Como é que se repassa o amor de
Deus que nos presenteou Jesus Cristo aos outros? Como é que se leva o amor com
o qual Jesus Cristo nos amou aos próximos? Ora, a “diaconia” visa compartilhar
o amor apreendido com as pessoas que circulam à volta. Sim, a “diaconia” é o amor
em ação.
A “diaconia”
não deve ser apenas entendida como um “guarda-chuva” da “previdência evangélica”.
Quem pratica a “diaconia” sabe que as pessoas querem ser amadas porque são
seres humanos. O texto que se lê em Romanos 12.4-16 identifica o “ato de amar”
como sendo uma ação elementar e suficiente.
A Carta aos Romanos define o “amor” como
extremamente prático para a vida. Assim, as pessoas que se engajam na “proposta
do amor”, logo se conectam com outras gentes que, por sua vez, também veem além da sombra da
torre do templo. É por isso que a “prática do amor” (obras diaconais) acontecem
sob um “guarda-chuva comum” articulado pela Igreja. É ali que se reflete a “diaconia” em níveis maiores. Juntos, sempre
somos mais fortes; o testemunho se torna mais eficiente.
Na
“diaconia” se aprende com o outro. Há que se ter sensibilidade e equilíbrio
para lidar com outras pessoas. A Carta aos Romanos nos indica o caminho que nos
leva até este dom. Martin Luther traduziu o Novo Testamento do Grego para o
Alemão. Para ele a “diaconia” é “Amt” (profissão).
Em
Romanos 12.7 se lê: “Ist jemand Diakonie gegeben, so übe er Diakonie.” As
traduções mais modernas traduzem a palavra grega “diaconia” assim: “Se
ministério (dom), dediquemo-nos ao ministério (dom)”. Quer dizer, se alguém tem
o dom para “servir” a comunidade, esse alguém deve executar o serviço; fazer
diaconia.
Na
tradução da Bíblia na Linguagem de Hoje este verso soa assim: “Se tiverem o dom
de prestar serviço a outros, então sirvam bem”. Resumindo, Paulo nos apresenta
a palavra “diaconia” como “ajuda prática”; como “capacidade de fazer algo bom
para outra pessoa”.
Sim, o apóstolo parte do pressuposto que nem todas as
pessoas tenham este “dom” para “servir”. Para ele o “ato de amar” tem a ver com
um padrão de vida que se expressa com a fé que se encorpa na vida de todas as
pessoas cristãs. Agora, nem todas as pessoas cristãs tem o “dom da diaconia”. Vou publicar mais sobre o assunto...
Busque Saber
12.5.12
7.5.12
Vamos jantar juntos?
Lá se foi o tempo em que a maioria das famílias eram
compostas de uma mãe que ficava em casa; de um pai que saia para o trabalho em
torno de oito horas por dia; de filhos que iam à escola e, depois disso,
voltavam para suas casas. Sim, vivemos novos tempos e vocês que leem já
perceberam que não é mais tão simples a tal da “convivência famíliar”.
Vamos deixar por isso? Sugiro que priorizemos nossas famílias, em meio esta época bicuda. Como? Ora, fazendo um Plano de Ação! Lembram do nosso tempo de infância? Não foi no seio familiar que vivemos os nossos melhores momentos? Aqui e agora não vem mais ao caso, se aqueles tempos foram raros ou frequentes. O fato é que lembramos deles.
Vamos deixar por isso? Sugiro que priorizemos nossas famílias, em meio esta época bicuda. Como? Ora, fazendo um Plano de Ação! Lembram do nosso tempo de infância? Não foi no seio familiar que vivemos os nossos melhores momentos? Aqui e agora não vem mais ao caso, se aqueles tempos foram raros ou frequentes. O fato é que lembramos deles.
À pergunta pelo “que faz uma família feliz” recebe resposta
quase unânime da criançada: - Passar tempo juntos! Os educadores concordam com o fato de que o
tempo diário doado aos filhos é insubstituível; de que os pais que, a cada dia,
doam cinco minutos do seu tempo aos seus rebentos, fazem muito mais do que
aqueles que doam cinco horas em um sábado, por exemplo.
Faz bem quem promove refeições conjuntas. Crianças que se
desenvolvem em lares onde os pais se assentam três à quatro vezes por semana
com eles à mesa, são menos propensos a experimentar drogas e álcool; têm a sensação
de vazio, à falta de aceitação e de amor diminuídas.
3.5.12
Paul Mc Cartney – On the Run!
O dia 25 de abril amanheceu nublado. Logo que saí de Joinville, percebi que eram inúmeros os carros de estados
vizinhos que me ultrapassavam na BR 101. Cheguei a Florianópolis às 16h. Uma hora depois a Vanessa, o Áquila e eu já
estávamos no Bolsão do Estacionamento, na Beira Mar Sul. Já na parada de ônibus, vimos um helicóptero e
muitos Batedores da Polícia Militar que, montados em suas motos verdes, conduziam o ex-Beatle e sua Nancy num carro de cor
prata rumo ao Evento Musical. E não é que de dentro daquele carro prateado ele nos abanou!
Agora era preciso enfrentar a fila para entrarmos no estádio da
Ressacada. Crianças, jovens, adultos, pessoas da Terceira Idade mostravam
brilho constante nos olhares. Lá dentro, atrás dos muros, ouvíamos Paul que aquecia sua voz
com músicas recentes, mas também antigas. Ficamos na fila durante quatro horas. Eu
conversava, mas meus pensamentos insistiam em voar para o final dos anos sessenta. Sim, eu estava ali e não iria perder um
segundo sequer daqueles Momentos Mágicos.
Sentamo-nos nas cadeiras. Você que me lê, preste atenção no pontinho preto, na arquibancada em cor roxa. Ali nós estávamos. O palco ficava na parte alaranjada. Anunciava-se chuva. Faltava meia hora para o espetáculo de duas horas
e 45 minutos. Nos telões “rolavam” imagens; manchetes e velhos recortes
de notícias de um passado marcante. O tempo parecia não passar para as 32 mil
pessoas que tinham vindo aplaudir aquele artista que não se ostenta como tantos
outros.
De repente começou show. A emoção estava ali, presente, tomando conta
de todo povo. Sua primeira música foi “Magical Mistery Tour”. Nessa hora
começou a chover. Depois dela se seguiram mais 36 lindas canções. A chuva era
torrencial, mas ninguém queria que aqueles momentos se acabassem. Era difícil
bater palmas porque a água escorria pelas mangas da capa plástica. Mesmo assim
se ovacionou o artista e sua Banda.Aliás, diga-se de passagem, músicos de primeira linha.
Fiquei emocionado quando um dos assessores de palco entregou uma
guitarra diferenciada a Paul. Ele acariciou-a e disse: - Essa foi minha
"companheira" na época dos Beatles. Era hora de ir embora. Caminhávamos sob a aura da emoção. Fomos para para casa agradecido pela possibilidade
de assistir tão belo e majestoso show. Vou poder contar aos meus netos que vi e ouvi este artista que
marcou a História do Rock no mundo inteiro. Sim, vou sentir saudades do dia 25
de abril de 2012... Depois disso, cheguei no apartamento da minha nora e do meu filho. Tomei banho e deitei na cama. Era alta madrugada, mas eu não conseguia dormir por causa da adrenalina.
