Busque Saber

3.3.10

O pão nosso de cada dia!


Gente querida! Conta-se que um sujeito comprou um terreno repleto de pedras. Vocês não imaginam como ele trabalhou para limpar aquele espaço... Deu tudo de si em prol do seu projeto e, de repente, o chão estava preparado para acolher as sementes que ele semeou. O resultado não podia ser diferente: uma bela horta, um jardim vistoso que todos admiravam. Certo dia um amigo que ia passando lhe dirigiu a palavra: “É maravilhoso o que Deus pode fazer com um terreno tão impróprio para o plantio, não é mesmo?” “É verdade” – respondeu o homem que tinha dado de si até não mais poder – “tinhas que ver o estado deste terreno quando Deus ainda trabalhava sozinho nele.” Com esta história na cabeça, proponho a leitura de Mateus 6.11... “O pão nosso de cada dia dá-nos hoje.”

Cinco aprendizados

Primeiro aprendizado: Deus se interessa pelo teu, pelo meu corpo. Jesus deixou isso evidente quando dedicou muito do seu tempo na cura de toda sorte de enfermidades físicas das pessoas que se relacionavam com Ele. Jesus também deixou isso claro em várias oportunidades, quando satisfez a fome física dos Seus seguidores que tinham ido ouvi-Lo naquele lugar solitário (Pessoas que tinham ficado sem comer pelo fato de não terem condições de buscar alimento em suas casas distantes). Faz bem pensar que Deus se interessa pelos nossos corpos. Todo e qualquer ensino que deprecie e que diminua e ou ainda que denigra o nosso corpo é mau ensino. Sim! Deus deu importância ao nosso corpo. Isso ficou evidenciado quando Deus presenteou Jesus Cristo com um corpo igual ao nosso. O alvo do cristianismo não é somente a salvação da alma, mas a salvação da pessoa inteira: corpo, mente e espírito.

Segundo aprendizado: Esta petição do Pai Nosso nos ensina a orar pelo pão do dia de hoje. Ela nos ensina a viver o nosso dia-a-dia sem a ansiedade pelo dia de amanhã que é distante e desconhecido. Aqui, certamente, Jesus lembrou do povo judeu que caminhava pelo deserto quando ensinou esta petição aos seus discípulos. No deserto, o povo judeu recebia “maná” diário. Em Êxodo 16.1-21 se lê que os filhos de Israel estavam morrendo de fome e que, naquela oportunidade, Deus lhes enviou “pão do céu”. Observem a condição que Deus lhes impôs: deveriam recolher a quantia de “maná” suficiente para suas necessidades imediatas, nada mais e nada menos. Quando o povo juntava mais “maná” do que o necessário para a sobrevivência, este se deteriorava. Cada dia eles deviam recolher a porção do dia, uma vez que o Criador do próprio dia também tinha criado o sustento de cada dia. Entendo que a pessoa que tem o que comer hoje e que se pergunta pelo que comerá amanhã seja uma pessoa de pouca fé. Ora, esta petição nos ensina a viver o nosso dia-a-dia sem aquela preocupação ansiosa tão característica das pessoas que não aprenderam a confiar em Deus.

Terceiro aprendizado: Esta pequena petição da oração do Pai Nosso dá a Deus o lugar que Lhe pertence. Quem a profere admite que o alimento que recebemos para mantermos a nossa vida vem de Deus. Ninguém jamais conseguiu criar uma semente que cresça; que se desenvolva. Um cientista até pode analisar uma semente nas suas muitas partes, mas ele nunca conseguirá fazer com que uma semente sintética se desenvolva. Tudo o que tem vida provém de Deus. O alimento que consumimos é um presente direto de Deus.

Quarta aprendizado: As pessoas que oram esta petição e, depois, ficam esperando que o “pão caia do céu” como caiu o “maná” morrerão de fome. A oração e o trabalho devem andar de mãos dadas. Depois de orarmos temos que ir trabalhar com o objetivo de convertermos as nossas orações em realidade. Estou certo que a semente viva é um presente de Deus, mas também tenho a convicção que a mulher e o homem devem semeá-la para depois cultivá-la. Lembram da história que contei na introdução desta prédica? Gente, a onipotência de Deus e o trabalho humano devem caminhar de mãos dadas. Quando proferimos as palavras desta petição, estamos reconhecendo duas verdades fundamentais: a) Que sem Deus não podemos fazer nada e b) que sem nosso esforço e cooperação, Deus não pode fazer nada por nós.

Quinto aprendizado: Notem que Jesus não nos ensina a dizermos “Dá-me hoje o meu pão cotidiano”, mas Ele nos ensina a orarmos “Dá-nos hoje o nosso pão cotidiano”. No mundo há pão suficiente para todas as pessoas. O problema não é a produção daquilo que é essencial para a vida, mas a distribuição desta produção. A petição do Pai Nosso sobre a qual estamos refletindo e que também é o lema da nossa IECLB para 2010 nos ensina a não sermos egoístas nas nossas orações. Esta petição é uma oração que, em parte, podemos fazer acontecer quando colaboramos com Deus; quando repartimos das sobras com aqueles que têm falta disso ou daquilo. Esta petição do Pai Nosso não somente objetiva o suprimento das minhas e das tuas carências diárias, mas ela também nos desafia a compartilharmos com as outras pessoas aquilo que de Deus recebemos.

Conclusão

Bom dia!... Olhando para este jardim que é a São Mateus me dei conta de que é maravilhoso o que Deus pode fazer com um terreno tão impróprio para o plantio, não é mesmo?” “É verdade! Tinhas que ver o estado deste terreno há quarenta nos atrás quando Deus ainda trabalhava sozinho nele.” Vamos continuar o nosso trabalho? Vamos, juntos, continuar nosso trabalho aqui nesta Paróquia?

26.2.10

Escuridão!


Ela vem vagarosa,
Estapafúrdia,
E eu sempre sei que vai me tocar.
Eu até posso tentar fugir,
Escapulir,
Espinhos sempre promovem vagar.
É tudo tão chinfrim,
É triste sim,
Escuridão - quando vais acabar?

Que caminho tomar?


Olá! O dia 5 de março se aproxima e nele a Igreja Cristã celebra o Dia Mundial de Oração. Foram as mulheres da República de Camarões que organizaram a liturgia deste Culto que será celebrado em todos os cantos e recantos do mundo. Pois vou ter o privilégio de fazer a pregação naquele que acontece na minha Paróquia, aqui em Joinville - SC. Abaixo compartilho a mesma com vocês. Abraços!

Enquanto me preparava para este momento da prédica, lembrei daquele hino que cantávamos na década de 70: “Oh quão cego andei e perdido vaguei, longe, longe do meu Salvador...” Lembram? Pois é com esta pequena estrofe nos subconscientes que eu os convido à leitura de Isaías 42.10-17...

10 - Cantem ao SENHOR uma nova canção! Que ele seja louvado no mundo inteiro: pelos que navegam nos mares, pelas criaturas que vivem nas águas do mar e pelos povos de todas as nações distantes! 11 - Que no deserto e nas suas cidades Deus seja louvado, e que os moradores de Quedar o louvem! Moradores de Selá, alegrem-se e cantem no alto das montanhas! 12 - Que o SENHOR Deus seja louvado, e que a sua glória seja anunciada no mundo inteiro! 13 - O SENHOR se prepara para a guerra e sai pronto para lutar, como um soldado valente. Com toda a força, ele solta o grito de batalha e com o seu poder derrota os seus inimigos. 14 - O SENHOR diz: "Por muito tempo, eu não disse nada, fiquei calado e não respondi; mas agora vou gritar como uma mulher em dores de parto, vou me lamentar e clamar. 15 - Vou destruir os morros e as montanhas e fazer secar todas as plantas e árvores. Farei com que os rios virem desertos e com que todos os poços fiquem secos. 16 - Guiarei os cegos por um caminho que não conhecem, por uma estrada que eles nunca pisaram antes. A escuridão que os cerca eu farei virar luz e aplanarei os caminhos ásperos. São estas as minhas promessas, e eu as cumprirei sem falta. 17 - Mas serão derrotados e humilhados todos os que confiam em ídolos, todos os que dizem às imagens: 'Vocês são os nossos deuses'.

Deficientes visuais por natureza

Faz tempo que as pessoas passam pela vida lutando, entendendo que são elas próprias que definem os seus objetivos, que conseguem chegar aqui e ali pautadas, única e exclusivamente, na força do seu braço; na força da sua inteligência. Pobre gente! Todas elas sofrendo de deficiência visual espiritual...

Deus observou este comportamento doentio nas Suas queridas e nos Seus queridos. Foi pensando em curá-los que enviou Jesus Cristo ao mundo. Ele deveria informar as pessoas sobre o Seu amor; curar as pessoas de todas as suas doenças; indicar o caminho às pessoas, caminho este que conduziria ao Reino de Deus. E assim, de uma forma mansa e tranquila, Jesus cumpriu Sua parte sem nunca controlar com mão de ferro a vida das pessoas. Sua pregação se resumia no respeito e no amor ao próximo. Ele tinha clareza que o mundo poderia mudar se as pessoas mudassem o seu modo de vida.

