Busque Saber

29.3.12

O P. Dr. Nestor Paulo Friedrich veio nos visitar!


Expectativa! Sim, esse era o sentimento que permeava as cabeças das ministras e dos ministros do Sínodo Norte Catarinense, nos dias 27 a 28 de março de 2012, no Lar Filadélfia, em São Bento do Sul (SC). Por que a expectativa? Ora, é que o Presidente da IECLB, P. Dr. Nestor Paulo Friedrich, estaria conosco. E o encontro começou.

Como ser Igreja, como ser ministra e ministro, que sementes semear para garantir a sustentabilidade da missão cristã no futuro? Para Friedrich a proposta de gestão da IECLB passa pelo “cuidado” com a fé, com a ação missionária e com as pessoas. Se hoje a cultura eclesiástica perdeu força para resolver seus problemas, envolver-se com a busca de outras saídas é imprescindível.

Sugeriu-se que havia “icebergs” na rota do “barco” IECLB; que colisões não podiam ser descartadas. Friedrich replicou: - Irmãos! Cabe aprofundarmos nosso olhar além do horizonte. Onde começar esta empreitada? Dentro de cada pessoa acontecem as reflexões e os resultados consequentes que, de certa forma, são restritos. Agora, se houver compartilhamento em duas vias (falar e ouvir), esse diálogo fará com que os mesmos amadureçam. Pratica-se muito monólogo na IECLB. Essa forma de comunicação não passa credibilidade e nem tampouco confiança às pessoas, uma vez que não se concretiza. Assim, “fazer entender-se” carece ser aprendido, pois ninguém é dono da verdade.

Friedrich alertou-nos para o fato de que temos a tendência de nos colocar como “referenciais de comportamento ético” na sociedade. Mas como ser sempre gentil; falar a palavra certa; preparar-se bem; nunca aparentar cansaço ou impaciência? Isso não é muito pesado? Como sair dessa ciranda? Será que afastar-se um pouco dos iguais e ousar contato com os diferentes não seria uma boa pedida? Claro que sim! Daí que é urgente abdicar-se do que é ultrapassado; fomentar-se nova ética onde a humanidade da ministra e do ministro seja mais bem entendida. Como fazer isso? Dialogando, pois é da cooperação e ou da luta entre nós que dependerá a sobrevivência no “barco”.

Sobre a diversidade, Friedrich entende que ela nos qualifica e, junto, nos consome energia. A comunhão é primordial onde há contextos diferentes. Esse processo continua e continuará exigindo muito investimento e muita superação da nossa parte. Irmãs e irmãos não podem ser inimigos e concorrentes. É em vista disso que a IECLB continuará levando a sério o compromisso de fazer do diálogo (que pode ser franco, profundo, fraternal e duro) a ferramenta principal para definir os rumos da IECLB.

Fomos pensativos para casa...

28.3.12

PEDRO, TIAGO E JOÃO DORMINHOCOS?


O sono nosso de cada dia é muito importante – ah disso ninguém tem a mínima dúvida!... Faz bem a pessoa que consegue dormir oito horas por dia. O nosso corpo, a nossa mente e o nosso espírito se fortalecem neste período de descanso. Pessoas que fazem esta experiência se sentem confortáveis, alegres e fortes. O texto de Lucas 9.28-36 nos ajuda a aprofundar este assunto...

Sim, dormir não é ruim, mas não mais do que oito horas. Na vida de fé nós sempre somos desafiados a ficarmos acordados. Pessoas que perdem compromissos importantes são facilmente tachadas de “dorminhocas”.

O texto bíblico que acabamos de ouvir nos informa que os discípulos estavam cansadíssimos e que, apesar disso, não cederam ao cansaço. Ali, naquela hora, a sonolência era o seu grande problema. Foi só porque eles se aguentaram em pé que tiveram a chance testemunhar o diálogo de Jesus com Moisés e Elias.

Quem eram esse Moisés e esse Elias? Moisés tinha sido o Grande Legislador de Israel. Já Elias o maior de seus profetas. Estes dois homens vieram da Antiguidade ao encontro de Jesus para encorajá-Lo na caminhada rumo à cruz. Deus usou estes dois homens para encorajar Jesus na sua difícil tarefa de reaproximar a humanidade de Si, através da morte de seu Filho amado.

