Vocês já devem ter ouvido falar do Bispo Nicolau. Ontem, dia 06 de dezembro, nós festejamos o seu dia. Esse homem viveu no século 3 e era uma pessoa muito respeitada por causa do seu compromisso com a proposta cristã. Depois da sua morte o povo passou a festejar o dia 06 de dezembro como a data na qual se dá presentes.
O reformador Martin Luther tentou melhorar esta tradição. Ele articulou o povo luterano a dar presentes no Dia de Natal. Qual era o seu objetivo? Ora, usar a ideia da troca dos presentes para, com eles, apontar para a querida criança deitada na mangedoura. Daqueles tempos em diante ficou estabelecido que Nicolau ainda só traria pequenos presentes para as crianças. Os grandes presentes ficavam reservados para serem entregues na Noite de Natal e tinham o objetivo de apontar para Jesus Cristo - o Filho de Deus.
Hoje é assim que, em muitas famílias, se confunde o Filho de Deus com o Papai Noel. É lamentável, mas este, desde o século 19, vem assumindo gradativamente o lugar do Filho de Deus nas Festas Natalinas. Suas barbas brancas e seu manto vermelho são fruto de uma propaganda criada pela fábrica de refrigerantes da coca-cola, em 1931. Pena que poucos saibam disso!
Como é mesmo o perfil do homem que, verdadeiramente, quer nos presentear no Natal? Em Mateus 27.27-30 nós lemos que este homem veste um manto escarlate sobre o corpo e uma coroa de espinhos sobre a cabeça; que Ele tem nas mãos um pedaço de taquara que usa como cetro e é ridicularizado pelo populacho; que, um pouco mais tarde, Ele é pendurado numa cruz, enquanto oferta Sua vida para nos alegrar com o maior presente que se pode receber: A vida eterna!
Os pequenos presentes são dados no dia dedicado ao Bispo Nicolau – 06 de dezembro. Os presentes maiores são dados na Noite de Natal. Todos estes presentes são apenas para demonstrar o nosso amor uns pelos outros; para demonstrar o amor de Deus em relação a nós. Isso mesmo! Em última análise eles vêm de Deus; eles apontam para Àquele que demonstrou o Seu amor por nós morrendo na cruz. Nós, cristãs e cristãos, cremos que, no final dos tempos, este Jesus que morreu na cruz voltará a nós. Naquele dia ninguém mais poderá fazer piada sobre Ele, uma vez que Ele reinará sobre a humanidade por toda a eternidade. Isto é certamente verdade!
Oração: Querido Pai do Céu! Nós ficamos estupefatos quando nos paramos a pensar no grande amor que o Teu Filho demonstrou por nós. Sim, porque quando Ele morreu na cruz, deu de Si para que nos alegrássemos com o maior presente que se pode receber – a vida eterna. Amém!
Busque Saber
10.12.13
26.11.13
ADVENTO - DUAS AMIGAS SE ENCONTRAM!
Esta reflexão passa pelo texto de Lucas 1.39-56... No referido texto se lê que duas mulheres se encontraram. Maria subiu um morro a pé com o intuito
de visitar Isabel. Isabel, por sua vez, tinha que cuidar de seu marido,
Zacarias, que tinha ficado mudo depois de ter se encontrado com um anjo de
Deus. As mulheres se alegraram muito com seu reencontro. A tal visita não deixava de ser uma
homenagem recíproca que as amigas se prestavam.
As
duas tinham seus corações repletos de esperança. Esperança de serem libertadas
da vergonha de engravidarem naquelas circunstâncias misteriosas. Elas
certamente seriam alvos de fofocas que, certamente, durariam algumas semanas. No
meio de todas estas questões crescia a vida em seus úteros; cresciam dois
filhos de Deus. É assim que Lucas nos descreve o encontro de Maria e Isabel no
primeiro capítulo do seu livro.
Naquela
época, tal como hoje, uma mulher também não podia caminhar só pelos interiores da região montanhosa. Também não poderia se ausentar de casa pelo período de três meses. Tais atitudes não eram
viáveis no Mundo Antigo que ladeava o Mar Mediterrâneo. Os tempos eram duros. Se uma mulher não conseguisse gerar uma criança sentia muita vergonha. Ter um filho
ilegítimo? Nem se fala. Era uma afronta aos bons costumes. Sim, era como se a honra do clã
fosse atacada.
Eu
fico imaginando aquelas duas mulheres conversando entre si. Como elas se abraçaram e se alegraram; o
quanto elas dialogaram sobre as suas pequenas e grandes preocupações; sobre as
dificuldades e as alegrias da gravidez. Elas devem ter tomado chá, comido
cuca, cochichado e rido bastante. Depois de um tempo também devem ter ficado novamente
sérias pelo fato de não entender bem a fundo as promessas que diziam respeito
àquelas crianças que carregam dentro do seu corpo. No meio de toda esta
comunhão elas sempre colocavam suas mãos sobre a barriga. Quanta esperança!
Assim
também poderia ser o nosso Advento: Tempo bom de esperança! Esperar por alguma coisa da vida e de Deus! Caminhar sobre o morro de preocupações
diárias às quais estamos submetidos. Rir com amigas e com amigos. Experimentar
a boa esperança e crer no impossível. Sim, crer nas idéias que vieram habitar as
nossas cabeças; crer na nossa vitalidade; nesse fruto da maravilhosa bênção que
Deus sempre de novo nos alcança.
Eu
desejo um bom Tempo de Advento para nós. Um tempo no qual possamos cantar
com Maria: “A
minha alma anuncia a grandeza do Senhor. O meu espírito está alegre por causa
de Deus, o meu Salvador. Pois ele lembrou de mim, sua humilde serva! De agora
em diante todos vão me chamar de mulher abençoada, porque o Deus Poderoso fez
grandes coisas por mim. O seu nome é santo, e ele mostra a sua bondade a todos
os que o temem em todas as gerações. Deus levanta a sua mão poderosa e derrota
os orgulhosos com todos os planos deles. Derruba dos seus tronos reis poderosos
e põe os humildes em altas posições. Dá fartura aos que têm fome e manda os
ricos embora com as mãos vazias. Ele cumpriu as promessas que fez aos nossos
antepassados e ajudou o povo de Israel, seu servo. Lembrou de mostrar a sua
bondade a Abraão e a todos os seus descendentes, para sempre.” Abraços!
22.11.13
QUEM É TUA ROSA?
A
frase de Antoine de Saint- Exupery - Tu és responsável pela tua Rosa – no
livro “O Pequeno Príncipe”, soa nos nossos ouvidos no sentido de que “somos
eternamente responsáveis pela nossa flor; pelas pessoas que cativamos!” Ou
seja, as pessoas cativadas esperam o nosso engajamento em seu favor.
Aparentemente,
essa confiança e essa responsabilidade mútua se dão, especialmente, no
matrimônio. Vocês ainda se recordam da pergunta que a pastora ou o pastor lhes
fizeram quando da Celebração do seu Casamento? Ela ou ele perguntaram: -
“Queres recebê-la; queres recebê-lo das mãos de Deus? Queres caminhar lado a
lado com ele (com ela)? Os casais que disseram este “sim” diante de Deus
tentaram e continuam tentando fazer de tudo para que este Projeto dê certo. Se
ele não der certo, paciência. Tanta coisa não “rola” como pensamos. Todas nós;
todos nós estamos sujeitos ao erro. Então, por que não começar de novo? É por
isso que entendemos o matrimônio como uma bênção e não como um sacramento (que
é e ponto final). No entanto, é importante que, como Igreja Cristã, defendamos
a Instituição do Matrimônio. Ele, o casamento, a união de uma mulher com um
homem, é uma benção de Deus.
