Busque Saber
2.11.06
Passamos pelo tempo!
Faz muito tempo que nos conhecemos. Ele ainda passa a impressão de representar a Verdade, aqui na terra. Suas palavras sempre ainda soam duras àqueles que não concordam com seus ensinamentos. Lembro que, dia após dia, mostrava-se um sujeito extremamente doce àqueles que o levavam em conta. Confesso que ouvi-o, durante anos, com todo carinho. Ele tinha vivido vida dura. Mesmo assim, debaixo de luta forte, cresceu e venceu em meio aos ventos de enormes crises. Ainda hoje é um sujeito carismático. Inúmeros continuam ouvindo-o, enquanto segue sua caminhada. Fiquei triste ao perceber que não consegue se dar conta de que a vida passa. De que não é o eixo da existência.
O tempo está parado. O sol está estacionado nalgum lugar do firmamento. A terra gira em torno dele e, dali, nos brinda com dias e noites. Dentro deste sistema estático, estamos dinâmicos, tu e eu. Somos capazes de viajar à Vladivostok, à Atenas, a Beirut e à Santa Cruz do Sul. Enquanto isso, nosso organismo vai incorporando sinais de desgaste. Alguns de nós não percebem e ou até não querem perceber estes tais. Teimamos em ir tocando a vida como sempre a tocamos. Fechamos os ouvidos para os nítidos recados que vem do Criador que, por amor, assim nos prepara para a entrega do bastão às gerações vindouras. Há que se ouvir também essa voz de Deus que soa através dos nossos órgãos.
Meu envelhecido amigo passa ao largo destes recados. Não quer se ocupar com esta questão. Continua querendo ser senhor maior, sempre a partir da hiper-atividade. Não consegue sentar. Quer continuar a lutar como lutava. A interfer nos assuntos como interferia. A dar a pauta como antigamente o fazia. Vi que seu olhar não brilha mais tanto como outrora brilhava. Percebi que seus dedos perderam a elasticidade. Mas também pude notar que ele insiste no seu propósito. Ouvi-o dizer que quer morrer em pé, fiel ao seu passado. Daí, não resisti e desafiei-o a encarnar outro ritmo. Ele fez que não ouviu.
21.10.06
Atenas!
Voltei ontem de Atenas. Jamais esquecerei da linda capital da Grécia. Caminhei em ruas centrais e, junto, respirei ar misturado com cheiro de muita história. Ali, bem debaixo daquele mesmo sol e ao lado daquelas tantas pedras superpostas, foi que nasceu a arte de pensar, a mãe de todas as ciências, a Filsofia. Incontinenti, lembrei das minhas leituras infantis de Monteiro Lobato. Foi ele quem plantou desejos viajores em mim, com seu livro intitulado “Os doze trabalhos d Hércules”. Durante cinco dias pude apalpar um pouco dos anos 50 d.C., enquanto caminhei sobre uma velha calçada que, um dia, foi testemunha do atrito das sandálias do apóstolo Paulo.
Lá sobre o monte, para todo mundo ver, estavam muitos resquícios da Acrópolis. Sua construção, no alto da montanha, foi iniciada em 437 a.C. A fotografia acima retrata alguns pilares do Partenon, a mais bela ruína do mundo. Cliquei a foto sentado sobre uma das pedras da grande muralha que circunda a gigantesca obra. Eu me sentia um tanto inquieto naquela hora. Por ali, em algum lugar, o apóstolo pregou, em nome de Jesus Cristo, sobre as Boas Novas de Deus para o povo que era mais culto. Sua estratégia para repartir o amor de Deus foi simples: achegou-se perto da única estátua sem nome e, ali, deixou claro que se referia à Deus.
Era noitinha quando desci o morro. Antes de chegar ao portão, colhi uma lasquinha de mármore do chão. Naquele momento retomei uma decisão: estudar, a partir de hoje, com muito mais afinco, algumas das cartas neo-testamentárias da Bíblia.
10.10.06
Luta Ininterrupta!
Vivo meu último semestre aqui na Pastoral Universitária, junto à “Ludwig Maximilian Universität” de Munique. Meu trabalho diz respeito ao atendimento de 16.000 estudantes oriúndos de países em desenvolvimento. A Alemanha ajuda estudantes em dificuldades financeiras e é a Igreja que articula estes dinheiros, em parceria com a Instituição “Brot für die Welt”. No meu gabinete, sou a “ponta” de todo este sistema. Os estudantes vêm a mim para contar suas histórias, na esperança de serem ouvidos e servidos nas suas intenções. É aqui na Friedrichstraße 25 que os seus desejos de pequenas somas vão sendo decididos.
