Busque Saber

18.10.13

Pastoral Urbana

Quanta gente se perde, continua se perdendo na cidade? Faço esta pergunta por que experimentei essa realidade na carne. No final dos anos 50 minha família trabalhava na agricultura no interior de Tenente Portela (RS). Nossa vida era pacata. À noite olhávamos as estrelas e dialogávamos horas e horas sob a luz do luar. Lembro que as vezes ouvíamos o rádio na sala iluminada com uma lâmpada da marca Aladim. Já durante o dia, eu, menino, brincava com os filhos dos índios kaingang e a vida seguia seu ritmo lento, seguro e constante.

Foi de repente a nossa mudança para Porto Alegre (RS).Naquela época meu pai estabeleceu o seu negócio na Avenida Farrapos. O movimento constante de veículos me dava dor de cabeça. Estávamos vivendo uma crise familiar muito grande, por não dominarmos aquele contexto citadino. Num certo domingo, bem cedo, saí a caminhar sem rumo pelas calçadas do bairro onde morávamos: IAPI. Não demorou muito, me vi diante de um templo simpático; de uma igreja, cujas portas estavam abertas. Lá dentro a Comunidade reunida entoava hinos cristãos que eram do meu conhecimento. Ouvi a prédica do pastor, escorado no muro que separava o templo da rua. Não ousei entrar; participar daquela comunhão por causa da minha timidez. Pensei em voltar ali, mas na época não fui acolhido e assim o tempo foi passando; a nossa família foi se acostumando ao novo ritmo da capital e as coisas acabaram se sucedendo como sucederam. O fato é que estávamos sem Igreja. Ficamos sem Igreja.


Eu cresci. A vida deu suas voltas. Hoje faz alguns anos que eu, já pastor, quase fui dar de mim na Pastoral Escolar do Colégio Pastor Dohms, bem perto daquele templo que, um dia, tentou me abraçar, a partir dos seus cânticos cristãos. Outro dia, em visita à capital dos gaúchos, parei ali no início da Rua D. Pedro II, 676. Foi naquele espaço que eu bem poderia ter buscado apoio, já aos sete anos de idade. 

Todas estas lembranças acabaram direcionando os meus pensamentos para o Salmo 91.1-2 onde se lê que “a pessoa que procura segurança no Altíssimo e se abriga na Sua sombra protetora, experimenta um Deus defensor e protetor”. Na versão alemã está escrito: “Wer unter dem Schirm des Höchsten sitzt und unter dem Schatten des Almächtigen bleibt der spricht zu dem Herrn: Meine Zuversicht und meine Burg, mein Gott, auf dem ich hoffe.” Muito boa esta ideia. O salmista sugere que Deus é uma espécie de “guarda-chuva” que protege aquelas e aqueles que Nele creem. 

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