São 22h e 10min deste 26 de dezembro de 2006. Faz quase seis anos que aqui chegei. Neste momento me encontro um tanto cansado de empacotar. Amanhã, bem cedo, carregaremos nossos pertences num caminhão que, logo depois, seguirá para Hamburg. Interessante isso! Foi desta cidade que meus antepassados partiram há exatamente 120 anos atrás. Por aqui, tentei melhorar, ajardinar pelo menos um cantinho do mundo. Para tal, sempre tentei usar a ferramenta da "palavra" falada e escrita. As vezes carrego a impressão que também luto contra "moinhos de vento".
Lá no fundo, na última janela da direita, logo abaixo do telhado, vi a neve caindo. Observei as primaveras e os outonos alemães. Vi pássaros construindo ninhos e, enquanto isso, me deliciei com seus "cantos" afinadíssimos. Foi dali que, olhando o caminho que conduzia à Gabelsbergerstraße, ousei sonhar meus próximos sonhos. Ficarei com saudades da Markuskirche que resistiu a bombardeios e que, hoje, ainda congrega filhas e filhos de Deus. Agora eu vou prá Joinville - tschau! Me sinto forte. Tenho muito o que repartir. Vou feliz! Viajo contente! Carrego muitas sementes...
Busque Saber
26.12.06
22.12.06
O Verbo se fez carne!!
Deus vêm até nós. Como ontem, ainda somos muitos os que, hoje, O procuram em lugares errados. Será que não deveríamos lançar nossos olhares sobre um ou outro muro que ladeia nossas calçadas? Há tantas choupanas crescendo na periferia... Penso que a Luz de Deus pode bem ser percebida nas pessoas simples que até caminham do nosso lado. Obrigado Wolfgang Schürger pela tua mensagem e pela pintura do Ulrich Martini que, por minha vez, também repasso àquelas e àqueles que me são próximos. Feliz Natal gente querida!
17.12.06
Alegria!
A alegria é um bichinho,
(Die Freude ist ein Tierchen,)
engraçadinho,
(das ganz süß ist,)
entocado dento do meu peito.
(und innerhalb meiner Brust wohnt.)
Quase sempre é moleque,
(Fast immer ist es in Bewegung,)
serelepe,
(klever,)
a fazer arte lá dentro de mim.
(und macht Frechheiten in mir selbst.)
As vezes, fica escondido,
(Manchmal bleibt es versteckt,)
encolhido,
(zieht sich zurück)
ensimesmado no canto do coração.
(in ein kleines Eckchen meines Herzens.)
14.12.06
Perspectivas!
Sou filho de terra revolvida e sofrida.
Andei pelo lamaçal e senti cabeças febris.
Vi estúpidos apostando unanimidade ferida.
Olhos opacos, cobertos por películas sem vida.
Quis curar apontando coloridos outros.
Dispensaram-me sob acusações hostis.
Visitei tribunais para explicar sonhos loucos.
Vozes timbradas articulavam ouvidos moucos.
Cicatrizes, marcas de experiências doloridas.
Velhos tempos a gerar e cruzar horizontes anis.
E eu aqui, repromovendo médias e grandes saídas.
Povo, gente, comunidade vivendo perspectivas.
8.12.06
Advento 1!
Mais 50 dias e estaremos de volta ao Brasil. A cidade de Munique está enfeitada para as festas de Natal. As pessoas se movimentam com pressa pelas ruas. Tudo extremamente organizado pela mão humana. Só falta uma coisa – a neve. Os meteorologistas de plantão afirmam que uma tal temperatura amena como a que vivemos neste período de Advento, só foi testemunhada a 250 anos atrás.
Para os bávaros essa “temperatura amena” da qual os jornais falam, significa 6° a 14° positivos. Interessante este povo do sul da Alemanha. Aqui e agora eles gostariam de afundar seus pés na neve, constatar seus termômetros indicando números bem negativos. Há uma crise instalada no ar e a natureza até parece concordar. Em pleno inverno, quando as plantas deveriam estar “dormindo”, há algumas espécies que já deixam explodir seus botões de flor.
