Busque Saber

7.2.12

Metanoia no Rio Pardinho!


Chovia pouco naqueles dias e o suor escorria das axilas. A estrada estava empoeirada e, nela, nossa turma caminhava descalça. Eventuais pedrinhas machucavam nossos pés que contatavam com a terra, nada mais do que isso. Seriam seis quilômetros de caminhada até o rio. O banho nas águas frescas do rio compensaria qualquer desgaste. Eu estava receoso. Descia-me um frio na espinha, uma espécie de medo que corria pelas minhas veias, pelo fato de não saber nadar e, também, por ter fugido de casa. Mas eu não queria perder a oportunidade do convívio com meus “amigos do peito”. Nossa caminhada transcorria num ritmo alegre. Sim, lá ao longe já podíamos divisar o mato que ladeava o “Rio Pardinho”.

Eu estava vivo e sabia que deveria “honrar meu pai e minha mãe”; que não poderia ter tomado a decisão de me ausentar de casa, sem pedir permissão. Aprendera essas verdades na Igreja quando participara do Culto Infantil, da Escola Dominical e, até, do Ensino Confirmatório. No entanto, a companhia dos amigos me era importantíssima e eu não queria perdê-los. Enfim, tomei a decisão de desobedecer outro dos bons Manda-mentos de Deus. Pessoas que estão “casadas” com a Lei são, sempre de novo, atraídas a ser infiéis à mesma. Como eu não fugia à regra, novamente, dei um “chute” Naquela que deveria me resguardar das “tormentas da vida”.

Finalmente o rio. O Léon subiu numa das árvores que ladeavam o barranco e amarrou uma corda, num dos galhos mais altos. Agarrou-se com as duas mãos à madeira roliça e, incontinenti, lançou-se sobre as águas, num salto acrobático de fazer inveja a John Weissmüller – o Tarzan dos anos 60. Todos faziam fila para experimentar aquela “delícia circense”. As árvores testemunhavam nossa liberalidade. O balanço do salgueiro e todo aquele verde somado ao azul do céu, cheio de nuvens brancas, parecia gostar daquela anarquia menina. Pensativo, coloquei-me à margem dos acontecimentos. A água fria batia nas minhas canelas. Sim, todos mergulhavam dando gritos e saltos de alegria. Naquela tarde fugidia, tudo estava permitido para todos, menos para mim. Mentiam-me dizendo que as águas não eram profundas. Brincavam com a minha inexperiência e a cabeça doía por causa disso. Deixei por isso e decidi dar um último passo em direção ao banho refrescante.

A água me envolvia. Debati-me muito enquanto as borbulhas de ar saiam pela boca. Os pés tocavam na areia e eu voltava a subir. O azul do céu misturava-se com a natureza. Eu, desesperado, queria gritar, mas a voz não saia da garganta e o “filme da minha vida” desenrolava-se no meu cérebro, ponto por ponto. Meu organismo ia enchendo-se de líquido e a morte abraçava-me com “abraço morno”. Sim, eu estava “desquitado da Lei” e, em consequência, sofrendo por este ato.

Meus amigos pensavam que eu estivesse brincando n’água. Lógico que aqueles poderiam ser meus últimos esforços e, então, tirei um berro bem do fundo da minh’alma: Nuurrrgghhh. Eu já sentia o “bafo da morte” ao meu lado. Tinha vontade de dormir e relaxar. De repente, uma força puxou-me para a margem e fui salvo. Todos se assustaram. A água escura insistia em sair aos borbotões do interior do meu organismo. Minha boca, meu nariz e minhas orelhas faziam o papel de “canos condutores” de sujeira para fora de mim.

Da pedra sobre a qual fui jogado, corriam filetes d'água. O céu estava azulado e emoldurado pelo verde claro e sadio da copa das árvores. O rio continuava calmo no seu leito, levando pequenos galhos, numa bonita viagem sobre a superfície. Limitei-me a encarar os amigos. Confiara demais naqueles companheiros que, até ali, considerara como riqueza de valor incalculável. Sim, eu repensaria meu modo de vida. Agora, necessitava da solidão.

Precisava meditar sobre aquele momento de desilusão que o “afastamento de Deus” me promovia. Deus mostrara Sua força num amigo. Há pouco eu cheirava o “cheiro da morte” e, agora, estava vivo. No meio do “burburinho” eu parecia ouvir Deus dizer: - “Quero contar contigo para um Projeto que tenho no coração – vêm”! Preciso dizer que me senti carregado por Deus, enquanto tomava o caminho de casa.

Eu tinha “apostado todas as minhas fichas” em pessoas. Não fosse um daqueles colegas, quem sabe, naquele momento, a guarnição do Corpo de Bombeiros da cidade já estivesse acionada. A decisão estava tomada: a partir daquele dia eu tentaria viver minha vida de modo diferente. Melhor dizendo, tentaria reconstruí-la sobre outros alicerces. Eu precisava tomar uma decisão. E assim, passaram-se alguns meses.

Certo dia, fui a um armazém da nossa vizinhança. Escorado ao balcão, estava um moço que puxou conversa comigo: - “Conheço teu pai. Vi tua família na Igreja outro dia desses. Quero te convidar para participar do Grupo de Jovens do qual faço parte. Aparece!... Reunimo-nos sempre aos sábados, das 20.00 às 22.00h. Estudamos a Bíblia e cantamos músicas cristãs. Praticamos jogos de salão, fazemos excursões e um bocado de outras coisas mais. Vais gostar. Vêm conferir!...”

Desanimado da vida eu tinha praticado atitudes que nunca sonhara tentar praticar. Assim, fui me deixando levar pela “correnteza” dos acontecimentos, mas isso não me trazia a paz. Não tinha sentido viver daquela maneira, só e afastado de tudo e de todos. Sim, aquele jovem acabara de me fazer um convite. Será que o mesmo tinha a ver com o projeto de Deus comigo? Será que Deus usara-o para acordar-me de um sono?

Aquele moço mexeu comigo ao convidar-me a participar de seu grupo. Claro que reagi com carinho àquela proposta. A sala estava iluminada. De repente, chegaram as pessoas. A roda cresceu e me aqueci com o “fogo do carinho” que me doavam. Então me lembrei da conversa que tivera com meu professor de Religião. Ele disse: - Sabe Renato! Um dia desses o apóstolo Paulo ficou assustado, ao descobrir que não era o “homem bom” que pensava ser. Depois dessa constatação ele se deu conta de que quando Deus abençoa uma pessoa, ela passa a não ter problema em reconhecer seu pecado. E é justamente esse estado de espírito à liberta do peso de precisar “brilhar” como filha de Deus na sociedade. Ela passa a aceitar-se com todas as agressividades que carrega no peito e isso, porque sabe que Deus já a aceitou tal como é. Ah que coisa boa o “ar” que se respirava naquela sala. Pois passei a ser membro ativo no referido Grupo.

Outro dia fui um Retiro de Lideranças. Senti-me importante, pois iria estreitar laços com a nova turma de amigos. Eu estava cheio de expectativas. Queríamos promover uma proposta cristã na sociedade santa-cruzense e o dia de sábado dilui-se em meio aos conteúdos que sorvíamos. Planejamos idéias a curto, médio e longo prazo. Esperança - isso mesmo, essa era a palavra da hora. Sonhamos; olhamos para frente e decidimos doarmo-nos em prol dos outros. Lembro que os olhos da turma brilhavam de expectativa.

Nas primeiras horas da tarde daquele domingo vieram os jogos de salão. Depois, mais um tempo de manuseio da Bíblia. Era bom e agradável conversar com o pessoal. Dava certa vontade de ficar morando por ali naquela sala. Amanhã já seria segunda-feira e tudo voltaria ao normal. Era preciso espichar ao máximo aqueles momentos de indizível prazer. Vimos que a humanidade estava afastada de Deus o qual não queria esse afastamento. Para mudar o rumo das coisas, Ele enviara Jesus Cristo ao mundo. Este, por sua vez, envolvera-se com mulheres e homens no intuito de fazer a reaproximação com o Pai, ou seja, construir pontes de acesso ao Reino de Deus.

Acesso que estava viável a cada um de nós, ali, naquele lugar. Bastava buscar-se a Deus em oração. Dizer-lhe que estávamos arrependidos de andarmos desgarrados do nosso “Bom Pastor”. Falar-lhe da vontade de recomeçar a vida sob Suas Idéias. Embarcar de uma vez por todas dentro daquele “barco” cheio da proposta cristã que levava à ressurreição. Tudo eram palavras que “martelavam” meu consciente.

A janta seria o sinal do fim daqueles momentos domingueiros. Inconformado, pedi que o encontro fosse estendido. Os líderes reagiram positivamente. Ouvi boas respostas para minhas perguntas. Minhas incertezas deixavam-se varrer, uma a uma, pela palavra segura da liderança. Enfim, às 23.00h organizou-se um círculo. As mãos foram dadas e começamos a orar.

Lembro que naqueles momentos de oração visitou-nos uma espécie de “vento” que invadiu a sala. Moças e rapazes que, antes, nunca haviam orado, agora oravam. Cargas de culpa eram liberadas dos ombros de quase toda turma. Ao cabo de meia hora aconteceram espontâneos abraços. E, depois que todos se ausentaram, fiquei ali, refletindo, repassando os conteúdos aprendidos. Mais tarde caminhei a pé, dentro da madrugada, rumo ao meu quarto. Considerava-me um filho de Deus. Sim, eu possuía este referencial desde a meninice. Agora estes conceitos tinham se aclarado dentro do meu ser, do meu viver. Faria tudo para nunca mais perder aquela certeza.

Abri a Bíblia e entendi o que nela estava escrito. Estudei-a e não consegui mais ficar quieto. Abria a boca dentro da sala de aula e nos espaços do Grêmio Estudantil. Comecei a engajar-me na sociedade. Outro dia fui convidado a fazer a pregação, num Culto Dominical. Ousei crescer e precisei de espaço. A vida passou a ser novidade prá mim. Coisas antigas não valiam mais quando aprendi que, em Cristo, sou um alguém, possuo um nome. Ficou-me claro que, enquanto viver, sou convidado a lutar contra o pecado. Entendi que Deus me equipa com todas as forças para tais intentos.

19.1.12

Osmar Falk - O Bom Professor!


Era março de 1961 e eu encontrava-me sentado num dos bancos daquela pequena escola do interior do Brasil. Meus pais trabalhavam na roça e eu sentia-me um pouco diminuido pelo fato de ser filho de colonos. Observava tudo. Bem no meio da sala estava um fogão a lenha. Na parede, cinco quadros verdes e, em frente deles, estávamos nós, as cinco turmas de primeira à quinta série do Ensino Primário. Lá fora, inúmeros cinamomos a sombrear as lindas manhãs daquele final de verão.

Nosso professor, o Osmar Falk (hoje pastor aposentado da IECLB), era severo. Quando terminava de explicar as primeiras letras para o nosso grupinho de novatos, já se locomovia para a segunda turma e, assim, sucessivamente. Não era fácil manter a ordem na sala. Lembro que, sempre no início das aulas, debulhava uma espiga de milho num dos cantos da mesma. Quem não cumprisse com os deveres de casa devia ajoelhar-se sobre aqueles grãos. Prometi para mim mesmo nunca ajoelhar-me ali.

Certo dia nosso mestre precisou repetir alguns conteúdos e a dinâmica da nossa aula sofreu pequeno prejuízo. Quando o sino badalou para avisar a hora do almoço, os nossos cavalos, até então pacientes, alvoroçaram-se. Era ora de ir para casa. Mas, e a tarefa? Nós nunca saíamos sem tarefa da escola. Lembro do rosto franzido do nosso jovem professor. Parecia culpar-se por não ter-se preparado bem como em todas as outras oportunidades.

Tínhamos um impasse. Será que, finalmente, teríamos uma tarde livre de tarefas? De repente, os olhos do nosso professor brilharam. Sim! Ele tinha tido uma idéia: deveríamos conversar com Deus, a partir de uma oração. Seríamos cobrados no dia seguinte.