Essa
responsabilidade aumenta com a vinda das crianças. Para que as crianças se
desenvolvam com equilíbrio, elas precisam de uma boa base para a vida e esta,
geralmente, é dada pelas mães e pelos pais. Esse alicerce não se dá apenas com
a preocupação pelas necessidades materiais dos filhos, mas também com os
cuidados que alavancam o desenvolvimento mental e emocional saudável das
crianças que nos são confiadas. Neste desenvolvimento também está incluso a
educação cristã. Sim, nossas filhas e nossos filhos carecem de um
encaminhamento cristão. Caso isso não aconteça, elas correm sério risco de
terem que correr atrás do tempo sem nunca encontrar o verdadeiro sentido da sua
existência. Muitas mães e muitos pais até têm este sentimento quando batizam
seus filhos e suas filhas.
A
educação cristã não é apenas uma tradição igrejeira de se praticar a oração do
Pai-Nosso ou dos Dez Mandamentos. Ela inclui mais do que isto. No decorrer da
instrução cristã as crianças aprenderão a confiar. Elas aprenderão que Deus
está ao seu lado. Elas entenderão que Deus as ama tal como são e que Ele estará
sempre com elas. Elas se darão conta que a tolerância que Jesus praticou pode
ser imitada; que não há necessidade de ferir outras pessoas com opiniões. Elas
sentirão todas estas coisas em casa, enquanto praticam a fé cristã. Toda esta
aprendizagem se tornará importante num mundo que sempre se mostra incerto e
frágil, nestes tempos globalizados onde as mudanças são cada vez mais rápidas.
Esta mudança de comportamento é um caminho no qual as crianças precisam ser
acompanhadas. E este empreendimento é uma das tarefas fundamentais das mães e
dos pais; das madrinhas e dos padrinhos. Trata-se de uma tarefa que não pode
ser delegada às professoras de escola dominical ou ao pastor para quando dos
dois anos do período de preparo para a Confirmação.
É
pouco provável que as crianças mudem seu comportamento cristão com as
informações de terceiros, se elas não o vivenciarem em casa. As madrinhas e os
padrinhos se colocam ao lado dos pais nesta empreitada. Na hora do Batismo as
madrinhas e os padrinhos não são lindos simples acessórios para a beleza do
momento, mas pessoas co-responsáveis que assumem o grandioso desafio de levar
suas afilhadas e seus afilhados a vivenciarem a fé cristã verdadeira e
importante. De mães, pais, madrinhas e padrinhos responsáveis brota a vida de
fé que é mil vezes mais importante do que qualquer lição adquirida horas e
horas de ensino religioso. Penso que é maravilhoso receber de Deus tão nobre
tarefa. Devemos “informar” nossas crianças. Nós devemos lhes mostrar o caminho
que faz sentido e leva a Deus. Cabe-nos dar exemplo para elas do que significa
a ética cristã do agir e do decidir. Devemos ser gratos a Deus pelo fato Dele
aceitar as nossas crianças como Suas filhas.
“Tu és responsável pela tua rosa!” Sim, como
mães e pais nos cabe assumir esta responsabilidade com coragem. Talvez essa
intenção seja boa para o ano de 2014 que já está às portas. Que tal orarmos com
nossas filhas e filhos à mesa, ao lado da cama quando vem à noite. Acompanhemos
nossas filhas e nossos filhos ao Culto e mostremos a eles como é importante
adorarmos a Deus. Quando comprarmos um livro ou um brinquedo didático para as
nossas afilhadas e nossos afilhados, leiamos o mesmo, brinquemos com o mesmo,
para que, ao doá-lo, saibamos reagir e, junto, ensinar.
Tenhamos
coragem para realizar ou continuar realizando este projeto no novo ano que vem
aí. Que Deus abençoe vocês e todos nós na realização desta tarefa.
20.11.13
Morte e Eternidade!
Aí vem o dia 24 de novembro, último Domingo do Ano Eclesiástico, no qual a cristandade festeja o Domingo da Eternidade.
Antigamente este Domingo era chamado de Domingo dos Mortos. Trata-se de uma
data dedicada à lembrança das pessoas queridas que precisaram partir para estar
junto de Deus. Nós também fazemos uso deste dia para refletirmos sobre a nossa
própria morte que, um dia, também haverá de nos encontrar. Sim, a morte e eternidade
caminham de mãos dadas.
O
Salmo 90 é um dos textos mais importantes do Antigo Testamento. Ele nos informa
que o nosso Deus é eterno (2); nos deixa clara importância de pensarmos sobre este assunto (12). Coisa boa que mais e mais pessoas estão se dispondo
a tratar dessa temática. Para que fugir dela, se a morte é onipresente? A morte se dá a conhecer pela fome, pelas doenças, pelas guerras e também pelos
acidentes. Ela se mostra sempre presente, mesmo que, como brasileiras e brasileiros,
estejamos vivendo um pouco mais.
É assim que quase ninguém
gosta de refletir sobre o tema da morte. O fato é que, de repente, ela nos
alcança. Nessa hora, muitas e muitos de
nós, estaremos despreparados se, a toda hora, fugimos do assunto. Pois o salmista nos
desafia a esquentarmos nossa cabeça quando nos informa que “o ato de refletir
sobre ela é sinônimo de sabedoria”; quando nos faz saber que só vive
verdadeiramente quem sabe que vai falecer; quem sabe que sua vida é limitada.
Não consumamos os nossos dias como se eles fossem um conto de fadas. Enfrentemos os nossos problemas e os nossos medos de cabeça erguida como Jesus Cristo os enfrentou. Se agirmos assim, viveremos uma vida cheia de alegria; carregada de satisfação. Saborearemos uma vida eterna na presença de Deus desde já.
Não consumamos os nossos dias como se eles fossem um conto de fadas. Enfrentemos os nossos problemas e os nossos medos de cabeça erguida como Jesus Cristo os enfrentou. Se agirmos assim, viveremos uma vida cheia de alegria; carregada de satisfação. Saborearemos uma vida eterna na presença de Deus desde já.
Nosso
salmista se reporta a Deus e à Eternidade num fôlego só. Ele escreve: - “Tu és Deus
de eternidade a eternidade.” - “Mil anos, aos teus olhos, são como
o dia de ontem que se foi.” No momento em que ouvimos estas frases, daí então nós
chegamos ao limite da nossa compreensão. Que coisa! A eternidade proposta por Deus
já clareia a nossa vida a ponto de parecermos minúsculos grãos de areia diante
da sua grandeza majestosa. Não esqueçam nunca disso: Nós temos um Deus que
caminha do nosso lado; um Deus que nos ajuda e nos salva da morte; um Deus que
nos oferece abrigo no meio da dor do luto. Amém!
14.11.13
TUFÃO HAIYAN - FILIPINAS
Pastor Renato! Porque Deus permitiu o Tufão Haiyan nas Filipinas? Dá-me dó ver tanta gente sofrendo por causa do seu luto. O sr. tem uma palavra sobre este assunto?
Caro Marcos!
Não existe pessoa que não se faça
esta mesma pergunta. Confesso-te que me é difícil respondê-la. Para os
cientistas a Criação do Mundo se deu a partir de uma explosão que eles chamam
de “Big Bang” e que, depois disso, teria havido a evolução das espécies. Já o
autor do livro de Gênesis nos escreve que o Mundo foi criado em sete dias.
Queres saber de uma coisa? Eu creio que Deus criou o mundo. Como? Ora, isso
continua sendo um mistério!
