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31.5.12

O MEU TALAR PRETO


Outro dia, lendo, descobri o historiador alemão Ulrich Bayer. Ele, na sua pesquisa, descobriu que foi o rei da Prússia, Frederico Guilherme III, quem instituiu o talar preto e o peitilho na cor branca para os ministros eclesiásticos de sua época. Conforme Ulrich, o seu decreto data do 1° de janeiro 1811.

Foi assim que, a partir daquela data, o talar preto, o peitilho branco mais a boina preta passaram a ser os uniformes oficiais para os pastores da época. Friedrich teve poder para instituir essa “lei” porque, além de ser rei, era a Liderança Maior da Igreja Evangélica e, como tal, também alguém muito envolvido nas questões litúrgicas.

Com essa “prescrição”, o rei prussiano visava organizar o “caos” existente no que diz respeito às indumentárias usadas pelos sacerdotes. Naquela época uns subiam no púlpito vestidos com ternos, outros com guardapós e terceiros com vestes compridas. Ora, isso tinha que ser mudado. Mais do que isso, o intuito do rei era promover ao povo uma imagem unificada da Igreja.

É assim que, ainda hoje, esta “ordem” dada por Friedrich Wilhelm III tem impacto sobre nós. A lei do uso do talar rezava assim: “O talar deve ser preto (ausência de cor) e ter seu comprimento marcado pelo tornozelo do ministro. O peitilho deve ser branco. A boina preta deve ser usada somente ao ar livre.”

Era esse o “uniforme” para os serviços religiosos na Igreja da Prússia. O modelo do talar devia seguir o modelo de um vestido pliçado e abotoado de cima para baixo. Pode-se dizer que o talar teve sua origem numa espécie de “jaqueta profana” que, em ocasiões especiais, também era usada por ministros eclesiásticos. O Reformador Martin Luther usou, pela primeira vez, este modelo de talar por ocasião da prédica que proferiu em 1524. Esse fato fez com que, a partir daquele dia, o talar fosse conhecido como a “vestimenta do Luther”.

Vai daí que a tradição do talar dura até os dias de hoje. Lá se vão 201 anos. A partir dos Documentos Normativos da IECLB eu, como pastor ordenado, devo usá-lo. Aliás, gosto de usá-lo. Quando da celebração de um Culto, o talar preto faz com que só meu rosto e minhas  mãos apareçam. Ele esconde o colorido da minha gravata e ou o corte da minha camisa e aí então só “aparece” mesmo a Palavra de Deus. Ora, isso tem tudo a ver com o entendimento evangélico de “adoração”.

Sim, o talar preto é símbolo indicador da nossa “identidade luterana” por excelência. Se nós, como IECLB, possuimos um símbolo, então este é o talar preto que tanto deve ser usado em Cultos como em Ofícios (Santa Ceia, Batismo, Confirmação, Casamento).

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