Todos os dias ouço as histórias que me vão sendo contadas. Elas são mais ou menos assim: - “…por isso é que eu peço ajuda financeira a vocês. Estou numa fase do estudo onde preciso me concentrar melhor. Meus exames finais estão à porta. Minha família mora em Camarões (África) e não pode me ajudar com um centavo sequer. Sou o filho mais velho de uma família com nove irmaos. Meu pai trabalha com móveis e minha mãe é do lar. Eu, lamentavelmente, não consigo vencer meus compromissos trabalhando somente de madrugada e isto, com pequenos “bicos”…
Depois de ouvir relatos assim, preencho uma folha de papel com todos os dados do estudante e, depois, escrevo um “pedido de dinheiros” à Instituição doadora. Ao cabo de 20 dias, vêm uma resposta positiva e então o estudante pode retirar seus Euros de uma conta que temos no Banco. Coisa boa poder participar da alegria, poder perceber a satisfação que vem emoldurada em sorrisos abertos e alegres. Agora é hora de viver intensamente mais um pequeno segmento da história individual. E assim, vai seguindo a vida que sempre ainda é de luta ininterrupta…
9.10.06
Cadê a Virada?
Faz um mês que voltei da nossa viagem de estudos no Brasil. De novo, estou trabalhando prá valer, nestes últimos 102 dias que antecedem meu Culto de Despedida do trabalho com Estudantes na „Evangelische Studenten Gemeinde an der LMU“, em Munique. Agora chegou a vez de escrever meu relatório de tudo o que vimos, ouvimos e vivenciamos em terras brasileiras. Interessantíssimas as impressões dos cinco estudantes que comigo viajaram.
A cidade “maravilhosa” do Rio de Janeiro marcou a todos nós. A Dorothea (estudante de Jornalismo), por exemplo, expressou-se por escrito: - “…esse “Terceiro Mundo” deixou-me um tanto triste e, porque não dizer, desesperada até. Porque é que tanta gente precisa morar em favelas? É normal que, ao anoitecer, a gente precisa voltar depressa para casa, a fim de não correr riscos maiores? Como pode que o fato de se ouvir tiros de armas de fogo virou lugar comum nas madrugadas? Como entender uma criança que, com três anos de idade, já incorporou o hábito de se deitar no assoalho, ao ouvir estampidos na vizinhança? Carrego a impressão que o medo faz parte da vida no Brasil. As pessoas até não percebem, mas ele, o medo, tornou-se normal entre elas…“
É duro ler isso – não é mesmo? Agora mesmo li os jornais que informam sobre o primeiro debate dos nossos dois presidenciáveis, ontem à noite, na Rede Bandeirantes. Pelo que entendi foram as agressões e as críticas mútuas sem fim que fizeram a pauta do programa. Parece que estamos longe de viver perspectivas dignas, no que diz respeito à segurança. A tristeza parece mesmo não ter fim… Quando é que vai haver a virada?...
29.9.06
Põe o feijão de molho!
Interessante os impulsos que vão sendo verdade dentro da cabeça da gente, quando se vive momentos de mudança, de despedida. Ontem, por exemplo, encontrei-me com um grupo de pessoas que se reúne, sistematicamente, para compartilhar temas do dia-a-dia. Fui de metrô até Trudering, um bairro de Munique e lá, na Comunidade da "Friedenskirche", encontrei-me com aquele povo querido.
No nosso círculo havia alegria, um vaso com girassóis, água e amendoins sobre a mesa. Uma das senhoras presentes era brasileira e ex-dancarina de "balet". A outra, com traços bem jovens, estava sentada numa cadeira de rodas, mas bem acarinhada pelo marido. Alguns dos senhores presentes trabalhavam em bancos. Dois deles eram engenheiros. Já suas companheiras eram versadas na área da música. Outras duas senhoras trabalhavam como leigas na Igreja e tinham formação diaconal. A mais idosa conhecia a Bíblia profundamente. Enfim, o clima de comunhão estava gostoso, enquanto íamos nos apresentando, ouvindo e contando nossas histórias.
Tudo na vida tem um preço. Para vir à Alemanha, precisei deixar família e muita gente querida no Brasil. Já a "brasileira" da nossa roda de conversa amava seu marido e, por isso, na época, precisou abdicar de sua carreira artística, já iniciada aos 5 anos de idade. A "cadeirante" do nosso círculo teceu comentários sobre a juventude, sobre a alegria e a liberdade de poder ir e vir, se locomover. O fato é que depois de muito tempo pude sentir de novo, o cheirinho de uma Comunidade. Eu, um dia, cansado, deitei-me na rede do norte e acabei descansando da luta forte. Mas agora estou de pé e, certamente, vou voltar em pé para, novamente, poder ir a pé! Por favor gurias e guris! Botem o feijão de molho que amanhã eu já estou voltando...
