Gênesis 1.1-2.4
1. Acabei de ler o texto que dá início à Bíblia. “E agora José?” O que vou fazer com
essa informação; com esse saber? Como é que estas poucas palavras “soaram” nos meus ouvidos? “No
princípio...” Hummm! Essa palavra mexe comigo? Ela desperta
alguma dúvida dentro da minha cabeça? Vou estudá-la e depois repartí-la. O texto é grande e denso. Mas vale a pena... Abraços!
2. Carrego a impressão
que a maioria de vocês, como muitos outros, também perceberam o ritmo deste
texto; a poesia e a grandiosidade deste texto literário mexe conosco. Podem ter
certeza: trata-se de uma palavra explendorosa.A forma como ela está escrita já
dá o que falar; o que pensar. Dá gosto de ler; de ouvir o texto em questão. O
autor desta obra foi corajoso ao gerir estas palavras que desnudam a idéia da
ordenação; da estruturação absoluta do mundo; da vida. O texto não espelha nada
que possa ser entendido como complexo. Nele tudo acontece a partir de uma “esquema” altamente significativo;
compreensível e, ao mesmo tempo muito claro e simples.
3. Criação! Aqui estamos começando a nos envolver com um texto que foi produzido e ritmado no quinto século a.C. Ele soa como um estribilho; como um refrão: “Houve tarde e houve manhã.” (Gênesis 1.5b) Tardes e manhãs que tu e eu gastamos com nosso trabalho; com nossas obras. Sim, todos os detalhes foram colocados em ordem; tudo foi organizado no seu devido lugar; tudo tem um sentido de ser. Essa é a mensagem deste poema criado para informar sobre a criação do universo; do macro e do micro-cosmos; da matéria e da vida, em suas inúmeras formas e jeitos.
4. Pasmem! A Bíblia começa nos falando de “beleza” e de “ordem”. Nós sabemos muito bem a respeito do que não é belo; do que é caótico. O nosso dia-a-dia nos informa (coloca dentro de uma forma) sobre este estado de confusão. Quem de nós já não sofreu “calores desérticos”; já quase não se “afogou” nas “águas lodosas” do caos que, volta e meia, vem fazer visitas no contidiano? Coisa boa que existe este texto bíblico; este poema que aponta para a bênção da Criação de Deus. “E, havendo Deus terminado no dia sétimo a Sua obra, que fizera...” (Gênsis 2.2a) “...abençoou Deus o dia sétimo e o santificou...” (Gênesis 2.3a)
3. Criação! Aqui estamos começando a nos envolver com um texto que foi produzido e ritmado no quinto século a.C. Ele soa como um estribilho; como um refrão: “Houve tarde e houve manhã.” (Gênesis 1.5b) Tardes e manhãs que tu e eu gastamos com nosso trabalho; com nossas obras. Sim, todos os detalhes foram colocados em ordem; tudo foi organizado no seu devido lugar; tudo tem um sentido de ser. Essa é a mensagem deste poema criado para informar sobre a criação do universo; do macro e do micro-cosmos; da matéria e da vida, em suas inúmeras formas e jeitos.
4. Pasmem! A Bíblia começa nos falando de “beleza” e de “ordem”. Nós sabemos muito bem a respeito do que não é belo; do que é caótico. O nosso dia-a-dia nos informa (coloca dentro de uma forma) sobre este estado de confusão. Quem de nós já não sofreu “calores desérticos”; já quase não se “afogou” nas “águas lodosas” do caos que, volta e meia, vem fazer visitas no contidiano? Coisa boa que existe este texto bíblico; este poema que aponta para a bênção da Criação de Deus. “E, havendo Deus terminado no dia sétimo a Sua obra, que fizera...” (Gênsis 2.2a) “...abençoou Deus o dia sétimo e o santificou...” (Gênesis 2.3a)
5. Sério! Nós deveríamos “cantar” este texto; recitá-lo
em coro num grande coral. Nós deveríamos tirar tempo para ouvirmos a obra-prima
de Haydn que, para compô-la, se
inspirou neste pedaço da Escritura. Melhor do que isto: Nós deveríamos
apresentar um “oratório” para poder
fazermos parte deste grande Milagre da Criação. Este texto não se propõe a nos
ensinar sobre a Criação, mas sim “sugar-nos”
para dentro da mesma. Este texto não foi elaborado a partir de métodos
científicos para que pudéssemos nos apoderar de seu conteúdo. Ele, em nenhum
momento, carrega qualquer “intenção”
de nos explicar ou de nos provar algo a respeito da Criação. O seu objetivo não
é outro senão fortalecer a nossa fé. Nada mais, nada menos.
6. Nós só vamos entender o conteúdo deste texto quando admitirmos; entendermos a lógica como ele foi “contruído”, elaborado. No dia em que fizermos esta descoberta; que nos apossarmos desta sabedoria, aí então vamos ficar admirados com o homem de fé que se escondia no autor; vamos entender o testemunho que o referido escritor colocou no “mercado”. Nesse dia, esse mesmo texto que estamos estudando, vai “mexer” conosco, pessoas críticas que ainda não tiveram a chance de perceber a “chave” que abre a “porta da compreensão” de Deus; que “destranca o portão” que dá acesso à fé em Deus; que “escancara a porteira” que dá abertura à vontade de Deus nas nossas vidas.
6. Nós só vamos entender o conteúdo deste texto quando admitirmos; entendermos a lógica como ele foi “contruído”, elaborado. No dia em que fizermos esta descoberta; que nos apossarmos desta sabedoria, aí então vamos ficar admirados com o homem de fé que se escondia no autor; vamos entender o testemunho que o referido escritor colocou no “mercado”. Nesse dia, esse mesmo texto que estamos estudando, vai “mexer” conosco, pessoas críticas que ainda não tiveram a chance de perceber a “chave” que abre a “porta da compreensão” de Deus; que “destranca o portão” que dá acesso à fé em Deus; que “escancara a porteira” que dá abertura à vontade de Deus nas nossas vidas.
7. É triste, mas em
todos os povos a “conjuntura do saber”
tem se mostrado fria; fundamentalista e teimosa. Digo de outro jeito: Tal como
“Don Quixote de la Mancha”, são
muitas as pessoas que lutam com este texto como se lutassem contra “moinhos de vento” (inimigos). Muita
gente tenta desmontar com teorias e hipóteses, aquilo que é informado neste
conteúdo bíblico. Elas têm a intenção de anuviar tudo o que já foi
cientificamente comprovado a respeito deste assunto cristão. Não é
por aí o caminho! Sejamos humildes e coloquemo-nos em postura de aprender
(apreender).
8. Este texto tem bem outro objetivo. Ele quer nos inspirar a descobrirmos; a forjarmos a nossa própria resposta a respeito do sentido de todas as coisas; sobre o significado da doação; sobre se somos capazes de explicar esse “tudo” ou se estes versículos são mesmo misteriosos e, por isso mesmo, incompreensíveis. O texto nos convida a elaborarmos uma resposta pessoal às perguntas que dele emergem. Esse é o maior objetivo do conteúdo expresso no primeiro capítulo de Gênesis; no portal de entrada da Bíblia. Cai no vazio; erra quem pensa poder usar um texto como este (e outros semelhantes a este) com o objetivo de tentar provar que a Bíblia está certa; que a Bíblia tem razão.
8. Este texto tem bem outro objetivo. Ele quer nos inspirar a descobrirmos; a forjarmos a nossa própria resposta a respeito do sentido de todas as coisas; sobre o significado da doação; sobre se somos capazes de explicar esse “tudo” ou se estes versículos são mesmo misteriosos e, por isso mesmo, incompreensíveis. O texto nos convida a elaborarmos uma resposta pessoal às perguntas que dele emergem. Esse é o maior objetivo do conteúdo expresso no primeiro capítulo de Gênesis; no portal de entrada da Bíblia. Cai no vazio; erra quem pensa poder usar um texto como este (e outros semelhantes a este) com o objetivo de tentar provar que a Bíblia está certa; que a Bíblia tem razão.
9. A validade desta
declaração bíblica não carece de nenhuma prova. A validade do referido texto se
desenrola sem pressão e sem qualquer dogmatismo. Isso é assim porque o texto de
Gênseis 1.1-2.3 se abre a todas as pessoas que se envolvem na busca do
significado mais profundo desse conteúdo. Quem “mergulha” no mesmo com vontade de entender, acaba descobrindo que o
conhecimento (Ciência) e a fé não precisam contender entre si; não precisam
concorrer um com o outro. A fé e a Ciência são elementos que se complementam
quando se está em busca do conhecimento como um todo.
