdade. Um dos maiores mártires da Igreja do século passado, Dietrich Bonhoeffer, sempre deixou claro que a “política era um espaço de responsabilidade onde se podia fomentar vida em comunhão com quem está próximo”.

Sendo assim, estamos todos comissionados por Deus para articularmos funções políticas. Sim, todas as pessoas que reconhecem os seus dons como presentes de Deus, acabam obedecendo este mandato. O reformador Martin Luther era enfático quando dizia que “ao indivíduo cabia exercer a sua profissão com responsabilidade diante de Deus e dentro do mundo secular”.

Quem mora na cidade (polis) é cidadão (político). Aqui me paro a pensar nos políticos que vamos eleger em poucas semanas. Gostaria de alertá-los (Será que eles me lêem?) que fazer política em causa própria nunca foi e não é vontade de Deus. Sua função primordial foi e sempre será a de trabalhar no sentido de que os interesses opostos convirjam num denominador comum e isso, de forma justa e objetiva. Se conseguirem este objetivo, enquanto se desincumbem desse chamado específico de Deus, então os interesses mútuos serão mantidos e se dialogará; se viverá em equilíbrio.

Tu e eu vamos exercer o direito do voto e temos que pensar como cidadãos, como políticos comissionados por Deus para votar em gente que verdadeiramente represente a cidade. O que é representar a cidade? É promover a força do amor; é se esforçar em favor dos mais fracos; é fazer prevalecer a verdade sobre as próprias ambições políticas. Votemos nestes! Para que as boas reformas aconteçam no Brasil, não precisamos de “estrategistas” e ou de “conversadores”. Hoje carecemos de pessoas que contribuam de forma construtiva, a partir do fazer política. Aquele que vota conforme os critérios de Deus, mais do que ninguém, pratica ato político e quer o bem da cidade.

7.7.10

Minha relação com o ME!


É quase madrugada. Dizem que depois dos 56 anos o sono se apouca. Pra que rolar debaixo do cobertor se bate a vontade de escrever? Pois aqui estou: envolvido com meu teclado... Decidi me expor dez passos mais pra cá da parábola. Faço-o, pela primeira vez, abertamente. O que eu quero com isso: Deixar claro o porquê do meu afastamento das fileiras encontristas... Abraços!

Entendi o Evangelho em 1971, a partir do coração retorcido da Neusa; dessa santa-cruzense que foi evangelizada pelo Sérgio; desse evangelista que conheceu as Boas Novas a partir do engajamento do colega ...

Em 1972, num dos primeiros Encontros Nacionais dos Grupos ECO, lá estava eu. A palestra do colega Arzemiro (Ele ainda era muito jovem) ainda soa nos meus ouvidos. Ele falava do “Mundo do Zé”. Eu era o Zé. Engajei-me naquela proposta com tudo o que era e com tudo o que tinha.

De mecânico de fundo de quintal fui ser presidente de um grupo de JE. Isso me aproximou de um sem número de lideranças luteranas jovens. Retiros, Congressos, Grupo Vida Nova, PEPA (Paróquia de Estudantes Porto Alegre) eram a minha vida. Foi de dentro daquela realidade que deixei-me guindar para Ivoti (RS). Sim, eu queria ser professor catequista; evangelizar na Transamazônica. Vivíamos o “milagre econômico” em 1975.

Certo dia, no meio do almoço, soou a sineta na mesa do diretor. Todos largaram seus garfos e facas. O silêncio era absoluto. A voz do diretor dirigiu-se aos meus ouvidos: Renato Becker... Venha até aqui... Visita para você... Eu saí do meu lugar à mesa. Fui pra frente e, surpreso, recebi o abraço do meu “avô espiritual”. Suas palavras foram poucas, mas agudas: Quero fazer discipulado contigo. E lá fui eu de novo!