Notem que Pedro, Tiago e João não perderam a oportunidade de vivenciar esta experiência inédita que, com certeza, marcou suas vidas de forma muito profunda. Se esses três discípulos tivessem adormecido, não teriam participado da articulação dos próximos dias que seriam vividos por Jesus; não poderiam ter sabido mais detalhes sobre o sofrimento, sobre a morte e sobre a ressurreição de seu Mestre. O sono não lhes impossibilitou o conhecimento dos fatos. Isso os ajudou a não naufragarem na fé; a melhor enfrentar a grave crise dos últimos dias da vida de Jesus. Tu e eu, nós podemos passar batido por momentos importantes da nossa vida se não estivermos despertos e acordados.

Pessoas com ideias fixas se mostram sonolentas diante de novas ideias. Pessoas com preguiça mental não conseguem refletir sobre a solução dos seus problemas. Pessoas que anestesiam suas mentes têm a tendência de fugir dos pensamentos que incomodam. Ora, a nossa vida está repleta de “despertadores”: Muitas vezes é a dor nos desperta para a vida; é o amor que nos desperta para novos horizontes; é um problema nos faz olharmos para o céu. Pois é justamente nestas horas que Deus nos acorda.

O conselho que Jesus nos recomenda é que vigiemos e oremos! No Monte da Transfiguração os discípulos viram a glória de Jesus porque ficaram acordados. Jesus também quer se revelar a nós. Mantenhamo-nos alertas. Como? Ora, meditando como estamos meditando; orando como estamos orando; louvando como estamos louvando ao nosso Senhor Jesus Cristo, que diz: “Vigiai e orai!”

20.3.12

P. Alcides Jucksch - Adeus!


O dia 19 de março de 2012 parecia normal, mas não foi. De repente, à tarde, fomos informados do falecimento do Pastor Emérito Alcides Jucksch, no Hospital Arcanjo São Miguel, em Gramado (RS). Soube-se que ele estava hospitalizado já há alguns dias e que não resistiu aos seus males. Sim, o nosso querido Pastor Alcides descasou aos 99 anos e sete meses de vida. Seu corpo foi velado no Templo da IECLB de Gramado, Igreja Apóstolo Paulo (Igreja do Relógio), na Avenida das Hortências, no centro daquela bela cidade. O Culto e o seu sepultamento aconteceram no dia 20 de março, às 16h.

Conheci o P. Jucksch quando tinha cinco anos de idade, na Reserva Indígena Kaingang, no Toldo Guarita (RS). Esse ex-colega estava lá quando este “trabalho missionário” começou. Eu, no colo do meu avô, vi um sem-número de kainganges assistindo a sua evangelização em Língua Alemã (pasmem). Ainda me lembro do filme que ele passou na tela (um lençol de casal engomado da minha mãe) sobre a vida e a morte de Jesus. Havia silêncio e emoção na sala quando da crucificação do Filho de Deus.

O Pastor Alcides nos deixa um legado de amor e comprometimento pela causa do Evangelho. Inúmeras são as pessoas que se deixaram marcar pelas suas pregações, ensino e aconselhamento. Há testemunhos disso em todos os cantos e recantos do nosso Brasil. Um rapaz que foi visitá-lo se saiu assim: “Aquele homem idoso, humilde, sorridente, hospitaleiro e bem-humorado nos abriu a porta para ensinar a ler a Bíblia. Ele, apesar de sua idade avançada, não se achou o “dono da verdade” e, em nenhum momento, desprezou o nosso conhecimento. Depois de expor suas ideias, nos alertou: “Não acreditem em mim, peguem suas Bíblias, estudem e verifiquem se estou certo.”

Sim, esse era o Pastor Alcides. Um homem que falava com vibração; que ilustrava suas falas com anedotas. Ele entendia as ilustrações e anedotas que contava como “ferramentas” para a relembrança dos conteúdos que ensinava. Para ele uma boa história podia ser entendida como uma “janela da alma” por onde a Palavra de Deus tinha acesso. Ao ser informado sobre o andamento do retiro que dirigiu por 32 anos ele mandou o recado: "Agora vivencio o que Paulo escreveu: “A tua graça me basta!”

O Pastor Alcides Jucksch foi casado com a sra. Martha Jucksch, falecida em janeiro de 2008. O casal teve 4 filhas, uma filha falecida. O Jornal O Caminho se solidariza com a Dorothea, a Elisabeth e a Ruth. Coisa boa poder olhar para trás e se “orgulhar” de um pai.

17.3.12

Mulher - Mulher!