10. As irmãs e os irmãos
que fazem esta descoberta, crescem e se desenvolvem; reforçam sua fé. “No princípio, criou Deus...” (Genesis
1.1a) Esta palavra rejeita a aleatoriedade, promotora maior da futilidade; do
que é sem sentido. As sete letras da palavra “sentido” apontam para o propósito da nossa existência. Aqui não se
está especulando e recalculando o “x”
da questão. Ciência e fé se complementam. Sim, os cientistas calculam que a terra tem 13,7 bilhões de
anos. Já os textos bíblicos não se ocupam com cálculos matemáticos precisos do
tempo; da cronologia. A Bíblia reflete sobre o todo; sobre as razões mais
profundas do porquê isso é assim; do porquê aquilo é “assado”.
11. Não que esses “detalhes” não sejam importantes. Estes
cálculos e recálculos ajudam a aplacar a “sede”
humana pelo conhecimento. Quem de nós quer lutar contra isso? Está mais do que
claro que se deva continuar fazendo mais e mais pesquisas que, por sua vez, vão
aumentar o nosso saber. Quanto mais aprimorado o nosso conhecimento, mais
admiração e respeito teremos. Fazer perguntas e buscar respostas, isso sempre é
mais do que nossa obrigação. Não nos cabe ficar parados. Como é que o mundo foi formado? Como é que ele se
desenvolveu? Como eram as coisas antes das perspectivas da Criação? Estas
perguntas devem continuar sendo feitas e as suas respectivas respostas precisam
continuar sendo buscadas, mesmo que se depare com limites.
12. A rígida e propalada
teoria do “Big Bang” não tem poder
para matar a fé. O conhecimento sempre maior não vai expulsar a fé do coração
da cristandade. Que tipo de fé seria esta que, diante dos sinais de
Conhecimento, decresce? Essa seria uma crença alicerçada numa
Proposta de Fuga. Não! Isso não é
cristianismo... Que tipo de parceria de confiança e amor seria essa que
diminui, à medida que os parceiros se conhecem mais e mais?
13. Ciência e Fé não competem entre si. As categorias de Conhecimento e de Fé são tão diferentes entre si que só podem ser complementares. Aqueles de nós que perguntam pelo “como” das coisas ainda não obterão a resposta do “porquê” e do “para quê” destas mesmas coisas. O fato é que sabemos muito pouco a respeito do “como”; do “porquê” e do “para quê” das coisas. Em vista disso vamos tocando a nossa vida diária, sem darmos muita atenção àquilo que já sabemos ou deixamos de saber sobre a criação do mundo. Daí que, neste momento, sugiro um “mergulho” no “lago” do “Reino do Conhecimento”.
13. Ciência e Fé não competem entre si. As categorias de Conhecimento e de Fé são tão diferentes entre si que só podem ser complementares. Aqueles de nós que perguntam pelo “como” das coisas ainda não obterão a resposta do “porquê” e do “para quê” destas mesmas coisas. O fato é que sabemos muito pouco a respeito do “como”; do “porquê” e do “para quê” das coisas. Em vista disso vamos tocando a nossa vida diária, sem darmos muita atenção àquilo que já sabemos ou deixamos de saber sobre a criação do mundo. Daí que, neste momento, sugiro um “mergulho” no “lago” do “Reino do Conhecimento”.
14. O globo terrestre
gira em torno do seu eixo a uma velocidade de 1000 km/h. Esse mesmo globo
terrestre no qual construimos nossas casas, gira em torno do sol a uma
velocidade de 100.000 km/h. Tudo muito bem, tudo muito bom. Mas isso ainda não
é tudo. Todo o nosso sistema solar gira em torno da Via Láctea a uma velocidade
de 800.000 km/h. Reflitamos, só por um instante, diante desses números... É
algo fora de série – certo? Nós não deveríamos estar experimentando uma tremenda
vertigem, enquanto vamos levando a nossa vida entremeio todo esse “rodopio”? Até onde eu consigo perceber,
estamos tranquilos. Nada atrapalha a nossa concentração. Não existe nenhum “solavanco”. As cortinas dos nossos
aposentos nem sequer balançam. Isso não é fantástico?
15. Claro que é! Agora,
nem tudo o que se descobre dentro da Natureza pode ser denominado como “fora de série”; como “fantástico”. Hoje em dia, aqui e ali,
são feitas descobertas que até nos promovem ansiedades e preocupações: Quais os
“riscos” e quais os “perigos” que estes “achados científicos”
podem nos promover? Até que ponto este “novo
saber” pode nos desestabilizar? Cada um de nós aqui já ouviu falar de “chavões” (sensacionalistas ou não) que,
muitas vezes, acabam brotando de “descobertas
desagradáveis”. Cito dois: Chuva ácida; gripe aviária... Qual é o último “chavão” gerador de “medo” que, neste momento, está sendo “ventilado”?... Observem que, em dados momentos, o melhor e mais
profundo “conhecimento” não nos serve
para quase nada. Além do “conhecimento”
precisamos, constantemente, “alimentar”
nossa fé e nossa confiança de que a tal “descoberta”
vai promover o “bem comum” (justiça).
Sim, nós precisamos ter a garantia de que, apesar do “risco” experimentado, a nossa existência continue fazendo sentido.
16. Como falar de Deus, o Criador, no meio de todo este “barulho”? As primeiras palavras do Livro de Gênesis nos presenteiam com uma informação extremamente densa e isso, a partir de uma forma poética - como já vimos. A Bíblia diz que que no “princípio” só havia a realidade do “cosmos”; que na “origem” só havia o cosmos, mas não o caos; a ordem e a beleza, mas não o deserto e o vazio. A palavra explicita que no “começo” de tudo o “cosmos”; a “ordem” e a “beleza” definiam a nossa existência. É isso que o texto bíblico de Gênesis 1.1-2.3 nos deixa claro, logo nas primeiras palavras escritas. Alguém de nós poderia usar o “espaço aberto” aqui nesse diálogo para fazer uma pergunta crítica: Não estamos “minimizando” a Palavra Deus dando tanta atenção à Ciência? Uma tal pergunta se justifica. Foi neste contexto que Martin Buber* se perguntou: “Como é que você consegue falar sempre de novo a palavra “Deus”“? Existe na Linguagem Humana uma palavra que já tenha sido tão manchada; tão mal utilizada como esse substantivo próprio “Deus”? Em vez de, a toda hora, citarmos o Seu Nome, não deveríamos ter uma postura mais silenciosa; mais meditativa; mais respeitosa tal como os judeus a exercem?
16. Como falar de Deus, o Criador, no meio de todo este “barulho”? As primeiras palavras do Livro de Gênesis nos presenteiam com uma informação extremamente densa e isso, a partir de uma forma poética - como já vimos. A Bíblia diz que que no “princípio” só havia a realidade do “cosmos”; que na “origem” só havia o cosmos, mas não o caos; a ordem e a beleza, mas não o deserto e o vazio. A palavra explicita que no “começo” de tudo o “cosmos”; a “ordem” e a “beleza” definiam a nossa existência. É isso que o texto bíblico de Gênesis 1.1-2.3 nos deixa claro, logo nas primeiras palavras escritas. Alguém de nós poderia usar o “espaço aberto” aqui nesse diálogo para fazer uma pergunta crítica: Não estamos “minimizando” a Palavra Deus dando tanta atenção à Ciência? Uma tal pergunta se justifica. Foi neste contexto que Martin Buber* se perguntou: “Como é que você consegue falar sempre de novo a palavra “Deus”“? Existe na Linguagem Humana uma palavra que já tenha sido tão manchada; tão mal utilizada como esse substantivo próprio “Deus”? Em vez de, a toda hora, citarmos o Seu Nome, não deveríamos ter uma postura mais silenciosa; mais meditativa; mais respeitosa tal como os judeus a exercem?
17. (*Martin Buber era
judeu. Nasceu em Viena no dia 08 de fevereiro de 1878. Foi filósofo, escritor e
pedagogo. Era poliglota (Iídiche, Alemão, Hebraico, Francês e Polonês). Sua
formação universitária se deu na Áustria. Em suas publicações, sempre enfatizou
que não há existência sem comunicação e diálogo; que os objetos não existem sem
a interação. Para ele as palavras, Eu-Tu (relação) e Eu-Isso (experiência),
demonstram as duas dimensões da filosofia do diálogo que abarcam a existência.
Buber defendia que o homem possui a capacidade de inter-relacionamento com seu
semelhante, ou seja, a inter-subjetividade (relação entre sujeito e sujeito
e/ou sujeito e objeto). O relacionamento, segundo o filósofo, acontece entre o
“Eu” e o “Tu”, e denomina-se relacionamento “Eu-Tu”. A inter-relação advinda daí envolve o diálogo; o encontro e
a responsabilidade entre dois sujeitos e/ou a relação que existe entre o
sujeito e o objeto. Inter-subjetividade, é umas das áreas que envolve a vida do
homem e, por isso, precisa ser refletida e analisada pela filosofia, em
especial pela Antropologia Filosófica.) Pesquisa: Wikipédia (Enciclopédia Livre)
18. Buber deu uma auto-resposta:
“Sim, a palavra “Deus” é o substantivo
mais carregado de todas as palavras humanas. Nenhuma foi tão manchada e tão
dilacerada como ela. É é exatamente por isso que eu não renuncio ao seu uso. As
pessoas têm jogado o peso de suas vidas ansiosas sobre a palavra “Deus”. Agindo
assim, acabaram vulgarizando a mesma. Hoje a palavra “Deus” encontra-se na
poeira e lá, ela carrega todas as “cargas” da humanidade. Os homens e a
mulheres usaram seus “Partidos Religiosos” para “dilacerarem” a palavra “Deus”.
