Amigas e amigos!
Vem chegando o Natal. Descobri uma prédica que proferi no templo da Comunidade Evangélica de Florianópolis (Rua Nereu Ramos, 37) no dia 25 de dezembro de 1992. Lá se vão dezesseis anos. Reli a mesma há pouco. Acho que fui muito duro com quem me ouvia. Coisas da vida! Dêem uma olhadinha e reajam... Bom Advento para todas e todos!
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Introdução
Ao estudarmos a Bíblia vamos perceber que a mesma sempre prediz duas vindas de Deus aos homens e às mulheres: A do Prometido para cumprir o plano salvífico de Deus e presidir a formação de Seu povo, a Igreja e a da volta de Cristo, em poder e glória, para julgar os vivos e os mortos e dar-lhes o devido destino com a criação de novos céus e novas terras onde habitará justiça.
A primeira vinda já ocorreu. Ela se deu quando do nascimento de Jesus em Belém. A segunda vinda ainda será verdade uma vez que está documentada na Bíblia com cerca de 300 profecias. É desta Segunda Vinda que queremos nos ocupar agora neste 25 de dezembro de 1992. Estamos vivendo o momento de preparação para a espera do Rei. Ansiamos pelo Prometido, Jesus Cristo que vem.
Como será o Prometido?... Será Ele um Rei poderoso?... Será Ele um político excepcional?... Será Ele um exímio estrategista militar?... O profeta Zacarias responde estas perguntas. Quem dos presentes quer ler Zacarias 9.9-10?... Por favor!
O texto ebulindo
Eis aí palavras proferidas por Zacarias ainda a.C. Já no início da era cristã os evangelistas Mateus e João confirmaram: - “É isso mesmo! O Prometido está aí. É o marceneiro e pregador Jesus de Nazaré, que entrou em Jerusalém montado num burrico.”
Observem! Algumas coisas interessantes são ditas Dele: Se diz que Ele é justo. Que Ele age conforme a vontade de Deus. Que Ele deixa de lado os seus desejos, o Seu comodismo e as Suas vontades só para fazer a vontade do Pai. Se diz que Deus O ajuda reconhecendo e recompensando a Sua obediência. Se diz que Ele é humilde. Se lê que Ele é um sujeito que não tem nada, nem reputação, nem bens, nem fama, nem nada. Se ouve que Ele é um João Ninguém que, ao invés de vir montado num brioso e altaneiro cavalo puro sangue, vem montado num burro. Será Ele um louco? Será Ele um frouxo? Será Ele um maricas que sempre leva na cabeça e nunca reage? Que não se mexe? Que só apanha e não faz nada de positivo?
Nada disso! Ele é um Rei! Um Rei que erguerá um Reino de mar a mar. Um Reino que encobre cada palmo deste planeta. Um Reino com características bem próprias. Um Reino que o mais absurdo futurologista não ousa sonhar. Um Reino sem carros de guerra e sem cavalos de batalha; sem revólveres e sem metralhadoras; sem tanques, bazucas, morteiros, granadas e fuzis; sem porta-aviões, torpedeiros e submarinos; sem caças a jato, bombardeiros e mísseis; sem energia nuclear e sem armas bacteriológicas; sem Exército, Marinha ou Aeronáutica; sem soldados rasos, cabos, coronéis, generais e marechais; sem criminosos, prisões e cadeira elétrica... Um Reino sem violência, seja qual for a sua forma.
Sim, Ele é um Rei! Um Rei que proclamará paz aos povos. Vocês sabem o que significa o termo paz para os hebreus? Para eles a paz não é somente a ausência de guerras. Paz é a integridade absoluta em todas as condições, situações e relações humanas. Para eles a paz significa bem estar físico e material. Nada de câncer, enfartes, úlceras nos estômagos, desidratação, debilidade mental, desastres pavorosos, miséria, fome, retirantes, enchentes, secas. Para eles paz é saúde, salubridade do ambiente, vida regrada e sadia, fertilidade, teto e comida. Para eles paz é relação harmoniosa, íntegra e perfeita: nada de calúnias, boatos e fofocas; nada de abismos entre reduzidas camadas abastadas e enormes massas famintas, sem teto e sem roupa; nada de extorsão e espoliação do mais fraco pelo mais forte; nada de brigas em família, entre irmãos e entre cônjuges. Para eles paz é a relação harmoniosa, íntegra e perfeita entre Deus, os homens e as mulheres, ou seja: as mulheres e os homens fazem a vontade de Deus e Este os ampara e conduz.
Isto é paz. Todos os aspectos que citei estão relacionados entre si. Não pode haver ausência de guerras e violência enquanto um único ser humano continuar de barriga vazia. Não pode haver harmonia entre os homens, enquanto não houver harmonia com Deus. Paz é o todo. Paz é a saúde absoluta do mundo. Este é o Reino do Prometido. Com este Reino Ele dominará a terra de ponta a ponta, de um extremo ao outro.
Como já disse, estamos comemorando a festa de aniversário da Primeira Vinda do Prometido. Ele já veio uma vez e agora, definitivamente, esperamos que venha ainda pela última vez. É momento de preparar-se para a vivência no Reino da Paz que ainda não foi instalado. A instalação definitiva se dará quando da Segunda Vinda. Quer queira quer não, a meta para caminharmos é o Schalom, a paz de Deus.
Para assumirmos o desafio
Hoje estamos vivendo o tempo entre a Primeira e a Segunda vinda de Cristo. Temos a nos empurrar para frente o anúncio e a mostra de como será o Reino. A nos puxar está a meta a ser buscada. É o SCHALOM, a paz de Deus a nos abanar. Então, vivendo entre um marco e outro, sabedores da meta a perseguir e, conscientes do interesse de Deus na nossa condução, não resta alternativas. Temos que acompanhar o curso da História e assumirmos a Sua proposta.
O cristão deverá opor-se a toda espécie de guerras, de ocupação e de intervenção, a toda espécie de violência. Eis aí uma atitude que exige dedicação e postura clara diante dos muitos conflitos que abalam o mundo, a sociedade, diante de qualquer forma de violência praticada em nosso meio. Penso nas guerras, nos Regimes Racistas, nas torturas dentro das prisões, na violência dos empregadores inescrupulosos contra trabalhadores e empregados desprotegidos, na violência praticada por nós contra aqueles que nunca tiveram o privilégio de nunca consultar um médico, de adquirir os caros medicamentos do nosso mercado, de freqüentar uma escola. Sim, somos culpados e aumentamos mais a nossa culpa quando deixamos de abrir a boca.
Nossa esperança do Reino da Paz precisa deixar marcas profundas também, e antes de mais nada, na nossa vida privada. Não pode haver violência entre nós e o nosso próximo. E violência, aqui, não significa apenas bofetadas e pontapés: o simples olhar rancoroso ou desinteressado que lançamos ao semelhante já é um ato de violência. Violência também é a fofoca que espalhamos. É a mancha que colocamos na reputação de uma pessoa. Violência também é a atitude de orgulho, de desprezo, de falta de companheirismo que assumimos na família, no trabalho, no grupo em que atuamos. Tudo isso é contrário à marcha de Deus com a humanidade em direção ao SCHALOM.
Conclusão
Aceleramos ou bloqueamos o caminho de Deus no mundo e com o mundo? Busquemos forças junto àquele Rei humilde, pobre – e tremendamente atuante. Vamos segui-lo, imitá-lo na Sua obediência incondicional à vontade de Deus. Vamos marchar com Ele em direção ao SCHALOM.
Vibra de alegria Florianópolis. Exulta Comunidade Evangélica Luterana porque o teu Rei vem a ti... Amém!