Fiz o trajeto para casa debaixo de grande preocupação. Aquela tarefa era difícil de ser cumprida. Entrei em casa. Nossa família estava toda reunida para o almoço. Meus irmãos estavam alegres em torno da mesa. Ainda recordo o cheirinho da comida daquele dia. O fato é que não me alimentei direito, pois aquela dúvida me atordoava. Como é que eu iria conversar com Deus?

Decidi mentir que tinha dialogado com Deus. Mas e se o professor perguntasse detalhes? Eu certamente ficaria vermelho e acabaria dando mostras de que não estava sendo sincero. Fazer o quê? Eu não queria ajoelhar-me sobre o milho debulhado. Não! Eu teria que dar um jeito de resolver o meu problema.

Pensei no nosso pastor. Ele falava alto e Deus parecia entendê-lo. Não. Ele poderia taxar-me de bobo. Quem sabe minha avó... Ela sempre fora tão sincera comigo. Também não me senti vontade. Assim, saí da mesa e recolhi-me lá no fundo do pátio, debaixo de uma ameixeira para refletir mais.

Decidi que iria conversar com Deus, tal como conversava com meu amigo Hugo. Olhei em volta! Ninguém por perto. Esbocei algumas palavras imaginando Deus do meu lado, mas senti-me inseguro. Falava alto demais. E se uma vizinha me ouvisse falando sozinho. Pensaria que eu era louco. Saí dali, impaciente.

Meus irmãos brincavam no pátio, quando me dirigi ao único quarto da nossa casa, cuja porta podia ser trancada por dentro. Fechei a janela para escurecê-lo. Tinha consciência de que precisava ficar só. Quanto menos barulho melhor porque Deus não falava alto. Sim, mas e o volume da minha voz? Eu não poderia dialogar com Ele como dialogava com minha mãe.

Cruzei por ela, na cozinha. O barulho dos pratos sendo lavados na pia desviava sua atenção de mim que me esgueirava para dentro do quarto escuro. Uma vez ali, decidi enfiar-me debaixo das cobertas que cobriam a cama da minha irmã. Lá de baixo, sentindo um pouco de falta de ar, acabei sussurrando: - Deus! Fala comigo! Diz-me alguma coisa! Não quero ajoelhar-me sobre o milho! Não quero passar vergonha diante dos colegas. Por favor! Preciso que fales comigo...

Fiquei quieto, esperando ouvir Àquele a quem suplicara por um sinal. Lá fora, o movimento dos caminhões. Eu me esforçava para ouvi-Lo. E se Ele verdadeiramente se comunicasse comigo? Como seria o timbre da sua voz? Seria carregada com os tons enérgicos do meu pai? Seria doce como a da minha avó?

Nunca consegui explicar direito o que me aconteceu nos instantes seguintes. A paz que tomou conta de mim fez com que os cobertores passassem a ser desnecessários. O sentimento de inferioridade tinha sumido de dentro de mim. Eu estava alegre. E assim, lá no meu interior, fui sendo banhado com a sensação indizível de ouvir Deus falando: Te amo! Diga ao teu professor que falei contigo. Que te guardo! Que te faço feliz! Que Sou teu amigo! Que não precisas ter medo de Mim...

Não consegui conter-me. Abri a janela do quarto. O céu estava muito azul. As nuvens brancas passeavam pelo mesmo testemunhando minha alegria. Lembro de ter fixado os olhos numa grande amoreira de folhas verde-claras. Senti vontade de correr. Depois corri. Só parei de correr quando cansei. Eu não esqueceria jamais daquele momento: - do dia em que Deus se comunicou comigo daquela forma tão pessoal.

No outro dia, um tanto afoito, vesti o uniforme escolar. Saboreei minha xícara de café com leite. Comi o pão com doce de banana e, em seguida, passei a mão na minha bolsa escolar e lá me fui. Estava ansioso para ser perguntado pelo professor se tinha cumprido a “tarefa”. Diria que sim.

A aula começou como sempre e, dois minutos depois, já me ficou claro que o professor não iria cobrar o tema dado no dia anterior. Num primeiro momento, entristeci-me. Mais tarde percebi que estava bom assim. Eu tinha tido uma experiência que me acompanharia pelo resto da vida. Esta, não aumentaria em importância se a compartilhasse com toda a turma. Ela me dizia respeito e assim guardei-a como impulso para um contato mais estreito com Deus.

Faz alguns anos, reencontrei meu ex-professor. Ele não se lembrava daquele dia. A verdade é que aquele tema de casa ajudou-me em muito. Na época, fui jogado para dentro de uma crise. Eu não queria ser castigado. Eu não queria sofrer vergonha e, em vista disso, procurei e achei a solução. Hoje, atuo como pastor nas Comunidades por onde passo. Aqui e ali, desafio crianças e jovens a conversar com Deus, tal como conversei e ainda converso.

10.1.12

Mudança de Estilo!

Fiz essa prédica em agosto de 1984. Naquela época eu já morava em Cidade Gaúcha. Nossa! Meu estilo mudou muito nestes quase 30 anos...

4.1.12

2012 - Autoestima!


Era quinta-feira, dia 29 de dezembro de 2011. A Valmi e eu fomos fazer uma pequena viagem para Bombinhas, uma das praias mais bonitas de Santa Catarina. Havia muitos carros na BR 101. O trajeto que, normalmente, se faz em uma hora e trinta minutos, acabou “custando” mais do que o dobro do tempo. Menos mal que meus compadres nos esperaram com comida e bebida saborosa. O fato é que a nossa festa de fim de ano começava a ser excelente.

Num dado momento, o nosso assunto descambou pro lado da Psicologia. Meu afilhado, o André, sustentou que a “autoestima”, essa avaliação subjetiva que uma pessoa faz de si mesma, pode ser elevada e ao mesmo tempo frágil e ou baixa, porém segura. Não sou psicólogo e por isso pedi que me explicasse melhor...

- É simples tio. Pensa numa pessoa narcisista. Sua autoestima é elevada, mas ao mesmo tempo frágil. Agora imagina uma pessoa humilde. Sua autoestima é baixa e ao mesmo tempo segura.

A Camila que até então se dispunha só a ouvir a nossa conversa, atalhou com aquele seu jeito simples de dizer as coisas com sotaque maringaense:

- Entendo um pouco deste assunto. No semestre passado eu fiz uma “Cadeira” de Psicologia. A autoestima foi um dos nossos assuntos. Minha professora defende a tese de que a autoestima de uma pessoa pode ser constante através do tempo; pode ser independente diante das condições particulares e ou pode estar entranhada num nível psicológico básico...

Minha sobrinha estava querendo dizer que a autoestima tanto pode ser estável, como corajosa e ou automática. Sim, eu precisaria estudar aquele assunto com mais cuidado... Percebi que o André tinha mais a dizer e dei-lhe ouvidos...

- Outro dia li no Antigo Testamento que rainha Vasti foi dona de grande autoestima...

- Onde você leu isso André?

- Li isso no primeiro capítulo do livro de Ester.

- Verdade? Me conta mais...

- Deduzi da minha leitura que, muitas vezes é assim que encontramos os verdadeiros heróis em papéis secundários. Reza a história que esta tal de Vasti foi a primeira e a mais bonita esposa do rei Xerxes, o governante mais poderoso do Império Persa. Ela tinha tudo o que queria no palácio. O mundo simplesmente estava a seus pés...

- Maininho querido! O que você quer dizer com “mundo aos seus pés”.

- Olha só Camila. A rainha Vasti contava com um sem-número de empregados que estavam sempre à sua disposição. Daria para se dizer que ela vivia num destes palácios dos contos de fadas, como aquele que vimos lá na Baviera. Schwanscholl, se não me falha a memória.

- Ora, ora “Schwanscholl”. Presta atenção André: Neuschwanstein!

- Isso daí! Os vestidos que ela usava eram todos de seda macia e ela sempre se perfumava com os perfumes mais exóticos e, por isso mesmo, caríssimos.

- Continue afilhado!

- A tal rainha viveu três anos cercada de muito luxo. Daí então, num belo dia, ela e o “maridão” mandaram ver numa festa que duraria em torno de uma semana. Enfeitaram o pátio do castelo com cortinas de algodão brancas e azuis, amarradas com cordões de fino linho vermelho, que estavam presos por argolas de prata a colunas de mármore. O piso do castelo era feito de ladrilhos azuis, de mármore branco, de madrepérola e de pedras preciosas. Colocaram sofás de ouro e de prata no pátio, onde os convidados podiam tomar suas bebidas em copos de ouro, todos eles diferentes uns dos outros. O rei não poupou dinheiro e mandou que o vinho fosse servido à vontade também aos seus súditos na cidade. Todos podiam beber o quanto quisessem.

Nesse momento a minha comadre Carmem, o meu cunhado Ernani, a Valmi, todos nós embarcamos neste assunto... Alguém de nós sugeriu que o André continuasse desenvolvendo seus conhecimentos bíblicos e ele não se fez de rogado...

- Num dado momento da festança o rei, totalmente bêbado, quis mostrar a beleza de sua esposa aos convidados. Assim, ele ordenou que os seus funcionários trouxessem a “sua” rainha para que ela fosse apresentada para toda a sociedade.

- Conta mais, conta mais – sugeriu a Camila com olhar claro e suplicante...

- Sabem o que aconteceu?... A rainha Vasti recusou vir a aparecer em público. Para ela não importava o que o seu prepotente marido iria pensar da sua atitude. Ela não se exibiria diante daquela gente como se fosse um “produto” que se pode manusear daqui pra lá e de lá pra cá. Ela entendeu a sugestão do seu marido como insulto e humilhação à sua pessoa.

Meu compadre Ernani se mostrava orgulhoso da sapiência do seu menino. Lia-se este orgulho no seu jeito, enquanto de pé, recostado à mesa... Entrei na conversa.

- Pois é André! Podemos dizer que a Vasti foi uma mulher muito linda, mas, ao mesmo tempo, inteligente e confiante. Para ela estava claro que sua decisão colocava sua vida sobre o “fio da navalha”, mas e daí? Ela não precisava manter a sua posição social a qualquer custo. Era melhor ser colocada de lado; ter que divorciar-se e ir para o exílio, do que abdicar da sua dignidade interior.

- Concordo contigo Renato...

- Continua Valmi...

- A Vasti foi uma grande mulher. E ela se mostrou grande porque permaneceu fiel aos seus valores, mesmo em meio à crise. Para ela, a beleza do seu caráter era mais importante do que a beleza do seu corpo e todos os confortos palacianos.

O assunto da autoestima tinha mexido conosco. Ela, a autoestima é fator fundamental nas nossas vidas. Tínhamos refletido ali na sacada daquele prédio azul com profundidade leiga, sim, mas e daí? Nós tínhamos refletido. Vi que a Carmem queria dizer algo e não errei.

- Penso que para nos mantermos fiéis a nós mesmos; para conservarmos os nossos bons princípios e para ouvirmos nossa voz interior nem sempre é muito fácil. Há ofertas extremamente tentadoras batendo toda hora às nossas portas. No final das contas, depois da luta é que vem a hora da satisfação. A felicidade só se alcança com auto-estima e boa consciência...

Neste momento estourou um rojão dos grandes na vizinhança. Levantamo-nos e misturamos nossos assuntos. Faltava sol na praia...

27.12.11

2012 - Um bom ano pra Paola!


Neste final de 2011, fui visitar meu cunhado em São Gabriel (RS). Gosto muito daquela região da fronteira e tenho admiração pelo sotaque que transparece nas vozes daquela gente gaúcha. Foi na tarde do dia 31 de dezembro que me sentei debaixo da bergamoteira, na companhia da minha sobrinha Paola.

- Tio! A mãe disse que o senhor é pastor e que pode me dar uma “mãozinha” sobre a “palavra da Bíblia” que a professora de religião pediu para interpretar...

- Legal Paola! E que palavra bíblica é esta?

- Aqui ó Tio... Está escrita em Filipenses 3.13-14. Já li umas seis vezes, mas não entendo muito não: “Uma coisa eu faço: esqueço aquilo que fica para trás e avanço para o que está na minha frente. Corro direto para a linha de chegada a fim de conseguir o prêmio da vitória. Esse prêmio é a nova vida para a qual Deus me chamou por meio de Cristo Jesus.”

- Hummm! Interessante...