Agindo assim, mataram “Deus” e, por causa disso, também morreram. A palavra
vilipendiada “Deus” traz as marcas de todas as impressões digitais da
humanidade; ela está manchada com seu sangue. Mas pensem bem! Onde é que eu
posso encontrar uma palavra que se assemelhe à palavra “Deus” que designe o que
é “Mais Alto”! Se eu tomar a palavra mais “pura”; mais rica dos “tesouros”
guardados em bibliotecas; mais bem guardada pelos filósofos, ainda assim eu só
poderia expressar algo mentalmente evasivo e pobre sobre “Deus”. Esta nova
palavra não teria a mínima capacidade de retratar “Àquele” que as pessoas, de um modo geral, rebaixaram ao nível do pó.
Sim, podemos usar a palavra “Deus”. Não
temos a capacidade de limpá-la. Nós também não temos a capacidade de colocá-la
no lugar que ela merece, mas nós podemos, isso sim, levantá-la do chão, tal
como lá se encontra e, junto, meditarmos nela durante uma hora”.
19. Sim, esta história
do “princípio” (descrita em Gênesis)
e da “qualidade da vida” nos
fortalece a crença de que há um sentido para nós na Criação de Deus. De repente
também nós vamos ter problemas com as nossas “concepções antropomórficas” (antropomorfo = Que,
pela forma, se assemelha ao homem) de
Deus. Os autores dos textos bíblicos também tiveram que “trabalhar” com problemas desse nível. Eis aí um dos mistérios que,
em última análise, também nos alcança. O verdadeiro Deus Criador não é apenas
um Deus ao qual podemos nos achegar, mas um Deus que vem ao nosso encontro; que
entabula uma relação conosco. O filósofo Martin Buber chamou a “qualidade dialógica” desse Deus como
sendo um encontro cara-a-cara de Deus-Comigo; Deus Conosco.
20. Devemos nos calar? Devemos ficar mudos diante de Deus e não dizermos absolutamente nada ao Criador que falou a Palavra Original; que oportunizou o Diálogo com a Sua Criação; que se tornou acessível à Sua Criação – acontecesse o que acontecesse? Podemos nos dirigir a Deus com a segunda pessoa do singular “Tu”. Podemos dialogar criativamente com Deus. Afirmo isto porque parto do pressuposto que esta “qualidade dialógica” já está implantada em nós. Como? Ora, respondam-se a si mesmos: O que é que chama a atenção neste texto? Onde é que vocês ficamos “presos” por causa das “algemas do espanto” ou por causa de “questões” que, interiormente, “mexeram” conosco? Onde é que tivemosliberdade para dizer “amém” para algum dos aspectos da beleza da Criação de Deus? Onde foi que a nossa alma sorriu, enquanto estávamos vendo aspectos do referido texto? Onde foi que o nosso rosto se enrugou por causa de perguntas que ficaram sem respostas? Qual o assunto que mais gostaríamos de abordar aqui e agora?
20. Devemos nos calar? Devemos ficar mudos diante de Deus e não dizermos absolutamente nada ao Criador que falou a Palavra Original; que oportunizou o Diálogo com a Sua Criação; que se tornou acessível à Sua Criação – acontecesse o que acontecesse? Podemos nos dirigir a Deus com a segunda pessoa do singular “Tu”. Podemos dialogar criativamente com Deus. Afirmo isto porque parto do pressuposto que esta “qualidade dialógica” já está implantada em nós. Como? Ora, respondam-se a si mesmos: O que é que chama a atenção neste texto? Onde é que vocês ficamos “presos” por causa das “algemas do espanto” ou por causa de “questões” que, interiormente, “mexeram” conosco? Onde é que tivemosliberdade para dizer “amém” para algum dos aspectos da beleza da Criação de Deus? Onde foi que a nossa alma sorriu, enquanto estávamos vendo aspectos do referido texto? Onde foi que o nosso rosto se enrugou por causa de perguntas que ficaram sem respostas? Qual o assunto que mais gostaríamos de abordar aqui e agora?
21. A resposta
silenciosa de vocês pode estar indicando que estamos dentro do “Diálogo Original” com Deus. Porque isso
está sendo verdade? Ora, porque estamos tomando do nosso tempo para nos
aprofundarmos neste assunto. Enfim, porque estamos aproveitando a oportunidade
de nos “apoderarmos” da Bênção desta
descoberta a respeito da Criação. Certamente podemos fazer alguma coisa para
bem usar os conteúdos até aqui apreendidos. Não estaríamos participando
desse “Momento” se não tivéssemos tido
um mínimo de esperança “latejando” em
nós. Viemos até aqui para buscar “alimento”
que mantenha nossa fé – força que todos nós necessitamos. Ninguém de nós
estaria aqui se, no passado, algumas pessoas das nossas relações já não tivessem
tido estas mesmas necessidades que estamos tendo. Nós simplesmente necessitamos
dessas “horas tranquilas” para
podermos descobrir; entender; levarmos a sério a grandeza da Criação de Deus. É
por isso que não assumimos outro compromisso nesta hora. Como é que poderíamos
ter feito estas descobertas se não fosse esse momento vivido?
22. A paz e a bênção do sétimo dia da Criação se celebram na Ressurreição de Jesus Cristo. Para nós o “domingo” é sempre o “sábado da Bíblia” (sétimo dia) e, ao mesmo tempo, o primeiro dia da Criação no seu todo. Assim, estamos conscientes de que Deus não só completou a Criação (toda a Sua obra) no sétimo dia, mas continua completando, dia após dia, hoje e no futuro.
22. A paz e a bênção do sétimo dia da Criação se celebram na Ressurreição de Jesus Cristo. Para nós o “domingo” é sempre o “sábado da Bíblia” (sétimo dia) e, ao mesmo tempo, o primeiro dia da Criação no seu todo. Assim, estamos conscientes de que Deus não só completou a Criação (toda a Sua obra) no sétimo dia, mas continua completando, dia após dia, hoje e no futuro.
Gênesis 2.3b-17
Gente querida! Estamos tratando de um texto marcado pela poesia e que,
portanto, não tem absolutamente nada a ver com História... Daria para se dizer
que este texto de Gênesis 2.3b-17 brota de dentro do “Mundo dos Sonhos”, não do
mundo em que vivemos aqui no chão.
23. O “paraíso” é um jardim repleto de doces frutos. Ele se localiza ao leste do mundo. É dele que partem os quatro pontos cardeais do mundo – ele está no centro do mundo. Dele sai a água que agoa a terra; o globo terrestre. Ele é um “oásis” gerador de vida no meio de um deserto. Esse “jardim”, doce e fértil, é chamado de Éden. Ele, o “paraíso”, se encontra fechado; bloqueado; proibido para as pessoas. Elas, no entanto, têm o desejo desenfreado de retornar ao mesmo; de retornar às suas origens; de voltar à inocência para continuar “sonhando”...
23. O “paraíso” é um jardim repleto de doces frutos. Ele se localiza ao leste do mundo. É dele que partem os quatro pontos cardeais do mundo – ele está no centro do mundo. Dele sai a água que agoa a terra; o globo terrestre. Ele é um “oásis” gerador de vida no meio de um deserto. Esse “jardim”, doce e fértil, é chamado de Éden. Ele, o “paraíso”, se encontra fechado; bloqueado; proibido para as pessoas. Elas, no entanto, têm o desejo desenfreado de retornar ao mesmo; de retornar às suas origens; de voltar à inocência para continuar “sonhando”...
24. Vocês conhecem esta
história que acabamos de ler em Gênesis 2.3b-17. Ela se reporta aos “começos” da vida; ao “paraíso”. Todo mundo conhece esta
história como a “História do Paraíso”.
Notem que a palavra “paraíso” nem
consta no texto em questão. Este lugar é denominado de “Éden” que, traduzido, quer dizer “Felicidade”. Para nós, leitores da Bíblia, é interessante esta
leitura. Na Bíblia, quase sempre, só se fala de “estepes” e de “deserto”.
