O
narrador esportivo Luciano do Valle faleceu um pouco antes da Páscoa. Cresci
ouvindo-o narrar partidas de futebol, sempre movido pela emoção. Entristeci-me
com sua morte. Ontem à noite ouvi o testemunho emocionado de muitos jornalistas
que trabalharam junto com ele. Neto, Raul Quadros e Renata Fan explicitaram no
ar o seu luto de uma forma muito comovente. Foi pensando nessas pessoas que
escrevi, alicerçado no Salmo 25.16 (Volta-te para mim e tem compaixão, porque
estou sozinho e aflito.), a reflexão abaixo:
Vocês certamente também já fizeram esta
experiência? Lá de vez em quando eu experimento uma grande sensação de solidão
e abandono. Nestas horas não há ninguém que me conforte. A solidão, esse
sentimento que se experimenta mesmo quando a esposa ou o esposo; quando as
filhas ou os filhos; quando as irmãs ou os irmãos da Comunidade estão próximos,
é muito cruel.
Sim, sempre há aqueles momentos em que a gente
preferiria ficar só; não contar com a ajuda de ninguém e, de preferência, não
receber ajuda de quem quer que seja. Recentemente eu vivi um momento assim
quando havia muitas “nuvens escuras” sobre a minha cabeça: Pensamentos oriundos
da solidão; do abandono; da reflexão sobre um futuro que se mostra
incerto.
De
repente eu tive a sensação de que ficaria só e de que não poderia mais trocar
experiências com ninguém. Confesso que me senti muito infeliz, tal como os
jornalistas que citei acima. O que eu fiz? Saí a caminhar sem objetivo pelo
nosso bairro da Itoupava Central - Blumenau. Enquanto eu caminhava fui pego pela chuva repentina e
me abriguei numa destas paradas de ônibus cobertas que existe a beira da
estrada. Agora, ali, naquele lugar, eu tinha tempo para refletir sobre mim e o
meu humor, enquanto a chuva caia.
Davi
estava fugindo de alguns inimigos e escondeu-se deles. Ali, no seu esconderijo,
ele teve tempo para pensar sobre a sua vida. Àquela reflexão ajudou-o a
voltar-se para Deus; a dar-se conta que precisava pedir ajuda a Ele (A Ti,
Senhor, elevo a minha alma. Deus meu, em Ti confio! (Salmo 25.1-2a)). Notem que
Davi não ficou sentado, passivo, mergulhado nos seus pensamentos sombrios. Nada
disso! Davi se mostrou ativo, enquanto buscou contato com Deus através da
oração. Ele se mostrou confiante em Deus quando expôs os seus sofrimentos e os
seus medos diante Dele. Davi procurou a ajuda de Deus para poder livrar-se da
perseguição que experimentava; para fugir da solidão e da "miséria" que o assolavam.
O
mesmo aconteceu comigo, lá debaixo do telhado daquela parada de ônibus. Eu tive
tempo para ter contato com meu irmão Jesus. Quanto mais tempo eu ficava ali,
tanto mais eu ficava surpreso comigo mesmo. A minha vida nem era tão ruim como
eu imaginava. Sempre existe Alguém bem especial que se coloca ao meu lado. E
esse Alguém é Jesus que me escuta; que me entende; que me leva a sério; que não
me ridiculariza; que não desmerece meus pensamentos com palavras do tipo: - Mas
isso nem é tão grave assim!
Essa
pessoa é Jesus que acolhe as minhas preocupações com seriedade; que sempre se
dispõe a estar do meu lado quando eu preciso. Coisa boa! Eu posso contar-Lhe
tudo o que acontece comigo. Impressionante! Se eu não quiser contar-Lhe, não
preciso fazê-lo, uma vez que Ele já sabe de tudo. Mesmo assim me fez bem
dialogar com Ele. Ele tinha tempo para me dar; para me ouvir.
A
chuva não parou de cair, mas os meus pensamentos estavam mais claros e alegres.
Daí então eu tomei a decisão de voltar para casa caminhando na chuva mesmo. Incrível
aquele sentimento de liberdade que eu experimentei. O salmista escreveu: “Os
meus olhos se elevam continuamente ao Senhor, pois Ele me tirará os pés do
laço.” (Salmo 25.15). E assim foi. O Senhor me libertou daquela rede de
pensamentos sombrios.
O evangelista Mateus nos fortalece neste intento de chegarmos mais perto de Deus quando reescreve o Seu recado: “Vinde a mim, todos os que estais cansados e sobrecarregados, Eu vos aliviarei.” (Mateus 11.28) Volte-se para Jesus Cristo. Dê do seu tempo a Ele. Ele quer nos libertar dos nossos pensamentos de solidão. Eu experimentei alívio, enquanto esperei a chuva passar naquela parada de ônibus da Rua Dr. Pedro Zimmermann. Abraços!
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