É um fato que as catástrofes
climáticas foram formatando o mundo tão fértil e tão rico em que vivemos. Poucas
pessoas sabem disso, mas um vulcão que, de repente, irrompe faz acontecer novas
plantas que nunca existiram em outro lugar. Se não fossem as ondas gigantes que,
aqui e ali, assolam as nossas encostas, não teríamos o privilégio de conviver
com alguns animais que se adaptaram também na terra firme (gelo). Penso nas focas, por exemplo.
Claro que a mulher e o homem também
criam problemas. A população mundial cresce em demasia e as pessoas acabam
buscando as grandes metrópoles para viver. Em cidades como São Paulo, por
exemplo, ocupam-se todos os espaços e assim todas as possibilidades ficam
exíguas. Muitas destas grandes cidades foram construídas em lugares sujeitos às
forças da natureza. Há alguns anos atrás nós não ouviríamos falar de tantas
mortes oriundas de catástrofes. Deus criou a
terra assim como ela é e nós, Suas filhas e Seus filhos, continuamos com a responsabilidade
de administrá-la.
Tudo é muito
complicado, mas às vezes a gente mesmo pode garimpar uma resposta simples que
nos ajuda a não desesperar. É óbvio que sempre vão existir contra-argumentos.
Mesmo assim ouso explicitar que as catástrofes que nos assolam são uma espécie
de recados que Deus nos dá. Isso mesmo! Porque tanta poluição? Ora, a terra
reage ao nosso descompromisso para com ela. Se hoje pensamos muito mais em como
melhor proteger o globo terrestre, essa postura já é fruto dos recados que Deus
nos emite. Pense nisso Marcos!
P. Renato Luiz
Becker
11.11.13
Um e-mail fictício!
Caríssimo Paulo!
Tu me pedes para que eu vença o mal pelo bem (Romanos 12.21). Eu,
quase sempre, só percebo o mal quando ele já me envenenou minha vida. Daí então
já estou induzido a não cumprir esta ou aquela tarefa; a dizer uma mentirinha
aqui e ali; a fazer pouco caso da vontade Deus. Quer dizer, quando me dou conta,
o mal já colocou seu pé na porta. Eu sei que o mal separa as pessoas; que ele
divide o mundo em ricos e pobres, em justiça e em injustiça e que muita gente comunga
de suas idéias por medo e até por convencimento. Olha Paulo! Sinto-me pequeno
para dar conta da tarefa que me propões. Tua palavra é boa, mas os fazedores do
mal não dão a mínima para mim. O que é que eu faço?
Renato
Querido Renato!
Obrigado pela tua sinceridade. Só o amor é capaz de promover uma
vida responsável. As pessoas que amam a Deus não conseguem pautar sua história
no mal, na injustiça e isso, não porque são melhores. Tu sabes que eu sempre
lutei contra toda e qualquer segregação. Deus sonha que as mulheres e os homens
se respeitem mutuamente. Só assim haverá paz e cuidado recíproco com a criação
de Deus. A verdade é que quem permite a entrada do bom Deus em sua vida não
consegue mais comungar com o que é mal. Assim, fica esperto com teus sentidos.
Abre os teus olhos e teus ouvidos para não dar nenhuma chance ao mal. Trabalha
o bem em ti e reparte isso com quem está próximo. Desculpa se te coloquei sob
pressão, mas minha Palavra tem o intuito de te libertar e te orientar no
sentido de que não precisas construir o bem. Deixa-te apenas orientar por ele.
Isso já será suficiente para gerar em ti uma a força capaz de mover o mundo.
Abraços!
Paulo
20.10.13
O sopro do vento!
Sim, o vento soprou e animou as
ministras e os ministros da IECLB que ousaram participar da sua segunda
Convenção, em Curitiba (PR). Quanta comunhão! Logo na chegada nos eram ofertados
abraços e mais abraços. Quanta graça! O ambiente que construíamos ia se
inundando de sorrisos, enquanto evocávamos boas lembranças e também perspectivas.
E lá, bem no meio de tudo, nasciam os novos conteúdos. Era a utopia, essa ideia fortemente
pensada que, certamente, viria a ser realidade: momentos ricos de paz, amor,
justiça e perdão... Quase
no finalzinho de tudo, quando celebramos a Ceia do Senhor, me permiti a emoção.
Deus doou-nos o privilégio de experimentarmos o Seu envio. Hoje, em casa,
escrevo animado. Obrigado Senhor pelo Teu chamado!
18.10.13
Pastoral Urbana
Quanta gente se perde, continua se perdendo na
cidade? Faço esta pergunta por que experimentei essa realidade na carne. No final dos anos 50
minha família trabalhava na agricultura no interior de Tenente Portela (RS). Nossa
vida era pacata. À noite olhávamos as estrelas e dialogávamos horas e horas sob a luz do luar. Lembro que as vezes ouvíamos o rádio na sala iluminada com uma lâmpada da marca Aladim. Já
durante o dia, eu, menino, brincava com os filhos dos índios kaingang e a vida seguia seu ritmo lento, seguro e constante.
Foi
de repente a nossa mudança para Porto Alegre (RS).Naquela época meu pai estabeleceu
o seu negócio na Avenida Farrapos. O movimento constante de veículos me dava
dor de cabeça. Estávamos vivendo uma crise familiar muito grande, por não
dominarmos aquele contexto citadino. Num certo domingo, bem cedo, saí a
caminhar sem rumo pelas calçadas do bairro onde morávamos: IAPI. Não demorou
muito, me vi diante de um templo simpático; de uma igreja, cujas portas estavam
abertas. Lá dentro a Comunidade reunida entoava hinos cristãos que eram do meu
conhecimento. Ouvi a prédica do pastor, escorado no muro que separava o templo
da rua. Não ousei entrar; participar daquela comunhão por causa da minha
timidez. Pensei em voltar ali, mas na época não fui acolhido e assim o tempo foi
passando; a nossa família foi se acostumando ao novo ritmo da capital e as
coisas acabaram se sucedendo como sucederam. O fato é que estávamos sem Igreja.
Ficamos sem Igreja.
Eu
cresci. A vida deu suas voltas. Hoje faz alguns anos que eu, já pastor, quase fui
dar de mim na Pastoral Escolar do Colégio Pastor Dohms, bem perto daquele
templo que, um dia, tentou me abraçar, a partir dos seus cânticos cristãos. Outro
dia, em visita à capital dos gaúchos, parei ali no início da Rua D. Pedro II, 676. Foi naquele espaço que eu bem
poderia ter buscado apoio, já aos sete anos de idade.
Todas estas lembranças
acabaram direcionando os meus pensamentos para o Salmo 91.1-2 onde se
lê que “a pessoa que procura segurança no Altíssimo e se abriga na
Sua sombra protetora, experimenta um Deus defensor e protetor”. Na versão alemã está escrito: “Wer unter dem Schirm des Höchsten sitzt und
unter dem Schatten des Almächtigen bleibt der spricht zu dem Herrn: Meine
Zuversicht und meine Burg, mein Gott, auf dem ich hoffe.” Muito boa esta ideia.
O salmista sugere que Deus é uma espécie de “guarda-chuva” que protege aquelas
e aqueles que Nele creem.
10.10.13
Mulher – Sexo Frágil!
Preciso urgentemente de ajuda. Passo os olhos na lista do voluntariado da Comunidade onde atuo e fico pasmo. As voluntárias são em número bem maior. Deixo me levar nas ondas da memória e constato que, por onde andei, sempre foi assim nessa Igreja amada por Deus. Foram e continuam sendo quase as mulheres que se colocam para ajudar neste Projeto de Paz, Amor e Perdão que assumi, depois de ler e entender a Bíblia.