Sim, Jesus se deixou absorver completamente por esta tarefa de divulgação do reino de Deus. Alguns O silenciaram por causa dessa mensagem, mas Deus fez com que o fogo vivo da ressurreição brilhasse. Esse fogo vivo se reflete no meio de nós americanos, europeus, asiáticos e africanos a partir do Espírito Santo, da Palavra de Deus e isso mesmo que o dia-a-dia seja nervoso; mesmo que os interesses, os planos privados e coletivos das gentes sejam obscuros e queiram calar Sua mensagem. Sim, a Boa Palavra de Jesus se impôs no passado e continuará se impondo no futuro. Não é o show, cheio de brilhos e alto-falantes, que vai mudar o mundo para melhor, mas é o crescimento silencioso e persistente da nova vida que Deus nos presenteia que fará isso.

Quantas pessoas com deficiência visual espiritual! Todo dia, temos a possibilidade de visualizarmos a paisagem que nos rodeia. Vivemos dentro de um belo jardim cheio de flores; de um pomar repleto de árvores carregadas de frutas; de um campo onde as ovelhas e as vacas estão a pastar, mas, cegos, nos entendemos dentro de um deserto ora com muito frio, ora com muito calor. Assim, nem percebemos que Deus criou o céu colorido e a terra com todas as cores possíveis; nem nos damos conta que fomos presenteados com tanta beleza. Umas vezes com frio, outras com calor, cegos, vamos pela vida sem percebê-la; sem nos darmos conta de que somos chamados a servir, a continuarmos mudando o mundo de forma suave, modesta e persistente tal como Jesus o fez.

Conclusão

Em Isaías 42.16a se lê que “Deus guiará os cegos por um caminho que não conhecem.” Gente querida! Tu e eu nós somos pessoas cegas e mesmo assim Deus nos guia. Ele nos aceita assim como somos. Pessoas cegas não vêem o caminho por onde trilham. Mesmo que elas conheçam o trajeto que precisam percorrer, lhes é difícil caminhá-lo. Imaginem sua dificuldade quando precisam andar por estrada desconhecida. Tu e eu, nós somos cegos para caminharmos pelo caminho que conduz à salvação, mas que coisa boa: o Senhor nos orienta os passos na direção do Reino de Deus. Felizes eternamente são as pessoas que agarram na mão do Grande Guia; que confiam plenamente no fato de que Deus pode bem nos conduzir. Quando estas pessoas tiverem alcançado o objetivo final, Deus lhes abrirá os olhos para que, finalmente, possam ver o caminho pelo qual Ele as guiou. Nesta hora elas haverão de louvar como nunca louvaram... É isso que estamos ensaiando aqui neste dia Mundial de Oração de 2010...

17.2.10

O logo!


Outro dia sonhei,
mas deixei pra depois.
O mais tarde demorou
o que pensei seria logo.
Logo que nunca veio,
E sim desveio!

22.1.10

Perdão!


Andei lendo aqui e ali. Confesso que o momento que atravesso é de muita reflexão. Entendi, percebi que durante mais de 2/3 da minha vida ando carregando "pesos" dentro de mim. Aqui lembro do saudoso ex-professor Richard Wangen que já me alertou para este fato em 1977. O texto abaixo é fruto de leituras marginais misturadas com sentimentos pessoais que transmito sem qualquer hipocrisia neste blog. Vou refletir com a minha Comunidade sobre este conteúdo no Culto de domingo, dia 24 de janeiro de 2010. Compartilho mesmo com vocês. Abraços de mim...

O ato de “perdoar” é difícil. Muitos não perdoam porque entendem que o “perdão dado” contribua para a injustiça. Plantou-se na nossa cabeça que “quem causa dano não merece perdão”. Tenho observado que o tempo não reduz as ofensas e os desgostos sofridos. Podemos permanecer enfurecidos com nossos pais pelos erros que cometeram durante nossa infância; com quem já abusou da nossa boa-fé; com o parente que nos chamou de “gordo” quando da ceia de Natal há dez anos... Aqui me vem à mente o texto de Mateus 18.21-22...

Gente! Temos a capacidade de guardar uma ferida dentro da alma como se fosse um tesouro precioso. Às vezes tiramos a dita cuja da memória para fitá-la como se fitássemos um álbum de fotografias; uma jóia de vitrine. Nesse momento, mais uma vez, assistimos, revivemos na tela da nossa mente, o filme triste do episódio que foi imperdoável. E assim o desgosto experimentado no passado vai se alimentando das grandes porções de vida do presente. E temos aí rancor...

Por que perdoar? Por que a Bíblia nos pede? Por que é nobre, bonito? Existe algo impossível de ser perdoado? Nestes tempos os especialistas estão se dedicando a estudar cientificamente o tema perdão para nos brindar com boas respostas.

Os problemas pessoais não solucionados são como “aviões” que voam dias, semanas sem pousar. Esses tais “aviões” consomem muita energia para se manter no ar. Se poupassem estas energias, teriam muito mais força para gastar em caso de emergência. Os “aviões do rancor” se convertem em fonte de estresse dentro de nós e, muitas vezes, o resultado é caótico. Ouso dizer que o ato de perdoar é equivalente à tranquilidade que sentimos quando o “avião” pousa.

Perdão não é aceitar a crueldade praticada contra nós; não é esquecer que algo doloroso aconteceu; não é aceitar o mau comportamento dos outros em relação a nós; não precisa ser a reconciliação com a pessoa que agride. Guardem isso: o ato de perdoar sempre beneficia a pessoa que perdoa, não a que ofendeu. Aprendemos a perdoar tal como aprendemos a chutar uma bola... Aqui e ali todos nos incomodamos. Ao invés de desperdiçarmos nossa energia, enredando-nos em redes de fúria e de dor, que tal perdoarmos, admitirmos que nada poderemos fazer para corrigir o passado? Tal postura poderá ser extremamente libertadora. O ato de perdoar ajuda o “avião” a pousar para que se façam os ajustes necessários. O perdão serve para relaxarmos. O ato de perdoarmos não significa que o nosso agressor “se deu bem”; não significa que aceitamos algo injusto. Nada disso! O ato de perdoar significa que não vamos mais sofrer eternamente pela ofensa ou pela agressão que nos foi repassada.

Podemos trabalhar “feridas” antigas de forma positiva, usando a força da dor para nos tornarmos fortes durante as crises. Dentro de nós há “forças liberdade” que nos ajudam a não nos submetermos às graves feridas, um dia plantadas dentro do nosso peito. Pessoas que conseguem superar tragédias ou sair de períodos difíceis marcados pela dor emocional têm tudo para abandonar o papel de vítimas; para começar uma vida nova. Há indivíduos que, oprimidos pelo desamparo na infância, caem na delinquência e se tornam agentes de agressão, já outros se recuperam, tornam-se pessoas de bem e são felizes, fortes, prósperas e bem-sucedidas. Por que isso? Creio que o perdão foi ingrediente muito importante neste processo.

Não podemos crescer, sermos pessoas flexíveis, nos robustecermos a partir da adversidade sem o perdão. Algumas pessoas “cozinham” a dor em fogo brando para mostrar ao mundo como foram maltratadas. Essa atitude é prejudicial à saúde. Ao mundo, não interessa o nosso passado, só o que somos capazes de fazer e dar aqui e agora. Quando nos apegamos à dor antiga, à autocomiseração (dó de nós mesmos) embota a nossa capacidade de nos doarmos ao próximo. Quando assumimos o papel de mártires, ficamos à espera que alguém resolva de forma milagrosa a nossa vida. O perdão nos ajuda a reconhecermos e a admitirmos que somos pessoas frágeis; que não precisamos esconder nossa fragilidade. A consciência dos nossos limites nos ajuda a não cairmos nesse poço de dor.

O perdão traz saúde espiritual. Mais do que isso: As pessoas que deixam a hostilidade para trás, protegem sua saúde física. O ato de aprender a perdoar pode ajudar indivíduos de meia-idade a evitar doenças cardíacas. Quanto maior a capacidade de perdoar, menos problemas nas artérias coronárias surgem no decorrer da vida. Por outro lado, quanto menor a capacidade de perdoar, mais frequentes serão os episódios de doenças cardiovasculares.

Ainda em relação à recordação das “feridas” passadas... Quem gasta cinco minutos de sua vida pensando nos “desgostos passados” auto-provoca agitação e raiva dentro de si. Esse desgosto diminui a variabilidade da frequência cardíaca e desacelera a reação do sistema imunológico que defende o organismo. Ora, o coração humano precisa dessa flexibilidade para o enfrentamento do estresse que o dia-a-dia oferece. Enfim, o corpo humano precisa que aprendamos a perdoar.

Os benefícios do perdão (tanto os que protegem o corpo quanto os que aliviam e “limpam” a alma) vem à nós, quando, apesar dos erros e culpas, somos capazes de nos perdoarmos; nos deixarmos de sentir merecedores de castigo... Perdoar não é esquecer e nem persistir no erro, mas começar de novo sem os rancores a sobrevoar e a confundir as possibilidades do presente. Assim como o amor, o perdão não é al¬go que se dê ao outro, mas um presente vital que damos a nós mesmos.

13.1.10

O milagreiro do vinho!



Gente querida! Se perguntarmos aos nossos amigos qual o maior milagre que Jesus Cristo fez, eles, com certeza, responderão: - “A transformação de água em vinho!” Interessante! Esse milagre foi captado pela maioria das pessoas, mais até do que a própria ressurreição de Jesus Cristo. Vamos ler sobre este milagre em João 2.1-11...