1.5.12
Dia das Mães!
Que bom! Pelo menos no Dia das Mães a maioria das pessoas se lembra que devem algum agradecimento às mães. Elas as mães contribuiram e continuam contribuindo muito para a sociedade a partir do seu cuidado. Quero iniciar minha reflexão lendo o de Mateus 4.4b: “Nem só de pão viverá o homem, mas de toda a palavra que sai da boca de Deus.”
A nossa sã consciência; as nossas experiências pessoais e os psicólogos concordam quando definem a mãe como “o princípio e o fim do desenvolvimento de uma pessoa”. É assim que o indivíduo, desde o seu nascimento, cresce num mundo marcado pelo amor e pela segurança gerado por sua mãe. Infelizmente esse assunto ainda não assumiu as proporções que deveria ter assumido.
O homem é um ser biológico. Ele depende do “ninho” por ser extremamente frágil e carecer de muito cuidado. A criança precisa demais de um “ninho” seguro e caloroso. Ali, dentro de um ambiente familiar sólido, a criança carece de cuidado; de tempo e de dedicação. É com este apoio que ela poderá se desenvolver em paz; que ela poderá articular a sua confiança e a sua personalidade; que ela poderá atuar dentro do mundo dando “lucros” ao mesmo.
Nas mãos de quem repousa esta responsabilidade de fazer as pessoas crescerem em equilíbrio para o benefício da sociedade? Nas mãos das famílias e, especialmente, nas mãos das mães. Concentremo-nos neste assunto: Existe uma terefa que seja mais importante do que a de ser mãe e de se dedicar, de corpo e alma, em prol de seus filhos? É imperdoável que, nos últimos anos, tenha-se incutido certo complexo de inferioridade nas mulheres que “apenas” se dedicaram ao lar; que “apenas” se dedicaram a ser boas mães!
A sociedade já começa a sentir as consequências desta ação. Hoje o Brasil é um país que envelhece. Os casais brasileiros, em média, ainda só têm um ou dois filhos. Neste contexto, muitas são as pessoas mais jovens que não vivenciam mais boas bases familiares. O resultado disso se mostra nas muitas mentes emocionalmente instáveis que circulam pelas ruas das nossas cidades, externando posturas de auto-destruição.
A família é insubstituível e nela, a mãe é insubstituível. A mãe é a grande ajudadora que faz acontecer o equilíbrio na sociedade; que promove a transmissão da fé. Os pais e, especialmente as mães, são os primeiros e os mais importantes mensageiros da fé cristã para os seus filhos.
Ninguém de nós aprendeu sobre os assuntos de fé com seu pastor e ou com seu professor de religião. Nós aprendemos este conceito com a nossa mãe que, à noite, orou conosco ao lado da cama quando éramos pequeninos; que, pela primeira vez, nos contou histórias bíblicas sobre Deus. Isso também vale para a religião. A base da religião sempre é colocada no início da vida. O fundamento da vida religiosa sempre vem de casa, quando do tempo da infância vivida. O que se deixa de fazer em prol das meninas e dos meninos nesta época, não é fácil de ser revertido mais tarde.
Daí que eu, do alto dos meus 57 anos, sempre de novo apelo aos jovens pais no sentido de que levem este “compromisso” a sério; de que não se doem apenas para o bem-estar físico das suas crianças, mas, especialmente, para os assuntos da sua alma; da sua espiritualidade. Esta frase também do evangelista Mateus também vale para as crianças: “O homem não vive só de pão”...
Não privemos os nossos filhos daquilo que é mais importante: O relacionamento com Deus! E isso, especialmente nestes tempos caóticos em que estamos vivendo. Será que os jovens pais compreendem a importância de dar lugar a fé na vida familiar? Fazer isso implica em oração contínua. Quem faz esta experiência logo percebe as bênçãos que revertem para a família. Quando Deus se mostra ao nosso lado, daí então somos aliviados das funções mais pesadas no que tange aos compromissos com nossos filhos; com toda nossa família.
Jesus nos diz no Evangelho de João 15.5: “Eu sou a videira e vocês são os ramos. Sem mim nada podeis fazer. Mas se permanecerem em união comigo, vocês ficarão fortes e darão muitos frutos.” Isso se aplica a cada indivíduo. Isto também se aplica à família. Se hoje são tantas as famílias que experimentam falência, será que não é pelo fato de que esteja faltando o fundamento da fé cristã? Não, a família cristã não pode continuar sendo edificada sobre a areia. O seu futuro depende de nós!
A “Grande Mãe”, Teresa de Calcutá, disse certa vez: “A família que ora unida, mantém-se bem.” É esse o meu desejo para as nossas famílias hoje, no Dia das Mães que se aproxima e no amanhã que virá.
30.4.12
Nosso filho está perdendo a fé!
Caro
Pastor Renato!
Como
o senhor sabe, somos uma família cristã. Meditamos na Palavra de Deus e, todos
os dias, fazemos as nossas orações. No domingo, nunca perdemos um Culto sequer.
Somos uma família unida e temos três filhos, com idades entre 8 e quatroze
anos. O que nos traz ao senhor é que, nos últimos meses, surgiu um problema na
nossa casa. O nosso filho mais velho está entrando na adolescência e não está
mais levando a sua fé em Deus tão a sério, como entendemos que ele deveria
levar. Quando chamamos a atenção dele, ele reage dizendo que esta palavra é
muito “carregada”. Daí então ele nos joga na cara que esta palavra carrega
“pesos” do passado em si. Mais do que isso, ele aponta para algumas catátrofes
mundiais que foram motivadas pela “fé” de algumas pessoas e que, portanto, não
quer viver sob esta tensão; que não quer se envolver com um conceito tão
ultrapassado e ambíguo.
O
fato é que minha esposa e eu estamos nos condoendo muito com nosso filho. A
idéia de que nossas crianças possam cair na fé nos deixa muito assustados. Esse
assunto sempre volta nos nossos círculos de conversa. São assuntos um tanto
difíceis de ser digeridos. Nosso filho teima em repetir que não pode fazer mais
nada com este conceito que “plantamos dentro do seu coração” com tanto carinho.
Em contrapartida ele também nos diz que a mensagem de Jesus Cristo o
impressiona. Nessas horas ele nos cita o Sermão do Monte de Mateus 5-7 e
se reporta às palavras que Jesus disse;
às posições que Jesus defendia. Ele nos diz que este é o texto mais
importante do Novo Testamento. Nós, como pai e mãe, estamos endendendo que ele
faz um resumo muito bruto da Bíblia.