25.9.06
Sabores e Dissabores!
Nos últimos meses, tenho procurado fazer caminhadas diárias. Como não tenho problemas articulares nos quadris, pés e joelhos, dou tudo de mim num trecho de 9 km. Antes, durante e depois de caminhar dentro do Englischen Garten, bebo água. Coisa boa poder usufruir de um espaço assim, todo arborizado e não poluído para gastar energias. Sempre de novo fico pasmo quando percebo os riachos deixando transparcer os peixes que ali nadam. Vou em frente e me permito o sombreamento dos carvalhos que crescem a beira do caminho. Eles me ajudam a evitar os efeitos indesejáveis dos raios solares mais fortes. Sigo ao sabor do vento, sempre pisando em piso macio. Minha indumentária é leve e de cor clara. Vou com postura ereta, enquanto retraio meu abdome. E assim, meio que "sem lenço e sem documento", sigo meu rumo sempre mantendo os braços descontraídos e em movimentos rítmicos. Meu alvo é claro: quero aumentar o gasto calórico e a frequência cardíaca do meu corpo.
Tenho prazer neste tempo que dedico a mim. Ontem, durante o trajeto, observei o caule de uma das árvores crescidas, à beira do caminho que percorro. Lá, no tronco da mesma, estava inserida uma data a canivete: 27/06/67. Em junho daquele ano eu estudava em Porto Alegre, no Ginásio da Paz, no Bairro Navegantes. Eu morava em Esteio, de onde, diariamente, me locomovia à capital, sempre embarcados nos ônibus verde-escuros e lotadíssimos da Central. Desembarcava na esquina da Farrapos com a Sertório e ia a pé, ladeando o velho estádio do Renner, enquanto observava meus sapatos pintados de preto sobre a cor marron original. Aquele sujeito deixou sua marca na casca cicatrizada. Ele, na época, devia contar com uns vinte anos de idade. Já hoje, deve beirar os sessenta. Provavelmente tem netos e, ao passar por ali, deve lembrar-se dos dez minutos que precisou para ferir a árvore e marcar um dos momentos de sua vida.
Nunca feri caules com lâminas de aço mas, com certeza, machuquei muita gente quando articulei sons com minha língua. Talvez elas até nem se lembrem mais de mim. Mas eu sei que em seus corpos ficaram as cicatrizes com as quais precisaram e, talvez, ainda precisem conviver. Sei! Além de dissabores também posso ter oportunizado sabores. Assim, envolto nos meus pensamentos, segui adiante. De repente, olhei prá mim e também vi cicatrizes...
Tenho prazer neste tempo que dedico a mim. Ontem, durante o trajeto, observei o caule de uma das árvores crescidas, à beira do caminho que percorro. Lá, no tronco da mesma, estava inserida uma data a canivete: 27/06/67. Em junho daquele ano eu estudava em Porto Alegre, no Ginásio da Paz, no Bairro Navegantes. Eu morava em Esteio, de onde, diariamente, me locomovia à capital, sempre embarcados nos ônibus verde-escuros e lotadíssimos da Central. Desembarcava na esquina da Farrapos com a Sertório e ia a pé, ladeando o velho estádio do Renner, enquanto observava meus sapatos pintados de preto sobre a cor marron original. Aquele sujeito deixou sua marca na casca cicatrizada. Ele, na época, devia contar com uns vinte anos de idade. Já hoje, deve beirar os sessenta. Provavelmente tem netos e, ao passar por ali, deve lembrar-se dos dez minutos que precisou para ferir a árvore e marcar um dos momentos de sua vida.
Nunca feri caules com lâminas de aço mas, com certeza, machuquei muita gente quando articulei sons com minha língua. Talvez elas até nem se lembrem mais de mim. Mas eu sei que em seus corpos ficaram as cicatrizes com as quais precisaram e, talvez, ainda precisem conviver. Sei! Além de dissabores também posso ter oportunizado sabores. Assim, envolto nos meus pensamentos, segui adiante. De repente, olhei prá mim e também vi cicatrizes...
21.9.06
Meu time do Coração!
