Busque Saber

30.4.12

Nosso filho está perdendo a fé!


Caro Pastor Renato!

Como o senhor sabe, somos uma família cristã. Meditamos na Palavra de Deus e, todos os dias, fazemos as nossas orações. No domingo, nunca perdemos um Culto sequer. Somos uma família unida e temos três filhos, com idades entre 8 e quatroze anos. O que nos traz ao senhor é que, nos últimos meses, surgiu um problema na nossa casa. O nosso filho mais velho está entrando na adolescência e não está mais levando a sua fé em Deus tão a sério, como entendemos que ele deveria levar. Quando chamamos a atenção dele, ele reage dizendo que esta palavra é muito “carregada”. Daí então ele nos joga na cara que esta palavra carrega “pesos” do passado em si. Mais do que isso, ele aponta para algumas catátrofes mundiais que foram motivadas pela “fé” de algumas pessoas e que, portanto, não quer viver sob esta tensão; que não quer se envolver com um conceito tão ultrapassado e ambíguo.  

O fato é que minha esposa e eu estamos nos condoendo muito com nosso filho. A idéia de que nossas crianças possam cair na fé nos deixa muito assustados. Esse assunto sempre volta nos nossos círculos de conversa. São assuntos um tanto difíceis de ser digeridos. Nosso filho teima em repetir que não pode fazer mais nada com este conceito que “plantamos dentro do seu coração” com tanto carinho. Em contrapartida ele também nos diz que a mensagem de Jesus Cristo o impressiona. Nessas horas ele nos cita o Sermão do Monte de Mateus 5-7 e se reporta às palavras que Jesus disse;  às posições que Jesus defendia. Ele nos diz que este é o texto mais importante do Novo Testamento. Nós, como pai e mãe, estamos endendendo que ele faz um resumo muito bruto da Bíblia.

Enfim, ele nos provoca com palavras deste tipo e, infelizmente, sempre de novo, acabamos entrando em confronto com ele. Sabemos que estas brigas não levam a nada, mesmo assim, repito, sempre caimos no mesmo erro. O que é que podemos fazer?

Caro Jandir, a tua carta me impressionou muito. Fiquei tocado pela forma como tu e Graça levam a sério a dificuldade do Jones. Também mexeu comigo o jeito, a humildade de vocês ao me pedirem por ajuda. A forma de vocês apresentarem seu filho a mim também mexeu comigo. Ora, ele simplesmente está assumindo a tarefa que diz respeito à sua idade. Ele não quer ser uma cópia de vocês dois, mas está em busca de uma identidade própria. Notem que ele age assim usando vocês como interlocutores. Esse é o ponto! Ele está verificando o que é que pode levar de vocês para dentro da sua vida particular. Com este jeito de ser ele está se perguntando como e onde ele vai fazer a sua própria caminhada. Nada mais do que isso. 

Tudo ainda é um tanto vago e, certamente, ainda permanecerá assim por algum tempo. O importante é que vocês não percam o contato com o Jones neste tempo de adolescência. Trata-se de uma época de muitas perguntas e de muitos vazios que precisam ser assessorados. É importante que vocês permaneçam com as suas convicções, mas também que tenham seus ouvidos abertos para os clamores do garotão. Ele os provoca e, claro, estas provocações são difíceis de serem engulidas. Elas até lhes causam medo. Vocês até se sentem inseguros quanto ao fato de se deixarem levar por reações muito duras. Abram o jogo, mostrem-se para o seu filho assim como vocês são. Digam-lhe os conteúdos que vocês mesmos acabaram de me informar.

O importante é que vocês concedam ao Jones o direito dele escolher seu caminho à sua maneira. Aqui me lembro-me de um provérbio chinês: “Dê raízes aos teus filhos quando eles são pequenos. Quando eles crescerem, dê-lhes asas.” Vocês já deram  raízes ao Jones. Agora é tempo de lhe dar asas. Pelo que me informaram, vocês tem todas as condições de caminharem para a frente com confiança.

Só mais uma pequena lembrança sobre a palavra “crer”. O Jones se refere ao abuso e à má compreensão da palavra “fé” e que, por isso mesmo, ele a deixa de lado. Essa postura dói em vocês, mas notem que ele ainda não está rejeitando esta palavra. 

Aqui, de repente, uma Palavra Bíblica ajuda a vocês. À pergunta pelo “que verdadeiramente importa”, Jesus nos dá duas respostas. Certa vez Ele respondeu: “Arrependei-vos e crede no Evangelho” (Marcos 1.15b). Se eu os entendi bem, esta é uma boa resposta para a sua pergunta. Em outra ocasião, Jesus Cristo disse: “Buscai primeiro o Reino de Deus...” (Mateus 6.33a). Esta é a resposta que parece interessar mais ao Jones neste momento. Notem que ele não está longe de Jesus enquanto pensa do jeito que pensa... Abraços!

25.4.12

QUE CORAGEM! Atos 4.5-12





Com que força e em nome de quem vocês curaram o paralítico?  Esta pergunta foi feita para o Pedro e para o João, mas ela parece ser feita a mim. O que significa esta pergunta para nós, hoje?

Pedro e João tinham curado um coxo. Esse homem era trazido regularmente, durante quarenta anos, à porta do templo. Era, com certeza, pessoa bem conhecida nas redondezas pelo fato de sempre estar implorando ajuda.