Enfim,
ele nos provoca com palavras deste tipo e, infelizmente, sempre de novo,
acabamos entrando em confronto com ele. Sabemos que estas brigas não levam a
nada, mesmo assim, repito, sempre caimos no mesmo erro. O que é que podemos
fazer?
Caro
Jandir, a tua carta me impressionou muito. Fiquei tocado pela forma como tu e
Graça levam a sério a dificuldade do Jones. Também mexeu comigo o jeito, a
humildade de vocês ao me pedirem por ajuda. A forma de vocês apresentarem seu
filho a mim também mexeu comigo. Ora, ele simplesmente está assumindo a tarefa
que diz respeito à sua idade. Ele não quer ser uma cópia de vocês dois, mas
está em busca de uma identidade própria. Notem que ele age assim usando vocês
como interlocutores. Esse é o ponto! Ele está verificando o que é que pode
levar de vocês para dentro da sua vida particular. Com este jeito de ser ele
está se perguntando como e onde ele vai fazer a sua própria caminhada. Nada
mais do que isso.
Tudo
ainda é um tanto vago e, certamente, ainda permanecerá assim por algum tempo. O
importante é que vocês não percam o contato com o Jones neste tempo de
adolescência. Trata-se de uma época de muitas perguntas e de muitos vazios que
precisam ser assessorados. É importante que vocês permaneçam com as suas
convicções, mas também que tenham seus ouvidos abertos para os clamores do
garotão. Ele os provoca e, claro, estas provocações são difíceis de serem
engulidas. Elas até lhes causam medo. Vocês até se sentem inseguros quanto ao
fato de se deixarem levar por reações muito duras. Abram o jogo, mostrem-se
para o seu filho assim como vocês são. Digam-lhe os conteúdos que vocês mesmos
acabaram de me informar.
O
importante é que vocês concedam ao Jones o direito dele escolher seu caminho à
sua maneira. Aqui me lembro-me de um provérbio chinês: “Dê raízes aos teus
filhos quando eles são pequenos. Quando eles crescerem, dê-lhes asas.” Vocês já
deram raízes ao Jones. Agora é tempo de
lhe dar asas. Pelo que me informaram, vocês tem todas as condições de
caminharem para a frente com confiança.
Só
mais uma pequena lembrança sobre a palavra “crer”. O Jones se refere ao abuso e
à má compreensão da palavra “fé” e que, por isso mesmo, ele a deixa de lado. Essa postura dói em vocês,
mas notem que ele ainda não está rejeitando esta palavra.
Aqui,
de repente, uma Palavra Bíblica ajuda a vocês. À pergunta pelo “que
verdadeiramente importa”, Jesus nos dá duas respostas. Certa vez Ele respondeu:
“Arrependei-vos e crede no Evangelho” (Marcos 1.15b). Se eu os entendi
bem, esta é uma boa resposta para a sua pergunta. Em outra ocasião, Jesus
Cristo disse: “Buscai primeiro o Reino de Deus...” (Mateus 6.33a). Esta
é a resposta que parece interessar mais ao Jones neste momento. Notem que ele
não está longe de Jesus enquanto pensa do jeito que pensa... Abraços!
25.4.12
QUE CORAGEM! Atos 4.5-12
Com que força e em nome de quem vocês curaram
o paralítico? Esta pergunta foi feita para
o Pedro e para o João, mas ela parece ser feita a mim. O que significa
esta pergunta para nós, hoje?
Pedro e João tinham curado um coxo. Esse homem era
trazido regularmente, durante quarenta anos, à porta do templo. Era, com
certeza, pessoa bem conhecida nas redondezas pelo fato de sempre estar
implorando ajuda.
O que fez Pedro? Pedro lhe disse: “Ouro e prata não tenho, mas o que tenho, isso te dou: Em nome de Jesus
Cristo, levanta e anda”. Daí então Pedro o tomou pela mão e o colocou em
pé. Daquele momento em diante as pernas e as articulações musculares do coxo ficaram
firmes e ele se levantou, correu e louvou a Deus.
Vocês conseguiriam fazer o que Pedro fez? Eu não, apesar
de também crer na ressurreição de Jesus Cristo. Não! Eu não me sinto pronto
para dizer semelhante palavra a uma pessoa com deficiência.
O fato é que Pedro teve coragem de fazê-lo. Sim, Pedro não
se calou diante das autoridades eclesiásticas, quando lhes deixou claro que “Jesus Cristo, o Nazareno, Àquele a quem
tinham cruscificado e a quem Deus ressuscitara dentre os mortos, era o
verdadeiro Autor daquela cura”; quando lhes deu a entender que o poder que
vem do alto tem capacidade de zerar a força da dor e da morte.
A ousadia de Pedro, ao apontar para Deus como o Mentor
daquele milagre, fez com que os queixos daqueles estudiosos da Bíblia caissem.
Eles não ficaram estupefatos por causa do testemunho dos dois apóstolos, mas
pelo fato de que aqueles homens de origem tão simples, quase sem nenhuma
formação teológica, soubessem falar com tanto destemor, a partir das
Escrituras.
Pessoas que experimentaram grande perigo; que foram
confrontadas de perto com a morte e que, mesmo assim, permanecem firmes na fé, já
nos serviram e continuam servindo de modelo. Aqui me lembro do nosso mártir evangélico
que, mesmo torturado até a morte, resistiu às ameaças; à injustiça e, ao mesmo
tempo, se submeteu, com coragem, à vontade de Deus, deixando sempre claras as
suas idéias.
A verdade é que nem todas as pessoas tem o perfil de dizer
a que vieram, nem todos são heróis. Todos sabemos que Pedro não foi nenhum
herói. Pedro se mostrou uma pessoa empreendedora. Ele devia ser um homem cheio
de entusiasmo que andava na vanguarda dos acontecimentos. Agora, lembremo-nos
que no pátio do sumo sacerdote, ele negou Jesus três vezes; que depois da morte
de Jesus ele experimentou medo dos judeus e se escondeu atrás de portas
pregadas.
Algo deve ter contribuido para Pedro se mostrar tão
corajoso. Foi seu encontro com o Ressuscitado que lhe oportunizou a força do
Espírito Santo. Gente querida, a vida do Jesus terreno e o túmulo vazio nunca
levaram ninguém à fé. Foi a ressurreição de Jesus que fez com que o
cristianismo surgisse. Mais do que isso, foi só depois do encontro pessoal que Jesus
teve com seus discípulos que eles se tornaram apóstolos.
Foi a partir daquele encontro que o inacreditável se tornou
crível; que o incompreensível se converteu em compreensível. O paralítico foi
curado com a força; com o
poder do Espírito Santo e Pedro e João foram simples canais dessa força.
Pedro também responde à pergunta, em nome de quem todas
estas coisas aconteceram. Ele disse que foi “Jesus Cristo de Nazaré, a quem eles mesmos tinham cruscificado e a quem
Deus tinha ressuscitado dentre os mortos” que lhes tinha possibilitado
aquele ato. Martin Luther diria: “Em
nenhum outro há salvação, não há outro nome debaixo do céu, dado entre os
homens, pelo qual devamos ser salvos.” Sim, Jesus Cristo é Aquele através
do qual podemos experimentar a salvação.
