Outro dia ouvi a
expressão: “cristão batatinha”! Confesso que fiquei curioso e, na hora,
perguntei ao meu interlocutor:
- O que é isso?
Ele, com sorriso no
rosto, respondeu:
- Hoje é assim que as pessoas cristãs se parecem com a batata inglesa. Ela, a batatinha se conserva
melhor dentro da terra, onde é o seu lugar. Ali ela se mostra suja, coberta de barro
e consegue fazer àquilo que lhes cabe: multiplicar-se! Você já procurou saber o
que acontece com as batatinhas que são guardadas dentro de um cesto, em
ambientes aquecidos?
- Nunca prestei
atenção!
- Pois é! Elas germinam.
Elas também criam brotos quando a gente as limpa e as põe dentro de um saco,
numa despensa iluminada e aquecida. Ali, com o tempo, elas murcham e se tornam ruins
para o consumo. Mais do que isso, elas perdem sabor e, inclusive, na sua casca
até se forma um fungo nocivo à nossa saúde.
- Entendi a relação
entre as pessoas cristãs e as batatinhas. As pessoas cristãs gostam de se
manter aquecidas no seio da Comunidade, dentro de um ambiente agradável e,
neste espaço, elas acabam perdendo a condição de cumprir o chamado que Deus
lhes fez.
Meu companheiro
mostrou-se animado por eu ter entendido sua forma de pensar. Despedimo-nos.
Enquanto me dirigia para casa, lembrei-me do texto de João 17.18: “Como Tu Me
enviaste ao mundo, também Eu os enviei ao mundo.” O Filho de Deus abdicou da
honra de viver na glória, ao lado do Pai. Assim, humilhou-se e, assumindo a
forma de homem, veio morar, conviver no nosso meio, bem longe dos templos e das
sinagogas. Aliás, Jesus se sentia bem junto com as pessoas. Ele as visitava no
seu trabalho. Ele fazia festa com elas. Ele lhes estendia a mão quando as
encontrava no caminho.
Desci do carro e já o sino
do templo badalou, me deixando claro que era hora do almoço. Enquanto o ouvia
me dei conta do nosso grande desafio como Igreja hoje: Sujarmo-nos novamente
com a “terra”; "ir ao encontro das pessoas lá onde elas estão" - como sugeriu o cantor Milton Nascimento. A probabilidade
de que as pessoas visitadas nos perguntem como se pode chegar mais perto de Deus
é baixa.
Nestes tempos está
sendo assim que as pessoas, de um modo geral, se desassociaram da Igreja. Vai
daí elas precisarão “ler” na nossa vida como é libertador; saudável e
revigorante a vivência com Deus na Comunidade. Ações deste tipo não apenas
fortalecerão a Comunidade, mas também as pessoas que a articulam no meio da
sociedade.
Neste momento pensei
nas crianças que não tem mais participado com tanta regularidade da vida
comunitária por causa de afazeres outros; lembrei-me dos adolescentes “afogados”
em compromissos diferentes e entendi que era hora de repensar atitudes: Ir onde
o povo está.
De repente, poderíamos fazer uma parceria com as escolas municipais
que nos circundam geograficamente. E se desenvolvêssemos uma proposta esportiva
no bairro onde estamos fincados? Até prova em contrário, projetos deste tipo sempre
atraem crianças e adolescentes. O
importante é que este nosso trabalho seja um verdadeiro “serviço batata”!
Era hora de almoçar. Fiz
um purê de batatas! Hummm...
Nenhum comentário:
Postar um comentário