O que fez Pedro? Pedro lhe disse: “Ouro e prata não tenho, mas o que tenho, isso te dou: Em nome de Jesus Cristo, levanta e anda”. Daí então Pedro o tomou pela mão e o colocou em pé. Daquele momento em diante as pernas e as articulações musculares do coxo ficaram firmes e ele se levantou, correu e louvou a Deus.

Vocês conseguiriam fazer o que Pedro fez? Eu não, apesar de também crer na ressurreição de Jesus Cristo. Não! Eu não me sinto pronto para dizer semelhante palavra a uma pessoa com deficiência.

O fato é que Pedro teve coragem de fazê-lo. Sim, Pedro não se calou diante das autoridades eclesiásticas, quando lhes deixou claro que “Jesus Cristo, o Nazareno, Àquele a quem tinham cruscificado e a quem Deus ressuscitara dentre os mortos, era o verdadeiro Autor daquela cura”; quando lhes deu a entender que o poder que vem do alto tem capacidade de zerar a força da dor e da morte.

A ousadia de Pedro, ao apontar para Deus como o Mentor daquele milagre, fez com que os queixos daqueles estudiosos da Bíblia caissem. Eles não ficaram estupefatos por causa do testemunho dos dois apóstolos, mas pelo fato de que aqueles homens de origem tão simples, quase sem nenhuma formação teológica, soubessem falar com tanto destemor, a partir das Escrituras. 

Pessoas que experimentaram grande perigo; que foram confrontadas de perto com a morte e que, mesmo assim, permanecem firmes na fé, já nos serviram e continuam servindo de modelo. Aqui me lembro do nosso mártir evangélico que, mesmo torturado até a morte, resistiu às ameaças; à injustiça e, ao mesmo tempo, se submeteu, com coragem, à vontade de Deus, deixando sempre claras as suas idéias.  

A verdade é que nem todas as pessoas tem o perfil de dizer a que vieram, nem todos são heróis. Todos sabemos que Pedro não foi nenhum herói. Pedro se mostrou uma pessoa empreendedora. Ele devia ser um homem cheio de entusiasmo que andava na vanguarda dos acontecimentos. Agora, lembremo-nos que no pátio do sumo sacerdote, ele negou Jesus três vezes; que depois da morte de Jesus ele experimentou medo dos judeus e se escondeu atrás de portas pregadas.

Algo deve ter contribuido para Pedro se mostrar tão corajoso. Foi seu encontro com o Ressuscitado que lhe oportunizou a força do Espírito Santo. Gente querida, a vida do Jesus terreno e o túmulo vazio nunca levaram ninguém à fé. Foi a ressurreição de Jesus que fez com que o cristianismo surgisse. Mais do que isso, foi só depois do encontro pessoal que Jesus teve com seus discípulos que eles se tornaram apóstolos.

Foi a partir daquele encontro que o inacreditável se tornou crível; que o incompreensível se converteu em compreensível. O paralítico foi curado com a força; com o poder do Espírito Santo e Pedro e João foram simples canais dessa força. 

Pedro também responde à pergunta, em nome de quem todas estas coisas aconteceram. Ele disse que foi “Jesus Cristo de Nazaré, a quem eles mesmos tinham cruscificado e a quem Deus tinha ressuscitado dentre os mortos” que lhes tinha possibilitado aquele ato. Martin Luther diria: “Em nenhum outro há salvação, não há outro nome debaixo do céu, dado entre os homens, pelo qual devamos ser salvos.” Sim, Jesus Cristo é Aquele através do qual podemos experimentar a salvação.

A declaração de Pedro é simples e clara, mas ao mesmo tempo capaz de gerar um estresse enorme! Eu experimento isso. O Evangelho me chama constantemente a verificar a minha fé e o meu relacionamento com Deus com perguntas pessoais do tipo: - É isso mesmo que está escrito? - Eu acredito nisso que está escrito? Essa fé descrita nos Evangelhos perpassa o meu ser, enquanto me digladio com minhas dúvidas? - Deixo-me assessorar pela fé enquanto busco as soluções para os meus problemas?  - A minha fé afeta as relações com os próximos? – A minha fé leva a dar passos que promovam a reconciliação? – A minha fé me leva a solidarizar-me com os pobres que tem fome de pão e de justiça? Resumindo todas as perguntas numa só: - A minha fé é viva?

Difícil de absorver um texto tão carregado de conteúdo, assim, de uma só vez. Eu sonho dar  testemunho com a coragem de Pedro; de João; de Dietrich. Eu tenho a intenção passar a “Boa Nova” de Deus adiante, mas aí me pergunto: Quem quererá ouví-la? Perguntas como essas me passam pela cabeça quando penso nas pessoas que não acreditam em Cristo; nas pessoas que se mostram inimigas da Igreja.

Penso que muitos de vocês experimentam o que experimento: O Evangelho nos promove má consciência, e então seguimos nos perguntando: - Eu tenho feito o suficiente? – Eu não estou sendo demasiadamente egoísta? - Onde é que eu gasto o meu tempo?

Toda santa inquietação é boa, mas será que é sobre esta base que nós queremos e podemos passar uma “Boa Notícia” da Salvação? Se nos movemos por aí com consciência culpada, será que podemos relacionar a mensagem redentora e libertadora de reconciliação do homem com Deus com o amor que é derramado em nossos corações; com a paz que está em Cristo? Penso que não. Agora, não somos nós que salvamos as pessoas, mas é Deus quem enviou Seu Filho que salva e resgata da morte para a vida (João 3.17).

