Será que podemos cremar uma pessoa
cristã? Pode um cristão permitir-se a cremação? Como fica a questão da
ressurreição se de fato somos a criação exclusiva dos “dedos de Deus”? (Salmo
8.4-5) A imagem de Deus pode ser queimada? Sim, essa temática gera muitas
perguntas.
Muitas pessoas defendem o “verdadeiro
sepultamento” como aquele que acontece sob alguma camada de terra. A
verdade é que todo esse povo que defende essa ou aquela posição, também carrega
suas incertezas. Isso é assim porque o tema da “morte” mexe com os
nossos sentimentos. Porque isso é assim? Porque nos velórios sempre se percebe
pessoas falando de assuntos “nada a ver” com o momento? Porque tanta
distância; tanta desinformação a respeito deste tema?
A dor do luto machuca muito àquelas e
àqueles que sempre estiveram próximos de quem, de repente, precisa “partir”.
Sempre que oficio sepultamentos, percebo perplexidade, profundas perturbações
em quem fica. As emoções das pessoas se mostram diferenciadas quando se deita
um corpo morto num caixão; quando se o enterra sob a terra; quando se o queima
em fornos especiais; quando se recebe a urna contendo as cinzas.
A morte sempre foi, é e continua
sendo um “tabu” (Uma ideia proibida de as pessoas se aprofundarem).
Quase todos os indivíduos têm dificuldade para tratar deste tema. O fato é que
não podemos controlar a morte. De repente ela vem definitivamente. Dá para se
dizer que a morte é o último degrau de entrada na eternidade e o fato de
sabermos disso, mexe muito com qualquer um de nós. É em vista disso que sempre
tratamos os nossos mortos com extremo respeito.
Quando refletimos sobre o ato do
sepultamento, precisamos nos perguntar sobre o que acontece com uma pessoa que
falece. Jesus afirma que, num certo dia, a Sua voz se fará ouvir e todos os
mortos ressurgirão de seus túmulos para a ressurreição e ou para o juízo. O ato
de levantar-se de dentro da tumba é algo irracional; é um jeito poético de se
falar do juízo ou da nova vida que vem. Jesus deixa claro que o cristão viverá,
mesmo experimentando a morte.
Isso significa que o cristão morrerá;
que o corpo voltará ao pó, mas que o espírito permanecerá com Cristo na
eternidade. Nas cartas paulinas se explicita que vamos ganhar um corpo novo de
presente, quando da ressurreição; que este novo corpo não será parecido com o
corpo que carregamos aqui na terra; que o nosso corpo será “deificado”.
Ora, essa perspectiva da ressurreição me leva a crer que tanto faz se o nosso
corpo se degradar na terra ou no fogo.
Ou seja, ninguém de nós invadirá a
eternidade com estes corpos que carregamos e que, por natureza, são marcados
por defeitos. Sim, porque no novo Céu e na nova Terra não vão existir as
substâncias carne, sangue, terra e cinza (1 Coríntios 15.50-55).
Nenhum comentário:
Postar um comentário