Ali, bem à minha frente, estava uma menina com olhos negros, cheia de curiosidade e expectativa para ouvir explicações de um tio pastor em férias num recanto gaudério. Acomodei-me na cadeira preguiçosa, sorvi mais um gole do verde chimarrão e reli o texto de Paulo. Ela, a minha sobrinha, me olhava, esperando resultados...

- Vamos lá Paola... O Natal passou – certo?

- Certo tio!

- Agora há pouco vi tua mãe jogando os restos dos ramos de cipreste que formavam a coroa de advento que estava sobre a mesinha da sala de vocês no lixo – certo?

- Certo tio!

- Os presentes que você recebeu no dia 24 já perderam um pouco do encanto – certo?

- Os senhor está certo tio!

- Agora, reflete comigo. O novo ano de 2012 já começa hoje à meia-noite. Sabe Paola! Por um lado eu me sinto um pouco entristecido pelo fato de já ter passado mais um ano de vida. Por outro, me sinto animado em relação ao futuro que vem aí.

- É! Eu já notei que o senhor tem certa dificuldade de se desfazer daquilo que conquistou. Ouvi a tia dizendo pra minha mãe que o senhor sofre com mudanças; que é meio conservador.

- Você é uma menina perspicaz. Sim, é verdade. Gosto de segurar algumas das minhas conquistas. O problema é que a “roda do tempo” continua girando implacavelmente e, tanto eu como você, nós não temos a mínima chance de ficarmos parados.

- Minha professora falou que precisamos dar passos à frente; deixar coisas velhas para trás; articular novos começos.

- E ela está certa Paola. O problema de quase todas as pessoas é que elas gostariam muito de fazer as duas coisas: Abraçar-se ao que deu certo e não poupar esforços no sentido de continuar conquistando o que lhes agrada.

- Tio! Ainda não estou entendendo o texto de Filipenses 3.13-14...

- É verdade Paola. Ficamos filosofando e tudo continua um pouco obscuro... O Paulo escreve que “esquece aquilo que fica para trás e que avança para o que está à sua frente.” (Filipenses 3.13)

- Será que daria para se dizer que o apóstolo está se declarando uma pessoa aberta para novas idéias e, ao mesmo tempo, focado no seu objetivo?

- Muito bem Paola! Paulo deixa claro que o passado não é capaz de detê-lo. Essa palavra sempre me impressiona.

- Por quê tio?

- Porque nela Paulo mostra toda a força; toda a energia que ele aplica para enfrentar os fatos que ainda virão pela frente. Nada pode detê-lo no seu intento.

- Acho que entendi. Quando o apóstolo escreve que “esquece”, ele não está comunicando o “esquecimento” dos fatos passados, mas deixando claro que estes fatos ocorridos não vão impedí-lo de continuar nos seus propósitos.

- Ótimo Paola. Paulo está abdicando dos acontecimentos passados e, ao mesmo tempo, avançando; investindo todas as suas forças e energias naquilo que, para ele, vale a pena.

- Tenho a impressão que o apóstolo esteja se mostrando um tanto ansioso para “mergulhar de cabeça” no novo projeto que tem pela frente.

- Isso! Isso Paola... Tua conclusão se mostra correta na leitura de Paulo: “Corro direto para a linha de chegada a fim de conseguir o prêmio da vitória.” Explique assim o texto na aula de Religião e vais te dar bem - odes ter certeza.

- Mas ainda falta alguma coisa tio...

- Você ainda pode colocar uma “cereja no bolo”.

- Como assim?

- Desafia tua professora e teus colegas a se perguntarem: Como é que isso é comigo? Onde é que eu me seguro para sobreviver no dia-a-dia? Quais são os meus objetivos? Eles perderão sua validade em um, dois ou 10 anos? Persigo um objetivo que valha a pena ser perseguido?

- Nossa tio... Deixa eu anotar isso...

- Sabe Paola. O Paulo sempre foi um sujeito que perseguiu “o prêmio da vocação celestial de Deus em Cristo Jesus” (Filipenses 3.14 b). Ou seja, ele sempre foi em busca da vida eterna que Deus reservou para ele. Esse sempre foi o seu foco de vida. Para ele, os outros objetivos se mostravam pequenos, quase inúteis. Paulo queria viver ao lado de Deus, o resto era história.

- Tio! Também tenho vontade de fazer isso: viver minha vida com Deus e gastar meu tempo; minha energia para alcançar este “prêmio”. É sério... Eu gostaria de investir tudo de mim para alcançar este objetivo. Como eu faço?

Eu estava estupefato. Ali, diante de mim, estava uma menina de 13 anos de idade, inteligente como ela só. Por um momento imaginei-a teóloga, atuando numa das Comunidades da IECLB como missionária; como catequista; como diácona ou como pastora. Neste instante nosso diálogo foi quebrado pela sua mãe, minha comadre que, mesmo simpática, acabou quebrando nosso diálogo.

- Paola! O tio está de férias. Vá terminar as tuas tarefas.

- Vá Paola! Continuamos a nossa conversa amanhã...

26.12.11

Consegue um quarto pra gente?


Quando José bateu à porta da estalagem em buscfa de abrigo para ele e sua Maria, o dono da mesma deve ter pensado: - “Esta mulher está para dar a luz e eu detesto gritaria de mulher no meu albergue. O que é que eu vou fazer? Não sou uma pessoa sem sentimentos, por isso vou abrir uma excessão. Sim, vou permitir que esse casal passe a noite na estrebaria. Lá eles terão a companhia de burros e camelos, mas em contrapartida a palha é quentinha. É isso daí!

Assim, Maria e José não tiveram outra escolha, senão acomodar-se naquele espaço insalubre. Logo depois que a criança nasceu, puseram-na dentro de um cocho (mangedoura) para não ser pisoteada pelos animais.

Passaram-se os anos e Jesus ficou conhecido em toda a Palestina. O tal dono daquela estalagem deve ter se atormentado com acusações do tipo: - “Meus canecos! Por que é que naquela noite eu não liberei um bom quarto para aquele casal? Se eu tivesse tomado essa decisão, certamente o nascimento do Filho de Deus teria sido mais tranquilo...

O fato é que o proprietário teve as suas razões para decidir daquele jeito. Agora, será que isso também não acontece conosco? Ando por aí e percebe que muitos se desculpam por não terem tempo para Jesus; por não darem espaço para o Filho de Deus em suas vidas.

O dono da estalagem perdeu boa oportunidade de promover um bom lugar a Jesus Cristo no seu pequeno hotel. Ora, O Salvador veio ao mundo com o objetivo de encontrar lugar em nossas vidas para nos oferecer paz. Ele não veio ao mundo porque os filhos de Deus eram queridos, mas porque Deus nos ama.

24.12.11

Quero asas em 2012!


Falar de cura e de salvação é referir-se a Jesus Cristo. Lembram do Bartimeu - o cego de nascença que foi curado por Jesus? Como ele, somos “pessoas cegas” quando estamos no escuro; quando não vemos mais saída; quando só nos envolvemos com nossos próprios problemas; quando só permitimos espaço ao passado em nós; quando não damos mais importância ao dia de hoje.

Importa “ver a vida” com outros olhos. Não penso em sanar deficiências visuais, mas em oportunizar boa reocupação às pessoas que estão à margem; promover perspectivas para quem vive tateando em lúgubres buracos de depressão. Sim! Estou apontando para um novo caminho; para uma nova rota que fica evidenciada na afirmação que se faz sobre Bartimeu: - “Ele seguiu Jesus”!

Jesus entende a cura como um caminho que leva à re-orientação. Essa cura não é fácil quando se faz da doença um vício. Muitas gentes optam por carregar doenças em suas vidas porque veem as mesmas como um “peso” mais leve do que a própria existência. Aqui, o novo caminho para a cura física e psicológica passa por uma decisão: - Chega! Vou mudar!

Li sobre uma jovem que sofreu um grave acidente, logo após a sua formatura em Medicina. Paraplégica, escreveu um livro intitulado: A dádiva da dor. Ela conta que pediu “pés” a Deus e que Este lhe deu “asas”. Asas que lhe promoveram maior aptidão para compreender e se envolver com seus pacientes leprosos.

16.12.11

Fome Saciada - 1 Reis 17.4 e 6!


Deus cuida de nós, mesmo quando não estamos contando com o Seu cuidado. Às vezes, Ele permite que passemos por situações difíceis. Quem já não passou por momentos complicados? No final das contas, certamente poderemos computar as dificuldades sofridas como boa escola onde muito aprendemos. Em 1 Reis 17.4 e 6 está escrito: - “Eu mandei que os corvos levem comida para você, Elias. E eles, os corvos, trouxeram, todas as manhãs e todas as tardes, pão e carne para você.”

A Bíblia dá atenção à animais. Se na Palavra de Deus os mesmos são pintados como queridos e ou assustadores – isso não vem ao caso. O que sempre importa é o valor simbólico da participação dos mesmos...

No texto em questão não são os corvos que ocupam o lugar central da história, mas o profeta Elias. Aqueles tempos eram difíceis para o povo de Israel. O rei Acabe tinha acabado de implantar, com “mão de ferro”, a idolatria no seu reino e, agora, estava forçando o povo a praticá-la. A vida estava simplesmente insustentável. Quase não havia perspectivas e o pior de tudo é que Jesabel, a rainha com a qual ele acabara de se casar, era muito dominadora; tinha sede de poder impressionante. Foi para dentro deste difícil contexto que Deus chamou o profeta. Deus o comissionou para anunciar ao rei Acabe que, doravante, não cairia mais nenhuma gota de chuva; não se formaria mais nenhuma gota de orvalho nas terras por ele governadas.

Elias deveria levar a sério o mandado de Deus. Ir viver contextualizadamente naquele inferno de seca e de necessidades. No verso 3 se lê a ordem de Deus: “Saia daqui, vá para o leste e esconda-se perto do riacho de Querite, a leste do rio Jordão.” Sim, Elias foi alimentado por corvos durante todo o tempo em que passou ali naquele lugar. Esquisito isso, não é? Será que, quando em dificuldades, também poderemos ser alimentados por corvos? Nossa cultura vê os corvos como aves imundas. Para nós é difícil pensar numa situação como a retratada na Bíblia, mas foi isso que aconteceu: Na história bíblica Deus mandou corvos levarem pão e carne ao profeta Elias. Por que Deus pediu ajuda justamente aos corvos? Ora, isto não vem ao caso. O que importa é que Deus matou a fome do seu servo Elias.

Livremo-nos desta imagem dos corvos tratando Elias com pão e com carne. Há momentos em que a Palavra de Deus se mostra como um pão duro, difícil de ser mastigado, indigesto até. Mas dura ou não, é a Palavra de Deus – sim senhor! Para Elias, os corvos pareciam não ser obstáculo para que ele aceitasse aquele alimento. Em Jeremias 15.16 lemos o profeta dizendo: “Comi as Tuas palavras. Elas encheram o meu coração de alegria e de felicidade.” Isso acontece tanto em tempos bons quanto em tempos difíceis. Na história, Elias ainda precisará mergulhar mais na pobreza e na privação, mas no final da mesma quem lhe trará pão será um anjo. Porque Deus cuidou dele, ele pode seguir sua jornada até o fim. Acontece o mesmo conosco...

15.12.11

Maria - Teste de gravidez positivo!


A pintura é inusitada. Nela percebemos que Maria leva um grande susto. Susto que pode ser percebido nas feições do seu rosto. Notem que na mão direita ela segura o “teste de gravidez positivo”. Com o choque, ela leva a mão esquerda à boca. Eis aí uma pintura da “Virgem Maria” como nunca vimos antes.

O pintor “batizou” este quadro de “Maria está viva e bem”. O cartaz foi pendurado numa das paredes da Paróquia São Mateus da Nova Zelândia.

Para Maria, a descoberta da sua gravidez é um choque porque é mulher jovem; pobre e solteira – argumentam as lideranças da Igreja. Ela certamente não foi a primeira nem a última mulher a experimentar esta situação.

Com a exposição deste quadro os cristãos neozelandeses tiveram a intenção de fazer frente ao “sentimentalismo banal” que sempre de novo se mostra nos tempos de Natal. Mais do que isso: A Igreja quer estimular a reflexão e a discussão sobre este assunto no seio da Comunidade.

