A psicóloga alemã Doris Wolf escreve muitos
artigos para jornais e revistas na Alemanha. Outro dia ouvi um programa de
rádio onde ela colocou boas palavras para os seus ouvintes. Confesso que me
permiti ajudar por suas idéias. Abaixo um pouco daquilo que ela entende sobre o tema “antipatia”.
Às
vezes você é apresentado para uma pessoa e logo percebe que sua “aura” não bate
com a dela. Melhor, você já sabe de antemão que não vai existir a menor
possibilidade de comunhão entre vocês dois.
Muitas
vezes é assim que você também não vai com a “cara” do novo vizinho. Você olha
para ele e pensa: Que sujeito arrogante! Você tem esta mesma sensação quando se
encontra com o namorado da sua amiga. Não há a mínima chance de desenvolver a
mesma amizade com ele, mesmo que sua amiga lhe queira bem.
Você
tem clareza que não se deve ser preconceituoso; que deve tratar todas as
pessoas com tolerância, mas mesmo assim algo o incomoda nesta ou naquela relação.
Feitas
estas colocações, perguntemo-nos: O que pode estar escondido atrás da antipatia
ou da aversão a certas pessoas?
O que se esconde atrás de uma
aversão espontânea?
Há
quem diga: - “Não posso chegar perto daquele sujeito!” - “Quando me aproximo
daquela figura, dá vontade de vomitar!” - “Quando a fulana abre a boca, fico
com vontade de sair correndo!” - “Quando preciso ficar perto do cicrano, me dá
um frio na barriga!” Isso mesmo! É assim que, muitas vezes, descrevemos os
nossos desagrados com certas pessoas.
Não é
segredo que nossa aversão para com algumas pessoas é sentida fisicamente. A
presença de alguns indivíduos simplesmente mexe conosco; arrepia os nossos
cabelos; sentimo-nos desconfortáveis com o cheiro que exalam e o simples fato
de ter que ouvirmos a sua voz já nos causa grande mal-estar. Dá a impressão que
estas pessoas que nos causam tanto mal tenham grande poder sobre nós; que elas exerçam
uma força que nos desestabilize.
É por
isso que muitas pessoas evitam o contato com indivíduos que tenham este perfil.
Se a prevenção deste contato se mostra impossível, reagimos com postura
distante; hostil e até nos mostramos intratáveis e indispostos. Enquanto lidamos
com estas pessoas na rua ou no supermercado sem compromisso, nada é trágico. No
entanto, esse comportamento se complica quando a nossa antipatia se dirige a
alguma pessoa com a qual precisamos conviver diariamente. Neste caso valeria a
pena buscar-se as causas deste descontentamento e, depois, considerar como
poderíamos melhor conviver com esta pessoa.
Causas da Antipatia
1. Nós rejeitamos àquilo que não
gostamos em nós mesmos nas outras pessoas.
Por exemplo, se nós lutamos com o nosso peso ou odiamos as nossas rugas e encontramos uma pessoa que tenha os mesmos problemas que nós, isso pode ser uma causa da nossa antipatia. É como se esta pessoa nos fosse como um espelho. Uma vez que não suportamos essa visão, classificamos a pessoa que está à nossa frente como antipática e até evitamos contato com ela.
2. Nós detestamos perceber que os outros têm o que gostaríamos de ter.
De repente a pessoa que nos está próxima tem uma boa figura; ela vive uma relação matrimonial muito bonita com sua parceira ou seu parceiro e todas as pessoas gostam de estar com ela. Tudo muito bom, tudo muito bem, mas nós nos sentimos um tanto obesos e, em vista disso nos isolamos. Durante estes momentos de isolamento acontece um “fogo” em nós que extingue sempre mais essa nossa parceria. É o outro que nos faz lembrar as nossas fraquezas. Temos inveja dele e é por isso que o rejeitamos.
3. O outro nos faz lembrar de experiências ruins com outras pessoas.
Nosso cérebro armazena todas as experiências negativas e positivas que vivenciamos. Nós salvamos estas impressões em inúmeras “caixinhas”, sempre de acordo com odores; com momentos; com o tom de voz; com sotaque; com postura; com expressões faciais; com gestos ou com as roupas que uma pessoa usa.
Se
uma pessoa nos lembra de alguém com o qual tivemos experiências ruins, tem tudo
para dar errado o relacionamento. Essa pessoa passa a ter a sensação de que não
tem nada a ver com o sujeito que está à sua frente e acaba sendo vítima dos seus
preconceitos.
Por
exemplo, se você tinha uma amiga com voz suave que, mais tarde, se comprovou
ser uma pessoa limitada intelectualmente, você, provavelmente, vai se mostrar
cético e desconfiado ao ouvir uma voz suave.
4. Nós rejeitamos o outro porque é completamente diferente de nós.
Você vive pelos princípios: “Poupar e nada de dívidas!” “Trabalho antes do prazer!” Já seu vizinho faz dívida e dá o seu dinheiro prodigamente. Em vez de cuidar do seu jardim, ele se senta na sua cadeira de praia e bebe um copo de vinho. Esse jeito de ser ameaça os seus princípios e, por isso, você o rejeita.
5. Nós nos sentimos rejeitados pelo outro.
Às vezes interpretamos alguns sinais que algumas pessoas próximas dão como de arrogância; de negação. Nestas horas dizemos: - “Ele quer se colocar!” - “Ele não me atura!” ou - “Ele não quer nada comigo!” Ora, nem sempre isto é o caso. Por trás de um comportamento arrogante, muitas vezes, se esconde uma pessoa insegura e tímida.
É
assim que se nós classificamos uma pessoa de antipática, isso sempre tem a ver
conosco. Não somos nós que tomamos a decisão de classificar alguém como
simpático ou antipático. Se alguém nos é simpático ou antipático isso é o nosso
inconscientes que decide, a partir de experiências passadas. Sim, porque o nosso
inconsciente necessita de apenas 100 milissegundos para fazer um julgamento
sobre uma pessoa que nunca vimos antes.
Como você pode “des-influenciar” a
sua Antipatia.
Mesmo
que nossa mente inconsciente decida por nós sobre a simpatia e a antipatia,
isso não significa que precisamos ficar à sua mercê. Nós podemos resistir
conscientemente.
DICA 1: Leve a sério a primeira impressão,
mas certifique-se de que o seu julgamento é correto.
Dica 2: Pergunte a si mesmo, quando você
não pode suportar alguém: - “O que me incomoda nesta pessoa?” - “Por que esses
aspectos me incomodam?” - “Essa pessoa me faz recordar alguém da minha infância
que não ia com a minha “cara”!”
DICA 3: Essa pessoa lhe faz recordar de
experiências ruins de seu passado que não têm nada a ver com ele? Se esse for o
caso, deixe claro: - “Esta pessoa não tem nada a ver com minha história e eu
vou lhe dar uma chance.”
Dica 4: Essa pessoa possui qualidades ou
características que você não tem, que você poderia aprender, que você poderia
vir a aceitar? Se você se aceitar da forma como você é, então você também pode
aceitar outras pessoas com estas mesmas características.
Dica 5: Se você pede para que as outras
pessoas sejam como você gostaria que elas fossem, então aprenda a ser mais
tolerante. Desenvolva a atitude: - “Ele tem o direito de ser do jeito que é,
mesmo que eu não goste que seja assim.”
Dica 6: Direcione o seu olhar
deliberadamente sobre as características positivas da pessoa que o incomoda.
Dica 7: Desenvolva a compreensão para com
a pessoa que está ao seu lado. Procure as razões para essa pessoa ser como é.
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