Busque Saber
9.12.11
Jeremias - o entrevistado!
A nossa querida IECLB está fazendo deferência ao profeta Jeremias quando, na proposta de edificação da Igreja para o ano de 2012, nos desafia a trabalharmos o pequeno texto escrito em Jeremias 1.5a, onde se lê: “Antes que eu te formasse no ventre, te conheci.” Pois refleti e pesquisei sobre este profeta. Ói uma entrevista dele pra mim:
Entrevistador: Grande profeta Jeremias... Seja bem-vindo aqui na nossa Paróquia. Muitas pessoas se reportam ao senhor como sendo um masoquista. Há alguma razão para classificá-lo como masoquista?
Jeremias: De uma certa forma todos os profetas são masoquistas... É assim que as verdades inconvenientes que proclamamos ao mundo quase nunca trazem alegria a quem às ouve. Um teólogo do seu tempo escreveu que “aquele que ousa carregar a tocha da verdade não deve ser surpreendido com as fagulhas que possam vir a queimar suas barbas.” Hoje, tal como ontem, os profetas continuam sendo punidos com desprezo pelas pessoas. Na pior das hipóteses eles até são apedrejados. A vida é assim.
Entrevistador: Convenhamos! Este parece ter sido o seu caso. O senhor precisou se esconder durante anos por cusa das verdades que trouxe à luz.
Jeremias: É! Às vezes o preço que se paga por se ser profeta é altíssimo. O fato é que Deus não me prometeu um “jardim de rosas” quando me comissionou para pregar a Sua mensagem.
Entrevistador: Andei pesquisando um pouco sobre sua vida. O senhor tinha apenas 13 anos de idade quando foi chamado por Deus para ser profeta... Estou certo?
Jeremias: Sim, você está certo! Eu mesmo me sentia muito jovem naquela época. Minha vida era normal e eu me imaginava viver a mesma sem muitos percalços. A verdade é que o Plano de Deus foi diferente para mim do que para os outros da minha geração.
Entrevistador: O senhor poderia ter se poupado de muitos problemas e tristezas. Num dado momento o senhor optou em carregar uma canga pesada sobre os ombros. Reza a História que naqueles tempos o senhor sofria de uma terrível depressão que o corroía por dentro.
Jeremias: Sim, sim, eu poderia... Claro que a minha vida nunca foi um piquenique, mas mesmo assim posso dizer que experimentei felicidade. O meu sofrimento sempre teve um sentido. Nunca guardei segredo da verdade. Sempre expressei minha opinião de forma muito clara e transparente. Se eu quisesse me livrar da dor, então teria que ter me curvado diante dos poderosos da minha época. A questão é que se eu tivesse feito isso, então eu teria me sentido o mais infeliz de todos os homens.
Entrevistador: Até aí eu consigo acompanhar o seu raciocínio. Agora, o que eu não consigo compreender direito é o por quê dos políticos e conterrâneos de sua época o terem perseguido tanto; porque é que eles lhe dificultaram tanto a vida? Ele machucaram o senhor e, como se isso não bastasse, até pediram a Deus que Ele mesmo o castigasse. Inconcebível isso! Logo com o senhor que se entendia como um Parceiro de Deus!
Jeremias: Tudo bem, mas eu também tinha as minhas manias e, às vezes, também devo ter incomodado a Deus...
Entrevistador: Incomodado a Deus? Ora, ora! O senhor era o Porta-voz de Deus! Sem o senhor Deus não poderia ter dialogado com o povo! Em vez de pedir que Deus lhe agradecesse, o senhor pediu que Ele “lhe corrigisse”! Explique melhor essa sua atitude.
Jeremias: É verdade, mas continue refletindo comigo... Eu disse: “Puna-me com moderação e não faça cair a Sua ira sobre mim a ponto de me destruir completamente”. Eu entendo que nós, você eu, tenhamos “idéias diferentes” a respeito de “disciplina”. Você provavelmente está pensando em flagelação ou algo parecido. Eu não quis isso para mim. Às vezes eu apenas me preocupava com o fato de que eu poderia ultrapassar o alvo que Deus queria alcançar. Eu tinha receio de pregar sobre as verdades desconfortáveis de Deus e, na pregação, torná-las maiores do que elas de fato eram. O pior pecado que um profeta pode cometer é ser presunçoso. Para mim o profeta presunçoso é aquele não consegue mais distinguir se a sua palavra vem de Deus ou de si mesmo.
Entrevistador: Entendo...
Jeremias: Foi para evitar este perigo que pedi a Deus que “me corrigisse”. Eu não queria ser um daqueles profetas “sabichões” que, naqueles tempos, pululavam à nossa volta. Dizia-se deles que eram nacionalistas; que eram pagos para falar o que falavam. A gente não se sentia seguro se as suas falas eram de Deus ou se provinham deles mesmos.
Entrevistador: Sei!... Esse tipo de profetas também existe no nosso meio, aqui no século 21. Eles sempre sabem exatamente a vontade de Deus e nunca se mostram dispostos a serem questionados.
Jeremias: Observe que, mesmo para estes profetas “nacionalistas”, eu desejo algum tipo de “correção”. Não que eles sofram de dor, mas que eles possam recuperar o que distingue os falsos dos verdadeiros profetas: a humildade.
Entrevistador: Obrigado pela entrevista Jeremias...
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