Busque Saber

21.10.06

Atenas!


Voltei ontem de Atenas. Jamais esquecerei da linda capital da Grécia. Caminhei em ruas centrais e, junto, respirei ar misturado com cheiro de muita história. Ali, bem debaixo daquele mesmo sol e ao lado daquelas tantas pedras superpostas, foi que nasceu a arte de pensar, a mãe de todas as ciências, a Filsofia. Incontinenti, lembrei das minhas leituras infantis de Monteiro Lobato. Foi ele quem plantou desejos viajores em mim, com seu livro intitulado “Os doze trabalhos d Hércules”. Durante cinco dias pude apalpar um pouco dos anos 50 d.C., enquanto caminhei sobre uma velha calçada que, um dia, foi testemunha do atrito das sandálias do apóstolo Paulo.

Lá sobre o monte, para todo mundo ver, estavam muitos resquícios da Acrópolis. Sua construção, no alto da montanha, foi iniciada em 437 a.C. A fotografia acima retrata alguns pilares do Partenon, a mais bela ruína do mundo. Cliquei a foto sentado sobre uma das pedras da grande muralha que circunda a gigantesca obra. Eu me sentia um tanto inquieto naquela hora. Por ali, em algum lugar, o apóstolo pregou, em nome de Jesus Cristo, sobre as Boas Novas de Deus para o povo que era mais culto. Sua estratégia para repartir o amor de Deus foi simples: achegou-se perto da única estátua sem nome e, ali, deixou claro que se referia à Deus.

Era noitinha quando desci o morro. Antes de chegar ao portão, colhi uma lasquinha de mármore do chão. Naquele momento retomei uma decisão: estudar, a partir de hoje, com muito mais afinco, algumas das cartas neo-testamentárias da Bíblia.

10.10.06

Luta Ininterrupta!


Vivo meu último semestre aqui na Pastoral Universitária, junto à “Ludwig Maximilian Universität” de Munique. Meu trabalho diz respeito ao atendimento de 16.000 estudantes oriúndos de países em desenvolvimento. A Alemanha ajuda estudantes em dificuldades financeiras e é a Igreja que articula estes dinheiros, em parceria com a Instituição “Brot für die Welt”. No meu gabinete, sou a “ponta” de todo este sistema. Os estudantes vêm a mim para contar suas histórias, na esperança de serem ouvidos e servidos nas suas intenções. É aqui na Friedrichstraße 25 que os seus desejos de pequenas somas vão sendo decididos.

Todos os dias ouço as histórias que me vão sendo contadas. Elas são mais ou menos assim: - “…por isso é que eu peço ajuda financeira a vocês. Estou numa fase do estudo onde preciso me concentrar melhor. Meus exames finais estão à porta. Minha família mora em Camarões (África) e não pode me ajudar com um centavo sequer. Sou o filho mais velho de uma família com nove irmaos. Meu pai trabalha com móveis e minha mãe é do lar. Eu, lamentavelmente, não consigo vencer meus compromissos trabalhando somente de madrugada e isto, com pequenos “bicos”

Depois de ouvir relatos assim, preencho uma folha de papel com todos os dados do estudante e, depois, escrevo um “pedido de dinheiros” à Instituição doadora. Ao cabo de 20 dias, vêm uma resposta positiva e então o estudante pode retirar seus Euros de uma conta que temos no Banco. Coisa boa poder participar da alegria, poder perceber a satisfação que vem emoldurada em sorrisos abertos e alegres. Agora é hora de viver intensamente mais um pequeno segmento da história individual. E assim, vai seguindo a vida que sempre ainda é de luta ininterrupta…

9.10.06

Cadê a Virada?


Faz um mês que voltei da nossa viagem de estudos no Brasil. De novo, estou trabalhando prá valer, nestes últimos 102 dias que antecedem meu Culto de Despedida do trabalho com Estudantes na „Evangelische Studenten Gemeinde an der LMU“, em Munique. Agora chegou a vez de escrever meu relatório de tudo o que vimos, ouvimos e vivenciamos em terras brasileiras. Interessantíssimas as impressões dos cinco estudantes que comigo viajaram.

A cidade “maravilhosa” do Rio de Janeiro marcou a todos nós. A Dorothea (estudante de Jornalismo), por exemplo, expressou-se por escrito: - “…esse “Terceiro Mundo” deixou-me um tanto triste e, porque não dizer, desesperada até. Porque é que tanta gente precisa morar em favelas? É normal que, ao anoitecer, a gente precisa voltar depressa para casa, a fim de não correr riscos maiores? Como pode que o fato de se ouvir tiros de armas de fogo virou lugar comum nas madrugadas? Como entender uma criança que, com três anos de idade, já incorporou o hábito de se deitar no assoalho, ao ouvir estampidos na vizinhança? Carrego a impressão que o medo faz parte da vida no Brasil. As pessoas até não percebem, mas ele, o medo, tornou-se normal entre elas…“

É duro ler isso – não é mesmo? Agora mesmo li os jornais que informam sobre o primeiro debate dos nossos dois presidenciáveis, ontem à noite, na Rede Bandeirantes. Pelo que entendi foram as agressões e as críticas mútuas sem fim que fizeram a pauta do programa. Parece que estamos longe de viver perspectivas dignas, no que diz respeito à segurança. A tristeza parece mesmo não ter fim… Quando é que vai haver a virada?...

OLHA SÓ!