A declaração de Pedro é simples e clara, mas ao mesmo
tempo capaz de gerar um estresse enorme! Eu experimento isso. O Evangelho me
chama constantemente a verificar a minha fé e o meu relacionamento com Deus com
perguntas pessoais do tipo: - É isso mesmo que está escrito? - Eu acredito
nisso que está escrito? Essa fé descrita nos Evangelhos perpassa o meu ser,
enquanto me digladio com minhas dúvidas? - Deixo-me assessorar pela fé enquanto
busco as soluções para os meus problemas? - A minha fé afeta as relações com os
próximos? – A minha fé leva a dar passos que promovam a reconciliação? – A minha
fé me leva a solidarizar-me com os pobres que tem fome de pão e de justiça? Resumindo todas as
perguntas numa só: - A minha fé é viva?
Difícil de absorver um texto tão carregado de conteúdo,
assim, de uma só vez. Eu sonho dar
testemunho com a coragem de Pedro; de João; de Dietrich. Eu tenho a
intenção passar a “Boa Nova” de Deus
adiante, mas aí me pergunto: Quem quererá ouví-la? Perguntas como essas me
passam pela cabeça quando penso nas pessoas que não acreditam em Cristo; nas
pessoas que se mostram inimigas da Igreja.
Penso
que muitos de vocês experimentam o que experimento: O Evangelho nos promove má
consciência, e então seguimos nos perguntando: - Eu tenho feito o suficiente? – Eu não estou sendo demasiadamente egoísta? -
Onde é que eu gasto o meu tempo?
Toda santa inquietação é boa, mas
será que é sobre esta base que nós queremos e podemos passar uma “Boa Notícia” da Salvação? Se nos movemos
por aí com consciência culpada, será que podemos relacionar a mensagem
redentora e libertadora de reconciliação do homem com Deus com o amor que é
derramado em nossos corações; com a paz que está em Cristo? Penso que não.
Agora, não somos nós que salvamos as pessoas, mas é Deus quem
enviou Seu Filho que salva e resgata da morte para a vida (João 3.17).
Aqui reparto três idéias que podem nos ajudar na
comunicação do Evangelho:
1 - Se não me alegro com a minha salvação, como é que eu posso
compartilhar esta alegria adiante? Eu só posso apontar para a felicidade, para
a gratidão a Deus que tanto fez e continua fazendo na minha vida, se minha fé
estiver viva.
2 - Tudo o que fazemos, sejam ações pequenas ou grandes, elas
têm sua origem na ação orientada de Deus. Cedo ou tarde estas ações serão
reconhecidas como boas contribuições ao ambiente em que vivemos. Lembrem-se que
a nossa vida já é um testemunho, antes mesmo de abrirmos a nossa boca.
3 - A força que nos move provém do Espírito Santo, cujos
sinais se mostram suaves e silenciosos. Vejamos o que os outros realmente
necessitam. Pedro não curou o coxo da sua pobreza, mas das suas necessidades
especiais.
Não desanimemos! Deixemo-nos encorajar por pessoas do
perfil de Pedro; de João; de Dietrich Bonhoeffer. Eu fecho este texto lembrando de uma
canção bem conhecida: “Alegrai-vos sempre no Senhor, Alegrai-vos no Senhor!...”
23.4.12
DEUS - PAI E MÃE!
Em Êxodo 4.22-23a Moisés é desafiado por Deus a ir se encontrar com o Faraó. Uma vez em contato, deve dizer-lhe: “Assim diz o
SENHOR: Israel é meu filho, meu primogênito.
Digo-te, pois: deixa ir meu filho, para que me sirva”.
Percebe-se nesta
passagem bíblica que o povo de Israel é entendido como filho de Deus. A relação
entre Javé (SENHOR) e Israel é apresentada como uma relação “pai-filho”. Trata-se de uma tradição antiga, cuja data de início
os exegetas (estudiosos da Bíblia) não tem como definir. Foi no tempo dos
profetas que ela se se enraizou na História. Esta “imagem” da relação
“pai-filho” sempre de novo foi retratada quando dos anúncios proféticos.
Em 750 a.C já
encontramos descrito com pompa no livro de Oséias, este tema básico que remete
para a relação “pai-filho”. Em Oséias 11.1-9 esta idéia parece estar
colocada como ápice de todo o Antigo Testamento: “Quando Israel era menino,
eu o amei; e do Egito chamei o meu filho. Quanto mais eu os chamava, tanto mais
se iam da minha presença; sacrificavam a baalins e queimavam incenso às imagens
de escultura. Todavia, eu ensinei a andar a Efraim; tomei-os nos meus braços,
mas não atinaram que eu os curava. Atraí-os com cordas humanas, com laços de
amor; fui para eles como quem alivia o jugo de sobre as suas queixadas e me
inclinei para dar-lhes de comer. Não voltarão para a terra do Egito, mas o
assírio será seu rei, porque recusam converter-se. A espada cairá sobre as suas
cidades, e consumirá os seus ferrolhos, e as devorará, por causa dos seus
caprichos. Porque o meu povo é inclinado a desviar-se de mim; se é concitado a
dirigir-se acima, ninguém o faz. Como te deixaria, ó Efraim? Como te
entregaria, ó Israel? Como te faria como a Admá? Como fazer-te um Zeboim? Meu coração
está comovido dentro de mim, as minhas compaixões, à uma, se acendem. Não
executarei o furor da minha ira; não tornarei para destruir a Efraim, porque eu
sou Deus e não homem, o Santo no meio de ti; não voltarei em ira.”
Não há texto do
Novo Testamento que ultrapasse este grau de “calor”, de “intimidade” e de
“grandeza” que se explicita em Oséias 11.1-9. Pela boca do profeta Oséias, o SENHOR se coloca; se
apresenta como um Pai que revela toda atenção ao Seu filho.
Aqui é surpreendente que a expressão “pai” é entendida num
contexto muito diferente da prática usual entre os semitas. Normalmente era assim que o foco desta raça de
indivíduos sempre estava centrado na família ou no clã. No texto de Oséias que
acabamos de ler, observamos a “imagem” de um pai que se destaca pela sua
“essência interior”; pela sua “devoção; pelo seu “amor” e por sua
“magnanimidade”. Em suma, o texto nos apresenta um conceito muito moderno de
“pai”.
Entre muitos
exegetas, o profeta Jeremias é chamado de “discípulo espiritual” de Oséias. É
em Jeremias que vamos nos deparar novamente com o conceito de “pai” que vimos
em Oséias. Vamos ler Jeremias 31.20: “Não
é Efraim meu precioso filho, filho das minhas delícias? Pois tantas vezes
quantas falo contra ele, tantas vezes ternamente me lembro dele; comove-se por
ele o meu coração, deveras me compadecerei dele, diz o SENHOR.”