13.12.11

Deus e Jesus estão aqui - 2 Samuel 7.1-16!


Eu vou pregar assim no próximo domingo. Vou pedir que pessoas se levantem na hora da prédica e façam perguntas; questões que vou responder do púlpito. De repente ajuda na reflexão destes tempos de Advento. Abraços!

Adamastor: Ô pastor! Vi nas Senhas Diárias que hoje a sua prédica vai se alicerçar sobre o texto de 2 Samuel 7.1-16... Nós já lemos o texto que fala do rei Davi e do profeta Natã. Sabe pastor, li que este rei foi muito competente, também em termos militares; que ele conseguiu unir todas as Doze Tribos de Israel num só Reino; que ele resgatou a “Arca da Aliança” de mãos inimigas para, logo depois, guardá-la com toda segurança em Jerusalém. É isso mesmo?!

Pastor: Muito boa sua leitura Adamastor. Sim, Davi foi um grande rei. A maioria dos Salmos o exalta como tal. O Antigo Testamento também testemunha que Davi tinha talento de sobra para a música. Só uma coisa lhe faltava para estabilizar o seu reino... Como você bem disse, Davi centralizou o poder em torno de si; do palácio seguro onde morava. Agora ele queria edificar um grande “santuário” com o objetivo de proteger a tal “Arca” da qual você falou há pouco. Mais do que isso, Davi tinha a intenção de concentrar a fé das pessoas que compunham o seu o Império, naquele referido “santuário”. Tudo estava se encaminhando para isso até que, de repente, o profeta Natã fez uma visita a Davi. O pessoal do “Acolhimento” passou para as mãos de vocês o texto bíblico de 2 Samuel 7.1-16, que vocês já devem ter lido...

Godofredo: Li o texto pastor! Entendi que Deus não quer um templo para Si. Que o “negócio” de Deus não é se “encastelar” num determinado lugar; numa determinada região; numa cultura pré-estabelecida... Fiz a leitura correta desta Palavra?

Pastor: Corretíssima Godofredo! Deus não simpatiza com afirmações do tipo: - “Olhem! Ele está aqui” ou “Prestem atenção! Ele não está ali!” Deus sempre se mostrou ao Seu povo como um Deus que conduz pelo meio do deserto; como um Deus que está desinstalado; como um Deus que é intinerante; como um Deus que prefere a instabilidade da barraca;como um Deus que não quer ser adorado num santuário; como um Deus que não quer ser acomodado num templo. Godofredo e Adamastor: Deus sempre se mostra mais preocupado em promover vida abundante às pessoas que vivem no mundo, do que se concentrar em lugares específicos.

Bernardino: Estava aqui ouvindo a conversa de vocês e decidi contribuir com a discussão: - Concordo com o senhor, pastor! No passado Deus conduziu o Seu povo da escravidão para a liberdade; deu-lhe os Mandamentos para ajudar na sua organização familiar e política porque sempre detestou a desordem e o caos...

Pastor: Excelente Bernardino! É exatamente por isso que Deus rejeita o “santuário” planejado por Davi. O sucessor de Davi, o Filho de Deus, é quem haveria de edificar este “Templo de Adoração”. Vocês estão percebendo a diferença entre a idéia de Davi e a idéia de Deus? O “Templo de Deus” deverá ser construído a partir do Nome de Deus. Este “Santuário” não deverá ser construído para Deus! Guardem isso Bernardino, Godofredo e Adamastor: Deus não se deixa domesticar. Ele sempre se faz presente lá o Seu Nome é pronunciado.

Edeltraud: Entendi pastor! É por isso que sempre iniciamos o Culto “em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo”. Estas palavras nos deixam claro que “Deus está no meio de nós”.

Pastor: Grande Edeltraud! É em Nome de Deus que batizamos crianças e que nos compromissamos no sentido de acompanhá-las na sua caminhada cristã. No momento do Batismo, quando mencionamos o nome de Deus, as crianças batizadas se convertem em filhas e filhos de Deus. Maquele momento o Nome de Deus é santificado - como testemunham os Mandamentos – porque Deus está no meio de nós, não porque estamos em um “santuário” ou porque participamos de uma Igreja. Deus está conosco porque invocamos o Seu Nome e nos reunimos em torno Dele; porque ouvimos a Sua Palavra; porque dirigimos as nossas orações a Ele; porque nos deixamos renovar por Ele. Jesus Cristo disse que Ele e Deus estão ali onde “dois ou três estiverem reunidos em Seu Nome”. Para nós, cristãos, está claro que Jesus Cristo é o Filho de Deus, Aquele que veio fazer do Nome de Deus um “Templo de Adoração”. O Reino de Jesus Cristo é de eternidade a eternidade, tal como o profeta Natã prometeu.

Ana Rita: Puxa pastor. Nunca aprendi tanto como hoje. Quer dizer que Jesus imita o Seu Pai quando não se permite o aprisionamento; quando se faz presente no pão e no vinho; quando se coloca ao nosso lado no dia-a-dia.

Pastor: Você Ana Rita, como os outros que usaram a palavra aqui neste lugar, me anima por causa do seu raciocínio claro. Sim, se Jesus não estivesse presente aqui e agora, a nossa fé não teria sentido. Jesus Cristo caminha de forma contextualizada conosco, no nosso tempo e se mostra interessado em cada uma, em cada um de nós. Ele se autodenomina “Templo Sagrado”. Templo “que será demolido e reconstruído depois de três dias”. Para Jesus também não é importante que Deus habite num lugar particularmente sagrado. Para Ele importa, isto sim, que Deus esteja conosco. Quando celebramos a Santa Ceia em nome de Jesus, como vamos celebrar daqui a pouco, então poderemos “saborear” a Sua presença como só a cristandade pode fazê-lo.

Arquimedes: Deduzi deste diálogo que Deus se permitiu a pregação na cruz para estar presente conosco na Santa Ceia, onde temos o privilégio de participarmos do Seu Corpo Vivo. Que coisa! Isso é um mistério da fé... Deus não se permite prender ou se deter num espaço “x” ou “y”, mas nós podemos incorporá-Lo em nós.

Pastor: Sim Arquimedes! Podemos incorporar Deus em nós, baseados na Sua Palavra que diz que “somos santos porque Ele é santo”. Onde Deus é chamado de Deus; onde orações e batismos são feitas em Seu Nome; onde se louva em Seu nome; onde a Santa Ceia é celebrada, ali está Deus. Nós temos esta promessa. Deus não está aqui porque construímos este templo há quarenta anos. Não! Este templo até pode nos ajudar a concentrarmo-nos Nele, nada mais. Deus está aqui porque nos ama. É como diz a canção: “Deus está presente, todos o adoremos, com respeito nos prostremos! Deus está conosco, tudo em nós se cale, Deus a nossas almas fale! Quem o ouvir ou sentir, baixe os olhos, crente! Vinde ao Pai clemente! Deus vem a nós no pequeno Menino Jesus.” Amém!

9.12.11

Jeremias - o entrevistado!


A nossa querida IECLB está fazendo deferência ao profeta Jeremias quando, na proposta de edificação da Igreja para o ano de 2012, nos desafia a trabalharmos o pequeno texto escrito em Jeremias 1.5a, onde se lê: “Antes que eu te formasse no ventre, te conheci.” Pois refleti e pesquisei sobre este profeta. Ói uma entrevista dele pra mim:

Entrevistador: Grande profeta Jeremias... Seja bem-vindo aqui na nossa Paróquia. Muitas pessoas se reportam ao senhor como sendo um masoquista. Há alguma razão para classificá-lo como masoquista?

Jeremias: De uma certa forma todos os profetas são masoquistas... É assim que as verdades inconvenientes que proclamamos ao mundo quase nunca trazem alegria a quem às ouve. Um teólogo do seu tempo escreveu que “aquele que ousa carregar a tocha da verdade não deve ser surpreendido com as fagulhas que possam vir a queimar suas barbas.” Hoje, tal como ontem, os profetas continuam sendo punidos com desprezo pelas pessoas. Na pior das hipóteses eles até são apedrejados. A vida é assim.

Entrevistador: Convenhamos! Este parece ter sido o seu caso. O senhor precisou se esconder durante anos por cusa das verdades que trouxe à luz.

Jeremias: É! Às vezes o preço que se paga por se ser profeta é altíssimo. O fato é que Deus não me prometeu um “jardim de rosas” quando me comissionou para pregar a Sua mensagem.

Entrevistador: Andei pesquisando um pouco sobre sua vida. O senhor tinha apenas 13 anos de idade quando foi chamado por Deus para ser profeta... Estou certo?

Jeremias: Sim, você está certo! Eu mesmo me sentia muito jovem naquela época. Minha vida era normal e eu me imaginava viver a mesma sem muitos percalços. A verdade é que o Plano de Deus foi diferente para mim do que para os outros da minha geração.

Entrevistador: O senhor poderia ter se poupado de muitos problemas e tristezas. Num dado momento o senhor optou em carregar uma canga pesada sobre os ombros. Reza a História que naqueles tempos o senhor sofria de uma terrível depressão que o corroía por dentro.

Jeremias: Sim, sim, eu poderia... Claro que a minha vida nunca foi um piquenique, mas mesmo assim posso dizer que experimentei felicidade. O meu sofrimento sempre teve um sentido. Nunca guardei segredo da verdade. Sempre expressei minha opinião de forma muito clara e transparente. Se eu quisesse me livrar da dor, então teria que ter me curvado diante dos poderosos da minha época. A questão é que se eu tivesse feito isso, então eu teria me sentido o mais infeliz de todos os homens.

Entrevistador: Até aí eu consigo acompanhar o seu raciocínio. Agora, o que eu não consigo compreender direito é o por quê dos políticos e conterrâneos de sua época o terem perseguido tanto; porque é que eles lhe dificultaram tanto a vida? Ele machucaram o senhor e, como se isso não bastasse, até pediram a Deus que Ele mesmo o castigasse. Inconcebível isso! Logo com o senhor que se entendia como um Parceiro de Deus!

Jeremias: Tudo bem, mas eu também tinha as minhas manias e, às vezes, também devo ter incomodado a Deus...

Entrevistador: Incomodado a Deus? Ora, ora! O senhor era o Porta-voz de Deus! Sem o senhor Deus não poderia ter dialogado com o povo! Em vez de pedir que Deus lhe agradecesse, o senhor pediu que Ele “lhe corrigisse”! Explique melhor essa sua atitude.

Jeremias: É verdade, mas continue refletindo comigo... Eu disse: “Puna-me com moderação e não faça cair a Sua ira sobre mim a ponto de me destruir completamente”. Eu entendo que nós, você eu, tenhamos “idéias diferentes” a respeito de “disciplina”. Você provavelmente está pensando em flagelação ou algo parecido. Eu não quis isso para mim. Às vezes eu apenas me preocupava com o fato de que eu poderia ultrapassar o alvo que Deus queria alcançar. Eu tinha receio de pregar sobre as verdades desconfortáveis de Deus e, na pregação, torná-las maiores do que elas de fato eram. O pior pecado que um profeta pode cometer é ser presunçoso. Para mim o profeta presunçoso é aquele não consegue mais distinguir se a sua palavra vem de Deus ou de si mesmo.

Entrevistador: Entendo...

Jeremias: Foi para evitar este perigo que pedi a Deus que “me corrigisse”. Eu não queria ser um daqueles profetas “sabichões” que, naqueles tempos, pululavam à nossa volta. Dizia-se deles que eram nacionalistas; que eram pagos para falar o que falavam. A gente não se sentia seguro se as suas falas eram de Deus ou se provinham deles mesmos.

Entrevistador: Sei!... Esse tipo de profetas também existe no nosso meio, aqui no século 21. Eles sempre sabem exatamente a vontade de Deus e nunca se mostram dispostos a serem questionados.

Jeremias: Observe que, mesmo para estes profetas “nacionalistas”, eu desejo algum tipo de “correção”. Não que eles sofram de dor, mas que eles possam recuperar o que distingue os falsos dos verdadeiros profetas: a humildade.

Entrevistador: Obrigado pela entrevista Jeremias...

Advento - Da escuridão à luz!