1. Dois dias depois, houve um casamento no povoado de Caná, na região da Galiléia, e a mãe de Jesus estava ali. 2. Jesus e os seus discípulos também tinham sido convidados para o casamento. 3. Quando acabou o vinho, a mãe de Jesus lhe disse: - O vinho acabou. 4. Jesus respondeu: - Não é preciso que a senhora diga o que eu devo fazer. Ainda não chegou a minha hora. 5. Então ela disse aos empregados: - Façam o que ele mandar. 6. Ali perto estavam seis potes de pedra; em cada um cabiam entre oitenta e cento e vinte litros de água. Os judeus usavam a água que guardavam nesses potes nas suas cerimônias de purificação. 7. Jesus disse aos empregados: - Encham de água estes potes. E eles os encheram até a boca. 8. Em seguida Jesus mandou: - Agora tirem um pouco da água destes potes e levem ao dirigente da festa. E eles levaram. 9. Então o dirigente da festa provou a água, e a água tinha virado vinho. Ele não sabia de onde tinha vindo aquele vinho, mas os empregados sabiam. Por isso ele chamou o noivo 10. e disse: - Todos costumam servir primeiro o vinho bom e, depois que os convidados já beberam muito, servem o vinho comum. Mas você guardou até agora o melhor vinho.11. Jesus fez esse seu primeiro milagre em Caná da Galiléia. Assim ele revelou a sua natureza divina, e os seus discípulos creram nele.

Sim! Podemos festar...

Jesus transformou água em vinho; caminhou sobre as águas; ressuscitou Lázaro e a filha de Jairo. Desses milagres quase ninguém se lembra. Porque será que o milagre da “transformação de água em vinho” se tornou tão popular? De repente não se esperava tal atitude de Jesus, depois da forte pregação de João Batista que veio preparar Sua chegada... Como imaginar o começo da obra deste homem que, três anos depois, teria que experimentar morte horrível na cruz? Será que cabe uma festa de casamento com comilança e alegria desenfreada nesta história?...

Será que as pessoas que, um dia, serão julgadas pelo Filho de Deus não deveriam ter outras preocupações do que dar pela falta de vinho? Será que o tempo de Jesus Cristo não deve ser um tempo de jejum, de seriedade, de introspecção, de arrependimento? Pois a Festa é, para mim, o maior milagre que a “transformação de água em vinho”. Jesus se sente bem entre os convidados. Ele também se sentiu à vontade na casa do cobrador de impostos, do pecador Zaqueu, com o qual, no nosso modo de pensar, Ele nunca poderia ter tido contato. Gente, a chatice, o tédio, o aborrecimento, o ar rarefeito que volta e meia se faz presente nas nossas Igrejas não tem origem na mensagem de Jesus Cristo.

Notem que Jesus usou “festas de casamento” como exemplo. Ele comparou-se com um noivo. Ele exaltou a abundância e a alegria em palavras e atitudes quando trazia Sua mensagem. Na Festa de Caná Jesus não apenas ajuda o noivo a não ser mal falado, mas lhe arranja vinho para o ano inteiro. Sim porque, vamos e venhamos, 600 litros de vinho deveriam ser mais do que suficientes para festejar as festas de casamentos de toda vizinhança naquele ano. Jesus deixa patenteado que o tempo da graça é tempo de alegria.

Um bom vinho só se degusta em tempos de paz. Na guerra é impossível a fabricação de vinho. Um parreiral precisa de três anos de cuidados para produzir boa uva. Isso não mudou desde os tempos de Jesus. Vai daí que este milagre é o certificado de que o tempo de Jesus começou; que o tempo do medo e da espera já passou; que as nuvens escuras do Deus Sisudo se dissiparam. Gente! Isto é motivo de festa. Em nenhum lugar da Bíblia está escrito que a cristandade não possa festar; que ela não possa ser alegre; que a cristandade não possa dar gargalhada e se divertir. Pena que essa informação ainda não é do senso comum, do domínio de todas as pessoas cristãs.

Quem leu o livro “O nome da Rosa” de Umberto Eco há de se lembrar que as pessoas condenadas à morte no mosteiro da Idade Média eram os monges que procuravam um manuscrito onde se lia sobre a possibilidade de que o ato de sorrir tinha raízes em Deus. Claro que os detentores de poder igrejeiro tentaram esconder esta realidade. Sim, também as pessoas profundamente comprometidas com Jesus Cristo, cristãos de boa cepa, podem festejar; alegrar-se; rirem a vontade. Que coisa boa!

Os potes de pedra do nosso texto eram para armazenar água. Aquela água era para a higiene dos festeiros. Não só para a higiene corporal, mas também para uma higiene, uma limpeza ritual, uma lavagem de toda a sujeira do pecado. Ao imaginarmos aqueles enormes jarros cheios d’água, lembremos da Santa Ceia. Para nós o sangue de Jesus Cristo, vertido na cruz, nos limpa de toda culpa. O vinho é fruto da videira. Foi com vinho que Jesus celebrou, antes da crucificação, Sua última janta com seus discípulos. Também com o vinho será festejada a vitória da vida sobre a morte. Festejemos! O mundo é passageiro e os poderes que o regem só têm força até por ali. Alegremo-nos! Somos cidadãos do reino de Deus. Jesus é a nossa esperança, a nossa certeza, o nosso Deus.

Conclusão

Claro que Jesus também precisa ser respeitado como Deus. Num dado momento Ele dá resposta dura à Sua mãe, quando ela quer forçá-lo a resolver o problema do noivo: - “Não é preciso que a senhora diga o que eu devo fazer. Ainda não chegou a minha hora.” Ele não age assim pelo fato de se sentir incomodado porque vai ser apontado como o “milagreiro do vinho”, mas porque Ele não quer se deixar conduzir, comandar por nenhum partido; por nenhuma Igreja; por nenhuma pessoa; nem mesmo pela sua própria mãe. Ele deve caminhar pelos caminhos pensados pelo Seu Pai desde a eternidade. Jesus tinha clareza: Aquele primeiro milagre seria a primeira estação para o caminho da cruz. Todos teriam a chance de entender que Ele era o Messias, o Cristo, o Prometido. Não teria mias volta. O seu alvo era a salvação da humanidade. Por isso, alegria, mesmo dentro destes tempos difíceis. O caminho de e para Jesus Cristo sempre passa pela cruz, mas trata-se de um caminho de vitória, nunca de derrota. Amém!

11.1.10

Um bom convite!



Sei que muitos de vocês me acompanham aqui neste blog. Agradeço o seu carinho. Quero repartir com vocês que o tempo de Advento (29 de novembro a 24 de dezembro de 2009) foi muito importante pra mim. Toda noite, das 22.00h às 22.30h, nós nos reuníamos debaixo da Coroa de Advento (umas 18 irmãs e irmãos). Cada noite acendia-se uma nova vela. Nos primeiros dias o nosso templo se mostrava escuro. Nossos rostos estavam dentro da penumbra. Já em meados de dezembro ele já mostrava todo claro. Nossa comunhão era excelente. Era a luz que invadia os cantos escuros, também das nossas vidas. Foi numa daquelas referidas noites que tomei a decisão de escrever uma pequena reflexão diária sobre os 915 versículos do Livro de Provérbios do Antigo Testamento. Acabei de postar a reflexão para o dia de hoje, 11 de janeiro de 2010 agora mesmo. Se quiserem me acompanhar, só clicar em http://www.minhaspredicas.blogspot.com/  Abraços a todas e a todos...

7.1.10

Boa Pesca!


Decisões nunca são fáceis de serem tomadas. O texto de João 1.35-42 nos dá um exemplo que vale a pena ser refletido. Vamos nessa?...

35 - No dia seguinte João estava outra vez ali, e dois dos seus discípulos; 36 - E, vendo passar a Jesus, disse: Eis aqui o Cordeiro de Deus. 37 - E os dois discípulos ouviram-no dizer isto, e seguiram a Jesus. 38 - E Jesus, voltando-se e vendo que eles o seguiam, disse-lhes: Que buscais? E eles disseram: Rabi (que, traduzido, quer dizer Mestre), onde moras? 39 - Ele lhes disse: Vinde, e vede. Foram, e viram onde morava, e ficaram com ele aquele dia; e era já quase a hora décima. 40 - Era André, irmão de Simão Pedro, um dos dois que ouviram aquilo de João, e o haviam seguido. 41 - Este achou primeiro a seu irmão Simão, e disse-lhe: Achamos o Messias (que, traduzido, é o Cristo). 42 - E levou-o a Jesus. E, olhando Jesus para ele, disse: Tu és Simão, filho de Jonas; tu serás chamado Cefas (que quer dizer Pedro).