Aqui se está falando de “felicidade”;
de “paraíso”; de “oasis”. No Antigo Israel as pessoas
estavam acostumadas a lutar com a natureza em busca da “água vivificante”. Hoje em dia não existe nada de muito diferente
naquelas paragens. Os profetas modernos dizem que não vai demorar muito e os
israelitas vão iniciar mais uma guerra com os países vizinhos com o objetivo da
obtenção de água. Por incrível que pareça, nós estamos rodeados de água aqui no
Brasil. Nos últimos meses até tivemos que conviver com a força das mesmas. No
Oriente Médio é diferente. Lá o calor é impiedoso, se luta pela sobrevivência,
buscando-se; desgastando-se na busca de água.
25. A História nos relata que o “paraíso” é terra fértil; que dentro dele existe uma “fonte” que não deixa faltar água. Esta fonte se subdivide em “quatro fontes” menores, das quais temos conhecimento de duas: o rio Eufrates e o rio Tigre. O “paraíso”, como foi imaginado pelos antigos, tinha o seu lugar geográfico aqui neste mundo. Não se tratava de um “sonho”, mas considerava-se-o como algo muito real. Cria-se que Deus o tinha criado dentro do “caos”. “No início Deus criou o céu e a terra e a terra era sem forma e vazia” – diz a Bíblia. No Hebraico Antigo se dizia que esta terra era “toho” e “waboo”. A palavra hebraica moderna é “Tohowaboo” e significa que “em meio a um mundo desordenado” nasce a “ordem”; que a “mão reguladora” de Deus organiza as “coisas”, a partir de Sua Palavra; que Deus cria “ordem” neste “Tohowaboo”. É aí então que o “caos” se transforma em “paraíso”.
26. O “paraíso” é uma palavra que remete à saudade; ao sonho do céu na terra; ao sonho do “País das Maravilhas” onde os “pedaços de frango frito voam para dentro da nossa boca”; onde sempre se pode explicitar “três desejos”... Fixamos nossos pensamento nele; no misterioso “Jardim do Éden”; no “Paraíso” intocado, inocente e vigiado. Nele está o refúgio para a alma assustada. Ele é o “bálsamo” para o coração ferido. Eu já escrevi no início que esta história não deve ser vista como sendo “histórica”, mas como “poesia”. Sim, a história do “paraíso” é um mito. Ela brota das profundezas da experiência humana. Cada povo conta esta mesma história, sempre com alguma diferença de conteúdo (mesmo sem conhecer a Bíblia). Carl Gustav Jung (Psiquiatra suíço e fundador da Psicologia Analítica, também conhecida como Psicologia Junguiana), famoso discípulo de Sigmund Freud (médico neurologista, judeu austríaco, fundador da Psicanálise) diria que, neste texto, se percebe o “arquétipo” de uma informação firmemente ancorada em diferentes culturas como imagem na imaginação humana.
25. A História nos relata que o “paraíso” é terra fértil; que dentro dele existe uma “fonte” que não deixa faltar água. Esta fonte se subdivide em “quatro fontes” menores, das quais temos conhecimento de duas: o rio Eufrates e o rio Tigre. O “paraíso”, como foi imaginado pelos antigos, tinha o seu lugar geográfico aqui neste mundo. Não se tratava de um “sonho”, mas considerava-se-o como algo muito real. Cria-se que Deus o tinha criado dentro do “caos”. “No início Deus criou o céu e a terra e a terra era sem forma e vazia” – diz a Bíblia. No Hebraico Antigo se dizia que esta terra era “toho” e “waboo”. A palavra hebraica moderna é “Tohowaboo” e significa que “em meio a um mundo desordenado” nasce a “ordem”; que a “mão reguladora” de Deus organiza as “coisas”, a partir de Sua Palavra; que Deus cria “ordem” neste “Tohowaboo”. É aí então que o “caos” se transforma em “paraíso”.
26. O “paraíso” é uma palavra que remete à saudade; ao sonho do céu na terra; ao sonho do “País das Maravilhas” onde os “pedaços de frango frito voam para dentro da nossa boca”; onde sempre se pode explicitar “três desejos”... Fixamos nossos pensamento nele; no misterioso “Jardim do Éden”; no “Paraíso” intocado, inocente e vigiado. Nele está o refúgio para a alma assustada. Ele é o “bálsamo” para o coração ferido. Eu já escrevi no início que esta história não deve ser vista como sendo “histórica”, mas como “poesia”. Sim, a história do “paraíso” é um mito. Ela brota das profundezas da experiência humana. Cada povo conta esta mesma história, sempre com alguma diferença de conteúdo (mesmo sem conhecer a Bíblia). Carl Gustav Jung (Psiquiatra suíço e fundador da Psicologia Analítica, também conhecida como Psicologia Junguiana), famoso discípulo de Sigmund Freud (médico neurologista, judeu austríaco, fundador da Psicanálise) diria que, neste texto, se percebe o “arquétipo” de uma informação firmemente ancorada em diferentes culturas como imagem na imaginação humana.
27. Os povos sempre precisam saber; ter uma ideia, quanto
mais clara possível, de como tudo começou; de como foram as suas origens. Daí
que, mesmo sem o “conhecimento científico”
de como começou o mundo; mesmo sem saber “dados”
e “fatos” se conta esta história que,
na realidade, não aconteceu. Mas é
importante saber sobre o “início de tudo”.
Mais importante ainda é saber que o “início”
foi bom...
28. O “mito” amarra o início da história humana
na “sabedoria” de Deus. O “mito” tenta explicar que mesmo as
pessoas sendo vertebradas, tal como os macacos e os burros; que mesmo que o ser
humano tenha uma certa “afinidade
genealógica” com as aves e os peixes; que mesmo que cada animal (do camelo
à serpente) tenha o seu “caráter
específico” e que, este, aqui e ali, se pareça com o caráter da mulher e do
homem, foi Deus quem o criou a partir da Sua “sabedoria”. Nada aconteceu casualmente e absolutamente nada está
errado na História, mas toda existência foi criada por Deus, assim como ela se
apresenta (tanto a espécie humana como cada indivíduo). Os “mitos” são narrativas que fazem
transparecer a realidade da nossa existência; que nos abrem os olhos para a
verdade que se encontra por trás da realidade dos fatos que vivenciamos. É por
isso que eles, os “mitos”, são tão importantes.
29. Os “mitos” nos dão uma idéia de Deus e de suas ações. Eles são as descrições daquilo que é indiscritível. Eles contam uma verdade. Esta é a sua função mais profunda. Houve tempos em que não se levava os “mitos” tão a sério. Isso foi um erro. Hoje sabemos que simplesmente precisamos dessas histórias antigas, enquanto buscamos; pesquisamos a verdade. Os “mitos” podem nos ajudar a descobrir a verdade. Nós não estamos buscando a “verdade” que os cientistas modernos buscam; que os filósofos perseguem. A “verdade” que buscamos só pode nos dar uma “idéia”; uma “luz”; sugerir uma pequena resposta e, mesmo assim, depois disso, nos sobrevirão mais e mais perguntas... Essa “verdade” que buscamos é uma “verdade” alicerçada em “terrenos movediços”. Observem que esse “mito” aponta para uma “realidade”: o “paraíso”.
30. A história do “paraíso” se mistura com o “início” e a “origem” das pessoas, tal como a “criação” se mistura com a sabedoria de Deus. A fé sabe essas coisas e “encastela” esse saber no coração. É dali que brota a esperança e a confiança nas perspectivas da vida. O que nos rodeia; onde vivemos e respiramos; de onde viemos e porque estamos aqui; isto tudo é oriundo da “sabedoria” de Deus: Ele quis isso; Ele fez isso e é por isso que Ele nos rodeia com Seus cuidados; nos oportuniza Sua paz e isso, desde o começo.
29. Os “mitos” nos dão uma idéia de Deus e de suas ações. Eles são as descrições daquilo que é indiscritível. Eles contam uma verdade. Esta é a sua função mais profunda. Houve tempos em que não se levava os “mitos” tão a sério. Isso foi um erro. Hoje sabemos que simplesmente precisamos dessas histórias antigas, enquanto buscamos; pesquisamos a verdade. Os “mitos” podem nos ajudar a descobrir a verdade. Nós não estamos buscando a “verdade” que os cientistas modernos buscam; que os filósofos perseguem. A “verdade” que buscamos só pode nos dar uma “idéia”; uma “luz”; sugerir uma pequena resposta e, mesmo assim, depois disso, nos sobrevirão mais e mais perguntas... Essa “verdade” que buscamos é uma “verdade” alicerçada em “terrenos movediços”. Observem que esse “mito” aponta para uma “realidade”: o “paraíso”.
30. A história do “paraíso” se mistura com o “início” e a “origem” das pessoas, tal como a “criação” se mistura com a sabedoria de Deus. A fé sabe essas coisas e “encastela” esse saber no coração. É dali que brota a esperança e a confiança nas perspectivas da vida. O que nos rodeia; onde vivemos e respiramos; de onde viemos e porque estamos aqui; isto tudo é oriundo da “sabedoria” de Deus: Ele quis isso; Ele fez isso e é por isso que Ele nos rodeia com Seus cuidados; nos oportuniza Sua paz e isso, desde o começo.
