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25.4.11

Hulda Hertel!


Conheci a diaconisa Hulda na década de 70. Naquela época eu era “figurinha carimbada” na Casa Matriz de Diaconisas. A Hulda era uma ministra. Informaram-me que aquela senhora com olhar simpático se importava com crianças empobrecidas numa creche em Brasília, no Distrito Federal. A vida foi passando e, por tabela, aqui e ali, nos promovendo encontros. Num certo dia fiquei sabendo que ela também era colega pastora da IECLB.

Nos anos 2000 fui morar na Alemanha. Um dia abri a porta do nosso apartamento e lá estava a Hulda. Ela trazia um quilo de erva-mate debaixo do braço. Conversamos durante boa parte da noite sob a luz de uma vela e o sabor de uma, duas garrafas de “Weizenbier”. Ouvimos da Hildegart; da IECLB e dos amigos comuns. Matamos saudades e depois passeamos pelo “Marienplatz”. Compartilhamos das nossas dores; dos nossos dissabores. Ouvimos sugestões de como melhor enfrentar nossos dilemas; rimos; festamos a vida; sonhamos.

Eu jamais me esquecerei das irmãs diaconisas de “Stockdorf”. Foi a Hulda que nos promoveu aquele encontro. Aquela nova amizade alemã nos foi uma bênção sem medida. Às vezes olho para trás e me dou conta de que a Hulda foi sim um anjo que voou de forma um tanto desengonçada para dentro daquele espaço no sexto andar da “Arcisstrasse 44”. Levei-a ao aeroporto de “S-Bahn”. Atei amizade mais forte com ela. Carrego a impressão que nos admirávamos mutuamente.

De volta ao Brasil vim trabalhar na Paróquia São Mateus. No dia da minha instalação como ministro da Igreja em terras joinvillenses, convidei-a para ser minha assistente. Sua palavra foi pessoal; carinhosa e cheia de amor. Na oportunidade ela me desejou alegria e força no novo trabalho que abraçava; me presenteou um livro de orações; me deu um abraço que continua quente, mesmo depois de quatro anos. Sempre que nos encontrávamos, dizia ser minha madrinha. Ai que tristeza. Deus chamou minha madrinha para perto de Si.

Seu corpo está enterrado no pequeno cemitério do “Mutterhaus”. Um dia ainda quero sentar num dos bancos que ladeia sua sepultura para, no silêncio, meditar sobre a vida daquela que um dia me soprou nos ouvidos que “quem se deixa marcar pela infelicidade não terá o entusiasmo necessário para tornar as pessoas que estão próximas felizes”. Sentirei saudades da Hulda; daquela mulher; daquela diaconisa; daquela pastora forte que me falava com o olhar. A gente se vê Hulda. Inté!

3 comentários:

Clovis Horst Lindner disse...

Estimado Renato,
Que homenagem bonita, que vem do coração e que retrata a Hulda primorosamente...

Steve Thorson disse...

Eu conhecia "Irmã Hulda" na creche "Cantinho do Girassol" em 1984. Uma grande pessoa de Deus!

Moisés Silva disse...

Tive a grata satisfação de ser uma das crianças que frequentavam a creche social liderada pela Irmã Hulda. Nos meados de 1977, eu e meu irmão ficávamos na Creche Cantinho do Girassol, na Ceilândia, Brasília.
Durante os anos que ali ficamos, fomos educados, disciplinados e orientados pela saudosa Irmã Hulda.
Hoje, relembrando os atos da irmã Hulda, vejo o quanto era difícil sua tarefa. Lidar com crianças carentes, educá-las e ainda conduzir a administração da creche exigiu-lhe imensa dedicação, que só hoje posso perceber a importância da sua obra.
Poderia continuar com incontáveis elogios, mas vou limitar para dizer o maior deles: os princípios e valores incutidos pela irmã Hulda foram fundamentais para me tornar o homem de caráter que hoje sou.
Certamente, descansa e paz, pois, concluiu com excelência a missão que lhe foi dada.

OLHA SÓ!