Pescar mulheres e homens

Os futuros discípulos devem ter ficado fascinados com a pessoa de Jesus Cristo. Deixam João Batista para trás e seguem Jesus que, de pronto, lhes pergunta: - Estão buscando o quê? Sua resposta é rápida: - Queremos ir contigo para Tua casa! Notem que a atração que Jesus exercia fica evidente, uma vez que eles O seguem sem fazer muitas perguntas. É interessante notar que os futuros discípulos até lembraram o horário em que o convite aconteceu: “a hora décima” (João 1.39) Observe-se ainda que, num primeiro momento, Jesus chama quase só pescadores para dentro do Seu Projeto de Paz, Amor e Perdão. Ele lhes disse: “Eu vos farei pescadores de homens”. (Marcos 1.17)

A profissão de “pescadores de mulheres e homens” não é só dos apóstolos, do clero e daqueles que têm algo a ver com pastorais deste ou daquele quilate. Todos nós que um dia fomos batizados e confirmados na fé, que já dissemos um sim para Jesus Cristo temos a “licença carimbada” para ganharmos homens e mulheres para Deus, no grande rio da vida. “Ganharmos” pessoas para Jesus Cristo... A tradução correta para esta palavra deveria ser: “colocar em segurança”. Há um sem número de pessoas paradas e até circulando a margem do abismo que precisam ser resgatadas, colocadas em local seguro. São gentes desesperadas, desesperançadas, jogada às traças.

Mas como é que conseguiremos ganhar, “colocar estas pessoas em segurança”? Não com métodos questionáveis (altos níveis de emotividade fabricada); com truques fora de contexto (testemunhos mirabolantes); com argumentações baratas (teologia do medo), mas sim com uma orientação que não se afaste da dinâmica traçada pelo próprio Jesus quando este salvou pessoas. Jesus salvava-as a partir da Sua força, da fascinação que brotava da Sua mensagem e da Sua pessoa. A Boa Nova que Ele proclamava era como um magneto que fazia com que as pessoas se aproximassem Dele.

Conclusão

Nós só conseguiremos “pescar” pessoas para Deus no momento em que nós mesmos nos permitirmos sermos “pescados” por Ele. Primeiro temos que cair na Sua rede, “mordermos” Sua isca. O peixe simboliza a pessoa que tem fé, que morde na “isca” colocada por Jesus.

Lancemos o anzol nas águas. O método mais eficaz de pesca é o do bom exemplo. Não nos resignemos se nenhum “peixe” morder nossa “isca”. Já notaram que os pescadores sempre são pessoas pacientes? E mesmo que durante nossa trajetória pesquemos um só “peixe”. Já imaginaram se este “peixe” se inserir no projeto de pescar outro, outros? Boa pesca!

30.12.09

Vou ser Avô!



Recebi esta notícia como um presente, na noite de Natal! A criança nascerá em julho de 2010. Já estou até pensando onde vou construir a caixa de areia para a minha netinha e ou meu netinho brincarem. Sim, imagino-me respondendo perguntas, muitas perguntas. Tal como Maria e José foram pais, penso que a Valmi e eu também seremos avós presentes. Foi sobre esse assunto que meditei em Lucas 2.41-52...

Espero que o rebento da Paula e do Daniel seja curiosa ou curioso. Quem?... Como?... O quê?... Para quê?... Por quê?... Vocês já repararam que as pessoas que fazem perguntas se desenvolvem mais do que as que são tímidas, do que as que se recolhem nos cantinhos do silêncio?

Fazer perguntas é muito bom! O texto bíblico que acabei de sugerir para leitura explicita que Jesus foi à escola com perguntas a tiracolo (46). Lá, Ele, certamente, recebeu boas respostas. Pena que o evangelista Lucas não nos conte mais sobre o assunto. Interessaria-me saber quais foram as perguntas que o Filho de Deus fez, quais as boas respostas que Lhe foram dadas.

O fato é que também Jesus sofreu aprendizado, mudou de comportamento. Não avalio as meninas e os meninos que estão sob meus cuidados pela resposta certa que são capazes de dar. Penso que a “decoreba” não tenha muito valor em si. Adoro quando são curiosos. Esses, de respostas em respostas, vão construindo um mundo melhor para si e para os outros.

O ano novo vem aí. Vamos ter que, novamente, juntar todas as nossas forças para lutar. Novos caminhos já começam a se abrir. Certamente vamos ter que trilhar por estradas antigas, continuar tentando responder velhas questões: Quem sou eu? O que acontece com a minha vida? Claro que poderemos abdicar de nos envolver com tais perguntas. Até poderemos fechar nossos ouvidos para as mesmas, nos entupirmos de fórmulas prontas, decoradas, mastigadas por outros. Qual a graça disso?

Jesus crescia em sabedoria e, por isso, as pessoas e Deus mesmo gostavam Dele. Quero crescer em sabedoria. Me perguntar como ser um bom avô. Começo assim 2010. Abraços!

22.12.09

Quem sou eu?



Antes de voltar da Alemanha, fui convidada por uma senhora muito doente a tomar um café de despedida. Na oportunidade ela me presenteou um grande espelho. Alegrou-se imensamente com a possibilidade de que iríamos usá-lo no Brasil. Tinha sido presente do seu marido falecido. Vejo-me nele sempre de novo. Ele reflete quem eu sou e como estou exteriormente...

O melhor espelho para vermos quem somos e como estamos interiormente são as irmãs e os irmãos na fé. Alguma vez você já perguntou a alguém das suas relações de conhecimento, qual a opinião que tinham a teu respeito?

Pois Jesus fez pergunta aos seus discípulos (Mateus 16.16-17). Ele queria saber o que as pessoas comentavam sobre ele; queria saber dos próprios discípulos quem eles achavam quem Ele era. Simão Pedro arriscou uma resposta e Jesus se alegrou com a mesma; alegrou-se pelo fato de Pedro tê-lo reconhecido a partir do conhecimento presenteado por Deus. Pedro estava cônscio de estar ao lado do Deus Vivo que age e não se acomoda, que é encarnado, que faz refeição com Zaqueu; que defende a prostituta; que chama crianças para o abraço.

Que dizem as pessoas; o que elas pensam a respeito de ti? Procure informar-se! Ouse fazer uma avaliação de si... Estamos sendo um “pequeno cristo” para os nossos próximos? Estamos sendo um “pequeno alguém” desencarnado, que escolhe muito bem as companhias para almoçar, que só toma atitudes que desembocam nas águas do “vou me dar bem”, que não se inclina...

17.12.09

Brincando com Títulos!

Nós, desde o dia 29 de novembro de 2009 (1° Domingo de Advento), celebramos, sempre das 22.00h até às 22.30h, um tempo de reflexão debaixo da Coroa de Advento. Cada dia acendemos uma vela a mais. Elas, à medida que os dias iam passando, eram "batizadas" pelos responsáveis pela reflexão. Foram 25 meditações, 25 momentos de reflexão. Pois copiei todos os “nomes” dados às velas e criei o texto que reparto...


Outro dia saí, “passo a passo”. Andei pelas ruas da minha cidade em busca de perspectivas, de luz, luz para mim, de “luz para todos”. Dialoguei com uma senhora que ansiava por “paz”, que queria saber onde encontrá-la, como encontrá-la. Encontrei um senhor que me disse estar encharcado de “esperança”, a partir da nova proposta que experimentava. Há se todas as pessoas pudessem experimentar o “toque de Jesus” em suas vidas. Com certeza explodiriam de “alegria” e, por tabela, experimentariam o “auxílio de Deus”; a “força de Deus” no âmago das suas histórias. Fui adiante, sentei no banco da praça e olhei com olhos de ver as pessoas que passavam por mim. Foi ali que, desenvolvendo minha “espiritualidade”, senti como nunca o “agir de Deus” em minha vida. O “arrependimento” é algo que precisa ser diário. Depois de entender isso, prestei “louvor” a Deus com meus pensamentos. Pedi-Lhe por “socorro” para não afundar nas águas dos meus medos. Sim, também pedi-Lhe por “tolerância”, para ser mais brando com aquelas e com aqueles que, longe do discipulado, optam pela ideologia do mais simplório, do mais ou menos. Ah a “misericórdia” de Deus, este amor que se doa sem esperar nada em troca. Careço exercitá-lo mais e mais para conscientizar-me da “presença de Deus”, do “amor de Deus” em minha vida. Levantei-me! Fui adiante e, enquanto caminhava, tomei a “decisão” de aprofundar-me mais no “conhecimento” de mim mesmo. Sim, não mais me olhar tanto no espelho que só mostra o que é externo, mas escutar o que os outros dizem de mim, perceber meu interior; manusear a realidade; desenvolver minha “visão” para poder olhar além do que é visível a olho nu; tirar mais tempo para a intercessão em prol dos outros enquanto pratico a “oração” no silêncio do meu quarto... Hummm! O sol estava se pondo. A luz já surgia no horizonte. Era hora de ir. Levantei-me! Meu olhar pousou no canteiro onde floriam lindas flores. Com certeza o jardineiro não teve a mínima preguiça para “semear” “vida” ali naquele chão público. Sim, O meu Criador semeou do Seu amor em mim. Caminhei, vi pessoas, vislumbrei seus semblantes. Quantas histórias indo e vindo a pé, motorizadas... Todas as pessoas têm a chance de experimentar “segurança em Deus”. Teria eu outra saída? Não! A mim só cabia prestar honra, “adoração” ao meu Senhor!

15.12.09

PAZ!


