Busque Saber

30.6.10

Acho que sonhei!


Aquela festa já era festejada há muitos e muitos anos. No começo eram apenas os meninos que participavam. Mais tarde ela também foi aberta para as meninas. A marca desse "festejo permanente” eram os balões que cada um trazia. Tudo tão lindo. Aquela meninada empunhava seus balões multicoloridos com orgulho. Quanto barulho. E quase todo mundo se entendia ali naquele meio de iguais, “
alguns mais iguais que os outros”. Lembro que num dos balões se lia a letra “S”. Na grande maioria deles era a letra “E” que vigorava. Uns e outros carregavam a letra “T”. A verdade é que com o tempo umas e outras letras “menos nobres” também foram sendo inscritas nos balõezinhos da gurizada. Era até engraçado. No fundo um sempre queria furar o balão do outro. A maioria se continha por causa das “dicas” recebidas em casa, antes da ida à festa. O garoto que mais gostava de fazer esta arte tinha seus seguidores. Lembro que um dia alguém ousou danificar seu vistoso balão. O referido dono do balão em perigo nem levou aquela “tentativa criminosa” muito em conta, afinal aquele “pequeno símbolo” de borracha nem era tão importante para ele. Se o mesmo viesse a estourar, ele certamente daria jeito noutro. O fato é que a sua “turminha” ficou indignada. Apontaram o dedo, disseram o que queriam. Ameaçaram o balão do nosso amiguinho. Houve aqueles que afirmaram que iam sair da festa; que não brincavam mais; que a partir de agora iriam se dedicar mais para este e aquele serviço mais nobre; que atitudes daquele tipo eram feias, impraticáveis; que Deus não gostava daquilo... Para basear suas expressões, até faziam uso de textos sagrados. Nossa! Uns e outros temeram. Será que a festa ainda seria a mesma? Parece mentira, mas aquela pequena ousadia promoveu reflexão, aprendizado, mudança de comportamento em uns poucos. Alguns passaram a vir à festa sem as chamativas inscrições das letras. Outros passaram a se apresentar com balões brancos. Num momento carreguei a impressão que eles estavam dispostos a ouvir a História, a aprender com a História, a se pautar um pouco mais na História. Ih! – Acho que sonhei!

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