Intitulei minha prédica para este último domingo do ano eclesiástico, dia 22 de novembro de 2009 de “O meu lar”. Quem não gosta do seu lar? Quando volto de viagem, sempre venho contente porque vou poder sentar na minha cadeira preferida, tomar chimarrão na minha cuia, ser o deus (Salmo 8) do meu quintal... Baseio minha fala no texto de Apocalipse 21.1-7...
1 - Então vi um novo céu e uma nova terra. O primeiro céu e a primeira terra desapareceram, e o mar sumiu. 2 - E vi a Cidade Santa, a nova Jerusalém, que descia do céu. Ela vinha de Deus, enfeitada e preparada, vestida como uma noiva que vai se encontrar com o noivo. 3 - Ouvi uma voz forte que vinha do trono, a qual disse: - Agora a morada de Deus está entre os seres humanos! Deus vai morar com eles, e eles serão os povos dele. O próprio Deus estará com eles e será o Deus deles. 4 - Ele enxugará dos olhos deles todas as lágrimas. Não haverá mais morte, nem tristeza, nem choro, nem dor. As coisas velhas já passaram. 5 - Aquele que estava sentado no trono disse: - Agora faço novas todas as coisas! E também me disse: - Escreva isto, pois estas palavras são verdadeiras e merecem confiança. 6 - E continuou: - Tudo está feito! Eu sou o Alfa e o Ômega, o Princípio e o Fim. A quem tem sede darei água para beber, de graça, da fonte da água da vida. 7 - Aqueles que conseguirem a vitória receberão de mim este presente: eu serei o Deus deles, e eles serão meus filhos.
Outro dia, no hospital, eu estava sentado ao lado de uma pessoa que estava prestes a deixar esta vida. A figura daquele senhor ainda está viva na minha mente. Os responsáveis pela UTI me deixaram claro que o meu tempo teria que ser curto, uma vez que o ato de conversar e ouvir exige muita força do paciente à beira da morte.
Perguntei àquele senhor se podia ler um pequeno texto bíblico e ele reagiu com voz fraca: - Sim. Seja breve! Observei seus olhos opacos que denotavam cansaço. Durante todo o tempo da minha visita ele praticamente os manteve fechados. No que tange à sua fé, entretanto, ah ela estava acordada. O homem que eu visitava era uma pessoa cristã, um indivíduo que cria em Deus.
Perguntei-lhe: - O senhor lembras do capítulo 21 do livro de Apocalipse? (Lemos este texto agora mesmo...) Logo após minha pergunta percebi um leve sorriso no seu rosto. De sua boca brotou uma expressão muito clara, mais clara do que todas as outras que aquele homem desenganado tinha expressado até aquele momento: - O meu lar!
Enquanto eu ia lendo o texto com voz um tanto embargada, vi que os seus lábios se mexiam. Sim, ele recitava baixinho, junto comigo, de cor, as palavras que eu ia lendo. Quando nos dissemos “até logo” o senhor que eu visitei ainda balbuciou uma palavra apontando o dedo para cima: “Lá!”...
Pus-me a caminho com o coração pesado. Acabara de ser presenteado com um “pacote de fé” por uma pessoa moribunda. E assim, refletindo, fui me dirigindo ao estacionamento para embarcar no meu carro; para me dirigir para casa.
Caminhei devagar. Eu não queria chegar. O movimento na rua e na calçada era normal e ininterrupto. Há pouco eu estava ao lado de uma pessoa prestes a deixar esta vida e ali, na calçada, era justamente a vida que pulsava. Não, nenhum dos transeuntes ou motoristas estava pensando na dor, no sofrimento ou na morte. As “primeiras coisas”, aquilo que passa e que se consome faz com que os indivíduos se ocupem ativamente até o fim das suas vidas. Será que no último dia das suas existências elas também poderão falar e comentar a respeito do “seu lar”?...
Paguei o ticket do estacionamento. Dirigi-me para o local onde tinha estacionado o carro da paróquia. Meu rosto se espelhou na janela de vidro fumê e me devolveu a pergunta: - Será que eu, no meu último dia, saberei desejar o “meu eterno lar”? Sentei no assento. Segurei o volante com as mãos. Baixei a cabeça. Fechei os olhos e meditei durante alguns instantes. Sim, eu sei orar. Eu sei o que pedir. Eu sei onde eu posso chegar... Amém!
