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10.12.13

Os Três Reis Magos!

Quem não se lembra de momentos marcantes em sua vida? Nunca me esquecerei da excursão com minha esposa em 1971; do nosso casamento em 1977; do nascimento dos nossos filhos em 1980 e 1982; da minha formatura há 31 anos; da minha Ordenação em 1985; dos encontros pessoais com amigas e amigos e das tantas experiências que me foram dadas viver!

Todas; todos nós fomos educados dum jeito especial; temos nossas experiências individuais; seguimos esta ou aquela religião; optamos por tradições distintas e nos orientamos desta ou daquela maneira. No meio disso nos vêm pequenos relâmpagos de luz que trazem lembranças à mente. Percebemos os mesmos? Será que nos damos conta desses flashes? Não estamos por demais ocupados com os nossos afazeres, a ponto de nos sentirmos engaiolados como um pássaro que só percebe o que acontece bem pertinho dele?

O profeta Isaías define a religião de uma maneira muito genial: Levanta os olhos e vê! (Isaías 40.26a) As pessoas que perderam a capacidade de perceber estes “relâmpagos da vida” já se encolheram em si mesmas. A Bíblia define esta postura como “pecado”! Não se trata de uma falha moral, mas de uma falha na percepção de que Deus que está próximo; da falta de vontade de ter um contato mais estreito com o Mesmo. Para mim a religião significa abdicar das tradições implantadas; abrir os horizontes; levar a sério o que Deus diz.

Os três reis magos citados no começo do Evangelho de Mateus eram a personalização disso que eu acabei de lhes informar: Pessoas sensíveis que perceberam o brilho da estrela no horizonte.

Há regiões do Brasil onde as pessoas se vestem como os três reis magos se vestiam e saem a cantar por entre a vizinhança. Depois dos cânticos entoados esse povo dá sua bênção e deseja bom ano novo às pessoas visitadas. Nós até conhecemos o nome dos tais três reis: Gaspar, Belchior e Baltazar. Na verdade sabemos pouco sobre os mesmos. Seus nomes são oriundos das siglas latinas CMB - Cristus Manisionem Benedikat, ou seja: Jesus Cristo abençoe esta Casa! É atrás desta bênção que os três reis magos se tornam indivíduos.  

Sua simbologia é muito rica. Na França, na catedral de Autun, existe uma obra de arte que já tem seus 900 anos de idade. Ela retrata os três reis dormindo numa cama, sob uma única coberta. Isso quer simbolizar que eles eram unidos num só pensamento. Quem presta atenção percebe que eles têm idades diferentes: um moço, um adulto e um idoso. Assim eles se mostram como o nosso espelho! Sim, eles nos representam nas nossas idades com seus corpos; com seus pensamentos e com seus espíritos. O fato é que a Estrela de Belém brilha sobre os três reis que dormem na catedral de Autun.

Na cena seguinte um anjo se aproxima da cama onde os três reis magos dormem. Ele toca de leve na mão de um dos três. O rei mago tocado acorda do seu sono egoísta; do seu sono de destruição e vingança; acorda do sono dos seus medos e das suas depressões. O rei abre seus olhos! Com a outra mão o anjo aponta para as estrelas que brilham no céu. Esse rei que tem os olhos abertos, simboliza o espírito humano. Enquanto o seu corpo descansa e se recupera com o sono, a sua mente é capaz de perceber o céu aberto. O rei com os olhos abertos simboliza a capacidade do ser humano de poder orar, conversar com Deus; de perceber a presença de Deus mesmo na escuridão da noite. O anjo diz: - Levantem-se e sigam aquela estrela. Saiam de dentro da escuridão do seu dia-a-dia e sejam luzes. Os três se levantam e seguem a tal estrela. Na Bíblia eles não são retratados como reis, mas como astrólogos; como pessoas que tem a capacidade de ver além do horizonte; como pessoas que percebem os sinais da natureza e da vida.

Eles carregam presentes consigo. Ouro, incenso e mirra. Estes três presentes também são simbólicos. O ouro representa a segurança material que precisamos para sobreviver: trabalho, salário justo e o pão de cada dia. O incenso representa a nossa vida espiritual. Uma vida de oração é crucial na vida de quem é cristão. Não vai longe quem não dialoga teti-a-teti com Deus. Claro que esta oração não deve se resumir em simples atos de pedir por quaisquer favores celestes. Orar é mais do que isso. A oração é a vida na presença de Deus. É uma conversa de amigos. Jesus mesmo definiu a oração como uma conversa que se tem com o “paizinho”. O ouro está para as nossas relações aqui no chão e a mirra para as nossas relações com Deus. Mirra! Sim, a mirra é uma espécie de remédio. Somos chamados a cuidar de nós mesmos. Ninguém pode amar o céu ou o mundo se não se ama a si próprio. Quando Jesus acessa nossa vida, ali acontece o amor. Amar os outros como a si mesmo é o desafio que Jesus nos faz neste início de ano!

Eu desejo que todas; que todos possamos nos abrir para a vida em 2014, tal como os três reis se abriram para a mesma. Ali onde a luz de Deus brilha através de uma pessoa, essa pessoa passa a ser bênção para a outra; passa a ser bênção para a humanidade. Amém!



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