- Oh
Júnior! Pelo que eu entendi da tua conversa você disse que a nossa Igreja se
assemelha a um “Feudo”... Complicado isso hein?
- Me
diga: Porque isso seria “complicado” Mateus?
- Bem,
sempre relacionei o “Feudalismo” com a Idade Média e estamos no século 21. Até
onde consigo entender, esta ideologia fomentava uma organização política e
social que se baseava na relação entre senhores (patrões) e vassalos
(serviçais).
- Isso
mesmo Mateus. Os “Feudos” se caracterizavam pela produção dos alimentos que seriam
consumidos pelos seus moradores – nada mais e nada menos. As terras, o moinho e
o castelo eram do domínio do “senhor feudal”. Já a área da produção de
subsistência estava sob a competência dos camponeses, dos servos. Nesse esquema
cabiam as terras de uso coletivo que comportavam as praças, os rios e também os
lagos.
- Que interessante!
- Não é
só isso... Nos “Feudos”, os camponeses eram obrigados a pagar vários impostos ao
“Suserano” (Senhor Feudal).
-
Verdade? Que tipo de impostos?
- Rapaz, naquela
época a vida desses “colonos” não era nada fácil: Tinham que trabalhar gratuitamente
por alguns dias da semana pro “chefão”; tinham que pagar uma taxa pelo uso do moinho,
do forno e das prensas. No fim das contas até tinham que entregar uma parte do
que produziam ao seu senhor. Ah! Tem mais um detalhe. Além de todos estes
tributos, os camponeses ainda precisavam pagar o dízimo, ou seja, 10% do seu
salário à Igreja.
- Que
coisa! Mas, me explica melhor... Como é que você consegue relacionar “Feudo”
com Igreja?
- Observa
o nosso pastor. Ele é bem formado em Teologia. Ele, com suas falas, constrange
um sem número de pessoas para trabalharem em prol da Igreja que pastoreia. Fica
lá dentro do seu gabinete e quase não põe o pé na estrada. Quando sai dos seus
domínios, é para fazer representação. Elas, as ditas “ovelhas trabalhadoras”, quase
sempre reagem positivamente à sua voz de comando.
- É!... Tens
razão. Preciso confessar que percebo poucas pessoas críticas na nossa
Comunidade...
- Por que
isso é assim? Ora, porque o nosso pastor usa muito bem a “Pedagogia do Sagrado”.
Como quase ninguém quer se colocar mal diante de Deus, os “vassalos cristãos” acabam
fazendo, acriticamente, o que ele, seu “líder espiritual” lhes pede que façam. É
desse jeito que o nosso pastor vai se “enfeitando” com o trabalho voluntário para
Deus deste nosso povo tão querido.
- Então quer
dizer que você vê nos “enfeites” o grande “lucro” do nosso pastor.
- Isso mesmo
Mateus! Presta atenção na sua postura corporal; no seu jeito de trabalhar; na
impostação da sua voz! Esforça-te! Lê com olhos de ver os assuntos que ele
divulga na Igreja. Tenho para mim que sua linha teológica deixa muito a
desejar. Parece “samba de uma nota só”, como se cantava numa música antiga. Os
assuntos que ele veicula não são de todo abertos, transparentes. Ele não se
preocupa muito com a formação das pessoas que comungam na sua Comunidade.
- Júnior,
você está dizendo que ele age assim para a manutenção do seu “status quo”?
- Sim! É
dessa forma, sem qualquer preocupação com a formação, que ele mantém o “estado
atual das coisas” em suas mãos. Claro que os seus “vassalos” continuarão sendo
“vassalos” por mais tempo e ele, o “senhor”, poderá continuar “reinando” por
mais longos e longos anos, sempre usufruindo as benesses do seu “Feudo
Eclesiástico”...
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