Nós, homens, somos vistos, ouvidos e lidos. Agora, não fossem as nossas mulheres nos dando apoio, seríamos um tanto quanto inativos. Alguns de vocês não estão gostando do conteúdo que brota destas linhas? Lamento! Por que isso é assim? Não sei ao certo, o fato é que praticamente todas as Igrejas do mundo são carregadas por mulheres. São essas lindas pessoas que, um dia, o “tremendão” Erasmo Carlos classificou de “sexo frágil” que espalham a proposta da Boa Notícia para as gerações que se sucedem. Na Rússia, durante a “cortina de ferro” foi assim. No Brasil de tantos lamentos também o é.
Quando se pergunta pelos frutos que a fé gera, me vem à cabeça o nome de mulheres. Se pensarmos na proposta da Diaconia no seio da IECLB, surge o nome da Diácona Hildegart Hertel. Se ouvirmos falar do "Cantinho do Girassol" em Brasília, daremos de cara com o nome da Diácona Elli Emma Stoef. Se estudarmos a Reforma Luterana não vamos poder passar de largo da Diácona Katharina von Bora (esposa de Lutero). Se nos pararmos a pensar nos nossos Sínodos, nas nossas Comunidades e Paróquias, aí sim é que esta lista feminina não acaba mais.
É isso daí! São as mulheres que tocam o barco da Igreja. Elas fazem isso por causa da esperança que carregam, mais do que nós homens, em seus corações. Nestes dias quando comemoramos a Reforma, o nosso agradecimento a elas, às mulheres.
26.9.13
Símbolos de Status!
Por que será que a mulher e o homem precisam de símbolos de status? Por que esse sentimento de que só se pode fazer algo quando se é dono disso ou daquilo? Por que essa necessidade de se querer despontar na lista dos mais, ao invés de se alegrar com uma vida simples? Os psicólogos nos respondem estas perguntas quando apontam para o amor próprio de cada uma; de cada um. Eles afirmam que os símbolos de status preenchem os déficits da autoestima das pessoas. Assim, elas buscam-no quando não conseguem se colocar como gostariam; quando não alcançam o brilho que gostariam de alcançar.
É por isso que algumas pessoas ostentam orgulhosos símbolos nas lapelas dos seus trajes e ou até fazem questão de usar um DR diante do nome. Vem daí alguns decalques na traseira de tantos automóveis. É por isso o relógio rolex e o carro caríssimo estacionado diante da residência. Isso mesmo! Símbolos de status ajudam a pessoa a melhorar sua autoestima. Daria até para se afirmar que a função de um símbolo de status seja lavar a insatisfação constante de não se chegar lá onde se desejou.
Seria tão bom se as pessoas não precisassem aparecer diante das outras como especiais. Claro que as pessoas têm o seu preço. Algumas se deixam comprar, outras não. A verdade é que os símbolos de status sempre trazem à luz alguma informação sobre as suas donas; os seus donos que carecem deles para sobreviver.

22.9.13
Deus me ajunta do Chão - Marcos 4.26-29
Tu e eu – somos semeadura!
Quase não nos damos conta
dessa ideia de grande monta
que brota da boa semente.
Quer acordados ou dormindo
a dita cuja cresce.
Como é que isso acontece?
Simples – Deus Onipresente!
Tu e eu – somos terra!
Chão onde a semente cai.
Ali – enterrada – ela se esvai
para gerar os bons frutos.
Como pó e sopro de Deus,
acolhemos sementes ricas,
enchemos várias barricas,
sempre ativos e argutos.
Tu e eu – somos sementes!
Espalhadas em mil lavouras,
roças morenas e ou louras.
Tempo escuro de solidão!
Hora de aquietamento,
experiência de cansaço
crises, derrotas e fracassos.
Deus nos ajunta do chão!
17.9.13
E o lixo da minha vida?
Olá amigas e amigos. No domingo passado proferi uma reflexão sobre Mateus 11.28-30 no Culto que celebrei. Ontem a noite transformei aquele texto em versos, linhas que reparto. Abraços!
Olhei para o lado e senti tanta exigência.
Gente agindo sem nenhuma experiência.
Uns e umas gastando mais do que ganham,
Essa arte insana que leva ao esgotamento,
Sono, alimentação, férias e passatempo
São nossas rendas naturais que barganham!
Nosso intelecto processa informações
E notícias negativas marcam corações.
Sim, há muitas pessoas cansadas de viver.
Elas vivem tristes, atormentadas de solidão.
O nervosismo e a apatia vêm de roldão
O que é que nós ainda podemos fazer?
Esta descrição não se aplica a você?
Agradeça a Deus por não ficar a mercê!
De viver, há quem já perdeu a alegria,
Este estado de espírito carece de cura.
Só dormir cedo me soa muito à secura.
Vitaminas e boa música – isso bastaria?
Não creio que nos ajudem estas receitas.
A dor interior vem de causas estreitas.
O filósofo cristão Agostinho tinha clareza:
Nosso coração sempre terá inquietude
Se não repousar em Deus amiúde.
Outro jeito não há para a sua leveza
Cadê o rumo certo, o nosso porto seguro?
Invoquemos um evangelista mais maturo:
Cristo carrega nosso lixo acumulado.
Descarregue-o todo no colo de Deus.
Viva mais contente consigo e com os seus.
Anime-se, vá em frente e não pare do lado!
A Palavra de Deus nos promete descanso!
Se Jesus é paz e tranquilidade, eu danço,
Abro os braços e me adono desse presente,
Abdico de ser o timoneiro do meu barco,
Permito que Ele construa todo o meu arco.
A gratidão e a alegria – tudo é latente!
Olhei para o lado e senti tanta exigência.
Gente agindo sem nenhuma experiência.
Uns e umas gastando mais do que ganham,
Essa arte insana que leva ao esgotamento,
Sono, alimentação, férias e passatempo
São nossas rendas naturais que barganham!
Nosso intelecto processa informações
E notícias negativas marcam corações.
Sim, há muitas pessoas cansadas de viver.
Elas vivem tristes, atormentadas de solidão.
O nervosismo e a apatia vêm de roldão
O que é que nós ainda podemos fazer?
Esta descrição não se aplica a você?
Agradeça a Deus por não ficar a mercê!
De viver, há quem já perdeu a alegria,
Este estado de espírito carece de cura.
Só dormir cedo me soa muito à secura.
Vitaminas e boa música – isso bastaria?
Não creio que nos ajudem estas receitas.
A dor interior vem de causas estreitas.
O filósofo cristão Agostinho tinha clareza:
Nosso coração sempre terá inquietude
Se não repousar em Deus amiúde.
Outro jeito não há para a sua leveza
Cadê o rumo certo, o nosso porto seguro?
Invoquemos um evangelista mais maturo:
Cristo carrega nosso lixo acumulado.
Descarregue-o todo no colo de Deus.
Viva mais contente consigo e com os seus.
Anime-se, vá em frente e não pare do lado!
A Palavra de Deus nos promete descanso!
Se Jesus é paz e tranquilidade, eu danço,
Abro os braços e me adono desse presente,
Abdico de ser o timoneiro do meu barco,
Permito que Ele construa todo o meu arco.
A gratidão e a alegria – tudo é latente!
16.9.13
Você sentindo cansaço?
Ando por aí e percebo a solidão na vida de muitas e de muitos que comigo convivem. Daí então me caiu na vista este texto de Mateus 11.28-30. Foi em cima dele que resolvi dar umas "pinceladas".
28 - Vinde
a mim, todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei. 29 - Tomai sobre vós o meu jugo e
aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração; e achareis descanso
para a vossa alma. 30 - Porque o meu
jugo é suave, e o meu fardo é leve.