Optei pela Faculdade de Teologia. Conheci mais e mais lideranças. Em 1979 ouvi uma palestra que falava em “vida simples”; em “engajamento político”; em “fé e vida”; em “evangelização contextualizada”; em “jogo de cintura”... Ao redor de mim muitos sorriam. Umas daquelas pessoas mostravam acentos intelectuais e outras eram mais pragmáticas. Eu amava aquilo que se mostrava como um “corpo”. Minha noiva embarcou na proposta. Um mundo novo se abria. Decidi então abdicar de alguns caminhos que me eram oferecidos e isso, só por causa daquela “idéia”. Como Estudante de Teologia, continuei investindo o meu “eu” na proposta jovem. Atuei em Vila Scharlau (RS) e em Novo Hamburgo (RS), depois em Sapiranga (RS).

Um dia bateram à minha porta na Rua Pastor Dietschi. Era o futuro monitor do meu estágio, o Arzemiro que me convidava para trabalhar como Pastor Auxiliar em Porto Alegre (RS). Experimentei crises homéricas na grande cidade. Cresci para dentro da pastoral urbana. Aprendi a ser crítico enquanto novamente me envolvia com jovens. Eram os anos 82 quando fui enviado minha esposa e meus dois filhos para o meu primeiro Campo de Trabalho no Noroeste do Paraná. Minha tarefa: Continuar plantando as “sementes encontristas” naquelas paragens. Fiz o que pude. Aceitei o convite para ser pastor Evangelista da IECLB. Indispus-me com lideranças eclesiásticas estabelecidas. Lutei, sempre deixando claro a que vinha. Dois, três, cinco mil quilômetros não eram distâncias para participar das reuniões as quais era chamado. Dei tanto de mim que, em certos momentos, descuidei dos meus e ninguém me exortou. Talvez porque eu dava “lucro” ou seria boa “massa de manobra”.

Chamaram-me para servir em Cruz Alta (RS) quando eram os finais dos anos 80. Fizemos abaixo assinados em prol da então futura FATEV. Tínhamos que “pisar em ovos” dentro dos Distritos Eclesiásticos uma vez que as críticas não eram poucas. Criamos a Pastoral Jovem no Encontrão. Coordenei os primeiros dois grandes encontros em Santa Cruz do Sul e Cruz Alta (RS). Foi em Cruz Alta que também nasceu Missão Zero numa tarde fria de inverno, ao lado do “quentume” do velho fogão Wallig (herança de americanos). Viagens foram feitas; pessoas foram engajadas; diálogos foram forjados a ferro e fogo (não havia internet) a Direção da Igreja criticou; irmãos criticaram; cartas foram escritas; lutas foram lutadas e enfim nasceu Comunidade em Três Lagoas (SP). Designaram-me a ser o primeiro presidente deste projeto então considerado “arenoso”.

Daí veio a UDR (União Democrática Ruralista). Junto com ela vieram os sem-terra. Daí então veio a idéia de se trabalhar “política” no seio da IECLB, a partir de candidato oriundo das fileiras luteranas. Daí veio o controle telefônico a partir dos “Serviços de Informação”. Daí veio um grupo de apoio encontrista. Daí veio uma “estrada íngreme” que decidi trilhar por causa das marcas que experimentara no ME. Daí veio a rejeição. Daí veio a berlinda. Daí passei a ser “esfriado” no referido Movimento. Daí me ofereceram um “band-aid”. Daí me sugeriram Florianópolis (SC), para começar de novo; para me acalmar; para me “enformar”. Ah! Aqueles articulistas... Ou seria um só o articulista no início dos anos 90.

Chorei sozinho. Esperneei até. Articulei Fóruns de Evangelização. Sentei em só meias cadeiras que me passaram a ser oferecidas. O fato é que curti profunda tristeza durante dez anos. O máximo que fizeram foi ouvir-me. Nada mais. Dez anos se passaram. Reconstruí-me e, enquanto me recolocava, já em Munique, ouvi terceiros... Lembro de um colega que disse: Lamento muito! “Esfriaram-te” porque um dos grandes mantenedores não contribuiria mais com nenhum centavo se permanecesses na “vitrine”. Hoje esta informação tem três anos e meio. Confesso que ela me fez bem.