Naquela época eu tinha uns 7 anos de idade e morava na cidadezinha de Tenente Portela, no norte do Rio Grande do Sul. Morávamos no edifício Gislene, onde meu pai alugou um dos dois apartamentos para morarmos como família. Meus irmãos eram pequenos e eu tinha um grande amigo, o Riva. Brincávamos juntos as tardes inteiras e, volta e meia, ouvia seus comentários a respeito do "Grêmio". Aqui lembro de uma leitura recente de Aurelius Augustinus: - "Nur wer selbst brennt, kann Feuer in anderen entfachen." Ou seja, só as pessoas que estão pessoalmente marcadas por algum algum assunto, é que conseguem influenciar outras. O filho do seu Rivadávia, dono do "bolicho" da esquina, ardia de amores pelo Grêmio Football Portoalegrense. E assim, motivado, virei torcedor.
Logo que meus filhos nasceram, comprei-lhes camisetas do tricolor. Morávamos em Cianorte, no interior do Paraná, quando eles dois, em 1983, ainda bem pequeninos, já puderam vibrar duas vezes com a conquista da Libertadores e uma com o Campenato do Mundo, em Tóquio. De lá prá cá quase só alegrias. Volta e meia converso com pessoas próximas de mim, que também torcem pelo Grêmio. Outro dia eu estava hospedado na casa do Luiz e da Ilma, em Porto Alegre. Enquanto saboreávamos um gostoso churrasco, íamos tecendo comentários sobre os nossos gostos; sobre os nossos pontos em comum. Deduzimos que as cores "azul, preto e branco" mexeram conosco desde quando éramos criancinhas. À tarde fomos ver o jogo Grêmio x Paraná. Ganhamos por 2 x 1 e isso de virada. Que festa!
Alemães amigos meus pedem que eu lhes presenteie camisetas do Grêmio. Pergunto-lhes pelo porquê desse desejo e me respondem dizendo que se trata da camiseta mais bonita que conhecem. Me falam da boa combinação das cores e de como ela senta bem no corpo. Fico impressionado com essas falas. Coisa boa é ser gremista. No aspecto que tange ao esporte, posso dizer que sou um sujeito de sorte e sabem porquê? Tanto a Valmi como a namorada do Áquila, a Vanessa, e quanto a noiva do Daniel, a Paula, todo mundo torce pelo multicampeão da Azenha. Acho que meus netos seguirão o mesmo caminho, ah disso não carrego dúvida. O mundo é simplesmente azul...
19.9.06
A Darclê e o Aron!
Lá pelos inícios de agosto deste ano, fui convidado a visitar meus velhos amigos Darclê, Aron e seus dois filhos, em Curitiba! Fui junto com meus hospedeiros Lori e Mário. Para surpresa minha, lá já estavam a Sílvia e o Jairo. Que festa aquele nosso encontro. As muitas experiências comuns que vivemos juntos pareciam querer gritar gritos de alegria, quando dos nossos abraços.
Pois o querido casal nos promoveu momentos de grande festa. Depois de muita comunhão, sentamo-nos à mesa para jantar. A luz que descia do lustre e iluminava nossos rostos, ia preenchendo de vida os espaços que íamos deixando entre as expressões que brotavam dos nossos diálogos. E assim, não fomos vendo o tempo passar.
Quando já era o início da madrugada pensei em me retirar. Mas como retirar-se de um lugar assim, sabendo-se de antemão que, por certo, nos próximos anos, não se haveria de viver momento tão bonito! Fui ficando, ficando, ficando... Quando os galos começaram a cantar, isso lá pelas cinco da manhã, fomos dormir nossas duas horas de sono.
O dia seguinte foi cheio de atividades, como todos os dias tinham sido e continuariam sendo. O cansaço que eu sentia convertia-se, incontinente, em mais energia por causa da lembrança daqueles sorrisos emoldurados sem cor de mentira. Por tudo isso, não canso de afirmar: - sou grato a Deus pelos caminhos calçados de privilégios que ainda experimento.
14.9.06
O amigo Ornélio!
Está fazendo uma semana que visitei meu amigo Ornélio. Nos vimos pela última vez em 1975, quando do seu casamento com a Traudi. Foi interessante o nosso encontro. Eu estava visitando minha mãe em Santa Cruz do Sul e, na minha frente, sobre a mesinha de centro, o guia telefônico da cidade onde eu nasci. Curioso, folheei o mesmo. Depente, em negrito, ali estava o nome do amigo dos tempos de adolescente. Disquei seu número e, duas horas depois, estávamos tomando um gostoso chimarrão, passando a nossa vida em revista.
Interessante a vida. Naqueles tempos de 1970, ele e eu estávamos querendo mudar de rumo. Tínhamos nossa mente voltada para Porto Alegre, onde tencionávamos escrever uma nova hitória. Sim, lá iríamos dar jeito num quarto com cozinha e, depois disso, cada um seguiria seu rumo na busca de um bom emprego. Gastamos horas pensando e repassando cada detalhe daquela aventura que, por certo, marcaria nossas caminhadas. Algo deu errado e acabamos não levando nosso objetivo comum a cabo. Ele foi trabalhar numa grande firma e eu fui estudar Teologia. Um pouco mais tarde casamos com mulheres empreendedoras e, assim, fomos galgando os degraus que nos conduziram aos 50 e, por tabela, àquele momento.