1 - Então vi um novo céu e uma nova terra. O primeiro céu e a primeira terra desapareceram, e o mar sumiu. 2 - E vi a Cidade Santa, a nova Jerusalém, que descia do céu. Ela vinha de Deus, enfeitada e preparada, vestida como uma noiva que vai se encontrar com o noivo. 3 - Ouvi uma voz forte que vinha do trono, a qual disse: - Agora a morada de Deus está entre os seres humanos! Deus vai morar com eles, e eles serão os povos dele. O próprio Deus estará com eles e será o Deus deles. 4 - Ele enxugará dos olhos deles todas as lágrimas. Não haverá mais morte, nem tristeza, nem choro, nem dor. As coisas velhas já passaram. 5 - Aquele que estava sentado no trono disse: - Agora faço novas todas as coisas! E também me disse: - Escreva isto, pois estas palavras são verdadeiras e merecem confiança. 6 - E continuou: - Tudo está feito! Eu sou o Alfa e o Ômega, o Princípio e o Fim. A quem tem sede darei água para beber, de graça, da fonte da água da vida. 7 - Aqueles que conseguirem a vitória receberão de mim este presente: eu serei o Deus deles, e eles serão meus filhos.
Outro dia, no hospital, eu estava sentado ao lado de uma pessoa que estava prestes a deixar esta vida. A figura daquele senhor ainda está viva na minha mente. Os responsáveis pela UTI me deixaram claro que o meu tempo teria que ser curto, uma vez que o ato de conversar e ouvir exige muita força do paciente à beira da morte.
Perguntei àquele senhor se podia ler um pequeno texto bíblico e ele reagiu com voz fraca: - Sim. Seja breve! Observei seus olhos opacos que denotavam cansaço. Durante todo o tempo da minha visita ele praticamente os manteve fechados. No que tange à sua fé, entretanto, ah ela estava acordada. O homem que eu visitava era uma pessoa cristã, um indivíduo que cria em Deus.
Perguntei-lhe: - O senhor lembras do capítulo 21 do livro de Apocalipse? (Lemos este texto agora mesmo...) Logo após minha pergunta percebi um leve sorriso no seu rosto. De sua boca brotou uma expressão muito clara, mais clara do que todas as outras que aquele homem desenganado tinha expressado até aquele momento: - O meu lar!
Enquanto eu ia lendo o texto com voz um tanto embargada, vi que os seus lábios se mexiam. Sim, ele recitava baixinho, junto comigo, de cor, as palavras que eu ia lendo. Quando nos dissemos “até logo” o senhor que eu visitei ainda balbuciou uma palavra apontando o dedo para cima: “Lá!”...
Pus-me a caminho com o coração pesado. Acabara de ser presenteado com um “pacote de fé” por uma pessoa moribunda. E assim, refletindo, fui me dirigindo ao estacionamento para embarcar no meu carro; para me dirigir para casa.
Caminhei devagar. Eu não queria chegar. O movimento na rua e na calçada era normal e ininterrupto. Há pouco eu estava ao lado de uma pessoa prestes a deixar esta vida e ali, na calçada, era justamente a vida que pulsava. Não, nenhum dos transeuntes ou motoristas estava pensando na dor, no sofrimento ou na morte. As “primeiras coisas”, aquilo que passa e que se consome faz com que os indivíduos se ocupem ativamente até o fim das suas vidas. Será que no último dia das suas existências elas também poderão falar e comentar a respeito do “seu lar”?...
Paguei o ticket do estacionamento. Dirigi-me para o local onde tinha estacionado o carro da paróquia. Meu rosto se espelhou na janela de vidro fumê e me devolveu a pergunta: - Será que eu, no meu último dia, saberei desejar o “meu eterno lar”? Sentei no assento. Segurei o volante com as mãos. Baixei a cabeça. Fechei os olhos e meditei durante alguns instantes. Sim, eu sei orar. Eu sei o que pedir. Eu sei onde eu posso chegar... Amém!
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