Entremeio a estes acontecimentos, estamos empacotando os nossos pretences com vistas à mudança para Joinville. Na nossa cabeça há um misto de alegria e tristeza. Tínhamos sonhado alguns sonhos que não se realizaram. No entanto, também podemos dizer que experimentamos um período bem especial para o nosso crescimento pessoal. Enfim, é a vida que vai passando e, junto, nos cumulando de experiências que, amanhã ou depois, ela mesma colherá.
27.11.06
Gente querida!
Vivi pouco mais de 52 anos de história. Construí a mesma, sempre observando e aprendendo das pessoas que perto de mim circularam. Abaixo, escrevi uma lista quase completa daquelas que marcaram minha existência. A partir de agora vou me dedicar a escrever, pelo menos, uma crônica sobre cada amiga e ou amigo meu (os nomes sublinhados já foram contemplados). Devagarinho me dou conta de que algumas queridas e queridos nem podem mais me ler...
Abigair, Adamastor, Alcides, Alexandre, Almerinda, Ana, Andréa, André, Anika, Áqüila, Ari, Arno, Arquimedes, Armindo, Arnóbio, Aron, Átilo, Augusto, Aurélio, Arzemiro, Beatriz, Benhour, Benno, Bento, Carlitos, Carlos, Carmem, Carol, Cátia, César, Charles, Christel, Christore, Cida, Cíntia, Cláudio, Clowes, Dagmar, Daniel, Darclê, Darcy, Débora, Décio, Délcio, Diclea, Dolíria, Donaldo, Dorita, Dorothea, Dorvan, Douglas, Dulce, Edith, Edgar, Edmar, Edson, Elaine, Elisa, Elsbeth, Elzira, Ema, Emil, Ênio, Erdmann, Êrica, Ernâni, Ernesto, Ethel, Eva, Evandro, Fanny, Fátima, Flávio, Fritz, Genésio, Gerda, Gerson, Gilvana, Glací, Godofredo, Gottfried, Graça, Gudrum, Guilherme, Günter, Hannelore, Hardi, Harriet, Heini, Helvino, Hermedo, Hetio, Horst, Hugo, Ilma, Ilmar, Iloni, Ingo, Ingrid, Iracema, Iria, Irineu, Irmgard, Isolde, Ivete, Ivone, João, Jaime, Jairo, Jamile, Joice, Júlio, Kátia, Klaus, Kurt, Ledi, Lili, Lilian, Lindolfo, Lisete, Lysann, Lothar, Luiz, Luís, Lauro, Madalena, Magdalena, Manfredo, Mara, Márcia, Marcos, Marília, Marisa, Marlene, Marli, Margarethe, Martin, Martina, Mauro, Milton, Mônica, Monika, Nair, Neusa, Nelci, Nelson, Nilce, Nilza, Norma, Odálio, Ornélio, Oscar, Osmar, Osvaldo, Osvino, Paula, Paulo, Peter, Ramon, Raquel, Raulino, Reinaldo, Reinbold, Reynoldo, Régis, Reni, Renomir, Ricardo, Roberto, Rodolfo, Rolf, Romana, Romi, Romilda, Roque, Rosana, Rosâne, Rosângela, Roseli, Rosvita, Rubens, Rudi, Sadi, Sérgio, Sílvia, Sílvio, Sônia, Tânia, Tereza, Traudi, Uwe, Walder, Walter, Watson, Wilson, Wolfgang, Valmi, Valmor, Vanda, Vanessa, Valdenir, Valdevino, Vânia, Vanolir, Venilda, Vera, Vilson, Vitor, Zaira...
24.11.06
Mas acabou!...
De manhãzinha,
Rever minha estrela, sonhei.
Então, o olhar pelo céu passeei.
Cantos e recantos, pesquisei.
Nada!
E assim, de opaco me pintei.
À tardinha,
Comunhar o amor, esperei
Com os horizontes brinquei.