Hoje, na reta final dos meus últimos dez anos de pastorado, faço uma caminhada “solo”. Talvez amanhã também adormeça como o Reinoldo, o Edson, o Homero. Não quero me despedir sem antes dizer que carrego uma enorme cicatriz no peito. “Anticorpos soldaram a ferida”. Sou testemunha de que há mais histórias como a minha. Histórias que foram tratadas apenas com “esparadrapo”.

6.7.10

Conselho!


Conselho - este é o terceiro dom de Jesus Cristo, conforme a visão do profeta Isaías (11.2) Se diz que um bom conselho custa caro; que é uma mercadoria rara. Em vista disso cada pessoa cristã sempre de novo precisa de aconselhamento; de orientação; da sinalização para os muitos caminhos que a vida propõe. Uma vez que são poucos os bons conselheiros, temos que pedir ao Espírito Santo para que Ele mesmo nos guie.

5.7.10

Entendimento!


O profeta Isaías (11.2) cita o “entendimento” como um “dom” que, no futuro, estaria pousado sobre a pessoa de Jesus Cristo. Aqui e ali se ouve pessoas dizendo: - Caia na real... - Te liga meu... Sim, muitas vezes usamos estas duas frases para exortar pessoas e até para chamar a nossa própria atenção. É comum perceber-se indivíduos escravos de seus próprios sentimentos; de seus medos; de seus impulsos; de suas agressividades. A pessoa cristã que é senhora de si mostra ter este “dom do entendimento”. Cristãs e cristãos que não se permitem dominar pela raiva; pelos ciúmes; pelo medo; pela ganância; pela paixão, mas vêem o mundo e as pessoas à luz da razão, tal como elas realmente são, com toda certeza, tem este “dom”.

1.7.10

A sabedoria e o ME!


Nestes dias a Igreja ainda festeja a Festa de Pentecostes. Ela ainda continua refletindo sobre os dons que o Espírito Santo promove. O profeta Isaías escreve que são sete dons: Sabedoria e entendimento, conselho, fortaleza, ciência, piedade e temor a Deus. (Isaías 11.2) Aqui, centro minha atenção no primeiro dom: Sabedoria.

A "sabedoria" tem grande importância nas Sagradas Escrituras, especialmente no Antigo Testamento. Há uma gama de literatura ligada à mesma nos livros de Salmos, Jó e Provérbios. Nestes Escritos a sabedoria é “pintada” como o mais bonito e mais preciso dom de Deus: mais valioso que dinheiro e ouro; mais desejável que a juventude e que a saúde. Sim, porque dinheiro, juventude e saúde são detalhes passageiros. A sabedoria, no entanto, nos faz amigos de Deus e permanece para sempre (Provérbios 3.13). Mas, o que é sabedoria? Um dos grandes sábios da Antiguidade, Sócrates (o primeiro filósofo do ocidente), mostrou toda a sua sabedoria quando citou a célebre frase que até se tornou um ditado popular: “Oida, ouk eidos” – “Eu sei que nada sei”. Na época ele compartilhou esta frase com os seus discípulos que criam saberem tudo a respeito de tudo. “Eu sei que eu nada sei”: eis aqui o primeiro passo para se ser sábio. O segundo passo nos é ensinado pela própria Bíblia: “Eu sei que Deus tudo sabe.” Ora, Deus é a origem e o fim de todas as coisas. Vai daí que O homem sábio sabe o que é preciso, o que verdadeiramente conta: Deus! É Deus quem precisa ocupar o primeiro lugar na vida da pessoa. Tudo o mais – incluindo a própria pessoa – não é levado em grande conta pela pessoa sábia. Ela permanece calma e serena diante dos problemas que “pipocam” no mundo porque crê em Deus.

Me diverti bastante ultimamente com algumas lideranças evangélicas da IECLB. Elas insistem em marionetizar os que compõem seu grupo. Já de longa data desconfio que alguém, encastelado no sul, coordena os pensamentos dos que apresentam o rosto. Tudo meio que um pouco debaixo dos panos, mas a maioria se submete. Não há espaço para o diálgo aberto, uma vez que o controle é explícito. E assim não se dá vazão à sabedoria; ao crescimento do saber que nada se é; que só Deus é. Pena... E lá vai o Encontrão fazendo suas contas...

OLHA SÓ!