Amizades verdadeiras não acabam. Era como se sempre tivéssemos tido contato. Enquanto íamos articulando nossos pensamentos, também ia ficando claro que ainda concordávamos em gênero, número e grau, no que diz respeito às questões paridas pelo momento vivido. Ele e eu nos afastamos um do outro porquê tínhamos coisas a fazer, a construir, a elaborar. Estávamos com os filhos a criar e sempre com sementes na mão prá semear. Nos engajamos em muitos projetos e, juntos, fomos contribuindo para a melhoria de alguns poucos segmentos do mundo à nossa volta. Ali, sentados, um na frente do outro, com as feições amadurecidas, vimos que ainda temos coisas a fazer.
Como frisei em outros textos, vivo momento exclente. Sózinho não consigo sobreviver. Fui criado por Deus para viver em comunhão com meu próximo. Agradeço a Deus pelo privilégio de poder estar fazendo tais descobertas neste tempo que se chama hoje, setembro de 2006.
30.8.06
E eu estou Alegre!
Nossa viagem começou em Munique e nossa primeira parada foi Curitiba, onde fomos hospedados na Casa do Estudante Luterano. Os curitibanos nos acolheram muito bem. Os colegas Evandro e Mário, secundados pela sua gente, nos organizaram um excelentíssimo programa. Numa daquelas noites, fui convidado a fazer a pregação quando de um Culto. Fazia tempo que eu não pregava - uns três anos creio eu.
Enquanto cantávamos o hino que nos preparava para ouvirmos a palavra de Deus, parei a pensar: - Será que ainda dou conta deste recado? Parece mentira mas, naquele momento, senti-me sem embocadura para realizar a tarefa. Sempre gostei de repartir textos bíblicos com a Comunidade. Claro que eu estava preparado para fazê-lo. No entanto, ali estava aquele "friozinho na barriga" mexendo comigo.
Oraram pela pregção e, de repente, eu estava atrás do púlpito. As palavras foram me brotando na boca e eu, em contrapartida, me alegrando. Se hoje olho para trás, agradeço a Deus por ter me dado a ousadia de optar pelo estudo da Teologia, lá nos idos inícios dos anos 70. Que prazer indescritível eu pude sentir enquanto repartia com as pessoas, das coisas que Deus me falara quando da minha meditação particular.
Neste momento estou vendo possibilidades de, novamente, atuar como pastor no Brasil. Volto para atuar no seio da IECLB em janeiro de 2007. Venho com o coração mais apertado por causa da sabedoria que empilhei sobre a base outrora construída junto à nossa gente. Venho levado pelo vento. Estou me deixando levar pela brisa que me impulsiona pelas costas - sim senhor! E eu estou alegre...
28.8.06
O perigo ronda no Rio!
Os 21 dias da nossa viagem de estudos passaram. Foi ontem que nos despedimos, ainda no Rio de Janeiro. Agora me encontro no apartamento dos meus filhos, em Florianópolis. Acabei de salvar todas as fotos que cliquei durante a viagem, no computador. Posso dizer que foram três semanas muito intensivas. Nelas tive o privilégio de viver inúmeras experiências. Reencontrei amigas e amigos queridos e claro, vou precisar algum tempo para me acalmar no caminho que ainda penso percorrer.
A violência está a solta no Brasil. A cidade abençoada pelo Cristo Redentor e que sempre foi cantada em verso pelo poeta Tom Jobim vive seu momento mais triste na História - penso eu. Uma das coordenadoras da creche que visitamos em Ipanema contou-nos que, quando se ouve tiros de pistola na favela ao lado, as criancinhas de dois anos de idade, incontinenti, atiram-se ao chão. Vi que, na praia e no calçadão de Copacabana, quase todas as pessoas têm olhos descoloridos pela ansiedade.
Fazer o quê? Nossa saída é ir vivendo dentro da crise. As vezes me pego sonhando com mais qualidade de vida. Me percebo e me leio como um sujeito que ainda não perdeu a esperança. Se o Chile é hoje um dos países latinos percebido como exemplo no mundo e isso, depois de uma história recente extremamente complicada, porque é que nós, brasileiros, não poderemos dar a volta por cima?