Versos e rimas também cantei.
Loucura!
Da pura solidão me molhei.
Já à noitinha,
Nas horas que ali passei,
Com a realidade, dialoguei.
Afagar a sobriedade, tentei.
Mas acabou!...
E, para o lugar, retornei.
22.11.06
Não sorrio mais assim!
Faz mais de 50 anos que sorri assim. Naquele dia meu sorriso brotou grifado pelo brilho dos pequenos olhos amelados. Minha mãe e o fotógrafo foram testemunhas do momento de alegria emoldurado em pura simpatia. Coisa boa descobrir a vida. Sentir o prazer do calor, da roupa leve no corpo. Desfrutar a dor da erupção dos dentes que também vêm para servir. Cooptar o engajamento daqueles que só têm planos bons e estão ao seu lado. Chales Chaplin dizia que “dia sem sorriso era dia perdido”. Eu sei! No entanto, hoje, não sorrio mais como na foto. Talvez, porque esteja ventando muito lá fora...
21.11.06
Hora de retrabalhar!
Outro dia, eu estava chegando em casa quanto senti aquele cheirinho gostoso de aipim, de mandioca frita, como se diz em alguns recantos do Brasil. Não pode ser – pensei. À medida em que eu ia me aproximando, ia ficando mais e mais claro que a Valmi me preparara aquela bela surpesa pro almoço.
Na Alemanha essa iguaria é caríssima e só se consegue a mesma em casas de comércio asiáticas. Comprar uma ou duas raízes acaba sendo como jogar na loteria – isso mesmo. Os comerciantes não permitem que a gente aperte a raiz com os dedos. Isso porque um tal aperto poderá romper a camada protetora da cera que envolve o poduto. Muitas vezes, depois de uma compra tal, a gente chega em casa e, só depois de descascar, que se vai perceber o “desejo” inapropriado ao consumo.
Ah que coisa boa o nosso almoço. Aipim frito com molho vermelho picante, escorrendo pelos lados. Do lado do prato, um cálice de vinho tinto seco. Foi bom aquele tempo que recheamos de boa conversa. De um bate-papo que nos conduziu por caminhos futuros em desaguadouro catarinense. Não vimos o tempo passar. Que pena! De repente era hora de retrabalhar...
18.11.06
Felicitações!
Como vocês sabem, nossa ida a Joinville para trabalharmos no Sacerdócio Especial ficou decidida no último domingo, dia 12 de novembro de 2006. Depois disso recebi muitas felicitações de amigos e colegas. Não posso publicar todas as referidas mensagens. No entanto, contemplo todas elas com a cópia da que meu chefe escreveu. Para quem lê em alemão, aqui vai...
"Lieber Herr Becker, ich war gespannt, wie es ausgehen würde! Nun freue ich mich sehr für Sie und Ihre Familie! Ich wünsche Ihnen von Herzen, dass sich Joinville als ganz richtige und passende Stelle erweist. Am Anfang weiß man das meist ja nie ganz gewiss und es bleibt ein mehr oder weniger großes Wagnis und man muss Vertrauen, dass in und hinter allen menschlichen Entscheidungen Gottes Führung und Segen stecken. Das es so sei, wünsche ich von Herzen!
Ich bin auch dankbar, dass Sie noch einige Zeit hier sind. Aus Erfahrung weiß ich: wenn eine Entscheidung für einen Wechsel gefallen ist, nimmt die neue Situation auch vile unserer Gedanken ein und auch einen teil unseres Handelns, denn es muss ja alles vorbereitet werden. Trotzdem soll und will man an der alten Stelle noch da sein und seine Aufgabe gut machen. Ich wünsche Ihnen, dass auch diese "Übergangszeit" gut gelingt!
Herzliche Grüße
Ihr
Klaus Schmucker Kirchenrat Leiter der Evangelischen Dienste im Dekanatsbezirk München Landwehrstr. 11 - 80336 München"
14.11.06
Estava batido o martelo!