Aqui reparto três idéias que podem nos ajudar na comunicação do Evangelho:

1 - Se não me alegro com a minha salvação, como é que eu posso compartilhar esta alegria adiante? Eu só posso apontar para a felicidade, para a gratidão a Deus que tanto fez e continua fazendo na minha vida, se minha fé estiver viva.  

2 - Tudo o que fazemos, sejam ações pequenas ou grandes, elas têm sua origem na ação orientada de Deus. Cedo ou tarde estas ações serão reconhecidas como boas contribuições ao ambiente em que vivemos. Lembrem-se que a nossa vida já é um testemunho, antes mesmo de abrirmos a nossa boca.

3 - A força que nos move provém do Espírito Santo, cujos sinais se mostram suaves e silenciosos. Vejamos o que os outros realmente necessitam. Pedro não curou o coxo da sua pobreza, mas das suas necessidades especiais.

Não desanimemos! Deixemo-nos encorajar por pessoas do perfil de Pedro; de João; de Dietrich Bonhoeffer. Eu fecho este texto lembrando de uma canção bem conhecida: “Alegrai-vos sempre no Senhor, Alegrai-vos no Senhor!...

23.4.12

DEUS - PAI E MÃE!



Em Êxodo 4.22-23a Moisés é desafiado por Deus a ir se encontrar com o Faraó. Uma vez em contato, deve dizer-lhe: Assim diz o SENHOR: Israel é meu filho, meu primogênito. Digo-te, pois: deixa ir meu filho, para que me sirva”. 

Percebe-se nesta passagem bíblica que o povo de Israel é entendido como filho de Deus. A relação entre Javé (SENHOR) e Israel é apresentada como uma relação “pai-filho”. Trata-se de uma tradição antiga, cuja data de início os exegetas (estudiosos da Bíblia) não tem como definir. Foi no tempo dos profetas que ela se se enraizou na História. Esta “imagem” da relação “pai-filho” sempre de novo foi retratada quando dos anúncios proféticos.

Em 750 a.C já encontramos descrito com pompa no livro de Oséias, este tema básico que remete para a relação “pai-filho”. Em Oséias 11.1-9 esta idéia parece estar colocada como ápice de todo o Antigo Testamento: Quando Israel era menino, eu o amei; e do Egito chamei o meu filho. Quanto mais eu os chamava, tanto mais se iam da minha presença; sacrificavam a baalins e queimavam incenso às imagens de escultura. Todavia, eu ensinei a andar a Efraim; tomei-os nos meus braços, mas não atinaram que eu os curava. Atraí-os com cordas humanas, com laços de amor; fui para eles como quem alivia o jugo de sobre as suas queixadas e me inclinei para dar-lhes de comer. Não voltarão para a terra do Egito, mas o assírio será seu rei, porque recusam converter-se. A espada cairá sobre as suas cidades, e consumirá os seus ferrolhos, e as devorará, por causa dos seus caprichos. Porque o meu povo é inclinado a desviar-se de mim; se é concitado a dirigir-se acima, ninguém o faz. Como te deixaria, ó Efraim? Como te entregaria, ó Israel? Como te faria como a Admá? Como fazer-te um Zeboim? Meu coração está comovido dentro de mim, as minhas compaixões, à uma, se acendem. Não executarei o furor da minha ira; não tornarei para destruir a Efraim, porque eu sou Deus e não homem, o Santo no meio de ti; não voltarei em ira.

Não há texto do Novo Testamento que ultrapasse este grau de “calor”, de “intimidade” e de “grandeza” que se explicita em Oséias 11.1-9. Pela boca do profeta Oséias, o SENHOR se coloca; se apresenta como um Pai que revela toda atenção ao Seu filho.

Aqui é surpreendente que a expressão “pai” é entendida num contexto muito diferente da prática usual entre os semitas. Normalmente era assim que o foco desta raça de indivíduos sempre estava centrado na família ou no clã. No texto de Oséias que acabamos de ler, observamos a “imagem” de um pai que se destaca pela sua “essência interior”; pela sua “devoção; pelo seu “amor” e por sua “magnanimidade”. Em suma, o texto nos apresenta um conceito muito moderno de “pai”.

Entre muitos exegetas, o profeta Jeremias é chamado de “discípulo espiritual” de Oséias. É em Jeremias que vamos nos deparar novamente com o conceito de “pai” que vimos em Oséias. Vamos ler Jeremias 31.20: “Não é Efraim meu precioso filho, filho das minhas delícias? Pois tantas vezes quantas falo contra ele, tantas vezes ternamente me lembro dele; comove-se por ele o meu coração, deveras me compadecerei dele, diz o SENHOR.”

Na terceira parte do Livro de Isaías, mais especificamente em Isaías 64.7-8, o povo de Israel lembra o próprio Deus que Ele é seu “pai” e que, portanto, lhe cabe um comportamento misericordioso: “Já ninguém há que invoque o teu nome, que se desperte e te detenha; porque escondes de nós o rosto e nos consomes por causa das nossas iniquidades. Mas agora, ó SENHOR, tu és nosso Pai, nós somos o barro, e tu, o nosso oleiro; e todos nós, obra das tuas mãos.”

Na Bíblia não se aponta para o SENHOR apenas como um “pai”. Ora, Deus ultrapassa o conceito de “sexualidade”. Quer dizer, as declarações bíblicas apontam em igual número tanto para a “maternidade” de Deus como para a “paternidade”. Deus é, ao mesmo tempo “pai” e “mãe” do Seu povo.