Nos próximos dias vou escrever mais um pouco sobre minhas impressões. Coisa boa poder conversar com o Ilmar, o Aron, a Darclê, o Gerson, a Ethel, a Sílvia, o Günter, o Gert, o Mozart, a Erica, o Mário, a Lori, a Dorita, o Benhour, a Dicléia, o Délcio, a Roberto, a Débora, o Luiz, a Ilma, o Cláudio, a Laura, a Priscila, o Evadro, a Susi, a Beti, o Hans, o Martin, o Ricardo, o Marcos e tantas outras e outros que me marcaram e me marcam com suas personalidades.
18.8.06
Eu batizei a Manuela!
Estamos viajando pelo Brasil - a Naemi, a Zoe, a Dorothea, a Che, o Reinhard e eu. Já cruzamos por Curitiba e Porto Alegre. No momento, quando escrevo, estamos visitando Florianópolis. O que nos move na viagem que terminará no Rio de Janeiro, depois de uma passagem por Belo Horizonte, é o tema "O que é pobreza".
Posso testemunhar que foram interessantíssimos os nossos diálogos com os estudantes universitários que fomos encontrando pelo caminho. Sempre de novo me impressiona como nós brasileiros sabemos bem tratar com aos estrangeiros que batem à nossa porta. Ser hospitaleiro é uma virtude que nós, com raras exceções, temos sim senhor.
Na assim chamada cidade mais moderna do Brasil, tive uma experiência muito interessante. No final de um dos cultos do qual participamos e onde fomos apresentados, conversei com uma senhora. Ela logo foi perguntando se eu, a dezenove anos atrás, não tinha celebrado um culto ali, naquela comunidade. Respondi que sim. Ela, animada, voltou a carga perguntando se eu lembrava que tinha realizado um batismo naquele dia. Eu respondi afirmativamente, meneando a cabeça. Ela, com sorriso aberto, logo foi deixando claro: - era minha filha, a Manuela, que aqui está.
Encontrar pessoas queridas... Existe coisa melhor do que ter comunhão com gente que sonha como a gente sonha? Pois penso que não e estou felicíssimo com o momento. Repartirei mais detalhes dessa nossa viagem com moradores da Casa de Estudantes Hugo Maser (Arcisheim) onde, em Munique, também atuo como conselheiro espiritual. Nos próximos dias escreverei mais sobre minhas impressões no e do Brasil com sua gente.
2.8.06
Grande Virada!
A hora dormiu e eu pedi prá descer.
Sentei na cadeira e lá fui escrever.
Eram frases de amor pru’ma flor a nascer.
Que coisa mais linda - não vou esquecer!
Me aquieto encantado e me paro a amar.
Eu sei, amanhã ainda vou namorar.
É a história da gente exposta no altar.
Minha vida inteira num filme a passar…
O tempo acordou, levantar me exortou.
Está entendido, eu não mais sou guri.
Baviera menina me trará saudades,
da grande virada que aqui eu vivi.
A História chamou e vou dar-lhe atenção.
Eu queria parar mas não tinha a razão.
Levantei os meus olhos, só vi coração,
de um doce futuro marcado de unção.
Sentei na cadeira e lá fui escrever.
Eram frases de amor pru’ma flor a nascer.
Que coisa mais linda - não vou esquecer!
Me aquieto encantado e me paro a amar.
Eu sei, amanhã ainda vou namorar.
É a história da gente exposta no altar.
Minha vida inteira num filme a passar…
O tempo acordou, levantar me exortou.
Está entendido, eu não mais sou guri.
Baviera menina me trará saudades,
da grande virada que aqui eu vivi.
A História chamou e vou dar-lhe atenção.
Eu queria parar mas não tinha a razão.
Levantei os meus olhos, só vi coração,
de um doce futuro marcado de unção.
1.8.06
Ricos Momentos!
Régis é o nome do meu irmão. Cuidei dele, quando menino. Naquela época morávamos no interior de Tenente Portela, no norte do Rio Grande do Sul, e nossos pais eram agricultures. Todo dia, à tardinha, lá ia eu passear com meu irmãozinho pelas picadas abertas no meio da mata. Acompanhei a escolha do seu nome e, depois, vi-o crescer nas cidades de Porto Alegre, Esteio e Santa Cruz do Sul.
Estávamos sempre juntos, aprontando contra nossas três irmãs. Depois que fomos morar na Rua São José 750, nossos caminhos se afastaram. Ele deixou crescer o cabelo e se foi prá fora de casa com sua turma. Eu, de cabelo curto, mais conservador, fiquei na minha. E assim, fomos nos separando. Nossa relação foi esfriando, esfriando… Um dia, depois de terem se passado 35 anos, decidi acabar com com aquele silêncio e telefonei-lhe quando do seu aniversário.