Pessoas combativas sempre chamam minha atenção. Jesus foi um homem que não cansou de trilhar à margem dos conceitos prontos. Quem lê o Novo Testamento percebe que Ele sempre se preocupava em recriar. Sua cabeça estava voltada em fazer a releitura das coisas escritas e, depois, com todo seu ser, vivia essa nova proposta dentro da sociedade.

Os judeus eram rígidos. Na rua, a mulher deveria cobrir o rosto, não dirigir à palavra a ninguém, e, inclusive, assumir um jeito mais apático de ser. Jesus não dava a mínima para estas leis marginais. Ele visitava as mulheres e até aceitava-as como discípulas. No dia da Sua ressurreição Ele até escolheu uma delas para servir-Lhe de testemunha.

Ora, tal deferência torna explícita uma nova postura para as mulheres do nosso tempo. Elas estão convidadas a levantar sua voz em busca de mais espaços dentro da sociedade. Agindo assim, sob articulação, podem transformar em verdade aquilo que já é lei, mas não sai do papel. Ora, isso é possível quando existe diálogo. Penso na Ordem Auxiliadora de Senhoras Evangélicas, na OASE, por exemplo. Ela é o maior grupo organizado de mulheres em nível de América Latina. Quanta força para beneficiar o Reino de Deus, não é mesmo?

Relaciono-me de perto com pessoa combativa; pessoa que, desde cedo, conviveu com Teologia saudável. Dela e de outras menos próximas aprendi a também indignar-me ao ouvir vozes femininas que se auto-depreciam pronunciando pequenas frases do tipo: - "Desculpe-me, eu não sou capaz!" - "Por favor, isso não é para mim!" - Gente, eu não mereço!" - Simplesmente não sei fazer o que me pedem!" Entre as mulheres que militam nas propostas do Senhor, não pode ser assim!

13.3.12

SABEDORIA - TEMOS ISSO?


O nosso coração trabalha noite e dia, bombeando sangue através do corpo. Assim nós respiramos; digerimos alimentos; andamos por aí; pegamos no pesado; dialogamos nos corredores e tudo isto nos custa uma certa energia. Sabiam que 1/5 da energia gerada no corpo humano é consumida pelo cérebro? Isso mesmo! Deus investiu na nossa cabeça. Outro dia li que uma senhora indiana multiplicou 2 números de 13 dígitos, usando apenas a mente. O produto da multiplicação ficou composto de 25 dígitos. Sabem quanto tempo ela levou para fazer este cálculo? Apenas 28 segundos!

O que tu e eu podemos fazer com nosso cérebro? Os dados que, em vida, processamos na nossa cabeça caberiam em 147 bilhões de CD-ROMs. Deus nos criou com a capacidade de percebermos um número inacreditável de rostos e nomes; de cantarmos nossos hinos favoritos de cor e, se surgir algum problema, de refletimos sobre o mesmo. Não é que muitas vezes é assim que o nosso cérebro acaba nos “presenteando” com soluções mais do que aceitáveis? Não há nada de errado em usarmos a nossa cabeça. Deus assim o quis que fizéssemos. Quando Salomão pediu sabedoria a Deus, Este lhe recompensou com sabedoria, riqueza e honra (2 Crônicas 1.10-12).

Freqüentemente é assim que a nossa cabeça já começa a funcionar no momento em que percebemos a dificuldade. Pois é justamente esse o nosso problema. É justamente aí que reside o perigo. Pessoas rápidas no raciocínio, se esquecem com muita facilidade de que a Fonte Maior de sabedoria é Deus. “A “loucura de Deus” é mais sábia que os homens”, escreve Paulo em 1 Coríntios 1.18-25.

Enquanto a indiana fazia a multiplicação de 13 sobre 13 dígitos, Deus, já sabedor do resultado, sorria. Enquanto tu e eu gastamos do tempo ponderando sobre os desafios da nossa vida, Deus, já os conhece e, pacientemente, fica nos esperando. Lancemos nossas dúvidas a Ele! Ele sabe a solução; Ele conhece a saída para os nossos conflitos e nos ajuda com alegria. Lembremos sempre da Palavra de Tiago 1.5: “Mas, se alguém tem falta de sabedoria, peça a Deus, e ele a dará porque é generoso e dá com bondade a todos.”

12.3.12

Pa. Mayke Marliese Kegel!


O dia oito de março (Dia Internacional da Mulher) se desenrolava normalmente até que, no Plenário da Câmara de Vereadores de Joinville, onde se festejavam os 161 anos dessa nossa linda cidade industrial, foi lembrado o nome da Pastora Maike Marliese Kegel. Isso mesmo! A nossa “Pastora Mayke” recebeu das mãos de autoridades instituídas a “Medalha de Mérito Mulher Cidadã Joinvilense”.