Zacarias, o pai de João Batista, escreveu um cântico onde apontou para a Vinda do Salvador: “Graças ao misericordioso coração do nosso Deus, pelo qual nos visita o Astro das alturas, para iluminar os que jazem nas trevas e na sombra da morte, para guiar nossos passos no caminho da paz.” (Lucas 1.78-79)

Alguns pastores que pastoreavam seu rebanho nos campos de Belém receberam a visita de um anjo que lhes disse: “Não tenhais medo! Eis que eu vos anuncio uma grande alegria, que será para todo o povo: Nasceu-vos hoje um Salvador, que é o Cristo Senhor, na cidade de Davi.” (Lucas 2.10-11)

Noutro momento é uma multidão de anjos do exército celeste que louva a Deus dizendo: “Glória a Deus nas alturas, e paz na terra aos homens (e às mulheres) que Ele ama.” (Lucas 2.14)

O que é paz? Ora a paz é um desejo que perpassa os séculos. Em todos os tempos se buscou e continua se buscando a paz pessoal, a paz para o mundo no qual vivemos. Sempre se carrega a impressão de que, finalmente, a paz chegou para ficar. Mas sempre de novo nos decepcionamos com esse sentimento. Parece mentira, mas nunca conseguimos encontrar a paz verdadeira e duradoura. Então, onde está esta paz? Quando vem esta paz? Como encontraremos esta paz? Tais perguntas continuam movendo as pessoas no século 21.

Paz é mais! É harmonia entre o Criador e suas criaturas, é a comunhão entre as pessoas e seu Deus. Esta harmonia acontece nas relações das pessoas entre si, das pessoas com a natureza. Pena que toda esta idéia esteja deturpada. Com o tempo, Deus passou a ser estranho para muitas pessoas. A própria Bíblia testemunha que as pessoas “desaprenderam o caminho da paz. Que elas não têm respeito por Deus.” (Romanos 3.17-18) Isso tudo acaba sendo muito trágico. Nos últimos tempos, antes da segunda vinda de Jesus Cristo, com poder e glória, esse desejo por paz vai ser muito forte nas pessoas: “Quando elas disserem: paz e segurança! Então, lhes sobrevirá repentina destruição, como as dores sobre a mulher grávida; e não poderão escapar.” (1 Tessalonicenses 5.3) Coisa boa! Aquilo que as pessoas não conseguem pela própria força, Deus consegue: a Paz!

14.12.09

Não como queria!



É noitinha...
Ontem foi manhazinha!
Ouvi cânticos...
Andei com românticos...
E tu sempre comigo – lidinha.
É sério!
Pensei que conseguiria...
Daí lutei com maestria.
Lá se foi mais um dia!
E eu aqui,
Não bem como queria!

9.12.09

Família Pastoral e ministerial!



Oi pessoal! Esta palestra foi proferida pelo pastor emérito Nelso Weingärtner, por ocasião da 1ª Convenção Nacional de Obreiros da IECLB. Publico-a aqui porque entendo que ela pode nos ajudar nestes tempos de crise onde nós ministras e ministros da IECLB temos que articular nossa vocação em meio à nossa profissão. Que tal debatermos esse assunto com mais profundidade?  Abraços!

Como jovem eu gostava de ajudar um tio, que era ferreiro e fabricava ferramentas para o trabalho na lavoura. Um pedaço de ferro ou de aço era colocado nas brasas até ficar incandescente... depois era martelado e batido até pegar a forma da ferramenta desejada... mas, até que a ferramenta ficava pronta, ela precisava voltar várias vezes ao braseiro.

Nossa convenção aqui em Curitiba é parecida com tal ferraria. Os assuntos aqui tratados foram quentes e nós, obreiros e responsáveis pelos serviços de formação e administração na IECLB, fomos o aço que é colocado no braseiro, e fomos martelados e malhados para pegar a forma que Deus quer ver em seus ministros...

A Dorothea colocou – com grande sabedoria e empatia - diante de todos nós – a história, as alegrias e as dores da Família Ministerial. O que vamos fazer agora com esta palestra, que mexeu conosco, que despertou concordância e certamente também discordância?

Permitam sublinhar e acrescentar alguns tópicos ao que ouvimos: Desde o tempo da Reforma, a família pastoral, ou ministerial, como se prefere hoje, ocupou um lugar de destaque nas comunidades evangélicas e sempre tinha um status especial e diferenciado. O pastor, quase sempre, era muito respeitado e em certo sentido temido – muitos membros ficavam inibidos diante dele e bancavam ser, o que na verdade não eram.

Uma pequena história pessoal: Em princípios de 1962, eu assumi meu primeiro pastorado na paróquia de Santa Isabel, minha terra natal. Präses Stoer, presidente do Sínodo, reuniu, antes de minha designação, os membros da Comunidade e lhes explicou, que eles receberiam agora um filho da comunidade como seu pastor e acentuou: Vocês devem amá-lo e respeitá-lo como o vosso pastor. Ele agora não é mais o filho, sobrinho, primo e amigo de vocês – mas o pastor de vocês”.

Quando cheguei com minha mudança, fui calorosamente recebido como pastor...mas era muito estranho, ser chamado “Herr Pfarrer” – Sr. Pastor por meus tios, primos e ex-colegas de escola. Quando fui celebrar o primeiro culto numa Comunidade filial, na Segunda Linha, montando o meu “Baio”, lembrei que há 14 anos passados, eu ganhava um dinheirinho de bolso para ficar de guarda, no final da tarde dos Domingos em que havia culto na 2ª Linha. 

Quando o pastor aparecia lá na curva dos Rassweiler, eu saía em disparada para a venda, onde os.homens jogavam cartas e onde circulava um copo com uma cachacinha, e gritava: “Der Pfarra kemmt” = 0 pastor vem... O copo com a caninha desaparecia e as cartas eram escondidas... sentavam em cima delas, até que pastor passara. Nesse dia, quando voltei no fim da tarde, e cheguei lá na curva dos Rassweiler .. vi meu sobrinho sair em disparada... Quando cheguei na venda, saltei do cavalo, entrei e fui cumprimentar os homens sentados ao redor da mesa ... eles fizeram uma pequena menção de levantar... mas não podiam... porque estavam sentados em cima de suas cartas. Rindo, eu segurei a mão de meu tio e padrinho e disse: Vor dem pastor muss man richtig aufstehn, Onkel Betti... e o puxei para cima, tomei suas cartas e joguei uma rodada com eles... Assim, aos poucos, a distância entre membros e pastores diminuiu e foi superada. Experiências semelhantes, outros colegas também tiveram.

Hoje, eu gostaria de perguntar: Será que essa superação – duma certa distância entre pastor e membros – foi bom para os serviços pastorais? Certamente, foi necessário libertar o pastor, a Frau Pastor e os filhos do casal dum status que os forçava a aparentar algo, que na realidade eles não eram e não queriam ser. Mas no decorrer dos últimos anos aconteceu um nivelamento entre pastores e membros que, em meu entender, prejudicou os serviços pastorais, porque afetou a função pastoral, o específico do pastor.

Um certo distanciamento entre pastor e membro, como entre médico e paciente, professor e aluno é de vital importância, pois o ser humano necessita de um parâmetro de vida. É bom lembrar que num passado, um pouco mais distante, o respeito ao pastor tinha suas raízes na sua função e não na sua pessoa. Exemplifico: Quando, como menino, perguntei minha avó por que a gente tinha que usar sapatos e a melhor roupa para ir a igreja, ela respondeu: porque lá vamos nos encontrar com Deus! Como na época só acontecia um culto por mês, ninguém faltava. Lá ao redor da igreja, antes do culto, todos se cumprimentavam e conversavam animadamente.

Cinco minutos antes de o culto iniciar tocava o sino. Todos tiravam o chapéu e entravam na igreja com respeito e em profundo silêncio, faziam sua oração e sentavam. Quando o pastor, paramentado, entrava na igreja e se dirigia ao altar, o sino tocava novamente e toda a comunidade se colocava de pé.

No culto vamos nos encontrar com Deus! Essa frase é uma confissão de fé. Nossos ancestrais sabiam o que eles estavam dizendo e fazendo quando iam ao culto. O encontro com Deus na igreja era um momento muito dinâmico e o povo experimentava verdadeiro recondicionamento nesse encontro. No “Gottesdienst” o pastor tinha uma dupla função: ele era porta voz de Deus na pregação, na absolvição dos pecados e na Bênção. E era o porta voz da comunidade na confissão dos pecados e nas intercessões. O pastor estava ciente e consciente da grande responsabilidade que lhe cabia nesse encontro com Deus e a comunidade também o sabia. O Pastor se dirigia ao altar e ao púlpito com temor e tremor porque neste encontro ele era porta voz de Deus, e falava em nome de Deus.

A palavra Gottesdienst sempre era entendida em sentido duplo: Deus nos serve através do perdão dos pecados, através da pregação de sua palavra e da Bênção e a comunidade serve a Deus com seu canto de louvor e adoração, através da confissão de sua fé e da oração. O culto, assim entendido e celebrado, alimentou os nossos ancestrais luteranos durante mais de cem anos. Não havia outros serviços e as comunidades só cresciam, mesmo que restrito aos descendentes de alemães. Pergunto: Será que o culto, de nossos dias, ainda é sentido e experimentado como um Encontro com Deus?

A igreja ainda representa um lugar santo e sagrado, diante da qual, em tempos passados, as pessoas tiravam o chapéu ao passarem por ela? Nós pastores ainda estamos cientes e conscientes que no culto somos porta voz de Deus quando pregamos, anunciamos perdão e colocamos a Bênção sobre a Comunidade?