Em 2 Crônicas 33.12-13 se lê: “No seu sofrimento Manassés orou com fervor ao SENHOR, seu Deus; cheio de humildade, ele se arrependeu diante do Deus dos seus antepassados. Deus ouviu a sua oração e atendeu o seu pedido, deixando que ele voltasse para Jerusalém e fosse rei de novo. Aí Manassés declarou que o SENHOR é Deus.”

As noites começam a ser mais quentes, agora, em dezembro de 2011. Neste período do ano, já se pode ficar sentado ao ar livre, curtindo o silêncio das altas horas. Foi o que eu fiz um dia destes: sentei-me na área dos fundos da casa onde moro para ainda “curtir” o tempo de Advento. De repente, um barulho estranho me chamou atenção. Um inseto batia suas asas com extrema força no vidro do abajur que estava sobre a mesinha de centro. O problema dele era o vidro denso; aquele tapume fortíssimo que “matava” seu desejo de se chegar à luz; que lhe tirava a liberdade de se chegar mais perto da luz. Pensei em ajudar aquele inseto, encaminhando-o pelo grande espaço aberto na parte alta e na parte baixa do abajur. Por que é que aquele inseto insistia em se aproximar da luz através do caminho impossível pois, como eu já explicitei, havia uma abertura em cima e outra embaixo para ele acessar a lâmpada que iluminava meu ócio. O problema é que a claridade o enganava. As laterais do abajur precisariam escurecer para que aquele inseto compreendesse qual o caminho que deveria tomar.

Volto meu pensamento pro texto de 2 Crônicas e “mergulho na História de Israel. O rei Manassés foi um dos piores governantes da sua época. Quem não se encontrava próximo para deixar se deixar persuadir por suas palavras, era obrigado a crer nelas. O profeta Isaías e muitas outras pessoas passaram apertado com o jeito de governar desse rei. A vida de Manassés mudou somente no dia em que ele foi levado cativo pelos assírios; quando ele precisou amargar bom tempo numa prisão babilônica. Ali, no silêncio; no ócio; na solidão; na amargura foi que ele, o grande Manassés, entendeu que “Deus é Senhor”. (v. 13)

Porque é que isso sempre precisa ser assim? Porque é que, primeiro, nós quase sempre precisamos passar apertos, para só então percebermos o caminho certo a ser tomado? Será que nós também precisamos passar pela experiência do rei Manassés? Ele, durante anos, passava batido pelo conselho de Deus, mesmo que Deus o quisesse trazer de volta ao caminho certo.

Volto meu olhar pro inseto que continua a lutar com o vidro do abajur. Ele está exausto. Mesmo assim ele insiste em perfurar o vidro opaco. Daí então eu pequei uma toalha que estava pendurada no varal e enrolei o vidro do abajur. Naquele momento a luz brilhou tanto na parte baixa como na parte alta do abajur que a indicação do bom caminho ficou explícita. A luz que antes brilhava sem muita intensidade, estava apagada. O inseto entendeu as diferenças do contexto e, mais rápido do que eu imaginei, se achegou pertinho da luz pelo caminho de cima. Por que é que o tal inseto só tomou aquela decisão libertadora naquele momento? Será que a luz opaca lhe prometia mais liberdade?

Fiquei com a impressão de que o mesmo acontece conosco. Nós nos deixamos enganar por certas luzes que, na realidade, não nos oferecem boa claridade. Jesus Cristo disse que “Ele era a luz do mundo e que quem o seguisse não andaria nas trevas, mas teria a luz da vida.” (João 8.12) O que estamos esperando? Agora, eis a oportunidade de confiarmos em Jesus; de optarmos pela verdadeira luz. Nomino A vela de “verdadeira luz”!

8.12.11

Advento - Luz no final do Túnel!


Sempre gostei de atravessar túneis. Quam vai de Curitiba a Morretes de trem atravessa um deles. Ouve-se gritos nesta travessia. O pessoal se diverte, mas no fundo muitos sentem uma pontinha de medo. Certa vez, na Europa, atravessei um túnel de 24 km. Num dado momento comecei a ansiar pela luz do sol. Confesso que, lá no meio, senti um friozinho na barriga.

É assim que quando se adentra num túnel, sempre transparece um pouco de ansiedade em mim. Entendo que o momento mais bonito da travessia é quando começo a divisar a abertura final; é quando, finalmente, percebo a luz do sol brilhando com intensidade. Estas são as duas pontas de um túnel. Mas ainda há a sua parte superior, lá bem acima do túnel; lá onde crescem as gramíneas; lá onde o gado pasta.

De repente é assim que as pessoas que passeiam por lá, acima do túnel, nem estejam se dando conta daquilo que é verdade logo abaixo dos seus pés. Sim abaixo dos nossos pés há túneis.

Certo dia Jesus ouviu uma pergunta e respondeu: — Os que têm saúde não precisam de médico, mas sim os doentes. (Mateus 9.12) Este verso bíblico deixa claro que Jesus não se dirige às pessoas que caminham sobre o túnel. Ele diz não dar muita atenção às pessoas que se mostram fortes e que sempre parecem estar de bem com a vida. Para que se preocupar com esse pessoal que leva sua vida na maciota; que não sabe absolutamente nada sobre escuridão; que nunca experimentou solidão e nem têm noção do que pode ser um abismo na vida?

Podem crer, grande é o exército de pessoas marcadas pela melancolia; de pessoas que são atormentadas pela tristeza e pelo medo. Os psicólogos nos confortam dizendo que estas tais pessoas carregam seus sentimentos mais à flor da pele; que elas são pessoas mais profundas no seu pensar. É neste contexto que muitos gostam de se lembrar de Gohte que, um pouco antes de morrer, pediu aos seus criados: “Abram a janela do quarto, para que entre mais luz”. Ele escreveu num dos seus poemas: “Tudo os deuses dão, os infinitos, A quem amam, por inteiro: Todos os prazeres, infinitos, Todos pesares, infinitos, por inteiro.”

Esta palavra não chega a ser um bom consolo para quem se mostra triste; ensimesmado. Para mim, o decisório é se eu fico parado na boca do túnel; se eu mergulho na escuridão solitária; se eu me encharco de tristeza ou se eu me carrego para a outra ponta do túnel, lá onde existe a luz; lá onde Jesus brilha dentro da escuridão.

É a partir de Jesus Cristo que eu acabo me dando conta que careço de ser abraçado e carregado. É a partir do Filho de Deus que eu sei que vou vê-Lo quando estiver do lado de fora, totalmente dentro da luz.

6.12.11

Introversão e extroversão!


- Parabéns pra ti Galego!

- Oh! Obrigado Otávio... É verdade! Estou diplomado. Agora é correr atrás da máquina.

- Ah, mas o que é isso? Você é um vencedor. Um sujeito extrovertido. Vais te dar bem na área da Psicologia. Disso eu tenho certeza.

- Você me vê mesmo como “extrovertido”?

- Sim! Outro dia andei lendo sobre o grande psicólogo Carl Gustav Jung. Ele foi o sujeito que mais estudou a personalidade humana no contexto das relações do homem com o mundo externo.

- Certo Otávio. Jung, como poucos, debruçou-se sobre o tema da “comunicação” entre as pessoas. Fale-me mais das tuas impressões. Fiquei curioso para ouvir um leigo falando sobre este assunto!

- Me corrige se eu estiver errado. Quando as pessoas preferem focar a sua atenção no mundo externo, lá onde acontecem os fatos, elas são “extrovertidas”. Agora, quando elas optam em focar sua atenção no mundo interno de representações e de impressões psíquicas, aí então elas são “introvertidas”.

- Muito bom Otávio! Fale mais...

- Entendi que a “introversão” e a “extroversão” representam a preferência natural do indivíduo no seu modo de se relacionar com o mundo, semelhante à preferência pelo uso da mão direita ou da mão esquerda. Quer dizer, o sujeito “introvertido” gosta de refletir. Já o “extrovertido” de agir. Mais eu não sei Galego!

- Puxa Otávio. Caiu-me o queixo. Vou te trazer mais algumas informações: A pessoa “extrovertida” tem uma energia que flui de maneira natural para o mundo externo dos objetos, dos fatos e das pessoas. Ela é mais impulsiva, ou seja, age antes de pensar; se comunica bem; se socializa com facilidade. Não vê dificuldade nenhuma pra falar em público.

- Estudei um pouco de Psicologia no meu curso de Filosofia. Sabia disso Galego? Meu professor sempre dizia que a mulher e ou o homem “extrovertido” deixam os seus desejos fluírem de dentro para fora.

- Certo! O indivíduo “extrovertido” vai confiante ao encontro do objeto e esse “ato confiado” favorece muito a sua adaptação às condições externas. O indivíduo “introvertido” não tem esta facilidade.

- Vivendo e aprendendo! Puxa Galego! Fiquei curioso para saber mais a respeito da pessoa “introvertida”. Conta aí cara!

- A pessoa “introvertida” direciona a sua atenção para o seu mundo interno de emoções e de pensamentos. Nela observa-se uma ação voltada do exterior para o interior. Se você observar bem, pessoas “introspectivas” sempre demonstram hesitabilidade; pensam muito antes de agir; têm postura reservada; retraem-se socialmente; retém suas emoções; mostram-se discretas e, geralmente, tem facilidade de expressão no campo da escrita.

- Galego! Tu és um grande professor!

- Menos Otávio, menos. Só permite que eu conclua minha linha de raciocínio. O “introvertido” ocupa-se dos seus processos internos que são suscitados pelos fatos externos. É dessa forma que o tipo “introvertido” se diferencia do “extrovertido”: Ele sempre faz a opção pelos fatores subjetivos, nunca pelos aspectos objetivamente dados.

-Galego! Que aula... Então, para o psicólogo Jung, “a extroversão e a introversão são duas atitudes naturais, antagônicas entre si”.

- Isso Otávio! E harmonizar estas duas tendências supõe uma suprema arte de viver... Podes crer!...

2.12.11

Advento - Cavar Poços!


Estou me ocupando com o tema Advento. Aqui reparto mais um texto com todas e com todos vocês. Começo o mesmo com este texto de 2 Reis 3..15-16 e 20: “E quando o harpista tocava nas cordas, a mão do Senhor veio sobre Eliseu, e disse: Assim diz o Senhor: - Façam neste vale covas e covas. Pela manhã ao apresentar-se a oferta de manjares, eis que vinham as águas pelos caminhos de Edom: e a terra se encheu de água.” (2 Reis 3.15-16 e 20)

Naquela época eu tinha uns 18 anos de idade. Meu melhor amigo precisava fazer uma vala de dois metros, rente à parede do porão de sua casa e me pediu ajuda. Trabalhamos o dia inteiro naquele buraco, enquanto chovia. O barro grudava na pá e assim ela ficava pesada. Volta e meia a terra caia de volta na vala. Nunca me esqueço daquele trabalho duro. É mais ou menos dessa forma que a gente vai se insinuando por dentro da vida, com luta dura.

Em 2 Reis 3 nos é contada a história de como o rei de Israel chamado Jorão e seu amigo, rei de Judá, chamado Josafá, lutaram contra o rei Moabe. Eles usaram todo o seu exército contra Moabe. Causa estranheza o fato de que os dois reis decidiram atacar justamente o flanco oriental daquele reino inimigo. Para levar a cabo o seu intento, eles teriam que viajar durante sete dias através do deserto. Vamos combinar que essa deve ter sido a melhor estratégia. O problema é que, de repente, se lê no texto que eles não tinham mais água para beber. Quando, hoje à tarde, eu li este texto pela primeira vez, pensei: - “Mas faça-me o favor. Quem articula um exército através do deserto deve se preocupar antecipadamente com grandes reservatórios de água.” Mas daí então, num segundo momento, eu olhei para a minha própria vida espiritual e fiquei pensativo. Quantas e quantas vezes eu decidi caminhar em frente e, de repente, me dei conta de que estou sem água para matar minha sede em meio as desertos espirituais pelos quais eu cruzo...

Quando fazemos experiências deste tipo, podemos reagir como rei Joram: - “Ai, ai ai... Deus está nos colocando na mão de Moabe porque quer nos punir.” (2 Reis 3.10)Pode ser que reajamos como Josafá: - “Não existe nenhum profeta de Deus aqui nestas paragens para que consultemos ao Senhor através dele?” (2 Reis 3.11) Depois de toda esta reflexão, eles vão ao encontro de Eliseu que os instrui a cavarem buracos no chão do deserto. Percebam que o profeta não faz nenhuma magia; não usa nem um nenhum pó de pirlimpimpim; não queima incensos, mas apenas os desafia a cavarem um poço, a trabalharem duro. Perceberam? Estamos novamente falando a respeito de “escavação”.