O Antigo Testamento não enfatiza apenas o lado patriarcal de Deus.  Em Isaías 49.15, podemos perceber que Deus se compara com uma mãe: “Acaso, pode uma mulher esquecer-se do filho que ainda mama, de sorte que não se compadeça do filho do seu ventre? Mas ainda que esta viesse a se esquecer dele, eu, todavia, não me esquecerei de ti.”

Em Isaías 66.13 se lê: “Como alguém a quem sua mãe consola, assim eu vos consolarei; e em Jerusalém vós sereis consolados.”

Além disso, no idioma hebraico e, portanto, também nas mentes do povo hebraico, a compaixão sempre é vista como um traço da personalidade materna. 

A palavra “misericórdia” (“rachamim” no Hebraico) se origina  da palavra também hebraica “raechaem”. Esta última palavra se equivale a “ventre” (cf. Êxodo 34, Oséias 11, Jeremias 31, etc.)

Nas fontes dos antigos escritos mesopatâmicos percebem-se sinais que definem a palavra “misericórdia” como algo na linha de “coração aberto”. Este sinal carrega uma sigificação muito clara de “ampla segurança”. Quando se aplica este símbolo para a “mulher”, daí resulta o conceito de mulher como o de uma “imagem misericordiosa”. Na Mesopotâmia também é assim que quando se fala em “misericórdia”, logo se pensa na palavra “mãe”.

O SENHOR se revela na “misericórdia” como “Alguém Maternal”. Quando Deus tem compaixão pelas pessoas, então Ele se mostra tal como uma mãe se mostra ao seu filho. 

22.4.12

Dia Nacional da Diaconia!


Em Lucas 24.36b-48 Jesus abre a mente dos discípulos e então eles passam a ver a vida com olhos do seu Mestre. A partir daquele momento eles se perguntam: Qual é o critério que promove o Filho de Deus aqui no chão? Diante do entendimento que o Ressurreto lhes oportuniza, não dá mais para ficarem quietos - agir é preciso. Mas agir como? Onde agir? Em que sentido agir? As suas mãos parecem estar amarradas com as cordas da marca “medos” e “dúvidas”. Não é assim conosco? Queremos ver retorno rápido das coisas que dizemos e fazemos e aí, muitas vezes, nos deixamos levar por “Teologias Pobres”. 

A falta de fé e a dúvida sempre de novo se manifestam entre as pessoas cristãs. Os discípulos de Jesus não estavam tão sujeitos a estes “males”. Mesmo assim, eles, apesar de poderem tocar em Jesus; de convesar com Ele e de experimentar Sua presença, “balançaram”. 

Li, outro dia um pequeno texto de jornal que informava sobre a Madre Teresa de Calcutá, Prêmio Nobel da Paz de 1979 e fundadora da Ordem “Missionárias da Caridade”. Pois fiquei surpreso. Ela testemunhou ter sido atormentada durante cinquenta anos por dúvidas a respeito de sua fé. Dúvidas estas que se resumiam em “tortura”, “escuridão” e “solidão”. 

Como pode que uma mulher desse quilate tenha experimentado incertezas quanto a presença de Deus em sua vida? Ela ajudou milhares de pessoas infelizes em Calcutá; “guerreou” contra a lepra; colocou-se ao lado de crianças abandonadas; não arredou pé dos leitos onde pacientes agonizavam até a morte. Cinco décadas dedicadas à Diaconia e isso, sem dar mostras das lutas que aconteciam dentro do seu coração; da sua mente. Como é que ela subsistiu? Por que é que Deus não a ajudou a passar por estes “vales escuros” com mais presença? A resposta é simples: Ela encontrou forças no serviço cristão que prestava ao seu poderoso Deus. 

Até mesmo os discípulos foram atormentados por dúvidas quando o assunto foi a ressurreição de Jesus. Ficar quietos seria uma boa pedida – por que não? Deixar a vida acontecer, enquanto estudassem o Antigo Testamento era uma opção. Encontrar-se e exaltar-se como ex-companheiros de Jesus em reuniões onde se serviam peixes e vinhos também não seria ruim. Quem sabe podiam fundar um fã-clube. 

Nada disso! Depois que Jesus entra no ambiente e lhes abre a mente, os discípulos conseguem susbstituir o suposto fracasso com a morte do seu Messias pela certeza da vitória pela ressurreição. Tomé, o sujeito que mais duvidou, não estava sozinho. Tu e eu, nós também não estamos sós. Entender por completo a ação de Deus, isso ninguém de nós é capaz de fazer. Mas isso não nos permite a “rede” da conversa macia; do “deixa como está para ver onde vamos chegar”; a falta de compromisso com a verdade. 

Vimos que a aparição de Jesus aos discípulos provocou reações de medo; de susto. Seria aquele Aparecido um “fantasma”? Ora, estamos cercados de fantasmas. Fantasmas da violência, das drogas, dos assaltos, da corrupção, da fome, da pobreza e das doenças, só pra citar sete. Assustamo-nos com esses mistérios que nos cercam? Estes “fantasmas” não nos afetam?! Madre Tereza de Calcutá deixou-se afetar e, mesmo frágil, saiu para dar testemunho agindo; fazendo diaconia. 

Um dia estarei de pé, ao lado de Jó e de milhões de outras pessoas questionadoras que foram resgatadas, para ver o meu Pai do Céu. Nessee dia e quero começar a entender melhor a pessoa de Deus. Eu sei que Deus me ama, apesar das minhas dúvidas. Neste quesito eu não tenho nenhuma dúvida. Por isso sigo em frente...