31. É por isso que esta
história a respeito do “paraíso” nos
é contada. Ela é uma história que visa nos promover conforto. Somos criaturas
de Deus e não um produto do acaso. Essa realidade nos dá um lugar. Nós não
estamos “pendurados” por aí, entre o
céu e a terra; não fomos criados em algum espaço dentro do infinito do
Universo; não somos criaturas sem teto que “viajamos”
como um cometa e depois nos extinguimos. Não, desde a nossa origem somos
abrigados no “paraíso”, um lugar de
paz; de abundância e de conservação. Essa é a boa lembrança que esta história
evoca em nós.
32. Nós sempre
entendemos que esta segunda “História da
Criação” era o “Segundo Relato da
Criação” ou seja: que este “relato”
estava colocado depois do primeiro. Isso não é bem assim. Esta segunda
narrativa da Criação está ligada à primeira. Há diferenças, sem dúvida.
Diferenças que são derivadas de diferentes objetivos de quem as contou. Abro um
parêntes: De repente, até na Igreja, se encontrem pessoas que estejam
interessadas neste assunto. Essam pessoas criam um espaço para tratar deste
assunto.
33. Aqui, bem aqui nesta
história antiquíssima a respeito do “paraíso”,
o “homem” está no início da Criação.
O “restante” da Criação vai sendo
construido ao seu redor. Neste segundo texto que estamos estudando, o homem é a
primeira “obra” da Criação. Nele,
Deus sopra do Seu fôlego nas narinas do homem. O “restante” é feito por Deus sem muita “proximidade”. O homem é “enchido”
com vida pelo sopro de Deus. Esta “respiração”
de Deus não se assemalha ao ar que enche nossos pulmões. No momento da Criação
do homem Deus dá; Deus doa; Deus reparte
algo de si para a Sua criatura. É assim que a alma do homem é formada.
Uma parte da sabedoria de Deus; uma parte da Sua vontade de se comunicar; uma
parte do Seu amor; uma parte da Sua graça passam a fazer parte do homem criado.
Quer dizer, tu e eu carregamos uma espécie de “sinal” de Deus em nós. Noutras palavras: Deus vive em nós. Em
muitas pessoas Ele está tirando uma “soneca”...
Nós podemos despertá-lo. Nós podemos reagir ao presente da Sua presença em nós.
34. Quando me recordo do dia 11 de setembro de 2001, me paro a refletir no que se sucedeu depois. Na Alemanha as Igrejas encheram-se de pessoas que oravam e cantavam; que ouviam a Palavra da “sabedoria” de Deus. Aquelas atitudes não eram impulsivas. Era o “sopro de Deus”, que acordava gentes naquele momento de necessidade; de dor. Era o sopro do Todo-Poderoso que, naqueles dias, aproximava as pessoas para lhes acalmar as almas; para lhes oportunizar a “livre respiração”, entremeio às restrições da vida cotidiana. Digo isto com os sentimentos não adormecidos: Na verdade tragédias não são boas para se descobrir Deus e a vida eterna. Infelizmente é isso o que acontece com muitos. Crises levam a Deus, mas quando a memória da crise se desvanece, daí então a lembrança de Deus desaparece. Que pena!
35. Quando a lembrança de Deus é esquecida, daí então o sopro de Deus se mistura; se mascara com a respiração dos nossos pulmões. Deus queria que o “paraíso” começasse a valer nestas pessoas, mas não deu certo. Não precisamos vivenciar Deus somente a partir de uma tragédia; Não precisamos vivenciar situações limítrofes para “experimentar” o sopro de Deus em nossa vida. Também podemos nos encontrar com Deus num encontro com amigos. O fato é que: O que vem de Deus, não pode vir a ser perdido. Nós carregamos o sopro de Deus dentro de nós e, porque isso é verdade, temos um pouco de “divindade” em nós. Nós sentimos que a nossa fé; que a nossa esperança e que o nosso amor têm a marca da respiração de Deus.
36. “Paraíso” – meu olhar está ansioso para o “início de tudo”. Lá tudo é fecundo. Lá a simpatia está presente. Lá Deus é Deus e o homem é homem. Ele traz em si o sopro divino para viver a vontade divina; para sentir a inocência sonhadora. No “jardim” que, por curto tempo, ainda é denominado de “Eden” o homem quis andar só; se irritou com a “canga” e isso o fez sair dali para encontrar seus próprios caminhos; para crescer em liberdade; para se relacionar com e errar pela impaciência.
37. O “paraíso” não existe mais. Aprendemos isso todos os dias, de muitas maneiras. Certamente há, aqui e ali, em nossas vidas, momentos celestiais: quando um sonho se torna realidade; quando a paz vem nos visitar; quando não sentimos medo e não somos oprimidos por pressentimentos; quando somos “encharcados” de amor. Nestes momentos experimentamos o que é celeste. Sim, há momentos que são celestiais. Mas sabemos que não se trata do “paraíso”. Não há caminho que leve de volta ao “paraíso”.
38. Certamente a nossa perspectiva está determinado pela visão de “um novo céu e de nova terra”, a Nova Jerusalém, descrita no final da Bíblia, no Livro do Apocalipse. Nesse dia, o que agora nos oprime, não contará mais com a mínima força. Tal como a narrativa sobre o “paraíso” descreve nossa origem, assim também a descrição da Nova Jerusalém nos descreve o nosso fim. A Casa de Deus está aberta para os homens. Deus vem habitar nesta casa junto com os homens e eles serão o Seu povo e Ele será o seu Deus.
34. Quando me recordo do dia 11 de setembro de 2001, me paro a refletir no que se sucedeu depois. Na Alemanha as Igrejas encheram-se de pessoas que oravam e cantavam; que ouviam a Palavra da “sabedoria” de Deus. Aquelas atitudes não eram impulsivas. Era o “sopro de Deus”, que acordava gentes naquele momento de necessidade; de dor. Era o sopro do Todo-Poderoso que, naqueles dias, aproximava as pessoas para lhes acalmar as almas; para lhes oportunizar a “livre respiração”, entremeio às restrições da vida cotidiana. Digo isto com os sentimentos não adormecidos: Na verdade tragédias não são boas para se descobrir Deus e a vida eterna. Infelizmente é isso o que acontece com muitos. Crises levam a Deus, mas quando a memória da crise se desvanece, daí então a lembrança de Deus desaparece. Que pena!
35. Quando a lembrança de Deus é esquecida, daí então o sopro de Deus se mistura; se mascara com a respiração dos nossos pulmões. Deus queria que o “paraíso” começasse a valer nestas pessoas, mas não deu certo. Não precisamos vivenciar Deus somente a partir de uma tragédia; Não precisamos vivenciar situações limítrofes para “experimentar” o sopro de Deus em nossa vida. Também podemos nos encontrar com Deus num encontro com amigos. O fato é que: O que vem de Deus, não pode vir a ser perdido. Nós carregamos o sopro de Deus dentro de nós e, porque isso é verdade, temos um pouco de “divindade” em nós. Nós sentimos que a nossa fé; que a nossa esperança e que o nosso amor têm a marca da respiração de Deus.
36. “Paraíso” – meu olhar está ansioso para o “início de tudo”. Lá tudo é fecundo. Lá a simpatia está presente. Lá Deus é Deus e o homem é homem. Ele traz em si o sopro divino para viver a vontade divina; para sentir a inocência sonhadora. No “jardim” que, por curto tempo, ainda é denominado de “Eden” o homem quis andar só; se irritou com a “canga” e isso o fez sair dali para encontrar seus próprios caminhos; para crescer em liberdade; para se relacionar com e errar pela impaciência.
37. O “paraíso” não existe mais. Aprendemos isso todos os dias, de muitas maneiras. Certamente há, aqui e ali, em nossas vidas, momentos celestiais: quando um sonho se torna realidade; quando a paz vem nos visitar; quando não sentimos medo e não somos oprimidos por pressentimentos; quando somos “encharcados” de amor. Nestes momentos experimentamos o que é celeste. Sim, há momentos que são celestiais. Mas sabemos que não se trata do “paraíso”. Não há caminho que leve de volta ao “paraíso”.
38. Certamente a nossa perspectiva está determinado pela visão de “um novo céu e de nova terra”, a Nova Jerusalém, descrita no final da Bíblia, no Livro do Apocalipse. Nesse dia, o que agora nos oprime, não contará mais com a mínima força. Tal como a narrativa sobre o “paraíso” descreve nossa origem, assim também a descrição da Nova Jerusalém nos descreve o nosso fim. A Casa de Deus está aberta para os homens. Deus vem habitar nesta casa junto com os homens e eles serão o Seu povo e Ele será o seu Deus.
Gênesis 2.18-24
39.
