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15.6.11

Pastoral Universitária na IECLB!


Abaixo um pouco daquilo que vi; ouvi e vivi sobre Pastoral Universitária na IECLB dos anos 50 até hoje, 2011...

No ano de 1955 os pastores Paul Götz e Godofredo Boll iniciaram um trabalho com jovens universitários em Porto Alegre (RS). Depois deles o pastor Knizer passou a enfatizar as ACA’s (Associação Cristã Acadêmica) que, juntas, formavam as UCB’s (União Cristã Bíblica). Foi então que as Comunidades e Paróquias do Sínodo Evangélico de Santa Catarina e Paraná passaram a se ocupar com estudantes universitários a partir de 1959. De 1962 até 68 foi o Sínodo Evangélico Luterano Unido quem tentou ir ao encontro dos mesmos. O problema era que, sempre de novo, se esbarrava na desatenção das autoridades eclesiásticas para estes que despontavam dentro da Academia.

Foi então que, por iniciativa do P. Heinz Soboll, pároco da “Comunidade Evangélica de Curitiba” (PR) se solicitou à Federação Luterana Mundial (FLM) um auxílio para chamar e “bancar” um pastor (americano) que desenvolvesse um ministério específico com jovens em geral (Mocidade Evangélica) e, ao mesmo tempo, com estudantes universitários na metrópole Curitiba (PR). Essa solicitação foi atendida e se enviou ao Brasil um pastor da “American Lutheran Church” que se chamava Richard Harvey Wangen. Para tal houve ajuda da Federação Luterana Mundial (FLM). Reza a História que a Federação Sinodal ajudou no sustento daquele ministro evangélico. Já à “Comunidade Evangélica de Curitiba” (PR) coube a articulação dos dinheiros para o pagamento da moradia do referido Reverendo. Foi assim que o P. Wangen ingressou no quadro de pastores do Sínodo.

Expirado seu contrato, ele voltou aos EEUU. Seu sucessor foi o P. Olander que, por divergências com o presbitério de então, abdicou se sua função no final de 1962. Não passou muito tempo e o P. Richard Wangen voltou para Curitiba (PR), agora como enviado da Federação Sinodal (com vinculação informal com a “Comunidade”). Criou-se então a “Pastoral Universitária” da Federação Sinodal. O Sínodo Riograndense articulou-se nos mesmos moldes para fundar um trabalho com universitários em Porto Alegre (RS). Para acompanhar estes estudantes foi chamado P. Karl-Ernst Neisel da Alemanha (Evangelische Kirche Deutschland - EKD). Donald Richmann (1968), Arzemiro Hoffmann (1975) e outros seis ou sete ministros evangélicos que deram de si em prol deste projeto nos anos seguintes. Esta Pastoral Universitária fechou suas portas em 2006 por falta de visão e vontade política das lideranças eclesiásticas gaúchas.

Entre os anos de 1950 a 60 o Trabalho com Universitários se desenvolvia a olhos vistos. Foi então que, em Curitiba (RS), surgiu a idéia de se organizar uma “Casa de Estudantes Luteranos Universitários”. O P. Wangen se empenhou muito em prol deste projeto. Ele foi à luta e conseguiu verbas para a compra de um terreno no centro de Curitiba (PR). Ali se construiu um prédio de três andares que deveria abrigar a futura “Casa do Estudante Luterano Universitário” (CELU). O projeto foi aprovado e financiado pela “Evangelische Zentralstelle für Entwicklunsshilfe” do Governo da Alemanha. A Organização “Brot für die Welt” (Pão para o Mundo) também ajudou. Depois de alguns anos o pastor Wangen voltou aos EEUU e foi sucedido pelo P. Carlos Fr. R. Dreher. Hoje essa idéia já está quase esquecida. Uns poucos sonhadores ainda tentam manter o Projeto de pé – entre eles o P. Heinz Ehlert.

Aquele projeto que visava construção de moradas em Pelotas (RS), em Santa Maria (RS), em Porto Alegre (RS) e em Curitiba (PR) acabou se esvaindo em esquecimento. Carrego a impressão de que ele só visava mais o espaço físico e nem tanto a pessoa do estudante. Lamentável isso!