Gostaria de lembrar que colocar a Bênção é muito mais que desejar a Bênção!!! Veja Números 6,23 -27. O culto assim entendido é celebração genuinamente luterana. Tenho a impressão que a reforma litúrgica dos últimos tempos, esvaziou a sobriedade e dinamicidade do nosso culto e tornou os membros inseguros... muitos de nossos membros, quando participam de cultos em outros lugares, não reconhecem mais sua Igreja. Pergunto: Será que muitas das crises vividas hoje por pastores e suas famílias não estão relacionadas com certo esvaziamento da função pastoral?

Esse esvaziamento do “próprium” da função pastoral tem sua origem em uma serie de fatores. Cito alguns: Nossos pastores estão sobrecarregados com programas e programações. Vivem correndo para os mais diferentes grupos de trabalho nas comunidades e nos Sínodos.

1) A conseqüência desse corre...corre é que eles não tem mais tempo para ler, meditar, orar e preparar uma boa prédica, para então subir no púlpito como porta voz de Deus.

2) A falta de tempo para o Studier= e Betzimmer, - A sala de estudo e oração – como era entendido o escritório do pastor, gera muitos conflitos, por exemplo: O pastor que precisa pregar e ensinar a palavra de Deus, e não tem tempo para se preparar, torna-se superficial e no decorrer do tempo perde a sua auto-estima e autoconfiança, e, torna-se um barato mestre de cerimônias.

3) Nesse contexto também nossas conferências de obreiros precisam ser avaliadas. Nessas conferências há espaço e tempo para reflexão teológica com exegese e temas atuais? Ou gastamos esse tempo precioso com assuntos de agenda?

4) É preciso acentuar ainda, que todo pastor e todos os obreiros dos demais ministérios ordenados, para poderem servir bem as comunidades a eles confiadas, precisam de muita autoconfiança e auto-estima. Isso não num sentido de auto-elevação e autoritarismo, mas a partir da função e autoridade que lhes foram conferidas na sua ordenação.

A Dorothea nos forneceu, em sua palestra, muitos aspectos das dores que atormentam nossos obreiros e suas famílias e indicou possíveis saídas.

Eu gostaria de propor agora, que à partir dessa convenção, sejam tomadas algumas medidas bem concretas, precisamos ir fundo e analisar: por que há tanto descontentamento e tanta frustração entre obreiros da IECLB. Arrisco algumas sugestões, porque somos luteranos e temos o direito de protestar:

1) Os obreiros da IECLB precisam ser mais valorizados à partir da função para a qual foram ordenados – eles não podem continuar sendo tratados como meros empregados ou funcionários, cujo trabalho é medido pela produção.

2) Precisamos ouvir – sem rancor e desarmado – o clamor de obreiros, que acusam nossa IECLB de estar se transformando numa Empresa e que nela reina “um espírito empresarial”!

3) Um dos grandes culpados, que estão gerando esse clima não bom na IECLB, é “A avaliação dos obreiros”.

4) A maneira como a avaliação é realizada não condiz com a dignidade ministerial.

5) Já o contrato de trabalho para um período de quatro anos cerceia a dignidade ministerial e transforma o ministro em funcionário.

6) Por isso sou de opinião que todo o sistema de avaliação e “contratação” dos obreiros deve ser revisto e encontrada outra forma de acompanhamento dos mesmos.

7) Obreiros cientes e conscientes de sua função não precisam ser avaliados, mas visitados por pessoas capacitadas para escutá-los, consolá-los, aconselhá-los e quando necessário também admoestá-los e mesmo repreende-los.

8) Será que há disposição para tal mudança? E será que temos pessoas capacitadas para esse serviço?

9) Imagino que sim. Além dos Pastores Sinodais, aos quais cabe esse serviço em primeiro lugar, podem ser convocados obreiros aposentados e outras pessoas com tato e experiência em aconselhamento.

10) Em meu entender, também os obreiros aposentados precisam ser mais valorizados e suas experiências mais usadas.

11) Outro tópico importante, que precisa ser tratado com muito carinho: Nossas famílias de obreiros, de todos os ministérios ordenados, precisam saber e sentir que elas são importantes para a nossa IECLB, que elas podem contar com sua Igreja em momentos dor, doença e crise. Em todos os Sínodos deveriam existir equipes de profissionais da saúde física e mental, credenciadas pelas respectivas instâncias da Igreja, para atender nossas famílias ministeriais.

Por fim, gostaria de dizer ainda: Sejam criativos, estimados colegas, aprendam a discernir o central e essencial nos serviços ministeriais. Se dediquem a esses serviços com alegria e entusiasmo e tenham coragem para dizer não aos serviços, que não são necessariamente atribuições do obreiro. Se assim procederem, com certeza, também vão encontrar espaço e tempo para vocês mesmo e para as famílias de vocês.

Que assim seja.

Timbó, outubro de 2009
Nelso Weingärtner

Currais Eclesiásticos!


Você já deve ter ouvido falar em “currais eleitorais”. Eles eram e ainda são recintos, espaços citadinos, que servem para hospedar, alimentar e recrear o eleitorado oriundo do campo. Este povo sempre de novo é trazido por facções políticas lá das mais remotas áreas onde vivem. Uma vez alojados, os eleitores são mantidos incomunicáveis até a hora da votação. Somente quando é chegado o “kairós” é que eles podem abandonar os locais cheios de mordomias onde se encontram “encurralados”. Quando este “momento certo” finalmente acontece, eles são acompanhados com a cédula que colocarão no envelope recebido na mesa eleitoral. Tais práticas ferem a nossa cidadania, não resta dúvida.

Será que existe isso – currais eclesiásticos? Pois ouso dizer que sim. Alguns “ministros” agem, com ou sem “pedigree” como “coronéis” dentro da Igreja, dentro desse espaço livre criado pelo Espírito Santo; constroem “cercas” para “proteger” os membros de sua denominação; fazem de tudo por ela. Aparentemente são excelentes pastores. E assim vão se “vendendo” como os únicos “arautos da verdade”. Demonizam toda e qualquer idéia que não passa pelos seus “crivos” e chamam de “anátemas” os que pensam um pouco diferente daquilo que é senso comum em suas cabeças. Atrás desse comportamento existe a sede de poder e, por incrível que pareça, algumas “ovelhas” gostam disso e seguem vivendo suas vidas acriticamente, sem crescimento, sem a alegria da descoberta.

Onde foi que esses “coronéis cristãos” foram forjados? Tenho quase certeza que não o foram nas Faculdades de Teologia, mas onde então? Dentro de pseudo-movimentos? Acho que vou ter que continuar pensando neste assunto...

8.12.09

Alegria no Natal!



O evangelista Lucas escreve que alguns pastores cuidavam de suas ovelhas nas cercanias de Belém. Quem o lê fica sabendo que certa noite um anjo se aproximou deles espalhando a perspectiva de “grande alegria”. Notem que os pastores não estavam de folga, mas trabalhando pois é à noite que o rebanho precisa de maior cuidado. Nem passava pela sua cabeças estar na companhia da família. É neste contexto que ouvem a explicação da boca do anjo: “Não tenham medo! Estou aqui a fim de trazer uma boa notícia para vocês, e ela será motivo de grande alegria também para todo o povo!” (Lucas 2.10). Sim, o anjo informava que havia um bom motivo para se ter alegria. A criança recém-nascida carregaria o nome “Cristo” que quer dizer um Rei “Ungido”.

Sempre de novo, nestes tempos de Advento, o assunto “alegria” retorna à pauta da Igreja. O Natal é entendido como a Festa do Amor, Festa da Alegria. Já repararam que nos dias que antecedem o Natal os amigos, os colegas de trabalho desejam-se “Feliz Natal”? Quem vai às lojas comprar presentes ouve músicas natalinas e os balconistas também desejam-nos “Boas Festas”. Agora, porque mesmo “alegrar-se” com o Natal? Por causa do feriado? Pelo fato de estarmos junto aos familiares? Por que recebemos presentes? Eu diria que o Natal tem a ver com tudo isso sim, mas muito mais com a “alegria” e sabem por quê? Porque na história bíblica a “alegria” é o assunto.

Reflitamos sobre o motivo desta “alegria”. O nome grego “Cristo” é traduzido para o hebraico como “Messias”; “Prometido” em Português. Os judeus liam muito o AT. Eles esperavam um “Messias” que viesse libertá-los dos inimigos e, ao mesmo tempo, reconstruir o Reino do rei Davi do qual só tinham ficado as lembranças. Ao lado desta esperança terrena e política eles também esperavam um grande líder carismático que, além de salvar o povo israelita, iria construir um Reino de Paz duradoura.

A criança que nasce em Belém é esse Salvador que, mais tarde, perecerá na cruz, carregando as culpas de todas as pessoas sobre os seus ombros. Coisa boa, Jesus não fica dentro do túmulo. Ele ressuscita e hoje nós O esperamos, nós cremos que Ele virá novamente até nós para construir um Reino de Paz, Amor, Justiça e Perdão. Neste Reino, neste novo céu e nesta nova terra, não existirá mais morte, sofrimento e injustiça. Diante desta realidade, me pergunto: Como é que no Natal alguns de nós só conseguem falar e refletir sobre Papai Noel e ou romantizar o nascimento do menininho na manjedoura? Cadê o assunto “alegria”?