Hoje
em dia se exige muito de nós. Todo mundo sabe que ninguém pode gastar,
permanentemente, mais do que recebe. Quem assim se comporta logo acabará
sofrendo um grande esgotamento em todas as áreas da sua vida. Sim, as
"fontes de renda naturais” tipo sono, alimentação, férias e passatempo
parecem não ser mais suficientes para muitas e muitos de nós. Se nos
analisarmos bem, perceberemos que nem todas as informações que recebemos são
processadas no nosso intelecto; no nosso corpo. As constantes notícias
negativas nos atingem deixando suas marcas. Sim, há pessoas no nosso meio que
estão cansadas de viver; atormentadas pela solidão; nervosas; apáticas;
tristes...
Talvez
esta descrição não se aplique a você. Se esse for o caso, agradeça a Deus. Mas
eu sei que há pessoas no nosso meio que perderam a alegria de viver. Nós não
conseguimos corrigir este estado de espírito simplesmente indo dormir cedo;
tomando vitaminas e medicamentos ou simplesmente ouvindo boa música. Este
sentimento ruim que faz casa dentro de nós aponta para uma causa mais profunda;
uma espécie de inquietação interior se instalou em nós.
O
grande filósofo cristão Agostinho estava certo quando disse que o nosso coração
está inquieto enquanto não repousar em Deus. Quem uma vez encontra esta
quietude experimenta rumo certo porque sabe que tem um amparo; um porto seguro.
Quem se sente em casa na presença de Jesus Cristo descarrega o lixo acumulado
em seu coração no colo de Deus. É esta a atitude que abre o espaço para novos e
bons pensamentos. Não pare! Anime-se! Busque essa vivência e experimente isso
que a Palavra de Deus promete: descanso!
Às
vezes parece falhar o cumprimento da promessa de paz e tranquilidade que Jesus
quer nos presentear. Essa falha pode ser fruto da nossa tendência de querer
tomar o rumo da nossa vida inteiramente em nossas mãos. Quem age assim dá
mostras de que não está muito a fim de se submeter ao senhorio de Jesus Cristo.
Só a confiança em Deus e a vontade de viver sob Seu domínio são capazes de nos
promover autoconfiança saudável. A partir daí, sem esforço, nos mostremos
pessoas mais gratas. Ora, a gratidão é a chave para a alegria e justamente esta
alegria que vai dar sentido e paz à nossa vida. Amém!
12.9.13
Champignon se suicidou – Por quê?
Para início de conversa, convido à leitura de Romanos 5.1-5: 1 - Agora que fomos aceitos por Deus
pela nossa fé nele, temos paz com ele por meio do nosso Senhor Jesus Cristo. 2 - Foi Cristo quem nos deu, por meio
da nossa fé, esta vida na graça de Deus. E agora continuamos firmes nessa graça
e nos alegramos na esperança de participar da glória de Deus.
3 - E também nos alegramos nos
sofrimentos, pois sabemos que os sofrimentos produzem a paciência, 4 - a paciência traz a aprovação de
Deus, e essa aprovação cria a esperança. 5
- Essa esperança não nos deixa decepcionados, pois Deus derramou o seu amor no
nosso coração, por meio do Espírito Santo, que ele nos deu.
Há
momentos na vida em que você chega a pensar que não vai aguentar a pressão. Nestas
horas a maioria das pessoas não encontra mais força e nem vontade de lutar em
busca de perspectiva. Se este estado de espírito persiste, esvai-se a esperança.
As mulheres e os homens que experimentam este profundo estado de tristeza
acabam entendendo que o caminho do suicídio seja sua única possibilidade. Isso
é trágico!
Por
que é que tendemos a calar; a não nos informar; a não dialogarmos sobre este
assunto? Alguém de vocês, alguma vez, já ouviu alguma prédica num Culto ou já
participou de algum Estudo Bíblico onde este tema do suicídio tenha sido
colocado sobre a mesa? Sou testemunha de que, em nível de Igreja, se aborda
esta temática por alto quando é tempo da Quaresma. Nestas oportunidades se
medita sobre o tema do sofrimento pessoal e também comunitário. Dessa forma
procura-se entender; encontrar-se um sentido para este tópico tão doloroso a
partir da cruz. Notem que nos últimos dias esse foi o assunto quando pipocaram
as notícias sobre o suicídio do ex-baixista do Grupo Charlie Brown Jr. conhecido pelo apelido de Champignon.
Quase
todas as famílias são, diretamente ou indiretamente, afetadas por suicídios. Em
Blumenau (SC), de janeiro a agosto de 2013, foram onze (11) as pessoas que se
suicidaram. Pasmem! Setenta e nove (79) não conseguiram levar seu intento a
cabo. Esse dado é apenas a ponta do iceberg. De acordo com uma pesquisa
levantada nos EUA, a maioria dos jovens americanos acredita que algumas das
amigas; dos seus amigos já tenham considerado a possibilidade de suicidar-se.
Esse estudo diz que 27% dos jovens consultados afirmaram já ter pensado em
suicídio. Isso não deve ser muito diferente entre nós aqui no sul do Brasil.
Que coisa!
Tu
e eu, nós conhecemos ou já ouvimos falar de famílias que experimentaram o
suicídio de uma querida e ou de um querido das suas relações. Essas
experiências sempre deixam um rasto de muita dor, mas sobre isso quase não se
fala. Será que é por causa de vergonha e ou de culpa; da possível falta de
compreensão e ou até mesmo do medo de que isso possa acontecer novamente? A
Bíblia não diz muito sobre este tema. Será que seus autores foram
preconceituosos a respeito desse assunto? Será que a Igreja é preconceituosa? Notem
que na Bíblia a palavra suicídio só aparece sete (7) vezes. Lê-se nela que o
suicídio não é aprovado e nem tampouco condenado, mas só se comenta a respeito
dele. Moisés, Elias e Jonas oraram, certa vez, para que Deus lhes tirasse a
vida e, assim, pusesse fim aos seus sofrimentos. Graças a Deus isso não
aconteceu e eles viveram muitos anos depois desse pedido.
Que
a Bíblia seja relativamente imparcial nesse assunto se deve ao fato que ela
compreende esta dor que leva à auto-execução. Tomemos o exemplo de Saul e
Judas. É assim que quando a dor e o desespero de uma pessoa atingem níveis
insuportáveis, o suicídio não se mostra como um ato voluntário, mas como uma
reação a esta dor. Foi embasado nessa compreensão que Karl Barth, um grande
teólogo do século passado, ousou dizer: “Também o suicídio é um pecado
perdoável”. Dietrich Bonhoeffer, pastor luterano e ex-prisioneiro da Segunda
Guerra Mundial, alertou nos seus escritos para que não “superestimássemos o
último momento”. Ele entendia o ato do suicídio como uma “baixeza”, mas, ao
mesmo tempo, tinha clareza de que uma pessoa que passasse por tão extrema
experiência também poderia ser perdoada pela graça de Deus.
Saul,
o primeiro rei de Israel, contribuiu grandemente para o seu país, mas também
precisou suportar sofrimento inimaginável. Ele, certo dia, no campo de batalha,
tirou sua vida com a própria espada. Ele tinha sido vitorioso em tantas
batalhas e até foi ovacionado por sua gente, mas mesmo assim acabou não vendo
futuro para si. Ele era um homem que amava a Deus, mas isso não lhe oportunizou todas as forças
necessárias para vencer sua crise. Como já frisei, a Bíblia não toca com
profundidade no assunto suicídio, mas diz muito sobre o perdão, sobre a
compaixão e, acima de tudo, sobre a esperança. Que esperança? Não! Não se trata de uma esperança etérea, mas
de uma esperança alicerçada na terra; na vida; na morte e na ressurreição de
Jesus Cristo. Paulo foi claro: Foi Cristo quem nos deu, por
meio da nossa fé, esta vida na graça de Deus. E agora continuamos firmes nessa
graça e nos alegramos na esperança de participar da glória de
Deus. Porque
nós somos salvos pela fé na esperança.
