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4.1.12

2012 - Autoestima!


Era quinta-feira, dia 29 de dezembro de 2011. A Valmi e eu fomos fazer uma pequena viagem para Bombinhas, uma das praias mais bonitas de Santa Catarina. Havia muitos carros na BR 101. O trajeto que, normalmente, se faz em uma hora e trinta minutos, acabou “custando” mais do que o dobro do tempo. Menos mal que meus compadres nos esperaram com comida e bebida saborosa. O fato é que a nossa festa de fim de ano começava a ser excelente.

Num dado momento, o nosso assunto descambou pro lado da Psicologia. Meu afilhado, o André, sustentou que a “autoestima”, essa avaliação subjetiva que uma pessoa faz de si mesma, pode ser elevada e ao mesmo tempo frágil e ou baixa, porém segura. Não sou psicólogo e por isso pedi que me explicasse melhor...

- É simples tio. Pensa numa pessoa narcisista. Sua autoestima é elevada, mas ao mesmo tempo frágil. Agora imagina uma pessoa humilde. Sua autoestima é baixa e ao mesmo tempo segura.

A Camila que até então se dispunha só a ouvir a nossa conversa, atalhou com aquele seu jeito simples de dizer as coisas com sotaque maringaense:

- Entendo um pouco deste assunto. No semestre passado eu fiz uma “Cadeira” de Psicologia. A autoestima foi um dos nossos assuntos. Minha professora defende a tese de que a autoestima de uma pessoa pode ser constante através do tempo; pode ser independente diante das condições particulares e ou pode estar entranhada num nível psicológico básico...

Minha sobrinha estava querendo dizer que a autoestima tanto pode ser estável, como corajosa e ou automática. Sim, eu precisaria estudar aquele assunto com mais cuidado... Percebi que o André tinha mais a dizer e dei-lhe ouvidos...

- Outro dia li no Antigo Testamento que rainha Vasti foi dona de grande autoestima...

- Onde você leu isso André?

- Li isso no primeiro capítulo do livro de Ester.

- Verdade? Me conta mais...

- Deduzi da minha leitura que, muitas vezes é assim que encontramos os verdadeiros heróis em papéis secundários. Reza a história que esta tal de Vasti foi a primeira e a mais bonita esposa do rei Xerxes, o governante mais poderoso do Império Persa. Ela tinha tudo o que queria no palácio. O mundo simplesmente estava a seus pés...

- Maininho querido! O que você quer dizer com “mundo aos seus pés”.

- Olha só Camila. A rainha Vasti contava com um sem-número de empregados que estavam sempre à sua disposição. Daria para se dizer que ela vivia num destes palácios dos contos de fadas, como aquele que vimos lá na Baviera. Schwanscholl, se não me falha a memória.

- Ora, ora “Schwanscholl”. Presta atenção André: Neuschwanstein!

- Isso daí! Os vestidos que ela usava eram todos de seda macia e ela sempre se perfumava com os perfumes mais exóticos e, por isso mesmo, caríssimos.

- Continue afilhado!

- A tal rainha viveu três anos cercada de muito luxo. Daí então, num belo dia, ela e o “maridão” mandaram ver numa festa que duraria em torno de uma semana. Enfeitaram o pátio do castelo com cortinas de algodão brancas e azuis, amarradas com cordões de fino linho vermelho, que estavam presos por argolas de prata a colunas de mármore. O piso do castelo era feito de ladrilhos azuis, de mármore branco, de madrepérola e de pedras preciosas. Colocaram sofás de ouro e de prata no pátio, onde os convidados podiam tomar suas bebidas em copos de ouro, todos eles diferentes uns dos outros. O rei não poupou dinheiro e mandou que o vinho fosse servido à vontade também aos seus súditos na cidade. Todos podiam beber o quanto quisessem.

Nesse momento a minha comadre Carmem, o meu cunhado Ernani, a Valmi, todos nós embarcamos neste assunto... Alguém de nós sugeriu que o André continuasse desenvolvendo seus conhecimentos bíblicos e ele não se fez de rogado...

- Num dado momento da festança o rei, totalmente bêbado, quis mostrar a beleza de sua esposa aos convidados. Assim, ele ordenou que os seus funcionários trouxessem a “sua” rainha para que ela fosse apresentada para toda a sociedade.

- Conta mais, conta mais – sugeriu a Camila com olhar claro e suplicante...