Na terceira parte
do Livro de Isaías, mais especificamente em Isaías 64.7-8, o povo de
Israel lembra o próprio Deus que Ele é seu “pai” e que, portanto, lhe cabe um
comportamento misericordioso: “Já ninguém há que invoque o teu nome, que se desperte e te detenha;
porque escondes de nós o rosto e nos consomes por causa das nossas iniquidades.
Mas agora, ó SENHOR, tu és nosso Pai, nós somos o barro, e tu, o nosso oleiro;
e todos nós, obra das tuas mãos.”
Na Bíblia não se aponta para o SENHOR apenas como um “pai”. Ora,
Deus ultrapassa o conceito de “sexualidade”. Quer dizer, as declarações
bíblicas apontam em igual número tanto para a “maternidade” de Deus como para a
“paternidade”. Deus é, ao mesmo tempo “pai” e “mãe” do Seu povo.
O Antigo
Testamento não enfatiza apenas o lado patriarcal de Deus. Em Isaías 49.15, podemos perceber que
Deus se compara com uma mãe: “Acaso, pode
uma mulher esquecer-se do filho que ainda mama, de sorte que não se compadeça
do filho do seu ventre? Mas ainda que esta viesse a se esquecer dele, eu,
todavia, não me esquecerei de ti.”
Em Isaías
66.13 se lê: “Como alguém a quem sua mãe consola, assim eu vos consolarei;
e em Jerusalém vós sereis consolados.”
Além disso, no
idioma hebraico e, portanto, também nas mentes do povo hebraico, a compaixão
sempre é vista como um traço da personalidade materna.
A palavra
“misericórdia” (“rachamim” no Hebraico) se origina da palavra também hebraica “raechaem”. Esta
última palavra se equivale a “ventre” (cf. Êxodo 34, Oséias 11, Jeremias
31, etc.)
Nas fontes dos
antigos escritos mesopatâmicos percebem-se sinais que definem a palavra
“misericórdia” como algo na linha de “coração aberto”. Este sinal carrega uma
sigificação muito clara de “ampla segurança”. Quando
se aplica este símbolo para a “mulher”, daí resulta o conceito de mulher como o
de uma “imagem misericordiosa”. Na Mesopotâmia também é assim que quando se
fala em “misericórdia”, logo se pensa na palavra “mãe”.
O SENHOR se revela na “misericórdia” como “Alguém
Maternal”. Quando Deus tem compaixão pelas pessoas, então Ele se mostra tal
como uma mãe se mostra ao seu filho.
22.4.12
Dia Nacional da Diaconia!
Em Lucas 24.36b-48 Jesus abre a mente dos discípulos e então eles passam a ver a vida com olhos do seu Mestre. A partir daquele momento eles se perguntam: Qual é o critério que promove o Filho de Deus aqui no chão? Diante do entendimento que o Ressurreto lhes oportuniza, não dá mais para ficarem quietos - agir é preciso. Mas agir como? Onde agir? Em que sentido agir? As suas mãos parecem estar amarradas com as cordas da marca “medos” e “dúvidas”. Não é assim conosco? Queremos ver retorno rápido das coisas que dizemos e fazemos e aí, muitas vezes, nos deixamos levar por “Teologias Pobres”.
A falta de fé e a dúvida sempre de novo se manifestam entre as pessoas cristãs. Os discípulos de Jesus não estavam tão sujeitos a estes “males”. Mesmo assim, eles, apesar de poderem tocar em Jesus; de convesar com Ele e de experimentar Sua presença, “balançaram”.
Li, outro dia um pequeno texto de jornal que informava sobre a Madre Teresa de Calcutá, Prêmio Nobel da Paz de 1979 e fundadora da Ordem “Missionárias da Caridade”. Pois fiquei surpreso. Ela testemunhou ter sido atormentada durante cinquenta anos por dúvidas a respeito de sua fé. Dúvidas estas que se resumiam em “tortura”, “escuridão” e “solidão”.
Como pode que uma mulher desse quilate tenha experimentado incertezas quanto a presença de Deus em sua vida? Ela ajudou milhares de pessoas infelizes em Calcutá; “guerreou” contra a lepra; colocou-se ao lado de crianças abandonadas; não arredou pé dos leitos onde pacientes agonizavam até a morte. Cinco décadas dedicadas à Diaconia e isso, sem dar mostras das lutas que aconteciam dentro do seu coração; da sua mente. Como é que ela subsistiu? Por que é que Deus não a ajudou a passar por estes “vales escuros” com mais presença? A resposta é simples: Ela encontrou forças no serviço cristão que prestava ao seu poderoso Deus.
Até mesmo os discípulos foram atormentados por dúvidas quando o assunto foi a ressurreição de Jesus. Ficar quietos seria uma boa pedida – por que não? Deixar a vida acontecer, enquanto estudassem o Antigo Testamento era uma opção. Encontrar-se e exaltar-se como ex-companheiros de Jesus em reuniões onde se serviam peixes e vinhos também não seria ruim. Quem sabe podiam fundar um fã-clube.
Nada disso! Depois que Jesus entra no ambiente e lhes abre a mente, os discípulos conseguem susbstituir o suposto fracasso com a morte do seu Messias pela certeza da vitória pela ressurreição. Tomé, o sujeito que mais duvidou, não estava sozinho. Tu e eu, nós também não estamos sós. Entender por completo a ação de Deus, isso ninguém de nós é capaz de fazer. Mas isso não nos permite a “rede” da conversa macia; do “deixa como está para ver onde vamos chegar”; a falta de compromisso com a verdade.
Vimos que a aparição de Jesus aos discípulos provocou reações de medo; de susto. Seria aquele Aparecido um “fantasma”? Ora, estamos cercados de fantasmas. Fantasmas da violência, das drogas, dos assaltos, da corrupção, da fome, da pobreza e das doenças, só pra citar sete. Assustamo-nos com esses mistérios que nos cercam? Estes “fantasmas” não nos afetam?! Madre Tereza de Calcutá deixou-se afetar e, mesmo frágil, saiu para dar testemunho agindo; fazendo diaconia.
Um dia estarei de pé, ao lado de Jó e de milhões de outras pessoas questionadoras que foram resgatadas, para ver o meu Pai do Céu. Nessee dia e quero começar a entender melhor a pessoa de Deus. Eu sei que Deus me ama, apesar das minhas dúvidas. Neste quesito eu não tenho nenhuma dúvida. Por isso sigo em frente...
20.4.12
FAMÍLIA CRISTÃ - O QUE É ISSO?
Estou tendo a oportunidade de expressar alguns pensamentos sobre o tema “Família”. Tento cumprir esta tarefa fazendo-o a partir de perspectiva cristã. Não tenho a pretensão de trazer uma palavra final sobre esse assunto. O meu objetivo é, simplesmente, levantar alguns estímulos para que o diálogo sobre este assunto aconteça - nada mais do que isso.