Essa
esperança da qual Paulo nos fala em Romanos 5.1-5 só pode se desenvolver em nós
através da provação e do sofrimento. Paulo tinha ciência disso e nós também
podemos tê-la. Ele escreveu: Os sofrimentos produzem a
paciência, a paciência traz a aprovação de Deus, e essa aprovação cria a
esperança. Essa esperança não nos deixa decepcionados. Então, não desanimemos
se porventura tivermos que experimentar sofrimento. O sofrimento pode nos
enraizar na fé, fortalecer, aprofundar a nossa esperança. Por isso, estendamos
a nossa mão àquelas e àqueles que, por decepção ou separação, estão precisando
suportar grande dor. Lembremos a estas pessoas que também elas podem experimentar
a esperança apontada porJesus Cristo.
Ouso
dizer que é nesta esperança que repousa a nossa melhor esperança. Na Carta aos
Romanos nós lemos sobre o amor de Deus do qual nada, absolutamente nada, pode
nos separar: Em Romanos 8.38-39 nós lemos que nada pode nos separar do amor de Deus: nem a morte, nem a vida; nem os
anjos, nem outras autoridades ou poderes celestiais; nem o presente, nem o
futuro; nem o mundo lá de cima, nem o mundo lá de baixo. Ora, isso também quer
dizer que nem as nossas falhas
e até mesmo os nossos momentos de desespero podem nos afastar do amor de Deus.
Isso é assim porque o amor e a esperança que estão em Cristo Jesus nos mantém
firmes na vida e na morte, inclusive na vida eterna.
9.9.13
Primavera!
O inverno, quase
acabado
A vida um tanto cinzenta
E eu, no fim dos cinqüenta
Esperando pelo sol
Pra me aquecer no arrebol
Levantar o meu astral
Extrair de todo o mal
Que esse frio promove
É água que desce e chove
Um tempo nada ideal...
Tirar o casaco não dá
Proíbe a meteorologia
Mas eu, cheio de mania
Mostro minha objeção
A droga do casacão
Que pesa no meu corpo
Me traz algum desconforto
Chega de usar capuz
Eu careço de mais luz
Preciso doutro horto...
Ói aí a primavera
A perspectiva da flor
Que vem gerar amor
Sonho sempre querido
Momento não comprimido
Época de alegria
Vivência da magia
Adeus sapato apertado
Nada de cadarço amarrado
Vou passear com ousadia...
Sim, vem aí o regozijo
travestido em esplendor
Meus ossos já sentem o vigor
Nada mais parece simplório
É Deus quem se faz notório
E me desafia a louvar
Coisa boa poder cantar
Hinos na Teologia urdidos
Orações, graças, pedidos
Não posso me apequenar...
A vida um tanto cinzenta
E eu, no fim dos cinqüenta
Esperando pelo sol
Pra me aquecer no arrebol
Levantar o meu astral
Extrair de todo o mal
Que esse frio promove
É água que desce e chove
Um tempo nada ideal...
Tirar o casaco não dá
Proíbe a meteorologia
Mas eu, cheio de mania
Mostro minha objeção
A droga do casacão
Que pesa no meu corpo
Me traz algum desconforto
Chega de usar capuz
Eu careço de mais luz
Preciso doutro horto...
Ói aí a primavera
A perspectiva da flor
Que vem gerar amor
Sonho sempre querido
Momento não comprimido
Época de alegria
Vivência da magia
Adeus sapato apertado
Nada de cadarço amarrado
Vou passear com ousadia...
Sim, vem aí o regozijo
travestido em esplendor
Meus ossos já sentem o vigor
Nada mais parece simplório
É Deus quem se faz notório
E me desafia a louvar
Coisa boa poder cantar
Hinos na Teologia urdidos
Orações, graças, pedidos
Não posso me apequenar...
Parabéns Comunidade Evangélica de Itoupava Central!
Coisa linda a Festa Comemorativa aos 130 anos da Comunidade Evangélica de Itoupava Central que vivenciamos no último final de semana. Tudo começou às 18 horas do dia 07 de setembro de 2013. As pessoas foram chegando, uma a uma, ao pátio da nossa Comunidade. Depois de um pequeno discurso proferido pelo nosso vice-presidente, Sr. Waldir Voigt, iniciaram-se os festejos.
A Banda do nosso 23º Batalhão de Infantaria de Blumenau tocou lindas músicas ao nosso povo luterano que reagiu aplaudindo muito. Ouvimos músicas clássicas, músicas populares, músicas alemãs e, depois de tudo, dirigimo-nos para frente do nosso templo, da Igreja do Salvador.
Aquele momento, enquanto ao nosso lado ainda era escuro, relembrei o apóstolo Paulo. Ele escreveu na Bíblia que nós, Comunidade Cristã, somos o Corpo de Cristo, do qual Jesus Cristo é a cabeça. Que o testemunho dos nossos antepassados precisa continuar sendo escrito pelas nossas mãos, a partir dos nossos talentos e dos nossos dons.
Depois dessa breve palavra, nossa presidente, sra. Nadir Voigt, apontou para a história das mulheres e dos homens que, movidos pelos seus sonhos construíram toda a história de 13 décadas da nossa Comunidade no Vale do Itajaí (SC). Logo que ela terminou de falar acenderam-se as luzes que definiram a torre do nosso templo dentro da noite. Ouviu-se um ohhhh das pessoas presentes e, praticamente junto, os sinos da nossa Comunidade.
Quando tudo parecia ter acabado, nos deliciamos com três minutos de fogos de artifício. Todo o Bairro de Itoupava Central parou para ouvir aquele tributo que também coloriu o céu escuro de vermelho e alegria. Salve Comunidade Evangélica de Itoupava Central. Quando o céu, até então, coberto de luz, reassumiu suas vestes, cantamos o Parabéns a Você, ainda embalados pela Banda do 23º BI.
Continue festejando a vida! Continue testemunhando tua presença no lugar onde Deus te plantou! Continue fazendo a diferença! Continue te importando com as pessoas que Deus te colocou como próximas! Continue escrevendo a história para dentro dos próximos dez anos, ó Comunidade Evangélica de Itoupava Central!
2.9.13
O Testemunho da Viúva!
Gente querida! Faz pouco, li a história da Viúva Pobre. A doação daquelas
duas moedinhas sempre foi apontada como um ideal a ser seguido na vida cristã.
Muitas irmãs e muitos irmãos já repartiram e continuam repartindo suas
propriedades; sua força; seu tempo e até os seus nervos para ajudar pessoas em
dificuldade. Sim, exemplos deste tipo são comuns desde o nascimento da Igreja
Cristã.
Será
que é certo fazer assim? Vejamos: A Viúva Pobre foi ao templo e, lá, se deparou
com uma Caixa de Ofertas. O dinheiro que ela depositou ali seria usado nas
despesas com o Templo. O fato que, a partir de agora, depois de doar todo o seu
dinheiro, aquela mulher não experimentará mais nenhuma segurança financeira.
Isso mexeu com Jesus!
Se
pensarmos em termos econômicos, teremos que deduzir que a Viúva Pobre foi
irresponsável. Ora, não se doa tudo o que se tem. Um pouco antes de entrar no
templo aquela mulher tinha alguma coisa nas mãos, mas, ao sair dele, ela não
tem mais nada. Antes, mesmo em níveis mínimos, ela vivia uma “bela
independência”, mas, logo que saiu, abdicou da mesma; transformou-se numa
pessoa carente que precisa da ajuda de alguém para sobreviver. Alguém quer
elogiá-la como Jesus elogiou? Tudo bem, mas todo e qualquer elogio não vai
encher o seu estômago.