20.4.12

FAMÍLIA CRISTÃ - O QUE É ISSO?

Estou tendo a oportunidade de expressar alguns pensamentos sobre o tema “Família”. Tento cumprir esta tarefa fazendo-o a partir de perspectiva cristã. Não tenho a pretensão de trazer uma palavra final sobre esse assunto. O meu objetivo é, simplesmente, levantar alguns estímulos para que o diálogo sobre este assunto aconteça - nada mais do que isso.

Hoje se “joga todas as fichas” na busca de um conceito para a “Família do Futuro”. Confesso que os termos “Família Cristã” e “Família Ideal” me fazem experimentar algum desconforto. Nunca fica muito claro o que se imagina por “Família Cristã” ou “Família Ideal”, daí que me pergunto: - Será que este “idealismo” é mesmo tão “cristão” como imaginamos que ele deva ser? Sim, eu tenho cá as minhas dúvidas e não vou me eximir de repartí-las com vocês, mesmo que discordem de mim. O fato é que carrego a impressão que, como cristãs e cristãos, deveríamos nos envolver muito mais com este tema. 

Nós, a cristandade, somos os autores e os agentes dessa discussão sobre a “Família Cristã”. Sendo assim, nos cabe a pergunta: - Assumiremos a tarefa de entabular discussões neste sentido dentro da sociedade? Estou convicto que estes termos “Família Cristã” e “Família Ideal” se tornaram independentes, ou seja, converteram-se num clichê que se diz da “boca pra fora”, mas que não se vive na realidade. Cada um entende estas expressões do seu jeito e pronto - acabou. Ora, isso quer dizer que, como cristãs e cristãos, nos cabe redefinir o termo “Família Cristã” com palavras que, novamente, nos digam alguma coisa. 

Quais os conteúdos que se discutem sobre esta temática na autalidade? Uma resposta para esta pergunta não é fácil de ser dada. Carrego a impressão de que exista uma idéia comum que gere as formas do pensamento da maioria das pessoas. Sim, há um jeito de se pensar sobre esse assunto que está pautando as cabeças, tanto de conservadores como de liberais. A “Família Ideal” é composta pelo pai; pela mãe e pela filha ou filho. Uma vez “embarcados” nesse pensamento mais engessado, espera-se que a criança seja filha biológica de ambos os pais; educada pelos referidos pais que, inclusive, também precisam ser casados de papel passado. As pessoas marcadas por uma liberalidade mais moderna já não aderem de forma tão rigorosa a este “Ideal de Família”. Mesmo assim, comungam secretamente com ele. Percebe-se isso quando afirmam: - “Não tem que ser sempre assim, pois sempre há as circunstâncias desfavoráveis. O fato é que seria bom se...” Hummm... É justamente aí nesse “se” que este jeito de pensar está se mostrando cada vez mais comum, também entre jovens. 

Tenho minhas dúvidas se esta “Família Ideal” (pai, mãe e filho juntos) é realmente tão cristã como se apregoa. Primeiro, porque esse “Ideal Cristão” desvaloriza; não leva em conta determinadas pessoas. Aqui penso nos pais solteiros (viúvos ou divorciados) e ou até conscientemente sós. Hoje é assim que pais não casados e ou divorciados não são mais tão marginalizados como o foram no passado. Mesmo assim o “status” de “mãe solteira” ainda não tem boa aceitação na sociedade. Para a sociedade uma mãe e uma criança sem a presença do pai não refletem uma “Família Equilibrada” e, se refletem, esta é considerada só “Meia Família”. Diz-se que o referido cônjuge não deve ter tido a coragem de assumir o casamento; que ele não deve ter dado muito de si no sentido de levar o compromisso do casamento às últimas consequências para evitar o divórcio, etc. Esse jeito de pensar que exclui a mãe solteira não pode ser taxado de cristão, pois vai claramente contra o Mandamento de Deus que faz referência do “amor ao próximo”. 

Em segundo lugar, desse “Ideal Familiar” resultam termos negativos como “Família Patchwork”. Será que todas as famílias não sejam “Patchwork´s”, “Colcha de Retalhos” compostas por duas pessoas de culturas, tradições e valores diferenciados? Ora, esta “Família Misturada” desmascara o conceito de família reduzido à perspectiva biológica: Se diz que uma “Família Normal” precisa estar acompanhada de uma criança. Será mesmo? Pergunto isso porque, por si só, a descendência biológica não tem a força de formar uma família funcional. 

Em terceiro lugar, duvido que a pergunta por onde começa e por onde termina a família seja respondida de igual forma dentro da História. Para os mais jovens entre nós, uma família só é composta dos pais e de uma criança. Já para as pessoas com 70, 80 anos de idade, uma tal família é considerada pequena. Esse povo mais idoso vê a família com a presença ativa dos avós e dos netos. De repente vocês estejam se perguntando: Depois dessa introdução, será que ainda pode existir a definição de uma “Família Cristã”? Sim, penso que sim. Esta definição “Família Cristã” que vou apresentar se arraiga na Tradição Luterana Cristã. 