E ela fez por merecer esse prêmio. Hoje ela é a ministra responsável por todo o trabalho do “Departamento Social-Diaconia” desenvolvido na Comunidade Evangélica de Joinville - CEJ. Para atuar nesse nível, ela se assessora de um “Corpo de Voluntárias e Voluntários” comprometidos com a causa dos pequenos; dos doentes e das pessoas marginalizadas da nossa cidade.

Mais do que isso. A Pastora Mayke dá de si nas atividades de “Serviço ao Próximo”, a partir do Setor da Maternidade Darcy Vargas - Assistência Espiritual e Hospitalar. Neste estabelecimento ela coordena o trabalho das “Agentes Solidárias” no Hospital Dona Helena; atua no “Serviço de Prevenção e Tratamento” onde a questão gira em torno de Dependência Química e de Jogos Patológicos. Tem mais, a nossa Pastora ainda fomenta o “Serviço de Desenvolvimento Comunitário – Projetos”; assessora o “Serviço de Pessoas com Deficiência”; acompanha o “Grupo de Apoio – Partilhando Adoção”; compõe a “Equipe Multidisciplinar do Hospital São José” no acompanhamento a doentes terminais e, entre outras tantas atividades, ainda profere “Palestras de Capacitação” para o Voluntariado e demais interessados.

Cabe ainda frisar que a Pastora Maike Marliese Kegel foi a primeira Pastora Luterana a exercer sua vocação na “Cidade dos Príncipes”. No seu testemunho, o Pastor Emérito Remy Hofstäetter disse: – A Mayke é uma pequena grande mulher corajosa, lutadora, determinada, dedicada, solidária, e que sabe muito bem o que quer e aonde quer chegar. Já o Vereador Aloir Alves de Cristo homenageou-a mencionando seu “belo currículo” ao exaltar seus serviços prestados ao povo joinvillense, sempre com dedicação responsável. Ele concluiu sua fala dizendo: – Agradecemos e registramos aqui o nosso reconhecimento a você, Pastora. Dito isso ele conferiu a Medalha de Mérito Mulher Cidadã Joinvilense à Mayke.

Para nós, mulheres luteranas engajadas nas causas diaconais da nossa Igreja (IECLB) na nossa cidade, foi um dia de muita alegria. A Diaconia de Jesus foi condecorada; foi reconhecida através da Mayke. Que coisa boa! O Voluntariado que estava presente, vibrou, alegrou-se, emocionou-se com o ato solene. Os testemunhos proferidos à nossa “grande” homenageada pelos filhos Murian e André; pelas irmãs Anna Paula e Ellen e pelo Pastor Remy simplesmente emocionaram a todos. Parabéns Pastora Mayke Kegel. Nós estamos orgulhosas de você!


Diácona Valmi Ione Becker

HUMILDADE - QUE TREM É ESTE?


Andei folheando a Bíblia e me detive neste verso de 1 Pedro 5.5b: “Cingi-vos todos de humildade, porque Deus resiste aos soberbos, contudo, aos humildes concede a sua graça.” O assunto me interessou e fui estudá-lo. Olha só o que eu aprendi.

Dá para se dizer que o termo “humildade” saiu de moda. Essa palavra se origina do Latim “humus” que significa “filhos da terra”. Ela se refere à qualidade das pessoas que não tentam se projetar sobre as outras, nem mostrar-se superior as mesmas. Daria para se dizer que ela aponta para uma postura mais serviçal. Sim, a humildade é a disposição; a coragem para servir; um estado de espírito; um conceito com o qual as pessoas podem encarar a vida na relação com os outros.

Pedro viu a humildade como o oposto da arrogância. A ética do Antigo Testamento entende a humildade como uma expressão da dependência fundamental do povo de Deus, o Criador (Miquéias 6.8). No Novo Testamento e no cristianismo as pessoas se miram no exemplo humilde de Jesus (Mateus 11.29). Para esse povo a humildade é uma expressão da atitude cristã constantemente trabalhada na cabeça, para ser traduzida nas atitudes do dia-a-dia que transcorre sob a graça de Deus. Não se trata de obediência passiva, mas de ação ativa e corajosa.