Hoje se “joga todas as fichas” na busca de um conceito para a “Família do Futuro”. Confesso que os termos “Família Cristã” e “Família Ideal” me fazem experimentar algum desconforto. Nunca fica muito claro o que se imagina por “Família Cristã” ou “Família Ideal”, daí que me pergunto: - Será que este “idealismo” é mesmo tão “cristão” como imaginamos que ele deva ser? Sim, eu tenho cá as minhas dúvidas e não vou me eximir de repartí-las com vocês, mesmo que discordem de mim. O fato é que carrego a impressão que, como cristãs e cristãos, deveríamos nos envolver muito mais com este tema.
Nós, a cristandade, somos os autores e os agentes dessa discussão sobre a “Família Cristã”. Sendo assim, nos cabe a pergunta: - Assumiremos a tarefa de entabular discussões neste sentido dentro da sociedade? Estou convicto que estes termos “Família Cristã” e “Família Ideal” se tornaram independentes, ou seja, converteram-se num clichê que se diz da “boca pra fora”, mas que não se vive na realidade. Cada um entende estas expressões do seu jeito e pronto - acabou. Ora, isso quer dizer que, como cristãs e cristãos, nos cabe redefinir o termo “Família Cristã” com palavras que, novamente, nos digam alguma coisa.
Quais os conteúdos que se discutem sobre esta temática na autalidade? Uma resposta para esta pergunta não é fácil de ser dada. Carrego a impressão de que exista uma idéia comum que gere as formas do pensamento da maioria das pessoas. Sim, há um jeito de se pensar sobre esse assunto que está pautando as cabeças, tanto de conservadores como de liberais. A “Família Ideal” é composta pelo pai; pela mãe e pela filha ou filho. Uma vez “embarcados” nesse pensamento mais engessado, espera-se que a criança seja filha biológica de ambos os pais; educada pelos referidos pais que, inclusive, também precisam ser casados de papel passado. As pessoas marcadas por uma liberalidade mais moderna já não aderem de forma tão rigorosa a este “Ideal de Família”. Mesmo assim, comungam secretamente com ele. Percebe-se isso quando afirmam: - “Não tem que ser sempre assim, pois sempre há as circunstâncias desfavoráveis. O fato é que seria bom se...” Hummm... É justamente aí nesse “se” que este jeito de pensar está se mostrando cada vez mais comum, também entre jovens.
Tenho minhas dúvidas se esta “Família Ideal” (pai, mãe e filho juntos) é realmente tão cristã como se apregoa. Primeiro, porque esse “Ideal Cristão” desvaloriza; não leva em conta determinadas pessoas. Aqui penso nos pais solteiros (viúvos ou divorciados) e ou até conscientemente sós. Hoje é assim que pais não casados e ou divorciados não são mais tão marginalizados como o foram no passado. Mesmo assim o “status” de “mãe solteira” ainda não tem boa aceitação na sociedade. Para a sociedade uma mãe e uma criança sem a presença do pai não refletem uma “Família Equilibrada” e, se refletem, esta é considerada só “Meia Família”. Diz-se que o referido cônjuge não deve ter tido a coragem de assumir o casamento; que ele não deve ter dado muito de si no sentido de levar o compromisso do casamento às últimas consequências para evitar o divórcio, etc. Esse jeito de pensar que exclui a mãe solteira não pode ser taxado de cristão, pois vai claramente contra o Mandamento de Deus que faz referência do “amor ao próximo”.
Em segundo lugar, desse “Ideal Familiar” resultam termos negativos como “Família Patchwork”. Será que todas as famílias não sejam “Patchwork´s”, “Colcha de Retalhos” compostas por duas pessoas de culturas, tradições e valores diferenciados? Ora, esta “Família Misturada” desmascara o conceito de família reduzido à perspectiva biológica: Se diz que uma “Família Normal” precisa estar acompanhada de uma criança. Será mesmo? Pergunto isso porque, por si só, a descendência biológica não tem a força de formar uma família funcional.
Em terceiro lugar, duvido que a pergunta por onde começa e por onde termina a família seja respondida de igual forma dentro da História. Para os mais jovens entre nós, uma família só é composta dos pais e de uma criança. Já para as pessoas com 70, 80 anos de idade, uma tal família é considerada pequena. Esse povo mais idoso vê a família com a presença ativa dos avós e dos netos.
De repente vocês estejam se perguntando: Depois dessa introdução, será que ainda pode existir a definição de uma “Família Cristã”? Sim, penso que sim. Esta definição “Família Cristã” que vou apresentar se arraiga na Tradição Luterana Cristã.
O termo “Família Cristã” pode ser compreendido de várias formas, mas nem sempre como Jesus Cristo o concebeu. Pode nos surpreender, mas no testemunho bíblico Jesus já nos mostra o exemplo de uma “Família” um tanto estranha. Senão vejamos: Os discípulos devem seguir Jesus, sem levar em conta as suas famílias. Isto é o que lemos em Lucas 9.59-62: “A outro disse Jesus: Segue-me! Ele, porém, respondeu: Permite-me ir primeiro sepultar meu pai. Mas Jesus insistiu: Deixa aos mortos o sepultar os seus próprios mortos. Tu, porém, vai e prega o reino de Deus. Outro lhe disse: Seguir-te-ei, Senhor; mas deixa-me primeiro despedir-me dos de casa. Mas Jesus lhe replicou: Ninguém que, tendo posto a mão no arado, olha para trás é apto para o reino de Deus.” Quer dizer, quando Jesus faz o chamado para segui-Lo, não se pode ir primeiro trabalhar o luto do Pai, prestar-se últimas homenagens ou despedir-se da família... Hoje entendemos este mandado de Jesus como um tanto radical. Sim, ele também foi entendido dessa forma nos tempos neo-testamentários.
Em Marcos 3.32ss ouvimos falar de um Jesus que nega suas próprias raízes biológicas: “Muita gente estava assentada ao redor dele e lhe disseram: Olha, tua mãe, teus irmãos e irmãs estão lá fora à tua procura. Então, ele lhes respondeu, dizendo: Quem é minha mãe e meus irmãos? E, correndo o olhar pelos que estavam assentados ao redor, disse: Eis minha mãe e meus irmãos. Portanto, qualquer que fizer a vontade de Deus, esse é meu irmão, irmã e mãe.”
Até agora está claro que Jesus não rejeita a “Família”, mas a redefine. Para os judeus e para os gregos do tempo de Jesus a família tinha origem biológica e sempre uma finalidade econômica. Quando Jesus usa “termos familiares” para caracterizar a relação dos discípulos com Deus e com Ele mesmo, então, na minha opinião, Ele deixa claro que estas relações se equivalem às “relações familiares” - nada além disso.
Isso se comprova pelo fato de que, muitas vezes, Jesus cita Deus como sendo Seu “Pai”. Certamente Jesus não está se referindo a uma descendência biológica, mas apontando para uma “relação”. Deus é o Pai, no qual Jesus confiou. Essa relação já teve seu início quando Jesus tinha 12 anos de idade. Naqueles tempos Ele já descreveu o templo como sendo a “Casa de seu Pai” (Lucas 2.49). Ele aprofunda esse conceito quando fala aos discípulos que Deus também é Pai de todos os discípulos. Novamente, Ele não diz isso por razões biológicas, mas porque Deus age e se ocupa como um pai em prol dos Seus discípulos (Mateus 6 – por exemplo).