Lucas, o autor da história do Natal, é repetitivo. Ele sempre de novo sublinha que as pessoas podem encontrar-se com o Salvador; “alegrar-se” com este encontro. A “alegria” que a salvação, que o encontro com Jesus promove é o “fio vermelho” que perpassa todo o Evangelho de Lucas. Até na última frase do seu Evangelho ele comenta de pessoas que “experimentaram” a salvação promovida por Jesus Cristo. Elas louvavam a Deus por causa disso. Hoje, aqui e ali, ainda se ouve pessoas expressando essa “alegria” por causa da salvação experimentada. Só quem já fez a experiência de viver a salvação em Jesus Cristo é que pode ter a verdadeira “alegria” para festejar este Natal como ele verdadeiramente deve ser festejado.

2.12.09

Luzes, luzes, luzes!



O caminho que conduz ao Reino de Deus não passa por estrada com pedágio. Esse caminho é todo liberado; é ladrilhado com o piso da graça não merecida presenteada por Deus em Jesus Cristo. Pois creio que tu eu possamos andar sobre este caminho. Ouçam o que Paulo nos escreve em Filipenses 1.3-11...

3. Dou graças ao meu Deus por tudo que recordo de vós, 4. fazendo sempre, com alegria, súplicas por todos vós, em todas as minhas orações, 5. Pela vossa cooperação no Evangelho, desde o primeiro dia até agora. 6. Estou plenamente certo de que aquele que começou boa obra em vós há de completá-la até ao Dia de Cristo Jesus. 7. Aliás, é justo que eu assim pense de todos vós, porque vos trago no coração, seja nas minhas algemas, seja na defesa e confirmação do evangelho, pois todos sois participantes da graça comigo. 8. Pois minha testemunha é Deus, da saudade que tenho de todos vós, na terna misericórdia de Cristo Jesus. 9. E também faço esta oração: que o vosso amor aumente mais e mais em pleno conhecimento e toda a percepção, 10. para aprovardes as coisas excelentes e serdes sinceros e inculpáveis para o Dia de Cristo, 11. cheios do fruto de justiça, o qual é mediante Jesus Cristo, para a glória e louvor de Deus. 

Os apóstolos, os profetas e os membros mais comuns da Comunidade de Filipos (pessoas como nós) carregavam um segredo em suas vidas: suas existências estavam marcadas por certo “brilho”. Paulo está atrás das grades, algemado, guardado pela Guarda Pretoriana (Espécie de BOPE dos dias de hoje) e rodeado de inimigos numa cela romana. De lá ele consegue observar a luz, a vida acontecendo em Filipos e isto, de dentro da masmorra; em meio à escuridão; experimentando a proximidade eminente da morte. É deste lugar que ele consegue escrever estas palavras tão boas para a Comunidade.

Paulo agradece pelo engajamento comunitário diário dos filipenses que, dia após dia, se alicerçam no Evangelho. A Boa Nova que ele mesmo “plantou” na cabeça de algumas mulheres que oravam à beira de um rio vingou, criou raízes, ou seja: o sonho de Deus de reconquistar o mundo perdido se concretizava naquela Comunidade. Ditadores arrasam os países inimigos com suas botas, com suas armas e com seus soldados porque não têm amor pelo chão que conquistam. Da terra conquistada eles só querem sugar as riquezas. Foi isso, continua sendo isso, que o Inimigo Maior de Deus faz aqui neste mundo que, podem crer, “ainda é de Deus”. Paulo se alegra com os pequenos “sinais de vida” que acontecem na Comunidade Filipense e isso, em meio aos “sinais de morte” que a mesma experimenta.

São estes fatos que possibilitam a comunhão com aquela gente, sempre a partir do Espírito Santo. Sim, Paulo via aquele povo com os olhos de Jesus. Vai daí que a sua visão não estancava naquilo que se apresentava como pecaminoso; naquilo que se mostrava como obscurecido. Deus tinha vindo em Jesus Cristo ao mundo exatamente para aquele tipo de pessoas e elas estavam aproveitando aquele “presente da graça.” O conceito que vamos formar das pessoas que estão à nossa volta sempre dependerá do nosso ponto de vista: Se nos olharmos nos olhos e nos entendermos como pessoas presenteadas com um tesouro de valor incalculável e isso, sem merecimento algum, precisaremos nos abraçar imediatamente – não nos resta alternativa. O nosso abraço vai demonstrar que estamos encharcados de esperança porque seremos sabedores de que Deus iniciou “uma boa obra em nós” e que Ele, com certeza, a levará a cabo.

Vai vir o dia, “o dia de Jesus Cristo”. Nesta data que está por vir tudo se completará diante dos nossos olhos; todas as nossas perguntas a respeito da vida eterna, do perdão dos nossos pecados, da nossa ressurreição, tudo vai ter respostas. Por enquanto a humanidade ainda se encontra sob uma “névoa de dúvidas.” Esta névoa continua agindo sobre as pessoas no sentido de encobrir o amor de Deus que insiste em raiar sobre elas. Ela, a tal “névoa”, também obscurece toda e qualquer réstia de esperança na qual um indivíduo possa se segurar e ele, em conseqüência disso, vai pensando que a vida se resume mesmo num “andar no escuro”. O começo da virada deste “jogo” já começou. Paulo pregou o Evangelho e os filipenses reagiram ao mesmo e isto já é motivo para o Paulo festejar, soltar foguetes...

Às vezes me paro a pensar: como é pequena a nossa confiança em Deus, mesmo já tendo experimentado da “doçura” do Evangelho; como é tênue a nossa esperança na Sua cura; como grassa tristeza e desencanto no nosso meio, a ponto de, muitas vezes, pensarmos que estamos no “fundo do poço”. Gente! Somos filhas e filhos de Deus que nunca nos abandonará; somos parte da Sua família. Apossemo-nos dessa informação de uma vez por todas?

Jesus vive. Nós vivemos porque Deus estendeu a Sua mão sobre nós. Não podemos largar Sua mão de jeito nenhum. Na família de Deus todos vêm de baixo, todos são diferentes e todos só fazem parte do Rebanho de Deus, única e exclusivamente, por causa do sangue de Jesus. Quando Paulo escreve que sua “testemunha é Deus da saudade que tem de todos os filipenses” ele está querendo dizer que seu coração está aquecido para com eles daquele calor do amor que Deus plantou dentro dele mesmo. Se eu sei que somos irmãs e irmãos em Cristo, eu sentirei saudades, ansiarei estar junto, lutarei pela experimentação da comunhão... Que Deus nos abençoe... Amém!

Oração: Senhor, há muitas luzes que brilham ao redor de mim neste tempo de Advento. Elas fortalecem minha saudade de Ti que vens iluminar minha vida. Os muitos bons desejos que me são presenteados neste tempo de Advento reforçam em mim o desejo de uma boa relação com meus semelhantes neste mundo. Tu Senhor és a Luz que não se apaga. Tu nos presenteias Comunidade e paz duradouras. Eu anseio chegar mais perto de Ti. Vem ao meu encontro... Pai Nosso que estás no céu...

25.11.09

Nós - Quase deuses!


O albatroz bem que poderia ser coroado o rei dos ares sobre as águas do mar. Suas asas, de uma ponta até a outra, medem dois metros. A sua orientação é impressionante. Diz-se que é mais eficaz que os satélites que orientam os aviões em pleno vôo. Estas aves têm uma capacidade de prever o tempo como ninguém. Nada as surpreende no mar. Elas sabem o que pode acontecer depois da calmaria. Chegam a detectar tempestades a trezentos quilômetros de distância. São fiéis às parceiras e ou parceiros por toda a vida. Sempre que se encontram, promovem uma dança sensual. Logo depois que nasce um filhote, trabalham duro durante cinco semanas para buscar alimento dos lugares mais distantes. Afirma-se que a soma destes alimentos daria para abastecer um mercado de peixes. Aqui, sugiro a leitura do Salmo 8...

8.1 - Ó SENHOR, Senhor nosso, quão magnífico em toda a terra é o teu nome! Pois expuseste nos céus a tua majestade. 8.2 - Da boca de pequeninos e crianças de peito suscitaste força, por causa dos teus adversários, para fazeres emudecer o inimigo e o vingador. 8.3 - Quando contemplo os teus céus, obra dos teus dedos, e a lua e as estrelas que estabeleceste, 8.4 - que é o homem, que dele te lembres E o filho do homem, que o visites? 8.5 - Fizeste-o, no entanto, por um pouco, menor do que Deus e de glória e de honra o coroaste. 8.6 - Deste-lhe domínio sobre as obras da tua mão e sob seus pés tudo lhe puseste: 8.7 - ovelhas e bois, todos, e também os animais do campo; 8.8 - as aves do céu, e os peixes do mar, e tudo o que percorre as sendas dos mares. 8.9 - Ó SENHOR, Senhor nosso, quão magnífico em toda a terra é o teu nome!

Tal exemplo do mundo animal me deixa estupefato. Fico a pensar: se uma ave é capaz de fazer isso, imagine a mulher e o homem, a “coroa da criação” de Deus. Nós, mulheres e homens, fomos presenteados por Deus com qualidades bem mais complexas que as do albatroz. Diz a Bíblia que, no passado, a nossa relação com o Criador foi harmoniosa; que ela foi quebrada pelo primeiro casal que se desviou de Deus; que, de lá para cá, o ser humano tem procurado voltar a reviver este momento original, mas sem sucesso.