Mulheres e homens exercem atração uns pelos outros. Não é preciso fazer grandes
estudos para constatá-lo. O desejo último dessa atração é conviver, é viver em
conjunto, é partilhar a vida solidariamente. O fato de que o número de
separações de casais cresce assustadoramente, não muda nada nisso. Também
pessoas separadas buscam uma nova chance para reconstruir a vida em
companheirismo e partilha. E o espaço privilegiado desse conviver e partilhar é
o matrimônio. Sabemos que também o matrimônio é marcado pelas características
muito humanas do casal, mas nem por isso deixa de ser espaço privilegiado de
vida com sentido, com amor partilhado, com solidariedade radical. É uma pena
que se fala pouco dos milhões e milhões de casais que caminham, desfrutam e
partilham a vida juntos até a velhice. Casais que vão bem não rendem notícia e
nem vendem jornal, e nas novelas aparecem, quando muito, à margem da trama
central. Mas, mulheres e homens se encontram e se relacionam também na
sociedade, no trabalho, na rua e nas igrejas, sem necessariamente assumirem
compromisso último uns pelos outros. Também esse relacionamento pode ser prazeroso,
construtivo, solidário, bonito simplesmente.
40.
O nome “Adão” não é apenas o nome do
primeiro homem. Na Língua Hebraica significa “ser humano”. Vai daí que, muitas vezes, o que é “dito” sobre Adão no Antigo Testamento
também vale tanto para os homens como para as mulheres. Esta história
antiquíssima é emocionante. Adão vive solitário. Deus é sensível e percebe sua
solidão. Essa percepção não é boa. É preciso fazer alguma coisa. Claro, Adão
precisa de companhia mais seleta. Sim, Deus percebe que nenhum dos animais
criados por Ele tem a “capacidade” de
ser “parceria igual” para Adão.
Assim, Deus permite que Adão mergulhe num sono profundo. Enquanto Ele dorme,
Deus lhe retira uma costela e dela cria a “Eva”.
Adão se entusiasma com ela porque descobre que são “parceiros”. Aqui neste relato da História da Criação aparece, pela
primeira vez, o sentido do matrimônio na Bíblia: O CASAMENTO É UMA BOA “FERRAMENTA” QUE, ENTRE OUTROS “BENEFÍCIOS”, AJUDA A “DESBANCAR” A SOLIDÃO QUE O SER HUMANO
SENTE; EXPERIMENTA.
41.
Não é novidade, porém, que esse relacionamento muitas vezes é complicado. A
História da Humanidade e a História das Igrejas nos ensinam que uma dessas
dificuldades reside no fato de existirem discriminações de gênero;
discriminações entre homens e mulheres, via de regra, de homens em relação às
mulheres. Temos que admitir e confessar que teólogos e Igrejas inteiras
contribuíram e ainda contribuem para que isso seja assim. A mulher, segundo
essa Teologia, é inferior ao homem. E há passagens bíblicas que até podem ser
lidas nesta linha. Mas olhando o todo da mensagem bíblica, se evidencia uma
imagem bem diferente. Observemos com cuidado as primeiras páginas da Bíblia que
tratam desse assunto.
42.
Adão dorme e Deus age. O mesmo Deus que criou tudo o que existe e que viu que
sua Criação era boa age. Adão, antes disso, se limitara a estar no “paraíso”. Até ganhou a tarefa de dar
nome aos animais. Mas foi o próprio Deus que constatou não ser bom ao homem
estar só! Por isso Ele criou a mulher “uma
ajudadora que fosse como a sua outra metade” ou, na versão mais antiga, “uma auxiliadora que lhe fosse idônea”.
Para dizê-lo logo: Em nenhuma das duas traduções está escrito que Deus fez uma
empregada; uma faxineira; uma diarista honesta e pontual! Aliás, em nenhuma
tradução séria, em qualquer idioma, se poderá ler isso. Muito pelo contrário:
Deus cria alguém sem o qual o próprio Adão é só parte. Pobre Adão se Deus não
lhe viesse em socorro: Deus vê a sua solidão e lhe cria uma companheira. Como
se isso não bastasse, é Deus quem apresenta a mulher a Adão. Imagino que Adão
estava estupefato, quem sabe ficou vidrado naquela pessoa que Deus lhe
apresenta: “Agora sim! Esta é carne da
minha carne e osso dos meus ossos. Ela será chamada ‘mulher' porque Deus a
criou do homem” (v.23).
43.
É uma pena que no Português as palavras para designar homem e mulher sejam tão
diferentes, a ponto de a gente nem entender muito bem a lógica de Adão. Isso
tem a ver com a própria língua. No Hebraico a palavrinha para designar mulher e
homem tem a mesma raiz. O feminino tem apenas uma letrinha a mais. Daí a lógica
na exclamação de Adão. A dificuldade que existe no Português, existe também no
Alemão. Lutero tentou solucionar o problema criando uma palavra. Homem é “Mann” e ele fez o feminino “Männin”. Na verdade, o feminino de “Mann” é “Frau”. A sugestão de Lutero não vingou! Sabe-se lá quanto estas
palavras tão diferentes contribuíram para uma infinidade de absurdos na
interpretação do nosso texto. Mulher e homem, homem e mulher são semelhantes,
dos mesmos ossos, da mesma carne - esta é a mensagem que o texto deseja
transmitir.
44.
Não que se ignorem também as diferenças, mas estas não são hierárquicas! Por
causa delas um não é melhor do que o outro. Mulher e homem têm papéis diferentes
já na procriação, têm aptidões diferentes, têm dons diferentes, assim como,
aliás, os seres humanos em geral, sem distinção de gênero, têm dons diferentes.
O mundo que temos em boa parte é fruto da multiplicidade de dons. Ninguém pode
ignorar os benefícios de descobertas, avanços e desenvolvimento em todas as
áreas da vida. Vivemos e desfrutamos esta realidade. Mas seria cegueira e
pecado ignorar que o mau uso de capacidades e dons do mesmo ser humano está
pondo em risco toda a existência do planeta e da vida. No entanto, não se podem
atribuir méritos ou culpa diferenciada aos homens ou às mulheres só por serem
de sexo diferente.
45.
Mas é justamente isso que aconteceu, sob inúmeras, formas na História da
Humanidade. E a História da Igreja, em particular, está marcada por isso. Houve
e há momentos em que a Teologia afirma que a mulher é a grande culpada da perda
do “paraíso”. Diz-se que ela se deixa
“levar na conversa”. Omite-se o fato
de que Adão também se deixou “levar na
conversa”! A partir daí toda a sexualidade - centrada na mulher - passou a
ser encarada como pecado. Num momento obscuro da História da Igreja, mulheres -
sempre as mulheres - foram queimadas por serem entendidas como bruxas. A
criação de irmandades e conventos, sem dúvida tinha sua motivação na fé, mas
carregava também o objetivo da pureza e da virgindade, enquanto que os
mosteiros masculinos - com toda a sua seriedade de fé - eram uma forma de fugir
da “tentação da carne”. Na raiz do
celibato cristão está também a suposta pecaminosidade do sexo. Lutero, dando
destaque aos dons que Deus dá e casando-se com a ex-freira Catarina, deu um
passo decisivo em direção do entendimento de homens e mulheres como parceiros.
Isso não foi simplesmente sua descoberta, mas é resultado de muita leitura bíblica.
Não lhe poderia passar despercebido que Jesus tomava mulheres e homens a sério
como criaturas de Deus por Ele amadas, tanto que, mais de uma vez, entrou em
choque com a sociedade de sua época pelo jeito dela se relacionar com as
mulheres. É claro que, por vezes, o apóstolo Paulo também se mostra por demais
como um filho do seu tempo!
46.
Será que nós, gerações modernas e pós-modernas aprendemos a lição? Ainda não. O
movimento feminista, entre outros, logrou abrir espaços e pôr em nossas cabeças
outras perspectivas. Poderíamos dizer que em boa parte das mulheres e dos
homens assumem funções de liderança lado a lado. Poderíamos invocar o fato de
que em diversos países as governantes são mulheres. Isso, porém, não nos
deveria levar à falsa conclusão de que já compreendemos Gênesis 2. Quantas
Igrejas, por exemplo, não admitem o Ministério Feminino? É fato notório que, em
geral, os salários das mulheres, em funções idênticas às de homens, são
menores. Nas famílias continua a realidade de que as mulheres fazem dupla e
tripla jornada, porque a elas estão afeitas “as lides da casa e o cuidado com os filhos”. A violência contra a
mulher nos lares fez com que, não só no Brasil, surgissem Delegacias Especiais
para atender mulheres que sofrem violência em casa de parte de marido ou
companheiro.
47.
Será que tudo está perdido? Não, não mesmo. Já foram alcançadas muitas coisas.