Num outro momento, convidei-o a vir visitar-me aqui em Munique. Ele veio com a Ana. Ficaram pouco tempo conosco. Comemos e bebemos juntos. Fizemos um “check up” do nosso passado. Rimos bastante de tudo o que valia a pena ser rido e, no final das contas, robustecemos nosso companheirismo. Ainda ontem recebi um E-Mail seu. Está alegre com o momento que vive.
Alguém um dia me disse que “se conselhos fossem bons a gente os vendia”. Mesmo assim, acredito que minha proposta não seja ruim. Se você estiver longe de alguém que nunca mais esqueceu, dê uma ligadinha. Re-estabeleça laços. A vida é curta para a gente ir jogando fora os ricos momentos que Deus nos deu de mão.
Força ex-guri!
Parece mentira. Eu olho um pouquinho prá trás e me dou conta que a Paula e o Daniel cruzaram por aqui, na semana passada. Logo que voltaram à sua linda cidade, nos ligaram e conversamos pelo telefone. Viveram alguns contratempos com as passagens, mas nada muito grave. Estão alegres, ativos no dia-a-dia, depois das férias.
Conversamos sobre tantas coisas, sentados nas boas cadeiras na sacada do apartamento onde moramos. De lá podíamos ver um pouco do movimento da Türkenstraße (Rua dos Turcos), quase no centro de Munique. Mais uma vez percebi que a vida vai abrindo sorrisos para as pessoas que entram na casa dos 20 e, ao mesmo tempo, vai fechando seu semblante aos que mergulham nos 50. Mas claro, cada momento tem o seu prazer.
Foi bom ouvir os planos daqueles que estão tão próximos ao nosso coração. Eles aprenderam sonhar sonhos de qualidade. Tenho para mim que poder sonhar sonhos bons é um presente que só Deus alcança. Hoje, depois de tantos anos em contato com pessoas, percebo com muita clareza que são mais felizes as pessoas que conseguem sonhar, mesmo dentro das crises.
Lá se foi meu guri! Foi acompanhado para sempre. Ainda abanei com minha mão, depois do controle de suas bagagens, no aeroporto. Ele não percebeu nada disso. Mas no meu abano estavam as bênçaos de um pai que aprendeu a entregar o que tinha de mais caro para o mundo. Força ex-guri!
Vento Frio!
Sou caminheiro, descalço.
Levo-me no pedregulho.
E aí, vazio de orgulho,
É o pé que dói,
Ele sangra e redói.
Já a cabeça eu alço.
Enfrento todo percalço
Do vento frio que me moe.
Vou aventureiro, despido.
Embalado pelo tempo,
E assim, a contento.
Reflito,
Atrito, medito.
Em coração dolorido,
Replanto um vale florido.
Fruto da enxada e do grito.
Paro cordeiro, cansado.
Deito na rede do norte.
Cansa a luta forte,
Tenho asas,
Vi idéias rasas.
Já fui ensimesmado,
Fiz amor entusiasmado.
Revivo, construindo casas.
De mala e cuia!
No momento preparo-me para viajar com 5 estudantes da Ludwig Maximilian Universität Müchen ao Brasil onde, durante 21 dias, nos envolveremos com tema “Mas afinal, o que é pobreza?” Num dos Cultos que visitaremos, pregarei sobre o texto de Gênesis 12.1-4.
Abraão estava com a vida ganha. Tinha fincado raízes em Harã e ali, conhecia os vizinhos pelo nome. Acordava pela manhã e, depois do café, olhava o rebanho. Fazia um ou outro conserto nas dependências da sua tenda e, quando a fome batia, sentava-se para almoçar. Mais tarde um pouco de descanso na rede porque, afinal, "ninguém é de ferro". Um dia Deus lhe disse: "Sai daí desses lados onde moras e vai para um lugar novo que te indicarei…"
Lá Deus abençoou Abraão com terras; um filho e a promessa de que seria uma bênção para todas as gentes do planeta. Atrás de si ficou a parentagem e mais do que isso, todos os costumes. A mando de Deus, “de mala e cuia”, foi fazer outras experiências. Se não tivesse sido secundado pelos irmãos nômades, certamente não teria sobrevivido. Quem mora no deserto, tem o dever de hospedar pessoas em dificuldades.
Interessante notar que as três grandes religiões monoteístas do mundo (Judaica, Cristã e Islâmica) têm suas bases construídas sobre a pessoa de Abraão. Se alguém perguntar o que isso quer dizer para nós, cristãos, esse alguém deveria ler os capítulos 3 da Carta aos Romanos e, depois, os capítulos 3 e 4 da Carta aos Gálatas…
30.7.06
Fé, Esperança e Amor!