A oferta daquela Viúva Pobre foi sem sentido caritativo; foi
economicamente insana e socialmente irresponsável e, mesmo assim, Jesus a elogiou.
Sabem por quê? Porque no momento em que ela doou o seu bem, ela também se
colocou como alguém que carece de doação e essa é uma atitude de fé.
A
viúva entrou no pátio do templo como uma pessoa independente e saiu de lá com
alguém dependente; passou pelo portão do templo como uma alguém que é senhora
dos seus atos e voltou como uma pessoa que precisa ser carregada; pisou no pátio
do templo com o peito cheio de alegria e, depois de fazer sua doação, saiu daquele
lugar, movida pelo mesmo contentamento.
Notem que o ato de doar o que possuía
não mudou o seu estado de espírito; não mexeu com os seus sentimentos; não
indicou nenhuma conversão. Ela mostrou ser uma pessoa equilibrada, serena,
antes e depois de doar. Tudo isso porque a sua doação foi motivada pela fé. Foi
por isso que Jesus a elogiou.
É
neste aspecto que a oferta da Viúva Pobre se difere da oferta das pessoas
ricas. A diferença entre as duas ofertas está no sentimento que estas duas
classes sociais têm, ao fazerem suas doações. Atrás daquela oferta menor se
esconde uma vida de fé, uma realidade que Jesus não percebe na oferta das
pessoas ricas que até podem dar mais, por causa do seu orçamento, mas isso não
vem ao caso.
A
Viúva Pobre nos dá o recado de que a vida sonhada por Deus para nós tem a ver
com dar e receber. Os bons relacionamentos sempre dependem do dar e do receber.
No matrimônio é assim; entre mães e pais com suas filhas e seus filhos é assim;
entre amigas e amigos e entre as pessoas com as quais temos contatos é assim.
O
“dar” não acontece sem o “receber”, assim como o “receber” não acontece sem o “dar”.
Se alguém só “dá” e nunca recebe, algo está errado. Da mesma forma, se alguém
só “recebe” e nunca “dá”, isso também não está correto.
Assim
como o ser humano não vive só, a partir de si mesmo, ele também não vive só
para si mesmo. Para que a vida tenha
sentido, é preciso mais do que se realizar apenas com “doação” e ou com “recepção”.
Quem recebe ou dá confia. É na confiança que conseguimos descansar. Amém!
30.8.13
Biografias Borradas!
Desculpe! Não entendo nada do que você fala!
É assim que reagimos quando alguém nos diz alguma coisa em meio aos ruídos do
dia-a-dia. Houve um momento em que Jesus, perto de um poço, conversou com uma mulher que também não entendia quase nada do que Ele lhe falava: Vale a pena ler
o texto de João 4.16-26:
16 - Vá chamar o seu marido e volte aqui! - ordenou Jesus. 17 - Eu não tenho marido! - respondeu a mulher. Então Jesus disse:
- Você está certa ao dizer que não tem marido, 18 - pois já teve cinco, e este que você tem agora não é, de fato,
seu marido. Sim, você falou a verdade. 19
- A mulher respondeu: - Agora eu sei que o senhor é um profeta! 20 - Os nossos antepassados adoravam a
Deus neste monte, mas vocês, judeus, dizem que Jerusalém é o lugar onde devemos
adorá-lo. 21 - Jesus disse: -
Mulher, creia no que eu digo: chegará o tempo em que ninguém vai adorar a Deus
nem neste monte nem em Jerusalém. 22
- Vocês, samaritanos, não sabem o que adoram, mas nós sabemos o que adoramos
porque a salvação vem dos judeus. 23
- Mas virá o tempo, e, de fato, já chegou, em que os verdadeiros adoradores vão
adorar o Pai em espírito e em verdade. Pois são esses que o Pai quer que o
adorem. 24 - Deus é Espírito, e por
isso os que o adoram devem adorá-lo em espírito e em verdade. 25 - A mulher respondeu: - Eu sei que o
Messias, chamado Cristo, tem de vir. E, quando ele vier, vai explicar tudo para
nós. 26 - Então Jesus afirmou: -
Pois eu, que estou falando com você, sou o Messias.
A Mulher Samaritana dialoga com Jesus, mas
não sabe que Ele é o Filho de Deus. Jesus tenta lhe esclarecer que é o Prometido
de Deus, mas aquela senhora não entende quase nada daquilo que sai de Sua boca.
Ela até tem uma pequena ideia do assunto que Aquele Homem aborda. Num dado
momento Jesus se mostra como sendo o Cristo, o Abençoado de Deus, àquela mulher
que pertencia a uma casta menor do Judaísmo. Sim, Jesus se coloca como o Filho
de Deus para aquela Mulher que já tinha tido cinco maridos e que, naquele exato
momento, não vivia em situação regular com o sexto. Porque é que Jesus se apresenta
para uma pessoa à margem da sociedade? Porque é que Jesus se desvia de tantas outras
pessoas que são certinhas e se dá a conhecer para alguém não se encaixa neste
perfil?
A
resposta é simples! Jesus leva a Boa Mensagem de Deus que se resume em mais
vida para as pessoas que Lhe são receptivas; para as pessoas que se mostram
dispostas a se envolver com Ele. Quem são estas pessoas das quais Jesus se
aproxima? São as pessoas que tem sua biografia borrada; seu coração quebrado e
sua alma ferida. São as mulheres e os homens que não tem mais nada a perder. Só
essa gente é que lucra com a proposta do amor ao próximo que Jesus vem trazer. Este
povo que vive nas beiradas da vida não faz mais parte do mundo certinho e é
justamente esta situação que os faz ser receptivos à novidade de vida que lhes
é plantada nos corações. Essa realidade parece ser mais difícil de acontece com
as pessoas satisfeitas e estabelecidas no seu dia-a-dia.
O fato de Jesus voltar-se para as pessoas que
caminham pelos corredores laterais da vida irrita esse pessoal mais arraigado
nos seus costumes. Notem que Jesus costuma se desviar dessa gente para ir ao
encontro das pessoas pobres; doentes e socialmente fracas. Agindo assim Ele
quer deixar claro para todas; para todos que o Seu amor é sem fronteiras; que o
Seu amor pode ultrapassar todo e qualquer cercado e que este amor “pode mudar a
face do mundo”. Nós também, muitas vezes, não entendemos nada da mensagem que
Dele ouvimos. Jesus, entretanto, se desvia das nossas falhas e dos nossos medos
para se aproximar de nós; mergulhar nos nossos pensamentos; aproximar-se dos
nossos corações; inserir-se no nosso entendimento. Você entendeu esta prédica?
26.7.13
Minha Morte!
Dormi ao volante. A batida
foi forte. O motor saltou de dentro da estrutura do carro e eu fiquei ali,
imóvel. Imediatamente após o acidente, alguém chegou perto e fechou meus olhos
com dedos ásperos. Tentei abri-los, mas não consegui dominar os músculos das
pálpebras. As pessoas ao redor de mim ficaram nervosas ao segurar meu pulso.
Elas não sabiam o que fazer diante da morte. Umas delas logo se afastaram do
meu corpo. Já outras poucas ousaram aproximar-se. Senti certo prezar mórbido na
sua respiração. Não, ninguém conhecia aquele gaúcho da classe de 54. Alguém colocou
a mão no meu bolso e, discretamente, passou a mão na minha carteira. No outro
bolso estava meu celular. Um motoqueiro vasculhou meus endereços nele. Falavam
baixinho. Num dado momento uma senhora discou o número 101 com discrição. Logo
depois soaram as sirenes do Corpo de Bombeiros. Viajei numa carroceria fechada,
dentro de um recipiente de latão, até uma sala lúgubre. Ali me despiram e, logo
depois, me deram um banho com a água gelada que brotava de um esguicho
metálico. Os funcionários agiam profissionalmente, mas mesmo assim se sentiam
incômodos com minha presença inerte. Era por isso que faziam piadinhas a meu
respeito. Outro dia li que este pessoal que trabalha com mortos precisa de
acompanhamento psicológico de quando em quando. Tratava-se de uma “catar-se”.