Também já cresceu o reconhecimento de que mulheres e homens podem viver;
partilhar e compartilhar a vida na família, no trabalho e na sociedade. E não
deixa de ser imensurável a bênção que casais e famílias vivem por terem
aprendido a riqueza da diversidade de dons, de sexo, do conviver e repartir dos
diferentes dons. O mesmo se pode dizer de ambientes de trabalho onde impera
companheirismo autêntico. Continuamos tendo tarefas. A pós-modernidade por si
só não nos tornou mais humanos, compreensivos, solidários. Para isso teremos
que sentar continuamente na escola da Sagrada Escritura e ouvir as vozes de
tantas testemunhas que perceberam a grandeza da criação como um todo, um
conjunto, uma convivência e uma partilha. O amor indiscriminado de Jesus pelo
ser humano como tal precisa inquietar-nos e colocar-nos no caminho bom para os
seres humanos, para as criaturas, para o mundo. E um desses caminhos bons pelo
qual devemos agradecer é termos nascido mulheres e homens dos mesmos ossos, da
mesma carne.
Gênesis 3.1-24
48. O texto de Gênesis
3.1-24 é muito conhecido. Esse fato oportunizou e sempre de novo oportuniza
muitas informações a seu respeito. Informações que, na maioria das vezes, não
tem muito compromisso com a verdade expressada. A história que acabamos de ler
pode ser resumida em cinco frases. Em cada uma destas frases eu insiro cinco “palavras chaves” que nos acostumamos a
ouvir, quando este texto é enfocado. Notem que nenhuma destas “palavras” pertencem à referida narrativa
Vamos lá:
49. Adão e Eva vivem no paraíso.
O diabo aparece à Eva travestido de serpente. Ele seduz Eva a comer a maçã
proibida que, ato contínuo, ela mesmo também oferece a Adão. Este pecado,
foi o estopim que levou Deus a expulsar o casal do Jardim do Éden; promove dor
e dificuldades, tanto a eles como aos seus descendentes e isso, até os dias de
hoje.
49.1. Trata-se
do pecado original. Eu já
dissolvi esse “quebra-cabeças” quando
sublinhei as tais “palavras chaves”
no parágrafo anterior. As cinco palavras são “paraíso”; “diabo”; “maçã”; “pecado” e “pecado original”.
A palavra “paraíso” é sinônimo tardio
para “Jardim do Éden”. O texto que
estamos estudando não fala em “maçã”.
A palavra “pecado” é um substantivo
que se usa para nominar a “desobediência
a Deus”. Esta palavra também não ocorre no texto original. Um pouco
complicada de ser entendida é a palavra “pecado
original” (Não querer que Deus seja Deus) que, diga-se de passagem, já vem
sendo usada pela Igreja desde antes da Reforma.
50. Muito, mas muito errado é a tentativa “linkar”, juntar, aparentar a “serpente” com o “diabo”. É compreensível que em 950 a.C. as pessoas se sentissem bem mais desconfortáveis diante de serpentes do que nós, hoje, no século 21. O autor de Gênesis 3.1-24 captou o fato que, naquelas épocas, as picadas desse réptil matavam bem mais gente do que hoje. O papel de representar o “diabo” como uma “serpente” vem do Novo Testamento. Aqui no texto com o qual nos envolvemos, a “serpente” desempenha um papel secundário, nada mais do que isso.
50. Muito, mas muito errado é a tentativa “linkar”, juntar, aparentar a “serpente” com o “diabo”. É compreensível que em 950 a.C. as pessoas se sentissem bem mais desconfortáveis diante de serpentes do que nós, hoje, no século 21. O autor de Gênesis 3.1-24 captou o fato que, naquelas épocas, as picadas desse réptil matavam bem mais gente do que hoje. O papel de representar o “diabo” como uma “serpente” vem do Novo Testamento. Aqui no texto com o qual nos envolvemos, a “serpente” desempenha um papel secundário, nada mais do que isso.
51. O fato é que estamos
envolvidos com uma história do Antigo Testamento. Nos Estados Unidos da América
é muito comum se ouvir de pais que acusam os professores de seus filhos
judicialmente. Por quê? Ora, porque eles insistem em ensinar sobre a “evolução da origem das espécies”
(Charles Darwin), sem dar ênfase à “Criação
Divina” que defende a tese de que Deus criou o mundo e todos os seres
viventes num ato único. Se tomarmos qualquer partido nesta briga, precisaremos
nos aprofundar um pouco mais no assunto. É o que estamos fazendo.
52. No Antigo Testamento
é assim que muitos textos são “montados”.
Esse jeito de escrever também ocorre no Novo Testamento. Alguns textos são
escritos com palavras precisas e até sofisticadas. Um exemplo disso é primeira
“Narrativa da Criação” onde se lê
que, primeiro foi criado todo um contexto; que só depois foi criado o homem.
Outros textos são bem-humorados; profundos e instrutivos. Cito aqui a história
da “Segunda Criação”, onde o ser
humano é criado primeiro e só depois todos os outros seres vivos; onde se fala
da “queda”; de “Noé” e outros textos que culminam com a “Torre de Babel”. Nos cabe distinguir; perceber e entender
(apreender) estes textos.
53. Aquelas pessoas que
leem um texto narrativo como se ele fosse a sequência lógica dos eventos
históricos perdem muito da boa compreensão sobre o assunto com o qual se
envolvem. Aqueles outros que se obrigam a si e ou até são obrigados por outros
a acreditar neste relato como uma verdade literal se desgastam em vão. É
difícil de ajudar a “edificar a fé”
de uma pessoa que entende; que crê estes “assuntos”
de forma “linear”. Estes textos são
muito mais profundos; significativos e úteis do que meros relatos factuais
poderiam ser.
54. Vamos ler em Gênesis 3.1-24 a história da “Primeira Desobediência”. O meu desdafio vai no sentido de que leiamos este texto com ouvidos e mentes abertas... O texto expressa que a “serpente” era a mais astuta de todos os animais. Observem que aqui no texto, ela, a “serpente”, não passa de um animal; de um réptil. Este “réptil” nos dá uma lição de retórica que pode nos ajudar a detectar certos truques que se usam para nos induzir ao erro. O “animal rastejante” tenta seduzir Eva. Ele consegue o seu intento sem propor absolutamente nada; sem desafiar a qualquer ação. Em nenhum momento a “serpente” cita “a árvore do conhecimento” que, em última análise, ela está visando. Sim, a “serpente” induz à mulher até a convencer o homem que vive ao seu lado.
55. Notem que a “serpente” coloca uma palavra na boca de Deus que Deus nem disse: Vocês não devem comer de toda árvore do jardim. Ela, intencionalmente, omite um detalhe. Eva a contradiz, mas ela, a serpente, não se dá por vencida e replica dando a entender que Deus bem poderia ter feito uma proibição desnecessária. Em tese esta idéia já estava fazendo “casa” na cabeça de Eva. Se Deus fez uma proibição desnecessária, então ela e Adão nem precisariam dar atenção a esta proibição. A “serpente” foi mais longe. Agindo assim ela nos oferece mais do que simples retórica. A “serpente” sabe alguma coisa a mais; algum fato que Eva desconhece. Ela fala contra Deus: - É certo que vocês não morrerão. Em outras palavras: - O que Deus disse a vocês não confere! Agora, indiretamente, está sendo perguntado à Eva em quem ela confia mais: Em Deus ou na “serpente”. Todos aqui sabem o desfecho desta história. Eva confia no “réptil” eloquente.
54. Vamos ler em Gênesis 3.1-24 a história da “Primeira Desobediência”. O meu desdafio vai no sentido de que leiamos este texto com ouvidos e mentes abertas... O texto expressa que a “serpente” era a mais astuta de todos os animais. Observem que aqui no texto, ela, a “serpente”, não passa de um animal; de um réptil. Este “réptil” nos dá uma lição de retórica que pode nos ajudar a detectar certos truques que se usam para nos induzir ao erro. O “animal rastejante” tenta seduzir Eva. Ele consegue o seu intento sem propor absolutamente nada; sem desafiar a qualquer ação. Em nenhum momento a “serpente” cita “a árvore do conhecimento” que, em última análise, ela está visando. Sim, a “serpente” induz à mulher até a convencer o homem que vive ao seu lado.
55. Notem que a “serpente” coloca uma palavra na boca de Deus que Deus nem disse: Vocês não devem comer de toda árvore do jardim. Ela, intencionalmente, omite um detalhe. Eva a contradiz, mas ela, a serpente, não se dá por vencida e replica dando a entender que Deus bem poderia ter feito uma proibição desnecessária. Em tese esta idéia já estava fazendo “casa” na cabeça de Eva. Se Deus fez uma proibição desnecessária, então ela e Adão nem precisariam dar atenção a esta proibição. A “serpente” foi mais longe. Agindo assim ela nos oferece mais do que simples retórica. A “serpente” sabe alguma coisa a mais; algum fato que Eva desconhece. Ela fala contra Deus: - É certo que vocês não morrerão. Em outras palavras: - O que Deus disse a vocês não confere! Agora, indiretamente, está sendo perguntado à Eva em quem ela confia mais: Em Deus ou na “serpente”. Todos aqui sabem o desfecho desta história. Eva confia no “réptil” eloquente.