Às vezes Deus nos pede coisas que nós ainda não sabemos para que essas coisas são boas. Esta confiança para fazer as coisas sob a instrução de Deus, mesmo sem entender muito bem o seu significado, é uma das lições mais difíceis e ao mesmo tempo mais caras de serem aprendidas pelos seguidores de Jesus Cristo.

Felizmente as águas brotaram de dentro dos poços que foram cavados. Foi Deus quem fez acontecer a água ali naquele deserto. Ele, com certeza, também vai encher os poços que você cavar com a água do Espírito Santo. Aquele que cavou o poço maior, receberá mais água. Absorvam esta Palavra na vida de vocês. A vida de cada uma e de cada um aqui presente será inundada pela água de Deus. Neste dia, todo o teu trabalho; todo o teu suor; todo o teu desgaste; todo o teu esforço terá valido a pena...

1.12.11

Advento - e se faltar água?



Continuo refletindo sobre a água. No Salmo 36.9: “Tu és a fonte da vida, e, por causa da tua luz, nós vemos a luz.” Ora, a água é vida. Às vezes nós até podemos considerá-la como a nossa grande doadora de energia. Sempre foi assim que as pessoas tiraram “vantagem” da água. Nós aqui de Santa Catarina sabemos mais do que ninguém que a água tem muita força; que ela muito poder. Aliás, quem presta atenção na natureza, percebe isso que acabei de dizer.

Quase ninguém acredita, mas é verdade: O rio chinês “Huang He”, que também é chamado de “rio Amarelo” (veja a foto dele acima)transporta, a cada ano, em torno de dois bilhões de toneladas de lama até sua foz. As fotos e as imagens dessa região mais ao norte do Equador sempre de novo assustam. Elas nos deixam pasmos porque mostram grandes porções de terra que acabaram secando; acabaram se desertificando por falta de água. Nessas regiões banhadas pelo referido “rio Amarelo” se veem muitas pessoas passando por extremas dificuldades por cusa da falta de água.

Na Alemanha convive-se com um fenômeno bem diferente. Imagino que vocês já leram; já ouviram falar a respeito do escoamento do “rio Danúbio”. Num certo trecho este rio perde muita água nas rachaduras; nas fendas; nas entranhas das montanhas por entre as quais ele corre. Às vezes esta infiltração é tamanha que chega a baixar assustadoramente o seu leito. Aí então, depois de dois dias, essa mesma água “desaparecida”, reaparece a 12 km de distância, a 174 metros mais abaixo de onde tinha sumido. Daí então esta água passa pelo “Bodensee” e segue seu curso com “status” de água limpa, até o Mar do Norte. O restante da água do rio Danúbio acaba desaguando no Mar Negro.

Pois eu carrego a firme impressão de que na nossa vida existem situações bem semelhantes a esta que o rio Danúbio apresenta! Nós, muitas vezes, também perdemos as nossas energias vitais por causa de banalidades que se atravessam no nosso caminho. Isso não acontece com vocês? Às vezes sentimo-nos completamente “secos”; “esgaçados”, depois de “darmos duro”; depois de darmos conta de todas as nossas tarefas. Nessas horas eu me pergunto: - Será que essa nossa perda de energias não é muito maior do que a oferta de nova energia que nos é oferecida? Tal como a terra que se vai com o rio Amarelo, muitas das nossas energias também se vão na “correnteza” do cotidiano.

Em João 4.14 Jesus nos promete que “a pessoa que beber da água que Ele lhe der nunca mais terá sede. Porque a água que Ele lhe der se tornará nela uma fonte de água que dará vida eterna.” Jesus é a fonte que nunca seca e da qual podemos retirar a cada novo dia, as “substâncias” necessárias para a nossa vida. Hoje Jesus nos presenteia com “água viva”. Amanhã e depois Ele continuará nos presenteando com a mesma, se lhe pedirmos que o faça.

30.11.11

Água pro Advento!


Um cardume de peixes nadava num rio. Os peixes do cardume conversavam entre si. Um deles disse: - Eu carrego a forte impressão de que a nossa existência depende da água. O problema é que eu nunca vi água. Não sei se vocês pensam como eu. Eu simplesmente não sei o que é água. Vocês sabem?

Um peixe que nadava perto daquele que tinha aberto seu coração reagiu: - Olha! Eu ouvi dizer que no mar existe um Peixe muito grande e sábio. Ele conhece todos os segredos da vida. Quem sabe a gente nada até Ele. Quando O encontrarmos, vamos pedir-Lhe que nos mostre a água.

Assim fizeram. Nadaram longos dias a favor da correnteza do rio e chegaram ao mar. Lá encontram o enorme e sábio Peixe. Este ouviu a voz do cardume e disse: - Oh peixes incultos. Vocês vivem na água; se movimentam na água e mesmo assim não sabem o que é a água? Por favor!

Tal como os peixes que, sem saber, vivem na água, assim também a cristandade que foi batizada e, por isso mesmo, está ligada a Jesus Cristo, vive em Deus, no mar do Seu amor. Mesmo assim são muitos os cristãos que perguntam: Onde está Deus? O que é que deus tem a ver com a minha vida? O apóstolo Paulo respondeu esta pergunta a 2.000 anos em Atos 17.28: “Nele vivemos, nos movemos e existimos.”

Este versículo nos dá a impressão de que Paulo sabe do que está falando. Mais do que isso, de que Paulo conhece Aquele sobre quem está falando. Esta é a diferença entre opinião e testemunho. Paulo testemunha como ele experimentou e experimenta Deus. Ele foi tão preenchido por Deus que não conseguiu mais viver sem se doar para as pessoas a partir de viagens sem fim, prédicas e horas de oração.

Paulo não era um desses entusiastas fanáticos que se pautam em “Teologias Redondinhas”, mas um homem que teve contato com Deus; um homem que tinha ciência do que tal “contato” pode significar para uma pessoa. Ele também não era um destes “crentes egoístas” que circulam por aí e que só conseguem pensar que sua experiência os faz pessoas tremendamente “especiais”. Nada disso! Paulo queria que todos soubessem o quanto eles (as pessoas que lhe eram próximas) eram importantes para Deus. Daí que o pequeno texto que lemos a pouco não fala de destino, mas do fundamento da vida e do pensamento.

26.11.11

Advento!


O Advento, esta época de preparação para a Celebração do Natal, surgiu nos anos 400 a.C. Naqueles tempos a duração do Advento variava de sete e quarenta dias. Sabe-se que a Igreja Católica Apostólica Romana sempre só festejou quatro Domingos de Advento. Já a história nos confirma que as Igrejas da Reforma adotaram esse tempo de quatro semanas ssomente a partir do ano 600 d.C. É interessante observar que o Primeiro Domingo de Advento só começou a ser comemorado como início do Ano Eclesiástico, em meados dos anos 800 d.C. Assim, desde os primórdios da Era Cristã, o Advento foi caracterizado como um um tempo de penitência; de se fazer jejum; de se preparar para as Festas de Aniversário do nascimento do nosso Senhor Jesus Cristo.

O Tempo de Advento, assim como nós festejamos hoje, não é um tempo de só se pensar na vinda do Senhor Jesus, tal como nos ensinam as Histórias Bíblicas do Novo Testamento. O Tempo de Advento também nos desafia a olharmos, a nos ocuparmos com o futuro; com a vinda do Senhor Jesus Cristo que vem governar este mundo; fundar a Nova Jerusalém (o Novo Céu e Nova Terra). É nesta tensão entre o ontem e o amanhã que experimentamos o Advento; o Momento Daquele que está por vir novamente ao nosso encontro; o momento Dquele que sempre de novo se apresenta a nós de forma renovada; o momento Daquele que nos convida a arrepender-nos, a transformar-nos, a converter-nos dos nossos caminhos para o Seus caminhos.

O Advento abre o Ano Eclesiástico. Nos próximos dias nós só nos ocuparemos com a entrada de Jesus em Jerusalém e também com o Reino do Futuro que será instalado entre nós com a vinda de Jesus a este mundo. O Momento de Advento quer nos impulsionar na direção do caminho que conduz à vida. O Advento não é um recomeço repetitivo, mas, sempre de novo, uma nova experiência em nossas vidas.

A Palavra de Apocalipse 1.8 ganha forma no Advento: “Eu sou o Alfa e o Ômega, diz o Senhor Deus, o Todo-Poderoso, que é, que era e que há de vir”. Se, por um lado, nos alegramos com a aparição de Deus em carne e osso, a partir do útero da Maria, por outro lado, nos conscientizamos da nossa indignidade para recebermos o Senhor dos Senhores. É por isso que, nestes tempos de 2011, somos chamados a nos lembrarmos do nosso Batismo; a nos arrependermos para alcançarmos a remissão dos nossos pecados; a irmos ao encontro de Jesus Cristo que nos torna dignos, enquanto rumamos à manjedoura que, no fim das contas, também conduz à cruz.

Porque nós podemos nos alegrar com a amor de Deus que brota da cruz, também podemos cantar com Maria, nesta época que antecede o Natal, o “Magnifcat”: “A minha alma anuncia a grandeza do Senhor. O meu espírito está alegre por causa de Deus, o meu Salvador.” (Lucas 1.47)

25.11.11

Um desdentado no Estudo Bíblico!


- Ah Arthur! Não me diga que tua Comunidade Cristã só se limita aos Cultos.
- Sim, só aos Cultos. Algum problema?
- Amigão! Acorda... Toda e qualquer Comunidade Cristã tem o compromisso de se colocar ao lado das pessoas que, no cotidiano, experimentam tribulações.
- Me explica melhor isso!
- Vou dar um exemplo: Você respira com dois pulmões – certo?
- Claro! Não sou asmático...
- É isso. A Camunidade Cristã ama a Deus e ao próximo. Respira com seus “dois pulmões”.
- Interessante! Nunca tinha me dado conta disso daí.
- Guarda isso: Se uma Comunidade Cristã, a partir da Diaconia, mostrar compromisso social, daí então, naturalmente, o seu Culto será percebido como mais verdadeiro.
- Deixa eu ver se entendi: Não posso me sentir bem estudando a Bíblia, se um desdentado estiver sentado ao meu lado!
- Isso Arthur!

23.11.11

Agradecer!


Umas vezes me vi como um realejo, mas sempre quis me parecer com um órgão.
O realejo está programado para repetir sempre as mesmas músicas. Já no órgão dá para se musicar infinitos louvores.

Quem se dispõe a agradecer a Deus, sempre encontra boa inspiração para descobrir novas formas de louvor. Ofertas de gratidão nada tem a ver com coletas ou com caridades, mas com dor. Não é fácil ofertar algo a Deus, mas quem ousa ofertar, bênção especial alcança!

Quem oferta a Deus deixa claro que sempre exaltará o Seu nome, mesmo em momentos difíceis. O que oferta a Deus reflete sobre a atuação Dele em sua vida. Nesta hora só resta agradecer; louvar.

Só discirno a diferença entre claridade e escuridão quando me paro a agradecer. O agradecimento faz com que eu me paute em Deus que pode mudar todas as coisas. Quando olho para Deus, deixo de olhar para mim e isso me liberta de mim mesmo; me aproxima de Deus.

Deus me ama e pode me ajudar; pode me salvar! Por tudo isso, agradeçamos a Deus! Quem agradece; quem louva a Deus experimenta a promessa divina da vida nova. Eis uma boa "dica" para esse pré-advento que vivenciamos.

22.11.11

Marilyn Monroe – alô!


Gosto dos Salmos. No Salmo 50.15 se lê: “Se me chamarem no dia da aflição, eu os livrarei, e vocês me louvarão.”

Lembram da Marilyn Monroe? (1926-1962) Aquela artista de cinema tinha tudo o que uma garota pode sonhar: sucesso; fãs; publicidade; riqueza e beleza. Sabe-se que ela morreu por causa de uma overdose de medicamentos para dormir.