Só algumas “faíscas de esperança” ficaram. Foi nos inícios dos anos 80 que a Comunidade de Florianópolis decidiu investir neste Projeto audacioso. Foi sob a liderança do Pastor Adelário Müller que se contratou o então estudante de Veterinária João Klug, para investir nesta idéia. Ele matriculou-se no Curso de História da UFSC para estar perto do estudantado. O sucesso do seu trabalho foi absoluto. Hoje o então estudante de Veterinária e História é Professor Doutor no Departamento de História da Universidade Federal de Santa Catarina. De janeiro de 1991 até janeiro de 2001 foi eu quem assumiu este “bastão.” Com minha ida à Alemanha para trabalhar na “Evangelische Studenten Gemeinde” de Munique, o pastor Rui deu e continua dando continuidade à tarefa. Nosso testemunho é claro e inequívoco: centenas de estudantes que passaram pela MUNIL hoje ocupam cadeiras de liderança na Igreja e na Sociedade do Brasil e do mundo.

No final dos anos 90 tentou-se articular uma PU (Pastoral Universitária) a nível nacional sob a liderança da IECLB. Lembro que, como MUNIL convidamos as PUs de Santa Maria; Porto Alegre e Curitiba para dialogarmos sobre o assunto. Havia vontade da parte de muitos, mas faltou alguma coisa no sentido de se dar espaço para que esse sonho se materializasse.

A verdade é que faz 20 anos que me envolvo no Trabalho Pastoral junto a estudantes universitários. Tenho excelente convívio com um sem-número de jovens que passeiam com cabeças erguidas e brilho nos olhos, entre os espaços abertos do Campus Universitário. Sim, ainda invisto tempo para ouvir as tantas histórias que, quase sempre, são tingidas de lutas vividas em “momentos de deserto”. Lá no horizonte está o futuro a ser buscado, com ou sem o respaldo dos pais. O interessante é que há unanimidade nas palavras que brotam das bocas e dos corpos do povo estudante: os semestres continuam desgastantes e exigentes e quase nunca há um ombro que ampare cabeças cansadas em meio às crises experimentadas. Trata-se de uma lacuna para ser olhada com carinho pela nossa IECLB – sim senhor.

3 comentários:

Enio Spieker disse...

Grande Renato,
como um dos "munileiros", acompanhei teu trabalho junto àquele grupo e, sei o quanto foi importante na minha vida e de tantos outros colegas que por lá passaram...
Até hoje este grupo ainda está provocando mudanças nas vidas de muitos estudantes universitários, principalmente os que estão longe de seus lares e ao alcance de tantas oportunidades novas em suas vidas (muitas não muito boas).
Espero que a IECLB acorde para este campo em outras cidades e outras universidades para transformar vidas de muitos jovens deste Brasil.
Enio Spieker.

familiaqueviajaunida disse...

CAríssimo Renato,

Muito interessante o tema que levantaste, e como sempre, de maneira muito inspirada. Em minha família, tanto meu pai quanto minha mãe residiram em casas de estudante luteranos em Porto Alegre, no final da década de 60. Eu, como ex-munileira tanto do tempo do João Klug à frente, passando por teu pastorado, e acompanhando o trabalho atual do Pastor Rui, reafirmo que é ESSENCIAL o trabalho específico com o universitário, seja de acolhimento espiritual, quanto material e afetivo. Lembro que é bem nessa época de universidade, que mais ficamos propícios a errar quando experimentamos a quase total liberdade. Faz parte dessa época, esse aprender a ser livre. Mas é muito mais reconfortante saber que estamos amparados pela família cristã, que vamos conseguir atravessar essa fase conseguindo prosseguir num bom caminho, diante dos inúmeros caminhos "largos" que nos são apresentados no campus.
E que bom seria ter certeza que esse pastorado existisse para todos os campus, e ficasse cada vez mais forte!

Grande abraço,

Bárbara Funke Haas.

Jacson disse...

Olá, Renato! Sou estudante de Teologia e estou desenvolvendo minha monografia neste assunto, gostaria de saber de você tem mais informações do a pastoral universitária em Santa Maria!! Abraço

OLHA SÓ!