56. É estranho que o
texto dê a entender que a “serpente”
tenha o poder de “induzir ao erro” às
pessoas que Deus tem em grande conta. Como pode que uma coisa destas esteja
escrita na Bíblia? Isso é algo forte -
convenhamos. Como pode ser isso? Certamente não se trata de um erro; de uma falha
na escrita. Uma possível explicação é óbvia: Deus quer o bem das pessoas; Ele não
tem o intuito de castigá-las. No Antigo Testamento sempre de novo se apresentam
situações em que Deus faz ameaças de punição e, logo depois, oportuniza a graça
em detrimento da justiça. A palavra “graça”
sempre precisa ser entendida como “bênção”!
57. A “serpente” continua sua fala: Deus sabe
que no dia em que vocês comerem desse fruto, os olhos de vocês vão se abrir e
vocês serão como deuses; vocês conhecerão; saberão distinguir entre o que é bom
e o que é ruim. Ora, este “negócio”
de querer entender o que é bom e o que ruim confere. O problema é que a mentira
nunca vem como mentira “limpa”, mas
sempre com algum ingrediente de verdade para que ela, a mentira, seja crível. Esta
é a arte da sedução da “serpente”. Aqui termina o seu discurso.
58. Agora Eva pensa por si só. Diz a Bíblia que Eva percebeu que seria bom comer da árvore; que aquele fruto era atraente, uma vez que abria a perspectiva para mais inteligência. Quem não gostaria de ser sábio? Não foi Deus mesmo quem nos criou com o desejo de buscar conhecimento? Isso que o Adão e a Eva fizeram foi mesmo tão absurdo – buscar mais conhecimento? Claro que não. Se assim fosse esta história seria inacreditável. Deus iria querer que permanecêssemos incultos; semi-sabedores? Ora, a sede de conhecimento é da essência do homem, isso esse texto que estamos estudando também quer reafirmar. A “rebelião” e a “liberdade” humana tem o mesmo grau de verdade na “Criação de Deus”. Esta história com a qual estamos nos ocupando não quer condenar a ação de Adão e Eva. Deus mesmo dá a Adão e à Eva roupas e lhes promete que seus descendentes vão esmagar a cabeça da tal “serpente”. Mesmo nos tempos mais antigos, Deus sempre de novo “amaciou” o castigo prometido.
59. O que o capítulo 3 de Gênesis nos mostra de uma forma bem ampla, é que as necessidades da vida humana são justificadas pela desobediência. O homem quer saber a razão de tudo. Este é realmente o motivo que está por trás da história bíblica. Conta-se uma história sobre um fato incrível que bem poderia ter gerado o mundo do jeito que ele é; que bem poderia facilitar o entendimento do mundo como ele é; que bem poderia mostrar como ele, o mundo, de repente, poderia ter sido.
58. Agora Eva pensa por si só. Diz a Bíblia que Eva percebeu que seria bom comer da árvore; que aquele fruto era atraente, uma vez que abria a perspectiva para mais inteligência. Quem não gostaria de ser sábio? Não foi Deus mesmo quem nos criou com o desejo de buscar conhecimento? Isso que o Adão e a Eva fizeram foi mesmo tão absurdo – buscar mais conhecimento? Claro que não. Se assim fosse esta história seria inacreditável. Deus iria querer que permanecêssemos incultos; semi-sabedores? Ora, a sede de conhecimento é da essência do homem, isso esse texto que estamos estudando também quer reafirmar. A “rebelião” e a “liberdade” humana tem o mesmo grau de verdade na “Criação de Deus”. Esta história com a qual estamos nos ocupando não quer condenar a ação de Adão e Eva. Deus mesmo dá a Adão e à Eva roupas e lhes promete que seus descendentes vão esmagar a cabeça da tal “serpente”. Mesmo nos tempos mais antigos, Deus sempre de novo “amaciou” o castigo prometido.
59. O que o capítulo 3 de Gênesis nos mostra de uma forma bem ampla, é que as necessidades da vida humana são justificadas pela desobediência. O homem quer saber a razão de tudo. Este é realmente o motivo que está por trás da história bíblica. Conta-se uma história sobre um fato incrível que bem poderia ter gerado o mundo do jeito que ele é; que bem poderia facilitar o entendimento do mundo como ele é; que bem poderia mostrar como ele, o mundo, de repente, poderia ter sido.
60. O escritor pergunta:
- Onde é que aconteceu uma ruptura na vida do homem? Nossa existência é
insatisfatória. Nós fomos criados para viver a “alegria” e, mesmo assim, experimentamos a infelicidade. Será que já
fomos julgados; condenados a sofrer de antemão? Nós temos uma idéia de como
deveríamos ser; de como gostaríamos de ser, mas permanecemos muito atrás da
concretização destes desejos. Nós trabalhamos; damos tudo de nós e tudo o que
conseguimos criar acaba se quebrando nas nossas mãos. Muitas vezes nós mesmos
somos tentados a pensar que tudo é vaidade; cinzas ao vento. Mas então, sempre
de novo, percebemos que somos os culpados, apesar de toda a nossa boa vontade.
Não é o fato de que o homem pecou e que, por isso mesmo, está arruinado. Ele
sempre peca e isso o arruina. O pecado cometido por Adão e Eva está mais
próximo de nós do que somos capazes de imaginar. Sim, o pecado está
em nós!
61. O acontecimento
central da história que vimos agora é a “Desobediência
a Deus”. Entre aquela época e a época de hoje existe uma enorme diferença.
Na história de Gênesis, Deus caminha sobre a terra e conversa cara-a-cara com
Adão. Deus lhe diz o que Ele proíbe e o que Ele permite ser feito. E mesmo
mesmo assim o homem é desobediente. Hoje, no século 21, nós experimentamos o outro
extremo, uma vez que não encontramos mais Deus na esquina. Esse já foi aclamado
como o principal problema do nosso tempo: - Onde está Deus?
62. Nós experimentamos a
vontade de Deus de uma forma indireta, quando lemos as Escrituras; quando
ouvimos as explicações que os nossos irmãos nos dão numa prédica - por exemplo.
É da nossa responsabilidade checar, sempre de novo, estas duas informações que
nos são dadas. O nosso relacionamento com Deus não é tão direto e espontâneo,
como acontece na história de Adão e Eva. Se o pecado é a mesma coisa que o
relacionamento quebrado com Deus, então somos todos pecadores. É isso que este
texto; que esta história está querendo nos dizer quando explicita o “pecado original”.
63. Notem que esta história se mostra um tanto isolada dentro do Antigo Testamento. Nenhum outro texto do Antigo Testamento faz qualquer referência a este texto que estudamos. Nenhum livro histórico; nenhum livro profético e nenhum livro poético citam esta passagem. No Novo Testamento, o texto é lembrado apenas em uma passagem que Paulo escreve em Romanos 5.12ss. Lá Paulo o usa para fazer uma comparação literária, mas não como uma mensagem. Para Jesus e os escritores do Novo Testamento, esta história não foi nenhuma mensagem central que eles tivéssem que levar em conta; que tivéssem que absorver como verdade e ponto final. Volto a frisar: Nos cabe ler esta “História da Queda” como uma poesia instrutiva.
64. Por fim, o que é cristão nesta “História da Queda”? Jesus foi tentado desde antes do início do Seu ministério. A tentação está no começo do sofrimento. A desobediência do homem contra Deus foi a razão para a Paixão, para a fatídica Sexta-feira Santa de Jesus. A história posterior do Povo de Deus no Antigo e no Novo Testamento nos mostra que as bênçãos do Criador são maiores do que os crimes cometidos pelos homens.
63. Notem que esta história se mostra um tanto isolada dentro do Antigo Testamento. Nenhum outro texto do Antigo Testamento faz qualquer referência a este texto que estudamos. Nenhum livro histórico; nenhum livro profético e nenhum livro poético citam esta passagem. No Novo Testamento, o texto é lembrado apenas em uma passagem que Paulo escreve em Romanos 5.12ss. Lá Paulo o usa para fazer uma comparação literária, mas não como uma mensagem. Para Jesus e os escritores do Novo Testamento, esta história não foi nenhuma mensagem central que eles tivéssem que levar em conta; que tivéssem que absorver como verdade e ponto final. Volto a frisar: Nos cabe ler esta “História da Queda” como uma poesia instrutiva.
64. Por fim, o que é cristão nesta “História da Queda”? Jesus foi tentado desde antes do início do Seu ministério. A tentação está no começo do sofrimento. A desobediência do homem contra Deus foi a razão para a Paixão, para a fatídica Sexta-feira Santa de Jesus. A história posterior do Povo de Deus no Antigo e no Novo Testamento nos mostra que as bênçãos do Criador são maiores do que os crimes cometidos pelos homens.