No momento estou me preparando para falar a uma platéia na cidade de Dinslaken, no norte da Alemanha, por ocasião das Festas anuais da Instituição Gustav Adolf Werk. Vou basear meu conteúdo nas frases iniciais da primeira carta que o apóstolo Paulo escreveu aos tessalonicenses.
A Comunidade de Tessalônica era muito pequena. Nela havia pouca famílias participantes. Mas que faziam “barulho”, ah isso faziam. Chamavam a atenção da circunvizinhança pelo fato de serem alegres e dinâmicos. Porque eles eram assim? Simples! Eles deixaram de adorar ídolos e passaram a alicerçar suas histórias pessoais na articulação da fé, em esperança e amor. Sempre de novo eu tenho notado isso. Pessoas que se sabem abençoadas por Deus, não têm medo de amar seus semelhantes. Eu, por "chegar perto de quem está ao meu lado" entendo "solidarizar-se com ele" e isso, no meu ponto de vista, é amor.
Nunca mais esquecerei da D. Júlia, moradora de uma Favela que visitei no Brasil. Ela era uma senhora de idade que cuidava de mais de 35 pequenas filhas e filhos de trabalhadoras e trabalhadores empobrecidos. Não ganhava quase nada em troca do trabalho que fazia e, todo dia, preparava uma gostosa sopa de verduras para aquelas pequenas criancas. Outro dia perguntei-lhe: - A sra. recebe tão pouco em troca deste trabalho. Como consegue fazer uma sopa tão substanciosa e isto, todo o dia?
“Ah pastor! – disse ela – acordo cedinho. Vou lá embaixo na feira (mais ou menos 2 km de descida e, depois, subida íngrime) e escolho o melhor dos restos que os feirantes jogam fora. Faço isso porque não consigo ver esses meus meninos com fome. Deus há de me ajudar com forças para eu poder ir fazendo este trabalho adiante.” Bons testemunhos ainda temos hoje, mais perto do que pensamos.
28.7.06
Alegria!
Quando o salmista Davi disse que “o Senhor era a sua Luz”, ele deixou claro que Deus era a razão da sua alegria. O apóstolo Paulo também deu um testemunho semelhante, quando sugeriu ao povo de Filipos que “se alegrassem no Senhor”.
Outro dia estive lendo sobre o missionário Hudson Taylor, fundador da Missão Crista na China. Ele conhecia perfeitamente esta alegria que brota da relação com Jesus Cristo. Num certo dia escreveu uma carta à sua esposa onde se lia: - “A manhã está linda, completamente ensolarada. No entanto, a clareza do sol em nada se compara ao brilho que existe dentro de mim”.
Há momentos na vida em que só vemos escuridão, tanto fora como dentro de nós. Vêm horas em que todas as luzes terrestres do mundo se apagam. Quem já não experimentou esta sensação? Pois Davi, Paulo e Hudson apontam para esta Luz que brilha sempre: o nosso senhor e salvador Jesus Cristo.
Estou convicto disso e não abro mão: somente a proximidade e o amor de Jesus para conosco é que podem nos encher daquela verdadeira alegria que Deus sempre sonhou para nós.
27.7.06
Help! Hilfe! Socorro!
Estamos no final de julho de 2006 e faz muito calor aqui em Munique. Ontem, num dos jornais da nossa cidade, podia-se ver a foto de uma árvore centenária que, plantada no famoso “Englischen Garten” (3,7 km² de área verde no coração de Munique), morria por causa do calor.
Neste momento todos os cidadãos muniquenses estão convidados a regar as plantas que crescem nas cicunvizinhanças. Não deixa de ser interessante esta “chamada” da mídia, tendo-se em vista que o rio Isar, que corta a capital da Baviera de sul a norte e que, hoje, se encontra completamente despoluído, acabou de baixar o nível de suas águas em 25 cm, nas últimas 24 horas.
Estas e outras informações para as quais a gente vai dando pouca importância tem relevância sim. Fatos como os que relatei acima são total novidade na Alemanha, onde o verão sempre foi verão e o inverno sempre inverno; onde o termômetro nunca se aventurou muito para cima ou para baixo.
As vezes carrego a impressão que estamos criando a pauta para nossa própria desestrutura como povo de Deus. Algumas medidas bem que deveriam ser tomadas aqui e agora. Nossa Amazônia está sumindo do mapa; está indo pro “brejo” – como diria meu avô. O mundo sofre suas dores e emite os sinais delas mas, mesmo assim, poucos de nós estão compreendendo os seus recados. Alô G8… Vocês precisam ajudar senão a “coisa” simplesmente nao vai funcionar.
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