No Novo Testamento há uma série de exemplos sobre “humildade”. Foi em Filipos que Paulo e Silas foram açoitados por causa de uma suspeita que pesava sobre eles. Lê-se na Bíblia que eles foram julgados a revelia e depois jogados na prisão. Mais tarde se verificou que os dois prisioneiros eram cidadãos romanos, daí então o Governo Municipal tomou a decisão de deportá-los em silêncio. Paulo não embarcou nesta “canoa furada” e se saiu assim: “Sem ter havido processo formal contra nós, nos açoitaram publicamente e nos recolheram ao cárcere, sendo nós cidadãos romanos; querem agora, às ocultas, lançar-nos fora? Não será assim; pelo contrário, venham eles e, pessoalmente, nos ponham em liberdade. (Atos 16.37) Esta não foi a única vez que Paulo invocou seus direitos. Em Atos 22.25b se lê: “Ser-vos-á, porventura, lícito açoitar um cidadão romano, sem estar condenado?”

O próprio Jesus, exemplo ímpar de humildade, não concordava com tudo o que Lhe aprontavam. Ao ser interrogado com brutalidade diante do sumo sacerdote, Ele se saiu assim: “Se falei mal, dá testemunho do mal; mas, se falei bem, por que me feres?” (João 18.23)

A humildade, como a Bíblia a vê, não deveria ser confundida com submissão. Quando uma pessoa se coloca como um “capacho” diante do outro, não há nesta atitude qualquer exemplo de humildade. Podem crer, às vezes as fronteiras entre a humildade cristã piedosa e a estupidez são um tanto fluídas. Ora, este tipo de humildade não é bíblico e não implanta nenhum bom sinal no Reino de Deus. Pensem nisso!

10.3.12

A CRUZ E O CHURRASCO!


Era domingo. O Culto tinha terminado. Eu me despedia das pessoas quando, com o “rabo do olho”, percebi a Odete, o Pedro e o Sérgio. Sua linguagem corporal me informava que queriam conversar. Dei-lhes atenção e logo fiquei sabendo do seu intento: Estavam nos convidando, a Valmi e eu para almoçarmos juntos. Aceitamos o convite. Quando chegamos à sua casa, logo vimos que a “carne de sol” já estava acomodada sobre o braseiro. Claro que a nossa conversa iria se desenrolar... Num dado momento o filho do casal me fez uma pergunta à “queima roupa”:

- Pastor! O senhor sempre faz o sinal da cruz na testa das crianças que batiza. O que significa este sinal?

A Maria Odete olhou pro seu menino e se antecipou na resposta dizendo que aquele sinal refletia a proteção de Deus sobre o batizando. O Pedro se deu por satisfeito e foi brincar com o amigo vizinho, mas o assunto ficou na pauta. O Sérgio virou o espeto com cuidado, porque carne de sol precisa estar perto do fogo. Depois de se envolver nesta breve “liturgia” se saiu assim:

- Muitos dos meus alunos fazem o sinal da cruz antes das provas. Outro dia percebi que uma moça agiu assim ao constatar a boa nota. Vê-se muito isto no mundo dos esportes. Tenho a impressão que ao fazerem o sinal da cruz, as pessoas estejam querendo expressar que estão em sintonia com Deus.

- Verdade Sérgio!

- Interessante! Desde menina, sempre reparo que até pessoas avessas à religião aceitam a cruz. A gente percebe isso quando viaja por aí. A cruz está no alto das torres das igrejas; nos altares dos templos cristãos; nos fóruns; nas escolas; nos restaurante; nas bibliotecas públicas e em algumas lojas de confecções aqui de Joinville...

- Você está certa Odete. A cruz faz parte da vida das pessoas. Alguns carregam este símbolo no pescoço. Outros tantos são capazes de até “fazer guerra” por causa dele.

Foi então que a Valmi, minha companheira de tantas horas, diácona por causa do chamado de Deus, decidiu entrar na conversa:

- Penso que hoje a cruz tenha se convertido num artigo da moda. Ela tanto pode ser vista pendurada ao pescoço de lindas meninas como também no de homens mais embrutecidos. Há as de bronze, as de prata, as de ouro, as de pedras e até as encravadas com tinta na pele.

- Concordo contigo Valmi. As cruzes tatuadas estão cada vez mais perceptíveis na nossa sociedade. Mulheres e homens carregam a mesma no peito como se fosse um talismã – atalhou a Odete.