O termo “Família Cristã” pode ser compreendido de várias formas, mas nem sempre como Jesus Cristo o concebeu. Pode nos surpreender, mas no testemunho bíblico Jesus já nos mostra o exemplo de uma “Família” um tanto estranha. Senão vejamos: Os discípulos devem seguir Jesus, sem levar em conta as suas famílias. Isto é o que lemos em Lucas 9.59-62: “A outro disse Jesus: Segue-me! Ele, porém, respondeu: Permite-me ir primeiro sepultar meu pai. Mas Jesus insistiu: Deixa aos mortos o sepultar os seus próprios mortos. Tu, porém, vai e prega o reino de Deus. Outro lhe disse: Seguir-te-ei, Senhor; mas deixa-me primeiro despedir-me dos de casa. Mas Jesus lhe replicou: Ninguém que, tendo posto a mão no arado, olha para trás é apto para o reino de Deus.” Quer dizer, quando Jesus faz o chamado para segui-Lo, não se pode ir primeiro trabalhar o luto do Pai, prestar-se últimas homenagens ou despedir-se da família... Hoje entendemos este mandado de Jesus como um tanto radical. Sim, ele também foi entendido dessa forma nos tempos neo-testamentários. 

Em Marcos 3.32ss ouvimos falar de um Jesus que nega suas próprias raízes biológicas: “Muita gente estava assentada ao redor dele e lhe disseram: Olha, tua mãe, teus irmãos e irmãs estão lá fora à tua procura. Então, ele lhes respondeu, dizendo: Quem é minha mãe e meus irmãos? E, correndo o olhar pelos que estavam assentados ao redor, disse: Eis minha mãe e meus irmãos. Portanto, qualquer que fizer a vontade de Deus, esse é meu irmão, irmã e mãe.” 

 Até agora está claro que Jesus não rejeita a “Família”, mas a redefine. Para os judeus e para os gregos do tempo de Jesus a família tinha origem biológica e sempre uma finalidade econômica. Quando Jesus usa “termos familiares” para caracterizar a relação dos discípulos com Deus e com Ele mesmo, então, na minha opinião, Ele deixa claro que estas relações se equivalem às “relações familiares” - nada além disso. 

Isso se comprova pelo fato de que, muitas vezes, Jesus cita Deus como sendo Seu “Pai”. Certamente Jesus não está se referindo a uma descendência biológica, mas apontando para uma “relação”. Deus é o Pai, no qual Jesus confiou. Essa relação já teve seu início quando Jesus tinha 12 anos de idade. Naqueles tempos Ele já descreveu o templo como sendo a “Casa de seu Pai” (Lucas 2.49). Ele aprofunda esse conceito quando fala aos discípulos que Deus também é Pai de todos os discípulos. Novamente, Ele não diz isso por razões biológicas, mas porque Deus age e se ocupa como um pai em prol dos Seus discípulos (Mateus 6 – por exemplo). 

Estes conteúdos também se refletem nas Cartas Paulinas: Os membros das Comunidades Cristãs mais antigas se chamavam de irmãs e irmãos porque tinham um relacionamento de pai e filhos com Deus e porque se preocupavam fraternalmente uns com os outros. A Família é definida nos Evangelhos e também nos escritos de Paulo, a partir do relacionamento social. Vou ser mais específico: Pela solicitude amorosa de uns para com os outros que experimentavam ligação entre si. Porque Deus tem cuidado amoroso para com os cristãos é que os cristãos devem colocar a sua confiança Nele como um Pai. Assim, Deus é apresentado como um “Pai” para a cristandade. E é porque todos os cristãos têm o mesmo Pai no Céu que eles se tornam irmãos e irmãs. Por tudo isso também devem se tratar assim - como irmãs e irmãos. Pode-se dizer que a Comunidade Cristã é vista como uma Grande Família - a Família de Deus. 

A Comunidade Familiar dos primeiros seguidores de Jesus e as primeiras Comunidades da Igreja Primitiva tornam-se grandes exemplos dessa Família. O critério decisivo para se pertencer a esta “Família” é a crença comum de se pertencer ao mesmo Deus e de se fazer a Sua vontade. Para se cumprir essa vontade, conforme Paulo, também é importante se levar a sério a Lei de Cristo: “Levai as cargas uns dos outros e, assim, cumprireis a Lei de Cristo.” (Gálatas 6.2). Portanto, nenhum dos membros da “Família” podem ser excluídos ou discriminados, enquanto professam sua fé em Deus. Isto é especialmente verdade para as famílias onde só exista a mãe e ou o pai. Essas pessoas chamadas de singulares não podem ser excluídas das Comunidades Cristãs, que, inclusive, tem o dever de ajudar a carregar suas cargas. 

Ao mesmo tempo, nos cabe rever nossos conceitos de “Família Cristã”. Não é preciso haver o trinômio “pai-mãe-criança” para que uma família seja aceita como completa. Uma família também é cristã se for composta apenas por duas pessoas e se nela se perceber amor recíproco e preocupação mútua. Aqui penso em “pai-criança” e ou em “mãe-criança”. O mesmo se aplica às Famílias que adotam filhos; às famílias que já chamamos de “Colcha de Retalhos”. Se um padrasto e ou uma madrasta se ocupam com uma criança como se fossem mães e ou pais verdadeiros, ali também nós temos o testemunho de uma Família Cristã. 

Entendo que estejamos num bom caminho aqui na São Mateus no sentido de implentarmos esta compreensão de Família, mesmo que para algumas pessoas isso seja um tanto difícil. Nós dizemos que a Comunidade é a Grande Família de Deus, desde o momento em que oferecemos “ajuda”, a partir da Diaconia, para as pessoas que caminham conosco. Nós também trabalhamos no sentido de mudar a nossa imagem da “Família” quando focamos nossos olhos nas mães solteiras; nos pais solteiros e nos seus filhos, no sentido de aceitarmos os mesmos como sendo “Família Completa”. Vamos continuar refletindo sobre este tema com nossos pensamentos sempre voltados ao testemunho bíblico dos que nos antecederam na caminhada de fé.