Estes conteúdos também se refletem nas Cartas Paulinas: Os membros das Comunidades Cristãs mais antigas se chamavam de irmãs e irmãos porque tinham um relacionamento de pai e filhos com Deus e porque se preocupavam fraternalmente uns com os outros. A Família é definida nos Evangelhos e também nos escritos de Paulo, a partir do relacionamento social. Vou ser mais específico: Pela solicitude amorosa de uns para com os outros que experimentavam ligação entre si. Porque Deus tem cuidado amoroso para com os cristãos é que os cristãos devem colocar a sua confiança Nele como um Pai. Assim, Deus é apresentado como um “Pai” para a cristandade. E é porque todos os cristãos têm o mesmo Pai no Céu que eles se tornam irmãos e irmãs. Por tudo isso também devem se tratar assim - como irmãs e irmãos. Pode-se dizer que a Comunidade Cristã é vista como uma Grande Família - a Família de Deus.
A Comunidade Familiar dos primeiros seguidores de Jesus e as primeiras Comunidades da Igreja Primitiva tornam-se grandes exemplos dessa Família. O critério decisivo para se pertencer a esta “Família” é a crença comum de se pertencer ao mesmo Deus e de se fazer a Sua vontade. Para se cumprir essa vontade, conforme Paulo, também é importante se levar a sério a Lei de Cristo: “Levai as cargas uns dos outros e, assim, cumprireis a Lei de Cristo.” (Gálatas 6.2). Portanto, nenhum dos membros da “Família” podem ser excluídos ou discriminados, enquanto professam sua fé em Deus. Isto é especialmente verdade para as famílias onde só exista a mãe e ou o pai. Essas pessoas chamadas de singulares não podem ser excluídas das Comunidades Cristãs, que, inclusive, tem o dever de ajudar a carregar suas cargas.
Ao mesmo tempo, nos cabe rever nossos conceitos de “Família Cristã”. Não é preciso haver o trinômio “pai-mãe-criança” para que uma família seja aceita como completa. Uma família também é cristã se for composta apenas por duas pessoas e se nela se perceber amor recíproco e preocupação mútua. Aqui penso em “pai-criança” e ou em “mãe-criança”. O mesmo se aplica às Famílias que adotam filhos; às famílias que já chamamos de “Colcha de Retalhos”. Se um padrasto e ou uma madrasta se ocupam com uma criança como se fossem mães e ou pais verdadeiros, ali também nós temos o testemunho de uma Família Cristã.
Entendo que estejamos num bom caminho aqui na São Mateus no sentido de implentarmos esta compreensão de Família, mesmo que para algumas pessoas isso seja um tanto difícil. Nós dizemos que a Comunidade é a Grande Família de Deus, desde o momento em que oferecemos “ajuda”, a partir da Diaconia, para as pessoas que caminham conosco. Nós também trabalhamos no sentido de mudar a nossa imagem da “Família” quando focamos nossos olhos nas mães solteiras; nos pais solteiros e nos seus filhos, no sentido de aceitarmos os mesmos como sendo “Família Completa”. Vamos continuar refletindo sobre este tema com nossos pensamentos sempre voltados ao testemunho bíblico dos que nos antecederam na caminhada de fé.
18.4.12
ORAÇÃO DE QUEM CARECE!
Senhor, tu és o Deus dos vivos, não dos mortos. Através da ressurreição de Jesus Crito, Tu acabaste com o poder da morte. Tu conduzes a Tua Criação a um novo lugar, enquanto convertes a morte em vida. Mesmo quando a morte nos faz lembrar da transitoriedade de todos os seres viventes, nós não nos resignamos; não caimos em desespero.
Senhor, é a Tua voz que, no final de todos os tempos, nos chamará de dentro do túmulo. É da Tua vontade que, já no primeiro dia, as nossas boas obras sejam espalhadas diante de Ti sobre um lençol. Sim, Tu vais colocar um fim às obras das trevas. Nesse dia o sofrimento se converterá em alegria; as lágrimas se converterão em riso e a guerra se transformará em paz. É o Teu espírito que transformará o que corruptível em incorruptível.
Senhor, no dia em que Tu voltares, não se ouvirá mais o grito sequer do sangue na terra, pois tudo será novo. Amém!
13.4.12
Gol, gol, gol...
Cresci ouvindo meu avô taxar Getúlio Vargas de populista. Populista porque tinha implantado o “Dia do Trabalho”; porque tinha consolidado as “Leis Trabalhistas” (CLT) e o “13º salário”, entre outros. Essas medidas serviram para aproximá-lo do povo. Prova disso é que Getúlio ainda hoje é ovacionado com o apelido de “Pai dos Pobres”. Lembro que meus tios entendiam essas ideias como negativas para o nosso Brasil.
Sim, o populismo é um jeito de conduzir governos com medidas que até favoreçam e agradem a população. O presidente Lula, por exemplo, foi populista quando criou “Fome Zero” e “Bolsa Família”. Essas medidas beneficiaram nossa população que, por tabela, acabou “endeusando” o ex-presidente. O problema é que faltou o passo seguinte. Que passo? Ora, desenvolver e sustentar o desenvolvimento humano a partir de medidas que se afastem da ideia da “esmola”.
O populismo já vem desde a Roma Antiga. Lá se usava o termo “Panis et circensis” (pão e circo) com o objetivo governar com tranquilidade. Enquanto o povo tivesse o que comer e com o que se entreter, não iria atrapalhar nos “negócios”. Governos populistas usam esse tipo de medidas com o objetivo de desviar a atenção do povo de assuntos que realmente importam e, claro, das manobras políticas ilícitas que têm em mente. Seria hoje o populismo um perigo para ser alertado entre as lideranças da nossa querida IECLB? Eu volto ao assunto...
9.4.12
PÁSCOA - A RESSURREIÇÃO DE JESUS!
No ano 33 d.C. era costume envolver o corpo de uma pessoa falecida em faixas de pano embebidas em óleos aromáticos (João 19.39-40). Foi com esse intuito que Maria Madalena, Maria, mãe de Tiago, e Salomé se dirigiram ao túmulo onde tinham colocado Jesus (Marcos 16.1-8).
Estas três mulheres já tinham experimentado grande sofrimento sob a cruz de Jesus. Como o Filho de Deus tinha falecido às 15h de sexta-feira, não houve mais tempo hábil para promover-Lhe um sepultamento digno. Para os judeus, quando o sol se põe na sexta-feira, não se faz mais absolutamente nada até o pôr do sol do sábado seguinte. Ora, durante a noite de sábado era impossível de se fazer qualquer coisa neste sentido. Assim, só sobrou a madrugada de sábado para domingo para ungir o Corpo do seu Mestre.