- Sabem o que aconteceu?... A rainha Vasti recusou vir a aparecer em público. Para ela não importava o que o seu prepotente marido iria pensar da sua atitude. Ela não se exibiria diante daquela gente como se fosse um “produto” que se pode manusear daqui pra lá e de lá pra cá. Ela entendeu a sugestão do seu marido como insulto e humilhação à sua pessoa.

Meu compadre Ernani se mostrava orgulhoso da sapiência do seu menino. Lia-se este orgulho no seu jeito, enquanto de pé, recostado à mesa... Entrei na conversa.

- Pois é André! Podemos dizer que a Vasti foi uma mulher muito linda, mas, ao mesmo tempo, inteligente e confiante. Para ela estava claro que sua decisão colocava sua vida sobre o “fio da navalha”, mas e daí? Ela não precisava manter a sua posição social a qualquer custo. Era melhor ser colocada de lado; ter que divorciar-se e ir para o exílio, do que abdicar da sua dignidade interior.

- Concordo contigo Renato...

- Continua Valmi...

- A Vasti foi uma grande mulher. E ela se mostrou grande porque permaneceu fiel aos seus valores, mesmo em meio à crise. Para ela, a beleza do seu caráter era mais importante do que a beleza do seu corpo e todos os confortos palacianos.

O assunto da autoestima tinha mexido conosco. Ela, a autoestima é fator fundamental nas nossas vidas. Tínhamos refletido ali na sacada daquele prédio azul com profundidade leiga, sim, mas e daí? Nós tínhamos refletido. Vi que a Carmem queria dizer algo e não errei.

- Penso que para nos mantermos fiéis a nós mesmos; para conservarmos os nossos bons princípios e para ouvirmos nossa voz interior nem sempre é muito fácil. Há ofertas extremamente tentadoras batendo toda hora às nossas portas. No final das contas, depois da luta é que vem a hora da satisfação. A felicidade só se alcança com auto-estima e boa consciência...

Neste momento estourou um rojão dos grandes na vizinhança. Levantamo-nos e misturamos nossos assuntos. Faltava sol na praia...

2 comentários:

Jose Adilson de Toledo disse...

Oi Pastor, aqui é o Adilson (secretário da CEJ) Feliz 2012 extensivo á toda família.
Gostei do tema. Bem, em minha opinião entendo que a autoestima significa o quanto nos sentimos valorizados, amados e respeitados pelos outros e eambém o quanto nos respeitamos e amamos á nós proprios. Por sua vez, as pessoas com baixaestima têm sentimentos de inferioridade e sentem que ninguem as respeita.
Existem duas situações que ajudam a saber inicialmente o que causa esse problema (se é que é um problema): - a forma como nos vemos
- a forma como nos somos tratados pelos outros. Qualquer dessas situaçoes pode ter um grande impacto na forma como vamos manter a autoestima.
As pessoas que têm baixa autoestima não vêem em sí as qualidades que admiram nos outros e então prejudicam-se interiormente. No entanto, muits vezes têm essas qualidades, só que a imagem que formaram de sí mesmos impede que as ponham em prática.
Um bom exemplo disso, é o que ocorre em relação ao negro em Joinville. Quando aqui cheguei vindo de S.Paulo indicado para trabalhar numa universidade, dificilmente via negros nos bancos escolares, num teatro, nos shoppings. ~Certo dia perguntei á um negro que encontrei n rua:" Escuta amigo existe realmente poucos negros em Joinville? Ele respondeu que nãoooooo, inclusive a população de Joinville é de 40% de afrodescendentes".
Aí perguntei e onde eles estão?.....
daí fui conhecento a cidade, fazendo amizades aqui e alí, conheci o Kenia Club (que antigamente era só para negros) e fui convidadeo para fazer parte da diretoria como consultor de educação. Fiquei sabendo da dificuldade de os negros conseguirem um bom emprêgo graças á baixa escolaridade e atambém ao fato de algumas grandes empresas não admitirem negros, etc. Tambem conhecí apenas 5 colegas advogdos que atuvm em Joinville. Daí Pastor notei que a baixa estima do negro, o porque de sua ausência em eventos políticos, culturais (a não ser durante o carnaval nos desfiles próximos ao mercado municipal. Felizmente isso já está melhorando, mas ainda falta muito.
Pastor quero parabenia-=lo pelo seu blog ratificar que sou seu fã . Paz. Adilson e Lorena

RENATO LUIZ BECKER disse...

Boa Noite P. Renato! Este tema foi magnífico, e eu estava precisando ler exatamente isto... Serei sua leitora fiel por muuuuito tempo. Sandra Dokonal

OLHA SÓ!