18.4.12

ORAÇÃO DE QUEM CARECE!


Senhor, tu és o Deus dos vivos, não dos mortos. Através da ressurreição de Jesus Crito, Tu acabaste com o poder da morte. Tu conduzes a Tua Criação a um novo lugar, enquanto convertes a morte em vida. Mesmo quando a morte nos faz lembrar da transitoriedade de todos os seres viventes, nós não nos resignamos; não caimos em desespero.

Senhor, é a Tua voz que, no final de todos os tempos, nos chamará de dentro do túmulo. É da Tua vontade que, já no primeiro dia, as nossas boas obras sejam espalhadas diante de Ti sobre um lençol. Sim, Tu vais colocar um fim às obras das trevas. Nesse dia o sofrimento se converterá em alegria; as lágrimas se converterão em riso e a guerra se transformará em paz. É o Teu espírito que transformará o que corruptível em incorruptível.

Senhor, no dia em que Tu voltares, não se ouvirá mais o grito sequer do sangue na terra, pois tudo será novo. Amém!

13.4.12

Gol, gol, gol...


Cresci ouvindo meu avô taxar Getúlio Vargas de populista. Populista porque tinha implantado o “Dia do Trabalho”; porque tinha consolidado as “Leis Trabalhistas” (CLT) e o “13º salário”, entre outros. Essas medidas serviram para aproximá-lo do povo. Prova disso é que Getúlio ainda hoje é ovacionado com o apelido de “Pai dos Pobres”. Lembro que meus tios entendiam essas ideias como negativas para o nosso Brasil.

Sim, o populismo é um jeito de conduzir governos com medidas que até favoreçam e agradem a população. O presidente Lula, por exemplo, foi populista quando criou “Fome Zero” e “Bolsa Família”. Essas medidas beneficiaram nossa população que, por tabela, acabou “endeusando” o ex-presidente. O problema é que faltou o passo seguinte. Que passo? Ora, desenvolver e sustentar o desenvolvimento humano a partir de medidas que se afastem da ideia da “esmola”.

O populismo já vem desde a Roma Antiga. Lá se usava o termo “Panis et circensis” (pão e circo) com o objetivo governar com tranquilidade. Enquanto o povo tivesse o que comer e com o que se entreter, não iria atrapalhar nos “negócios”. Governos populistas usam esse tipo de medidas com o objetivo de desviar a atenção do povo de assuntos que realmente importam e, claro, das manobras políticas ilícitas que têm em mente. Seria hoje o populismo um perigo para ser alertado entre as lideranças da nossa querida IECLB? Eu volto ao assunto...

9.4.12

PÁSCOA - A RESSURREIÇÃO DE JESUS!


No ano 33 d.C. era costume envolver o corpo de uma pessoa falecida em faixas de pano embebidas em óleos aromáticos (João 19.39-40). Foi com esse intuito que Maria Madalena, Maria, mãe de Tiago, e Salomé se dirigiram ao túmulo onde tinham colocado Jesus (Marcos 16.1-8).

Estas três mulheres já tinham experimentado grande sofrimento sob a cruz de Jesus. Como o Filho de Deus tinha falecido às 15h de sexta-feira, não houve mais tempo hábil para promover-Lhe um sepultamento digno. Para os judeus, quando o sol se põe na sexta-feira, não se faz mais absolutamente nada até o pôr do sol do sábado seguinte. Ora, durante a noite de sábado era impossível de se fazer qualquer coisa neste sentido. Assim, só sobrou a madrugada de sábado para domingo para ungir o Corpo do seu Mestre.

Ainda era escuro quando as três mulheres se dirigiram ao túmulo para embalsamar o seu Senhor (Marcos 16.1). O caminho até o túmulo era longo e elas se mostravam preocupadas enquanto caminhavam: - Como é que poderiam entrar naquele túmulo? Quem poderia ajudá-las a remover a grossa pedra que cobria a entrada da sepultura? Não, sozinhas elas não seriam capazes de remover aquele bloco de pedra. Mesmo assim, carregavam a esperança de encontrar um homem forte que fizesse o serviço.

De repente, elas perceberam um detalhe que parecia estar fora da realidade: A tal pedra não cobria mais o túmulo onde tinham colocado o Filho de Deus. Olharam para dentro e perceberam que o mesmo estava vazio. Elas tinham vindo até ali para prestar os últimos serviços fúnebres a um falecido e agora estavam diante de uma incrível experiência: O seu Senhor tinha ressuscitado!

Foi desde então que o fato histórico da ressurreição de Jesus se tornou o fundamento da fé cristã. O apóstolo Paulo coloca essa verdade de forma bem radical em 1 Coríntios 15.14: “E, se Cristo não ressuscitou, é vã a nossa pregação, e vã, a vossa fé...”

Ora, o relato a respeito da ressurreição de Jesus também contém alguns conselhos muito práticos para a nossa vida cotidiana. Senão vejamos: Conseguimos lidar muito bem com os detalhes óbvios que a vida nos apresenta, por exempo: - Quem rolará a “pedra” para nós? Quem tirará o “obstáculo” do nosso caminho? Deus não se preocupa com probleminhas tão pequenos. Deus pensa maior. Deus pensa em nós...

