As
duas Árvores da minha Infância
Romanos
15.1
Vivi os primeiros anos da minha vida numa pequena cidade do Rio
Grande do Sul chamada Tenente Portela. Do pátio da minha casa, sempre me
deliciei com a visão de duas grandes árvores que cresciam uma ao lado da outra.
Elas viviam como se fossem uma irmã e um irmão. À direita estava o irmão, com
seu caule grosso e seus galhos robustos, repletos de folhas. À direita crescia
a irmã. Ela era uma árvore que aparentava fraqueza, pois seus galhos eram um
tanto irregulares. Sim, ela parecia ser uma árvore menos imponente. Certa vez
aconteceu uma tempestade muito forte. Da janela do meu quarto eu vi as minhas duas
amigas lutando contra a ventania. Num dado momento o vento apertou a irmã meio
que para dentro do irmão a ponto das duas parecerem uma só. Faltou pouco para a
irmã derrubar seu irmão no chão. O irmão precisou se calçar bem firmemente com
suas raízes no solo para dar apoio à sua companheira.
Refleti durante todos meus últimos 55 anos sobre aquela visão. De
repente, posso dizer isso de outro jeito. A irmã, mais fraca e menos atraente, tinha
as suas forças ocultas. Ela crescia na frente do irmão e sempre era a primeira
a aguentar o tranco quando ventava pra valer. É que diante dela não havia
nenhuma outra árvore para diminuir a força do vento; para ajudar nas horas difíceis
quando das intempéries. E assim, sob a sua proteção, o irmão podia crescer com
imponência, prosperar, ser forte e bonito.
Na vida cotidiana e na vida comunitária nós sempre de novo encontramos
pessoas mais fracas e pessoas mais fortes. Ora, o mundo é um lugar onde se dá e
se recebe e Deus se alegra quando percebe os nossos esforços visíveis e também
os nossos esforços ocultos. Nós podemos nos dar apoio mútuo, especialmente nos
tempos tempestuosos da vida. Nós também podemos apoiar-nos mutuamente através das
nossas orações; incentivar-nos para o enfrentamento dos problemas e
dificuldades que a vida propõe. Nós podemos repassar a nossa fé em Cristo para
as nossas filhas e filhos; para todas as pessoas que caminham perto de nós. É através
das nossas doações que muitas pessoas podem ser ajudadas em outros lugares
desse nosso Brasil. Às vezes, nós até podemos ser uma ajuda às outras pessoas sem
percebermos que estamos sendo.
Minhas duas árvores permaneceram em pé depois daquela tempestade.
Lembro que os seus galhos se tocavam logo depois da crise. Parecia que as duas
árvores se alegravam com a primavera e com os pássaros que logo viriam fazer
seus ninhos ou até porque podiam curtir a presença uma da outra, ali naquele
chão vermelho.
Gente querida! Podemos ser gratas; gratos pelas pessoas que nos
dão apoio, que nos dão suporte e segurança em tempos de dificuldade. Todos os
dias nós temos a oportunidade de cuidar de nossas companheiras e nossos
companheiros; de abrir os nossos olhos e perceber quem necessita de apoio.
Amém!