Que desgraça. As coisas foram se complicando e, ao invés de usarmos nossas complexas qualidades para articularmos obras de amor, preferimos depredar o mundo, a criação de Deus. Muitos cristãos que deveriam pôr a mão na massa contentam-se em estudar a Bíblia, dar testemunho com base no “um mais um”. E o mundo segue caminhando ladeira abaixo. Se nós não apontarmos o dedo, não nos engajarmos em propostas de melhoria, as pedras haverão de fazê-lo, como bem escreveu o evangelista Lucas (3.8). Prestem atenção neste filme que vamos projetar! Tocar o clipe do Michael Jackson... http://www.youtube.com/watch?v=oJEqJ9yALx8

O artista cantor recém falecido se pergunta: O que fizemos com o mundo? Cadê as mulheres e os homens para darem um basta nesta história? Estamos aqui. Você! Eu! Nós, assessorados pelo Filho de Deus que veio como homem a este mundo com o intuito de salvá-lo; de acabar com a desgraça reinante a nível familiar e comunitário. Quem crê em Jesus Cristo. Quem aceita o perdão que Ele alcança experimenta um novo nascimento, um renascimento espiritual que é promovido pelo Espírito Santo. Uma vez renascidos temos acesso a vida com Deus já aqui e agora. Temos interesse em fazer parte da nova criação que Deus já veio promover? Sim? Então levantemo-nos!

Somos mais do que pele e osso, mais do que um “saco de vermes” (só pra chamar Martin Luther na conversa). Temos mais valor do que os míseros R$ 4,00 que se apregoa por aí. Deus nos salvou. Ele nos chamou pelo nosso nome quando, através do profeta Isaías, disse “Tu és meu” (Isaías 43.1). Esse chamado para engajamento vale para todas as pessoas, também para quem está se sentindo à margem neste momento. Se reagirmos a este chamado, ahhhh, mas com certeza vai haver conseqüências. Nós mudaremos. A força da nossa mudança trazer incentivo a terceiros. Jogaremos como um time, o time de Deus, onde não se dá bola pra cor da pele, pra nacionalidade, pra religião e ou outros probleminhas a mais. Você não está a fim de escrever a história? De parar de sofrer a história - como dizia um amigo meu?

20.11.09

O meu lar!



Intitulei minha prédica para este último domingo do ano eclesiástico, dia 22 de novembro de 2009 de “O meu lar”. Quem não gosta do seu lar? Quando volto de viagem, sempre venho contente porque vou poder sentar na minha cadeira preferida, tomar chimarrão na minha cuia, ser o deus (Salmo 8) do meu quintal... Baseio minha fala no texto de Apocalipse 21.1-7...

1 - Então vi um novo céu e uma nova terra. O primeiro céu e a primeira terra desapareceram, e o mar sumiu. 2 - E vi a Cidade Santa, a nova Jerusalém, que descia do céu. Ela vinha de Deus, enfeitada e preparada, vestida como uma noiva que vai se encontrar com o noivo. 3 - Ouvi uma voz forte que vinha do trono, a qual disse: - Agora a morada de Deus está entre os seres humanos! Deus vai morar com eles, e eles serão os povos dele. O próprio Deus estará com eles e será o Deus deles. 4 - Ele enxugará dos olhos deles todas as lágrimas. Não haverá mais morte, nem tristeza, nem choro, nem dor. As coisas velhas já passaram. 5 - Aquele que estava sentado no trono disse: - Agora faço novas todas as coisas! E também me disse: - Escreva isto, pois estas palavras são verdadeiras e merecem confiança. 6 - E continuou: - Tudo está feito! Eu sou o Alfa e o Ômega, o Princípio e o Fim. A quem tem sede darei água para beber, de graça, da fonte da água da vida. 7 - Aqueles que conseguirem a vitória receberão de mim este presente: eu serei o Deus deles, e eles serão meus filhos.

Outro dia, no hospital, eu estava sentado ao lado de uma pessoa que estava prestes a deixar esta vida. A figura daquele senhor ainda está viva na minha mente. Os responsáveis pela UTI me deixaram claro que o meu tempo teria que ser curto, uma vez que o ato de conversar e ouvir exige muita força do paciente à beira da morte.

Perguntei àquele senhor se podia ler um pequeno texto bíblico e ele reagiu com voz fraca: - Sim. Seja breve! Observei seus olhos opacos que denotavam cansaço. Durante todo o tempo da minha visita ele praticamente os manteve fechados. No que tange à sua fé, entretanto, ah ela estava acordada. O homem que eu visitava era uma pessoa cristã, um indivíduo que cria em Deus.

Perguntei-lhe: - O senhor lembras do capítulo 21 do livro de Apocalipse? (Lemos este texto agora mesmo...) Logo após minha pergunta percebi um leve sorriso no seu rosto. De sua boca brotou uma expressão muito clara, mais clara do que todas as outras que aquele homem desenganado tinha expressado até aquele momento: - O meu lar!

Enquanto eu ia lendo o texto com voz um tanto embargada, vi que os seus lábios se mexiam. Sim, ele recitava baixinho, junto comigo, de cor, as palavras que eu ia lendo. Quando nos dissemos “até logo” o senhor que eu visitei ainda balbuciou uma palavra apontando o dedo para cima: “!”...

Pus-me a caminho com o coração pesado. Acabara de ser presenteado com um “pacote de fé” por uma pessoa moribunda. E assim, refletindo, fui me dirigindo ao estacionamento para embarcar no meu carro; para me dirigir para casa.

Caminhei devagar. Eu não queria chegar. O movimento na rua e na calçada era normal e ininterrupto. Há pouco eu estava ao lado de uma pessoa prestes a deixar esta vida e ali, na calçada, era justamente a vida que pulsava. Não, nenhum dos transeuntes ou motoristas estava pensando na dor, no sofrimento ou na morte. As “primeiras coisas”, aquilo que passa e que se consome faz com que os indivíduos se ocupem ativamente até o fim das suas vidas. Será que no último dia das suas existências elas também poderão falar e comentar a respeito do “seu lar”?...

Paguei o ticket do estacionamento. Dirigi-me para o local onde tinha estacionado o carro da paróquia. Meu rosto se espelhou na janela de vidro fumê e me devolveu a pergunta: - Será que eu, no meu último dia, saberei desejar o “meu eterno lar”? Sentei no assento. Segurei o volante com as mãos. Baixei a cabeça. Fechei os olhos e meditei durante alguns instantes. Sim, eu sei orar. Eu sei o que pedir. Eu sei onde eu posso chegar... Amém!

16.11.09

Advento - Vem visita aí!



Hoje, na Alemanha, a Coroa de Advento está dentro de Igrejas, de escolas e até de residências particulares. É impossível se imaginar os festejos de Advento sem a presença da referida e suas quatro velas queimando durante os 24 dias. Pois andei pesquisando a respeito. A Coroa de Advento não é antiga. Ela foi concebida em Hamburgo, há mais de cem anos. Havia muitas crianças órfãs naquela cidade portuária. Meninas e meninos sem teto que perambulavam pelas ruas pedindo esmolas. Conhecemos este “filme”.

As coisas não precisam ser sempre assim. Um pastor evangélico luterano morava naquela cidade. Seu coração pulsava por aquelas meninas e por aqueles meninos “sem eira nem beira”. Mexe daqui, puxa dali, ele construiu uma enorme casa onde passou a abrigar o máximo possível de crianças de rua. Naquela casa o povo miúdo tinha espaço para dormir e fazer suas refeições. Mais do que isso: tinha a chance de aprender uma profissão. Muitos saíram dali formados como sapateiros, desenhistas, costureiras e até jardineiros. A idéia era que, assim, não precisariam mais perambular pelas ruas pedindo esmolas, uma vez que juntavam seus próprios dinheiros a partir do suor do seu rosto.

Foi assim que, em 1833, nasceu a “Rauhes Haus” (Casa Rústica). O pastor visionário chamava-se Johann Heinrich Wichern (*1808 +1881). Todo ano ele celebrava o tempo de Advento com meditações, cânticos e reflexões que enfocavam este tempo bonito que antecede o Natal. Para contextualizar aqueles momentos o pastor Wichern pendurou uma roda velha, dessas que ainda hoje se vê em carroças, no teto na “Casa” que dirigia. No primeiro domingo de Advento colocou a primeira grande vela a queimar sobre a roda. Depois, nos seis dias seguintes, seis velas pequenas. Daí, no segundo domingo de Advento, novamente a segunda vela grande... Um dia antes do Natal queimavam 24 velas na referida roda.

Corria o ano de 1840. As meninas e os meninos que moravam naquele abrigo gostavam muito daqueles encontros. A roda ia iluminando mais e mais a sala, a medida que o Natal se aproximava. Cada vela tinha o seu significado. Foram eles, as meninas e os meninos, que “batizaram” aquele tempo de “Meditação das Velas”. Passaram-se dois anos e aquela pequena Comunidade decidiu enfeitar a roda iluminada com ramos de pinheiro (sinal de vida). Foi assim que nasceu a primeira Coroa de Advento dentro da Igreja Luterana.

Muitas pessoas que visitavam a “Rauhes Haus” achavam aquele símbolo muito significativo. Como nas suas moradias particulares não havia muito espaço para uma Coroa de Advento com 24 velas, optaram por uma menor com quatro, uma para cada domingo. Viva o Advento, esse tempo no qual nos preparamos para receber a visita que vem: Jesus Cristo!

OLHA SÓ!