Há uma enormidade de “pedras” que complicam a nossa passagem pela vida. Às vezes estas tais “pedras” até se convertem em altos muros, muralhas intransponíveis. Há “pedras de amargura” entre cônjuges; entre pais e filhos e mesmo entre irmãs e irmãos que fazem parte da mesma Comunidade que carecem de ser removidas. São “pedras” que acabaram se amontoando umas sobre as outras; que acabaram virando montanhas; que acabaram se convertendo em enormes empecilhos para o entendimento. Também há as “pedras da culpa e do fracasso” que também impedem vida sadia. Enfim, todas estas “pedras”, que exercem enorme peso; grande pressão sobre nós, carecem de remoção, uma vez que Jesus ressuscitou no Domingo de Páscoa e, com Sua ressurreição, nos possibilitou o perdão.

2.4.12

Isaías 52.13-53.12 - DEUS SE FAZ VALER NUM SERVO!


Nós planejamos um mundo maravilhoso para nós, para os próximos e também para os não tão achegados. Assim, passo a passo, alicerçados em boas idéias, vamos construindo a nossa vida; buscando ajuda em parcerias. Será que Deus pode nos ajudar nesta empreitada? Para responder esta pergunta quero me ssessorar do texto de Isaías 52.13-53.12...

Deus nos promete que o “Seu Servo será bem sucedido.” Ora, se Deus quer alcançar o Seu objetivo através do Seu Servo, então este Seu Servo precisa ser convincente, forte e vencedor – assim pensamos. Pois os “pideosos israelitas” também pensavam dessa forma.

Agora, quem acreditará naquilo que está sendo proclamado no texto que acabamos de ouvir? O profeta nos apresenta um Salvador com aparência de um fraco. Ele até O descreve parecido com uma “raiz fincada em terra seca”. Quem ouve esta Palavra não percebe nenhuma segurança neste tal Servo. Ele parece ser um “João Ninguém”, despretencioso e pobre. Sua aparência não é boa. Sua estética não nos anima. Quem se apresenta assim já deu o que tinha que dar em níveis políticos. Uma pessoa com este perfil não chama a mínima atenção na sociedade.

E na Igreja – será que alguém Lhe dá ouvidos? Também na Igreja se espera mais de líderes que se apresentem como altivos heróis; se espera pouco de quem se apresenta como um fraco; um sofredor. Por que é que nós somos assim? A definição de “fé” que brota do Catecismo Menor me ajuda aqui. Nele se lê: “Creio que por minha própria razão ou força não posso crer em Jesus Cristo, meu Senhor, nem vir a ele.”

Sim, Um “adoentado” nos trará a salvação. Tal como nós, os crentes israelitas também têm dificuldade de engulir tal informação. Eles, os israelitas, gostavam de se lembrar de José, aquele Pai na Fé de boa aparência, inteligente, bem sucedido e abençoado por Deus. Eles, os israelitas, se orgulhavam do rei Davi, aquele Rei de boa aparência, bem sucedido e bendito de Deus.

Pasmem! Hoje nós somos chamados a crer que um Desprezado nos trará a justiça e a libertação de todas as nossas culpas? O texto sugere que “Ele tomou sobre si as nossas enfermidades e as nossas dores”. Ora, como é que um homem derrotado pode fazer isso? Como é que um “Aflito”, um “Ferido e oprimido de Deus” pode levar a cabo semelhante tarefa? O quê? Esse Sujeito foi transpassado pelas nossas transgressões e moído pelas nossas iniquidades?... Está sendo sugerido que “todos nós andávamos desgarrados como ovelhas” e que “um se desviava pelo caminho?” Calma aí! Isso precisa de uma explicação mais bem acabada.

Não é fácil de entender que o nosso Representante diante de Deus seja uma pessoa que sofreu com paciência; que foi morto e sepultado com malfeitores, apesar de Sua inocência. Essa Palavra era muito dura de ser digerida nos tempos do profeta Isaías. Se refletirmos sobre a mesma calçados em nossos sentimentos naturais, chegaremos à mesma conclusão dos israelitas de então: - O Plano de Salvação de Deus parece ser uma loucura. Graças a Deus que, já há muitos séculos, Deus permite que Seus profetas anunciem a salvação da humanidade a partir de conceitos que excedem sua inteligência.

O Hino Cristológico de Filipenses 2.5-11 já nos testemunha que há pessoas cristãs que reconheceram esta verdade há muito tempo atrás. O Credo Apostólico também aponta para esta verdade profética. Jesus Cristo “nasceu” como nunca ninguém nasceu; que Ele “padeceu, foi morto e enterrado” tal como foi predito no Antigo testamento; que o “castigo” repousou sobre Ele para que pudéssemos experimentar a paz – “foi pelas Suas pisaduras que fomos sarados.” Sim, a nossa esperança em Cristo também já foi descrita pelos profetas. O fato é que o “Plano do Senhor nosso Deus” continua prosperando. Ele ainda vai estabelecer a justiça por completo.

Gente querida! Não olhem apenas para o poder externo de uma pessoa ou de uma Comunidade. De repente a sua força maior esteja presente na paciência. O sucesso de um Projeto sempre se mostra ao cabo do mesmo. É incrível – difícil de se entender – inimaginável até, mas Deus se faz valer contra todas as idéias religiosas, desejos e esperanças mundanas na forma de um Servo. Que presente para nós!

OLHA SÓ!