Ainda era escuro quando as três mulheres se dirigiram ao túmulo para embalsamar o seu Senhor (Marcos 16.1). O caminho até o túmulo era longo e elas se mostravam preocupadas enquanto caminhavam: - Como é que poderiam entrar naquele túmulo? Quem poderia ajudá-las a remover a grossa pedra que cobria a entrada da sepultura? Não, sozinhas elas não seriam capazes de remover aquele bloco de pedra. Mesmo assim, carregavam a esperança de encontrar um homem forte que fizesse o serviço.
De repente, elas perceberam um detalhe que parecia estar fora da realidade: A tal pedra não cobria mais o túmulo onde tinham colocado o Filho de Deus. Olharam para dentro e perceberam que o mesmo estava vazio. Elas tinham vindo até ali para prestar os últimos serviços fúnebres a um falecido e agora estavam diante de uma incrível experiência: O seu Senhor tinha ressuscitado!
Foi desde então que o fato histórico da ressurreição de Jesus se tornou o fundamento da fé cristã. O apóstolo Paulo coloca essa verdade de forma bem radical em 1 Coríntios 15.14: “E, se Cristo não ressuscitou, é vã a nossa pregação, e vã, a vossa fé...”
Ora, o relato a respeito da ressurreição de Jesus também contém alguns conselhos muito práticos para a nossa vida cotidiana. Senão vejamos: Conseguimos lidar muito bem com os detalhes óbvios que a vida nos apresenta, por exempo: - Quem rolará a “pedra” para nós? Quem tirará o “obstáculo” do nosso caminho? Deus não se preocupa com probleminhas tão pequenos. Deus pensa maior. Deus pensa em nós...
Há uma enormidade de “pedras” que complicam a nossa passagem pela vida. Às vezes estas tais “pedras” até se convertem em altos muros, muralhas intransponíveis. Há “pedras de amargura” entre cônjuges; entre pais e filhos e mesmo entre irmãs e irmãos que fazem parte da mesma Comunidade que carecem de ser removidas. São “pedras” que acabaram se amontoando umas sobre as outras; que acabaram virando montanhas; que acabaram se convertendo em enormes empecilhos para o entendimento. Também há as “pedras da culpa e do fracasso” que também impedem vida sadia. Enfim, todas estas “pedras”, que exercem enorme peso; grande pressão sobre nós, carecem de remoção, uma vez que Jesus ressuscitou no Domingo de Páscoa e, com Sua ressurreição, nos possibilitou o perdão.
2.4.12
Isaías 52.13-53.12 - DEUS SE FAZ VALER NUM SERVO!
Nós planejamos um mundo maravilhoso para nós, para os próximos e também para os não tão achegados. Assim, passo a passo, alicerçados em boas idéias, vamos construindo a nossa vida; buscando ajuda em parcerias. Será que Deus pode nos ajudar nesta empreitada? Para responder esta pergunta quero me ssessorar do texto de Isaías 52.13-53.12...
Deus nos promete que o “Seu Servo será bem sucedido.” Ora, se Deus quer alcançar o Seu objetivo através do Seu Servo, então este Seu Servo precisa ser convincente, forte e vencedor – assim pensamos. Pois os “pideosos israelitas” também pensavam dessa forma.
Agora, quem acreditará naquilo que está sendo proclamado no texto que acabamos de ouvir? O profeta nos apresenta um Salvador com aparência de um fraco. Ele até O descreve parecido com uma “raiz fincada em terra seca”. Quem ouve esta Palavra não percebe nenhuma segurança neste tal Servo. Ele parece ser um “João Ninguém”, despretencioso e pobre. Sua aparência não é boa. Sua estética não nos anima. Quem se apresenta assim já deu o que tinha que dar em níveis políticos. Uma pessoa com este perfil não chama a mínima atenção na sociedade.
E na Igreja – será que alguém Lhe dá ouvidos? Também na Igreja se espera mais de líderes que se apresentem como altivos heróis; se espera pouco de quem se apresenta como um fraco; um sofredor. Por que é que nós somos assim? A definição de “fé” que brota do Catecismo Menor me ajuda aqui. Nele se lê: “Creio que por minha própria razão ou força não posso crer em Jesus Cristo, meu Senhor, nem vir a ele.”
Sim, Um “adoentado” nos trará a salvação. Tal como nós, os crentes israelitas também têm dificuldade de engulir tal informação. Eles, os israelitas, gostavam de se lembrar de José, aquele Pai na Fé de boa aparência, inteligente, bem sucedido e abençoado por Deus. Eles, os israelitas, se orgulhavam do rei Davi, aquele Rei de boa aparência, bem sucedido e bendito de Deus.
Pasmem! Hoje nós somos chamados a crer que um Desprezado nos trará a justiça e a libertação de todas as nossas culpas? O texto sugere que “Ele tomou sobre si as nossas enfermidades e as nossas dores”. Ora, como é que um homem derrotado pode fazer isso? Como é que um “Aflito”, um “Ferido e oprimido de Deus” pode levar a cabo semelhante tarefa? O quê? Esse Sujeito foi transpassado pelas nossas transgressões e moído pelas nossas iniquidades?... Está sendo sugerido que “todos nós andávamos desgarrados como ovelhas” e que “um se desviava pelo caminho?” Calma aí! Isso precisa de uma explicação mais bem acabada.
Não é fácil de entender que o nosso Representante diante de Deus seja uma pessoa que sofreu com paciência; que foi morto e sepultado com malfeitores, apesar de Sua inocência. Essa Palavra era muito dura de ser digerida nos tempos do profeta Isaías. Se refletirmos sobre a mesma calçados em nossos sentimentos naturais, chegaremos à mesma conclusão dos israelitas de então: - O Plano de Salvação de Deus parece ser uma loucura. Graças a Deus que, já há muitos séculos, Deus permite que Seus profetas anunciem a salvação da humanidade a partir de conceitos que excedem sua inteligência.
O Hino Cristológico de Filipenses 2.5-11 já nos testemunha que há pessoas cristãs que reconheceram esta verdade há muito tempo atrás. O Credo Apostólico também aponta para esta verdade profética. Jesus Cristo “nasceu” como nunca ninguém nasceu; que Ele “padeceu, foi morto e enterrado” tal como foi predito no Antigo testamento; que o “castigo” repousou sobre Ele para que pudéssemos experimentar a paz – “foi pelas Suas pisaduras que fomos sarados.” Sim, a nossa esperança em Cristo também já foi descrita pelos profetas. O fato é que o “Plano do Senhor nosso Deus” continua prosperando. Ele ainda vai estabelecer a justiça por completo.
Gente querida! Não olhem apenas para o poder externo de uma pessoa ou de uma Comunidade. De repente a sua força maior esteja presente na paciência. O sucesso de um Projeto sempre se mostra ao cabo do mesmo. É incrível – difícil de se entender – inimaginável até, mas Deus se faz valer contra todas as idéias religiosas, desejos e esperanças mundanas na forma de um Servo. Que presente para nós!
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