Um biógrafo testemunhou que a encontraram segurando o telefone em uma das mãos no leito de morte. Dele se ouvia: “Esse número não existe”. Não se sabe para quem Marilyn Monroe tentou ligar em busca de ajuda.

Penso que faríamos bem se nos contactássemos com Deus neste tempo de Advento que se aproxima. Quem não leva em conta este recado está vivendo perigosamente.

18.11.11

Síndrome de Burnout!


- Ô Gilberto! Você é um viciado em trabalho. Não tem mais nem tempo para os amigos.

- Pois é! Nem para os amigos, nem para a esposa e nem tampouco para os familiares. Não sei o que está acontecendo comigo. O fato é que ando me sentindo meio doente.

- Ih rapaz! Tens que tomar cuidado com isso. Li no Wikipédia que isso aí que tu estás sentindo se chama “Síndrome de Burnout”.

- O que é isso Rui?

- É a doença das pessoas que trabalham mais do que lhes é exigido. Lá na firma tenho um colega que sofre disso daí. Ele tem verdadeira compulsão pelo trabalho. Outro dia a esposa do patrão o aconselhou a baixar o ritmo, mas ele não consegue.

- Nossa mãe do céu! Às vezes me lembro que no começo eu trabalhava com satisfação e prazer. Hoje isso não é mais assim. Eu sei que algo está errado comigo.

- Tá vendo Gilberto. Primeiro o sujeito se esgota física e mentalmente. A “cavalo” deste problema vêm os distúrbios psíquicos de caráter depressivo que se instalam no organismo. É aí que a “vaca começa a ir pro brejo”.

- Que coisa! Nunca tinha ouvido falar...

- Pode crer. Esses dias eu comentei com alguns amigos lá da fundição sobre o nosso companheiro de trabalho sobre o fato de que ele sempre fica medindo a sua auto-estima na sua capacidade de realização; no seu sucesso profissional. O cara é um idealista; um perfeccionista - isso é o que ele é.

- Tua conversa está me preocupando Rui... “Síndrome de Burnout”... Em Inglês “burn out” quer dizer “queimar por completo”, certo?

- Isso mesmo Gilberto.

- Cara! Preciso de ajuda...

17.11.11

Evangelho não é só discurso - é também diaconia!


Outro dia, a caminho da padaria, senti o cheirinho do pão fresquinho. Hummmm!... Olhei pro lado e percebi uma cena diferente das que estou acostumado a presenciar. Tantos só veem coisas sensacionais acontecendo à sua volta e, assim, quase nunca prestam atenção aos pequenos detalhes que se dão no dia-a-dia. Pois eu vi algo bem simples que, para mim, acabou sendo uma sensação. Curiosos?

Dois homens estavam descarregando um caminhão de farinha. Claro que os sacos eram pesados. Isso dava para se perceber nos semblantes dos carregadores. Um deles era pessoa com deficiência, pois faltava-lhe um braço. Este tinha certa dificuldade para equilibrar os pesos que carregava. Sim, ele gastava uma tremenda energia para equilibrar seu corpo, debaixo de todo aquele peso que lhe punham nas costas.

Daí então passei a observar seu companheiro de trabalho, que sempre se mantinha atrás de seu amigo e nunca se afastava do mesmo. Chamou-me a atenção que ele mantinha um dos seus braços livres, enquanto descarregavam a mercadoria. Se, de repente, precisasse ajudar, ele estaria apto a fazê-lo. Que coisa! Ele estava de prontidão para apoiar seu colega, caso fosse necessário.

Parei... Fixei meus olhos nos dois trabalhadores. Devo ter ficado boquiaberto. Que coleguismo! Que interação! Que apoio encantador! Ali estavam dois homens “garrudos” que estavam acostumados ao trabalho duro; à luta para pôr o pão à mesa e, ao mesmo tempo, praticando a proposta do Evangelho. Isso mesmo! O Evangelho estava acontecendo ali, diante de mim. Deus estava me mostrando um pequeno sinal dos caminhos que podem acontecer entre nós.

15.11.11

Palavras de maldição ou de bênção?


É sabido que a fala, que o discurso tem muito poder. Com uma “boa fala” pode-se convencer multidões de que “esta” ou de que “aquela” proposta valem a pena. As pessoas, uma vez convencidas a partir de um “bom discurso”, não medem mais esforços para ir em busca do objetivo apontado. O nosso passado testemunha isso que acabei de expressar. Um exemplo clássico do poder da sedução do discurso foi o regime nacional-socialista, liderado por Adolf Hitler e seus assessores. Aquela gente soube articular suas idéias com muito sucesso, a partir do poder das suas palavras. Era dessa forma que eles manipulavam; que eles induziam o povo ao erro. O nosso ex-presidente brasileiro também soube articular muito bem os seus verbos, enquanto no poder. Lembram das “arapucas” que tanto os amigos como os inimigos lhe aprontaram? Ele saiu ileso de todas elas, sempre articulando boa comunicação. Sim, um manipulador pode fazer uso deliberado das palavras e, com isso, chegar onde quiser chegar; induzir quem quiser induzir. Isso também acontece nos quadros da Igreja. Foi pensando nela que reli Tiago 3.5-8...

3.5 - É isto o que acontece com a língua: mesmo pequena, ela se gaba de grandes coisas. Vejam como uma grande floresta pode ser incendiada por uma pequena chama! 3.6 - A língua é um fogo. Ela é um mundo de maldade, ocupa o seu lugar no nosso corpo e espalha o mal em todo o nosso ser. Com o fogo que vem do próprio inferno, ela põe toda a nossa vida em chamas. 3.7 - O ser humano é capaz de dominar todas as criaturas e tem dominado os animais selvagens, os pássaros, os animais que se arrastam pelo chão e os peixes. 3.8 - Mas ninguém ainda foi capaz de dominar a língua. Ela é má, cheia de veneno mortal, e ninguém a pode controlar.

Hoje há muitos que disseminam ódio a partir das palavras que proferem. Não é segredo de ninguém que, nestes dias, alguns poucos líderes islâmicos seduziram e continuam seduzindo pessoas e grupos para que doem suas vidas em prol da dor de terceiros. Ora, o poder da palavra está aí. Se diz que não existe arma com poder de fogo igual ao exercido pela palavra. É muito simples destruir-se uma pessoa com o uso da palavra. O texto de Tiago nos desafia a prestarmos muito mais atenção à língua, depois de todos os sofrimentos que experimentamos na última década. Ele explicita que a “lígua é fogo”; que ela tem o poder de infernar a vida das pessoas e dos grupos, quando inflamada pelas propostas do inferno. Sim, podemos dizer que a língua tem a força de “organizar” o inferno na face da terra.

Não importa a ideologia que esteja por detrás da língua que fala. Os demagogos se multiplicam no nosso meio e isso, desde a queda do homem. O que eles fazem? Simples! Eles infligem danos devastadores, a partir das palavras que proferem. A mentira e o discurso de alguns são como o veneno que destrói o pensamento; o coração e a vontade das pessoas. Esse veneno mortal exalado pelo inimigo faz com que as pessoas se tornem escravas das trevas. Daria para se dizer que este veneno é a maldição do pecado e da morte em plena atividade. Sim, este veneno afeta grandes e pequenos. Mesmo pequenas doses diárias da mentira que dizemos, têm efeitos devastadores. Daí porque temos que prestar atenção às nossas falas; que estar atentos aos nossos discursos. Que tal não usarmos mais a nossa língua para maldição, mas para bênção. É nosso propósito trazer a vida e não a morte às pessoas.

A nossa fala pode nos auto-adoecer. Ela também pode adoecer a outros. Mas ela também pode curar. É nosso desejo trazer palavras boas, palavras curativas, palavras que salvam; palavras embasadas na verdade? Nada de demagogia! Nada de manipulação! Nada de hipocrisia. Só com propósitos assim é que as nossas palavras terão a capacidade de promover a fé em ação.

12.11.11

A Hipocrisia e a Cadeira 44!


Era domingo e eu tinha acabado de almoçar num dos bons restaurantes da capital dos gaúchos. Meu ônibus com destino a Florianópolis sairia às 23h da rodoviária e eu tinha a tarde livre. Comprei uma Zero Hora e logo me dei conta que o “time do meu coração” jogaria às 15h. Peguei um taxi e rumei pro Olímpico, onde logo comprei ingresso para as cadeiras. No bilhete lia-se: Fila G – Cadeira n° 44. Fui um dos primeiros a sentar naquele amplo espaço da arquibancada. O jogo seria em mais ou menos duas horas.

Saudades de Porto Alegre. Não demorou muito, dois senhores de meia idade sentaram-se, duas fileiras à minha frente. Os dois não se preocupavam em falar num tom de voz mais baixo. Afinal de contas era só eu ali perto deles. Eles gesticulavam muito e continuavam animados na conversa. Não me restou alternativa senão prestar atenção ao que diziam: Um deles disse:

- Rapaz! Eu me resguardo. Não me envolvo com a fé cristã de forma tão intensiva como meus parentes. "Eu rezo atrás do toco". Há muita gente hipócrita na Igreja. Não aguento isso...

Seu colega ostentava uma camiseta com as tradicionais listras azul, preto e branco. Nas suas costas se lia o número 10. Sua fala era mais mansa:

- Ô cara! Isso é um argumento ou uma boa descupa para não circular nos meios igrejeiros? Será que tu também não carregas uma pequena porcentagem de hipocrisia em ti?...

Eu estava ali ouvindo aquele diálogo. Queria me portar como um simples torcedor, mas era pastor. Eu não queria, mas minha cabeça se reciclou de forma instantânea para dentro de pensamentos mais “substanciosos”. Daí então lembrei da pesquisa feita com 1.400 pessoas adultas, onde se era informado que 72% dos entrevistados acreditavam que as Igrejas estão repletas de membros hipócritas. Aquela informação não podia ser jogada debaixo do tapete, assim, simplesmente. Quais seriam as razões para que a tal consulta chegasse àquele resultado? Sim, eu devia continuar prestando atenção na conversa dos dois. O senhor da fala mansa continuou:

- Li outro dia que em Nairóbi, no Quênia, há um templo cristão em cujo portal se lê: “Esta Igreja já está cheia de pessoas hipócritas, mas sempre há lugar para mais um.” Primeiro pensei que fosse piada. Depois me dei conta de que aquilo podia ser realidade. O artigo dava a entender que a tal Igreja estava lutando contra todo e qualquer tipo de hipocrisia. O homem de gestos largos se virou para seu companheiro e disse mais ou menos isso:

- Entendo o que tu quer dizer... Eu sei que a hipocrisia é um comportamento difícil de ser reconhecido, tanto em mim como nas pessoas que circulam ao meu lado. Quer saber de uma coisa? Penso que o hipócrita se equivale ao mentiroso.

- Certo! A diferença entre os dois jeitos de ser é que a hipocrisia não distorce os fatos com palavras, mas com comportamentos. E digo mais: tal como a mentira, a hipocrisia também pode ser vivida de forma consciente e ou até inconsciente.

Impressionante. Eu ali, querendo relaxar, enquanto a partida preliminar transcorria morna no gramado quente. E aqueles dois sujeitos matando meu ócio. Minha cabeça estava a mil. Uma pessoa hipócrita finge algo que não é; age como se, de fato, vivesse aquilo que prega; finge sentimentos, estados de espírito que, na realidade, não está vivenciando; estabelece normas de comportamento que ela mesma não consegue viver. Minha avó, quando queria passar a idéia de que fulana ou cicrana era hipócrita, costumava dizer: “Sugere água, mas bebe vinho”. O homem mais calmo prosseguiu:

- Usa-se a palavra “hipócrita” para caracterizar pessoas que tentam se passar como “santas.” Tais pessoas não vivem os valores individuais que pregam. Elas até estebelecem para si certos valores, mas o problema é que, no seu interior, elas mesmas não aceitam estes tais ideais. Vou te dizer mais uma. Uma pessoa hipócrita geralmente implode quando alguém se indigna; quando alguém emite um juízo de valor sobre ela. O indivíduo cai em si e então precisa ser acompanhado para que se reconstrua.