O cheirinho da carne assada fazia acontecer “água na minha boca”. Enquanto essa experiência se desenrolava, pensei no fato de que muitos dos “carregadores de cruz” o fazem a partir de boa reflexão, mas outros não. Eu tinha certeza que aquela boa companhia da qual eu desfrutava era sabedora que, em tempos idos, se promovia extremo sofrimento para criminosos e insurgentes, a partir da cruz; dessa “máquina de tortura” pensada para machucar, para promover longo e exaustivo sofrimento que culminasse em morte. Mesmo assim, decidi me manifestar:

- Lembram dos dizeres da placa que colocaram na cruz por ocasião da morte de Jesus de Nazaré? Nela se lia a razão do Seu castigo. Crucificavam-No porque Ele se auto-intitulava Rei dos Judeus. Esse detalhe já era suficiente para que os líderes religiosos e os soldados romanos da época O julgassem como “terrorista político”. Aliás, o próprio fato de Jesus ter dito que era o Filho de Deus, já atiçou toda aquela trupe contra Ele. Espancaram-No; cuspiram-No; ridicularizaram-No e claro, depois disso Ele acabou morrendo morte dolorosa...

O Sérgio, pensativo, cortou minha linha de pensamento quando disse:

- Sempre, neste tempo da Quaresma, eu penso nesta cena. Nessas horas me vem à cabeça que, naquele momento, se “esvaia em fumaça” o sonho daqueles que esperavam a redenção de Israel; a libertação do povo israelita do jugo da ocupação romana e da miséria econômica vivida.

- Isso mesmo Sérgio! Tanto isso é verdade que os discípulos entraram em pânico e se espalharam no meio da multidão. A cruz tinha acabado com toda e qualquer esperança daquelas pessoas tão próximas de Jesus Agora, entre elas, reinava a confusão, o desamparo e a frustração. Parecia que tudo tinha acabado na cruz.

A Odete queria continuar o assunto. Serviu-nos com boa bebida. Ofereceu-nos uns beliscos e, enquanto isso, concentrando seu olhar nos alimentos, explicitou perguntas:

- Renato, mas então o que é que a cruz tem a ver com bênção; com confiança? Por que é que a cruz se tornou esta marca tão forte para a Igreja e a fé cristã?

- Simples Odete. Os primeiros cristãos creram que a morte de Jesus não foi o simples fracasso de uma idéia. Para eles, a morte do Filho de Deus na cruz tinha Lhe oportunizado uma nova relação com Deus e, por tabela, com as pessoas entre si. Sim, eles criam que todas as pessoas eram amadas por Deus. Entendiam que, a partir daquele momento, todas as culpas e regras não podiam mais impedir sua relação com o Criador.

Neste ponto a Valmi não se conteve e quebrou seu silêncio.

- Coisa boa! Foi a partir daquele momento que a fé se despertou como movimento dentro do mundo. Movimento este que acabou assumindo as proporções que conhecemos hoje. A morte de Jesus na cruz é um fato único, inexplicável e incomparável da história.

- E digo mais Valmi: Esta experiência de Jesus foi interpretada como “ressurreição”, a morte se transformando em vida. Estava ali, de uma forma bem plástica, a visibilidade da verdade que aquele rompimento promovia novo começo.

Neste instante o Sérgio tirou o espeto do fogo e, sobre a tábua, nos serviu finas fatias daquela iguaria oriunda de Minas Gerais. Mas o assunto não estava terminado e eu pensei que ainda deveria dizer mais uma palavra. Não só pensei, também disse:

- Gente! Estar vivo ainda não é sinônimo de viver. Para se viver há que se crescer física e psicologicamente dentro dos muitos conflitos propostos pela vida. Dificuldades e cruzes carecem ser vencidas; “crucificadas”. O “combustível” para se alcançar este intento é a esperança; são os fortes “braços do amor”; é a visão ampla que se encorpa em nós, mais a partir do exercício da “astúcia” do que da força. Astúcia que não pode se apresentar como “dura”, uma vez que está marcada pelo amor à vida, a partir de uma humildade alegre.

Claro que a Odete não poderia deixar por isto. Cabia-lhe colocar a “cereja” sobre aquele diálogo:

- Então tá! Cabe-nos a distinção entre as “cruzes” descartáveis e as que devemos seguir carregando. É a partir desta distinção refletida que o símbolo da cruz se converte num sinal de bênção...

Era hora de almoçarmos. Fiz uma oração. Daqui a pouco o Grêmio jogaria com o “River Plate” de Sergipe. Estávamos ansiosos pelo desempenho do novo treinador, o Luxemburgo...

OLHA SÓ!