Encheram minha boca e minhas narinas com uma espécie de cimento branco. Colaram
meus lábios com fita adesiva para que se endurecessem fechados. Vestiram-me com
o terno que, um dia, eu comprei para a Festa de Casamento da Ella. Estava
difícil de vesti-lo em mim, por isso rasgaram-no nas costas. Deitaram-me dentro
do caixão e ajeitaram minhas mãos, ainda amolecidas, como se eu estivesse
orando. Colocaram-me dentro de um automóvel branco. Rodei durante trinta
minutos dentro daquela caixa, até que me descarregaram num necrotério. O cheiro
de flor e cera queimada das velas me incomodava um pouco. Minha esposa,
companheira de mais de 40 anos, e meus filhos choravam ao meu lado. Um dos meus
garotos se mostrava calado, talvez lembrando que ainda poderia ter me dito isto
ou aquilo. O outro, em alguns momentos, chorava choro solto, talvez se
lembrando de que tinha tentado dizer tudo o que podia. Uma das minhas noras se
apresentava extremamente séria, já a outra sempre tinha os olhos marejados. Amigas
e amigos vinham dar abraços, disfarçando sua tristeza atrás de óculos escuros.
Um pouco mais longe, eu ouvia o burburinho. Gente lembrando-se do meu passado,
mas também não querendo lembrar. Eu sentia o cansaço nas pessoas que me
ladeavam. Havia muito movimento. No fundo, mas bem no fundo, esse povo esperava
que aquele momento chegasse ao fim. Algumas e alguns passaram a mão na minha
testa, sem se perguntar se eu desejava aquele gesto. Havia muitas pessoas em pé
no pequeno recinto. A conversa aumentava de volume. De repente, depois de muito
tempo, o povo que se despedia de mim se aquietou com a chegada do Pastor da
Comunidade na qual eu, aposentado, participava. Ele se fez acompanhar do Pastor
Sinodal que ainda ajudei a eleger. Os dois se apresentaram debaixo de seus
talares pretos. Sob os meus pés a minha família colocou o talar que, sempre
ainda em uso, um dia, em 1977, me foi presenteado por um grupo de amigas e
amigos. Do lado dele, combinando com o preto, estava a bandeira do Grêmio com
suas três estrelas amarelas. Sim, o meu Pastor se preparara para aquele momento
– senti isso. Não quis dizer bobagem e, por isso, fez pesquisa no meu Blog; no
Facebook; nos arquivos da “empresa” (IECLB) em que trabalho. Ali ele descobriu
que já militei no Encontrão e no PT; que já fui Evangelista de Tempo Parcial
nos anos 80 e 90; que dediquei quase todo meu pastorado em prol de jovens
secundaristas e universitários; que já “pintei o sete” no sul do Brasil, nesta
igreja oriunda de Lutero; que, no final do meu Ministério, me descobri feliz na
Comunidade de Itoupava Central. Ouvi-o apontando para a perspectiva da
ressurreição; consolando àquelas e aqueles que, de fato, já sentiam saudades.
Nunca mais poderei saborear aquela cervejinha com o Sr. Adamastor; aquele café
esperto com a Dona Regina. Ouvi a oração do Pai Nosso. Pela experiência eu
sabia que tudo se encaminhava para o fim. O pessoal da funerária se aproximava
discretamente. Eles queriam fechar a tampa da caixa fúnebre, pois tinham
horários para cumprirem. Isso era preciso. Agora a saudade deveria ser trabalhada
em quem ficava. O luto das pessoas presentes duraria mais ou menos um ano. Se
passasse disso, precisariam buscar ajuda psicológica profissional. Senti o
abafamento do tampão se fechando sobre mim. Agora apertavam os parafusos de
rosca sem fim. Aprendi a apertá-los até meia volta antes de quebrar enquanto
fui mecânico, no início da década de 70. Foi o meu avô Reinbold quem me ensinou
isso. Gente querida agarrou nas seis alças. Agiam sérios, como se este ato
fosse um último tributo que me prestavam. Iam quietos. Percebi que estava sendo
pesado, mas mesmo assim carregavam-me com cuidado por entre os corredores
estreitos, escorregadios e obtusos do cemitério. De repente senti um pequeno
solavanco. Eram os caibros que apoiavam o caixão para que as velhas e secas cordas
o abraçassem. Abaixo de mim estava a cova, toda forrada com pedra brita. Os
responsáveis eram zelosos e, a pedido do Pastor, depositaram-me no espaço oco e
seco. Senti-me mergulhando no ar. O Pastor leu o Salmo 23. Sim, ele se preparou
bem para realizar o Ofício, mas sua voz demonstrava inquietude, uma vez que
sabia da minha história; que queria poder dizer um pouco mais daquilo que
sabia. Coisa boa que não falou “abobrinhas” neste momento de dor, para as
minhas queridas e os meus queridos. Jogaram pétalas de flores sobre meu caixão.
Daí então a colher do pedreiro passou a atritar com a areia e esse ruído me faz
perceber que tampavam a sepultura. Tudo começava a ficar extremamente mais escuro.
E agora? O que seria de mim? Não ouvia quase mais nada. Não sentia mais fome,
sede e nem tampouco saudade. Eu que um dia escolhera minha profissão para nunca
experimentar a sensação da solidão, de repente me sentia só; muito só. Ouvi ou
pensei ter ouvido uma salva de palmas. Eu estava no “hades”, palavra hebraica
que, traduzida para o Português significava “inferno” e que, na minha língua de
teólogo não dizia outra coisa do que “debaixo da terra”. Não me desesperei.
Sabia que Deus já vinha me acolher com Seu abraço quente e apertado;
presentear-me com um corpo novo. Foi então que experimentei mais um milagre! O
espaço exíguo onde me encontrava se “agrandou”, a escuridão ao redor de mim se
converteu em luz. A alegria se fez presente naquele cubículo. Eu me levantei. Não
havia mais muros entre mim e a vida. Percebi que tinha sido guindado ao Reino
de Deus do qual eu, em vida, dizia “ainda não”. Senti vontade de cantar;
jubilar. Vi, de relance, que não carregava mais a cicatriz oriunda do prego
enferrujado que rasgou a parte interna da minha coxa direita, aos seis anos de
idade, enquanto brincava só, lá embaixo, entre tábuas velhas onde, um dia, meu
pai tinha matado uma jararacuçu. Minha diabetes Tipo 2 já era passado. Eu não
precisava mais judiar meus rins com medicamentos. Assentei-me no assoalho macio
de um ambiente enorme e isento de paredes. O ar ali era puro. Não havia
necessidade de casaco. Sim, eu vivia numa nova terra, isenta de barulhos, de
tristezas, de frio, de calor, de agonias... Não! Eu não sentia falta das coisas
que me eram caras, nem do Jornal O Caminho. Experimentava comunhão com o Pai do
qual era mais um dos filhos que retornava. Serviram-me um chimarrão montado com
erva-mate sem sabão. Alguns tomavam cafezinho sem cafeína. Outros bebiam chá
sem veneno. Quanta comunhão! Revi a Romilda, o Lauro, o Osmar, o Luiz, o Ari e
tantas outras irmãs e irmãos das quais e dos quais sentia saudade. E os meus
sentimentos foram se sucedendo, um mais bonito que o outro...
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