O pré-jogo se tornara desinteressante. Quem era aquele homem que falava com tanta sabedoria? Seria um psicólogo? Continuei apontando meus ouvidos, enquanto o sujeito de boné continuava seu discurso com a ajuda dos braços; das mãos; do semblante...

- Queres saber duma coisa? A hipocrisia está livre e solta, tanto na Política quanto na Igreja... Seu interlocutor cortou o seu argumento com fala mansa, mas contínua; cheia de sabedoria:

- Sim, o “faz de conta” está presente em todos os aspectos da vida. Tu já percebeu que há imagens falsificadas que, muitas vezes, são extremamente semelhantes às originais, mas mesmo assim elas continuam sendo falsas? Nós podemos carregar jóias falsas que brilham tal e qual as verdadeiras, mas elas não valem absolutamente nada. Até existem notas de dinheiro que são falsas e são muitos os comerciantes se deixam enganar com as mesmas. Da mesma forma, uma pessoa pode fingir-se de alguém que não é.

Os torcedores gremistas começaram a ocupar as cadeiras em levas de cinco, sete, dez... As falas dos meus pseudo-amigos ficavam cada vez mais inaudíveis. Eu via-os, mas já não os ouvia mais dialogando. Recostei-me à cadeira 44 e perdi meu olhar nas arquibancadas do outro lado, enquanto meu cérebro continuava escravizando minha vontade.

Decidi entender que a hipocrisia é percebida na Igreja, mas que isso não significa que todos os cristãos sejam hipócritas; que há pessoas que vivem em plena conformidade com a proposta de Jesus Cristo; que o verdadeiros cristãos levam a Bíblia a sério quando leem em 1 Pedro 2.1 que Deus os desafia a despojar-se de todas as hipocrisias.

Lembrei de Jesus que proferiu palavras muito duras para as pessoas que cometeram o “pecado da hipocrisia”; que no Seu tempo os líderes religiosos eram os grandes hipócritas da hora; que Deus odeia a hipocrisia, mas que Ele permite que ela aconteça; que Deus nos deixa livres para perseguirmos os nossos próprios objetivos.

Conclui que é fácil desviar-se do caminho quando se percebem “hipócritas” entre a irmandade. Daí então, até mesmo as pessoas não-cristãs deveriam deixar-se desafiar a não usarem a hipocrisia de certas pessoas como desculpa para afastarem-se de Deus. Sim, porque Deus não exige que acreditemos nos cristãos, mas nos pede que creiamos em Jesus. Eu, ali, naquele estádio, era uma pessoa cristã e tinha a oportunidade de mostrar ao mundo o que é um verdadeiro cristão.

Os alto-falantes começaram a dar a escalação do “tricolor dos pampas”. O estádio estava repleto de torcedores e eu ouvia cheio de adrenalina: Danrlei; Dinho; Paulo Nunes; Jardel...

9.11.11

Filhas e Filhos da Luz!


Oi gente querida que me lê! Neste domingo, dia 13 de novembro de 2011, o texto previsto para ser pregado em todos cantos e recantos da nossa querida IECLB é o de 1 Tessalonicenses 5.1-11. A tal da prédica está coladinha aí em baixo. Eu já decidi: Vou pregar desse jeito aqui na São Mateus, tanto às 09h como às 19h. Abraços!

Que a graça e a paz da parte de Deus nosso Pai e do Senhor Jesus Cristo esteja com todos nós. Amém!

Hoje quero falar sobre o tema “luz”. Para tal, sugiro a leitura de 1 Tessalonicenses 5.1-11 onde se lê: 5.1 Irmãos, vocês não precisam que eu lhes escreva a respeito de quando e como essas coisas vão acontecer. 5.2 Pois vocês sabem muito bem que o Dia do Senhor virá como um ladrão, na calada da noite. 5.3 Quando as pessoas começarem a dizer: “Tudo está calmo e seguro”, então é que, de repente, a destruição cairá sobre elas. As pessoas não poderão escapar, pois será como uma mulher que está sentindo as dores de parto. 5.4 Mas vocês, irmãos, não estão na escuridão, e o Dia do Senhor não deverá pegá-los como um ladrão, que ataca de surpresa. 5.5 Todos vocês são da luz e do dia. Nós não somos da noite nem da escuridão. 5.6 Por isso não vamos ficar dormindo, como os outros, mas vamos estar acordados e em nosso perfeito juízo. 5.7 Os que dormem de noite, e os que bebem é de noite que ficam bêbados. 5.8 Mas nós, que somos do dia, devemos estar em nosso perfeito juízo. Nós devemos usar a fé e o amor como couraça e a nossa esperança de salvação como capacete. 5.9 Deus não nos escolheu para sofrermos o castigo da sua ira, mas para nos dar a salvação por meio do nosso Senhor Jesus Cristo, 5.10 que morreu por nós para podermos viver com ele, tanto se estivermos vivos como se estivermos mortos quando ele vier. 5.11 Portanto, animem e ajudem uns aos outros, como vocês têm feito até agora.

Filhos da Luz

Somos “filhos da luz” porque fomos batizados. Confiamos em Jesus Cristo e assim nos diferenciamos das pessoas que vivem na escuridão. Assim não sentimos medo; não experimentamos tristeza e também não sofremos preocupações. O “brilho” de Jesus nos encoraja a sermos alegres e esperançosos. Por isso, iluminemos o mundo; levemos calor às pessoas que vivem na escuridão e no medo. Será que essa fé se reflete na nossa vida a ponto de esperamos a “Segunda Vinda de Cristo” com alegria?

Temos a tendência de nos estabelecemos; fincarmos raízes. A mesa, a cama e as cadeiras estão nos seus lugares. O nosso armário está empilhado de coisas pessoas. Nós curtimos isso. Acomodamo-nos e até ousamos orar: Vem Senhor Jesus! No fundo, no fundo gostaríamos que Ele ainda não viesse justamente agora que estamos nos sentindo tão felizes... Quantas e quantas vezes nós pedimos na Oração do Pai Nosso: “Venha o Teu Reino”; nós dissemos no Credo Apostólico: “...de onde virá para julgar os vivos e os mortos”! Quando é que você gostaria que Jesus Cristo viesse pela Segunda vez? Lamento dizer, mas nós não seremos perguntados quando estará bem para nós a Segunda Vinda de Jesus Cristo. Aliás, é bom que assim seja!

Sobre a data da Sua Segunda Vinda de Jesus ninguém sabe absolutamente nada, só Deus. Os cristãos de Tessalônica já se ocupavam com essa pergunta pelo “Dia do Senhor”. Naquela época, um pouco depois da ressurreição de Jesus Cristo, houve as primeiras mortes na Comunidade. Alguns se perguntavam: - O que será das pessoas que morrem antes da Segunda Vinda de Jesus? O apóstolo conforta estas pessoas que se mostram angustiadas: - Não importa se estivermos vivos ou mortos quando Jesus voltar novamente, porque o Filho de Deus ressuscitará, tanto os vivos como os mortos. Sua Segunda Vinda é imprevisível.

A mulher grávida só sente que chegou a hora de parir quando a hora chega. Quer dizer, aqueles que se mostram seguros e tranquilos; que não levam a sério a realidade da Segunda Vinda de Cristo não escaparão. Para esse povo, o “Dia do Senhor” será um dia em que eles não terão nenhuma razão para sorrir. Ôpa! Percebam! Somos “filhos da luz”. Não andamos na escuridão como a maioria das pessoas... Sim, somos pessoas especiais; pessoas especialmente criadas por Deus por causa do nosso Batismo. Deus já nos fez Seus filhos. No dia da Sua segunda Vinda Ele dirá: - Eu sou a “Luz” e vocês me pertencem; vocês são “filhos da luz”.

Que Boa Nova! Porque se preocupar com a “Segunda Vinda de Cristo”? Somos “filhos da luz”. Jesus Cristo já morreu por nós. AAlgém pode dizer: - “Bem, se é assim, vou me sentar calmamente; não vou me preocupar com mais nada. Para que me desgastar com questões que estão fora do meu alcance?” Cuidado! Também não é assim. Estamos sendo desafiados a prestarmos atenção e a vigiarmos; a ficarmos atentos aos dias que se passam. Somos chamados a viver com sobriedade; sempre alertas para o momento da “Segunda Vinda de Cristo”.

Deus nos “equipa” para sermos confiantes na Sua condução amorosa. Ele nos protege com o “capacete da esperança”, para que possamos perceber quando somos atacados; quando os desastres “tiram o chão” debaixo dos nossos pés. Deus nos presenteia com a “armadura” do Batismo. Não precisamos de armas para lutar contra a morte. Jesus Cristo já lutou e venceu a mesma na cruz: Ele vive! Volta e meia nos deixamos questionar pela nossa fé, quando nos assustamos com este ou com aquele fato. Paulo nos exorta a nos edificarmos uns aos outros porque é difícil ser; viver-se como cristão. Apesar de tudo, confiamos que vivemos sob a graça de Deus aqui e a gora etambém viveremos a mesma no futuro.

Isto está claro para nós? Sim! Então alcancemos a mão às pessoas que não toleramos. Não poupemos esforços no sentido de ajudar aqueles que estão prestes a afastar-se da Igreja, tenham eles as razões que tiverem. Nada de ações espetaculares. As vezes é só caminhar um pequeno trecho com estas pessoas. Outras vezes é só se dispensar um pouquinho do nosso tempo para ouvirmos o que estas pessoas tem a dizer. Estas atitudes, muitas vezes, se mostram circunstanciais para quem procura ajuda e alegria. É isso o que o apóstolo quer dizer quando nos chama para nos “confortarmos”; nos “edificarmos” uns aos outros.

Conclusão

Esperamos a “Segunda Vinda de Jesus Cristo” ou estamos inquietos com esta idéia? Exercitemo-nos para encontrar o nosso caminho no meio desta tensão. O fato de sabermos que o “Dia do Senhor” se aproxima; que Ele nos ama; que Ele morreu por nós; que Ele ressuscitou e nos ajuda a esperarmos por esse “Dia” deve nos alegrar. Sim, somos “filhos da luz” a partir da ação de Deus no nosso Batismo. Permaneçamos atentos e sóbrios, nos consolando; nos edificando a partir de dons e talentos; a partir das capacidades e das habilidades que Deus nos deu. Desta forma, iremos ao encontro do nosso Senhor com alegria. Ele virá com o objetivo de nos ajuntar, para vivermos como “filhos da luz” ao Seu lado na eternidade.

Bênção do púlpito: Que a paz de Deus que excede todo entendimento guarde os nossos corações e as nossas mentes em Cristo Jesus. Amém!


5.11.11

Olha só que elogio!


Jesus se deixou batizar. A cena do Seu Batismo no rio Jordão não é estranha. Quando menino, eu tinha um quadro na parede do meu quarto onde se via este momento retratado com grossas nuvens ao fundo e, mais à frente, a pessoa de Jesus com “olhar sério” sendo batizado. Essa imagem sempre prejudicou minha compreensão daquilo que os evangelistas quiseram transmitir. Sempre imaginei a voz de Deus sendo ouvida como se ouve locutores em estádios de futebol: - Tu ésss meu Filho amadooooo! (Lucas 3.22b)

Os evangelistas são mais cautelosos. Lucas reparte informações repassadas via oral. Pouquíssimas pessoas tiveram o privilégio de testemunhar Deus interagindo como Pai, Filho e Espírito Santo. Elas só viram o Pai se colocando ao lado do Filho que tinha cerca de 30 anos de idade. Qual é o filho que não gostaria de ouvir palavra tão boa da boca de seu pai: - Gosto do jeito como te desenvolves! Estou orgulhoso de ti! Deus está afirmando que o Homem que ali está sendo batizado é Seu Filho. Só esse conteúdo é verdadeiramente importante!

E sobre a “pomba”, esse símbolo do judaísmo? Nós não precisamos logo imaginar que um pássaro desceu do ceú e pousou sobre a cabeça de Jesus. Os evangelistas não estão querendo afirmar isto, mas deixar claro que o Espírito Santo desceu sobre Jesus “como” uma pomba pousa sobre um galho. Marcos escreve que Jesus viu o Espírito descer sobre Ele como se viesse “voando como uma pomba”. Essa informação não faz a mensagem ser menor porque cremos na Palavra de Deus. Isso nos basta!

OLHA SÓ!