As senhas diárias de hoje apontam para o Salmo 11,7a (Porque o Senhor é justo, ele ama a justiça;) e para Efésios 5,9 (porque o fruto da luz consiste em toda a bondade, e justiça, e verdade). Na oração que acompanha os dois versos bíblicos está a primeira estrofe do hino n° 154 (Evangelisches Gesangbuch) onde se lê: - “Herr, mach uns stark im Mut, der dich bekennt, dass unser Licht vor allen Menschen brennt! Lass uns dich schaun im ewigen Advent! Halleluja!“ Foi bom meditar sobre este pequeno conteúdo, agora de manhã.
O ano de 2006 foi interessantíssimo para mim, como obreiro da IECLB. Daqui e dali eu ouvia informações de que não seria fácil conseguir uma vaga para atuar como obreiro n’alguma Comunidade da IECLB. Daí que comecei a informar-me sobre possibilidades de trabalho já em 2005. Assim enviei meu “Curriculum” para um sem-número de Comunidades. Junto, passei a conversar com muitas obreiras e obreiros da nossa Igreja. Nestes diálogos, sempre explicitei o desejo de que me auxiliássem quando de minha volta ao Brasil em 2007. E o tempo foi passando…
O contato com a Paróquia São Mateus de Joinville começou a esquentar em julho de 2006. Depois de vários telefonemas e E-Mails, enviei-lhes um vídeo com respostas às suas perguntas e, junto, uma meditação. Soube que as liderancas se reuniram com o Presbitério e trataram do assunto. Ficamos acordados de que a decisão aconteceria no dia 12 de novembro de 2006, depois do Culto Dominical, quando então nos apresentaríamos à Comunidade, a partir de uma video-conferência.
O domingo aconteceu. Assistimos ao Culto pela internet. Depois do mesmo, as lideranças da Paróquia nos fizeram em torno de sete perguntas e, ao cabo das respostas, a membresia presente ainda teve a chance de rever nosso video de apresentação. Feito isso, o presidente perguntou aos presentes se nos aceitavam como obreiros e a Comunidade disse “sim”. Estava batido o “martelo”.
10.11.06
Gaúcho bávaro!
Faz seis anos que moro em Munique. Durante este tempo, minha esposa e eu hospedamos mais de trezentos brasileiros. Eles continuam vindo do Brasil sempre muito alegres, falantes e encharcados de novidades. Tais contatos nos fizeram bem. Ajudaram-nos a matar a saudade da nossa terra. Na medida do possível, smpre levei nossas visitas para um passeio pelos pontos turísticos da capital da Baviera.
Assim, creio que já embarquei pelo menos umas cinqüenta vezes no elevador da torre de 285 metros de altura, construída no Parque (Olympiastadium) onde foram realizadas as Olimpíadas de 1972. Lá do alto pode-se divisar a beleza da nossa cidade e, ao sul, os lindos e majestosos Alpes. Num sábado destes, deixei que minhas visitas subissem o monumento sozinhas. Eu só queria ficar um pouco a sós comigo mesmo.
Na meia hora seguinte fiquei por ali, passeando ao pé da torre. Eu vestia camisa branca, chapéu de feltro e calça de couro com suspensórios. Minha barba estava crescida e branca sobre a pele morena de sol. Num dado momento iniciei a liturgia da preparação do meu cachimbo para dentro daquela hora de intimidade com o ócio. O dia estava muito bonito, com céu de brigadeiro, “ein Traumwetter” como dizem os alemães.
Do meio das baforadas da fumaça que adoçava o ar com cheiro de baunilha, vi que do portal da referida torre saia uma família de, pelo menos, quinze japoneses. Eles vinham, com passos incertos, se acercando de mim. Todos sorriam sorriso igual. Senti que, tal qual um barco em meio à tempestade, começava a inundar no meio de tanta simpatia. Falavam comigo em japonês e, pelos gestos, acabei deduzindo que queriam bater fotos comigo. Claro que não me fiz de rogado. Posei com os avós, com as filhas e com os filhos, com as netas e com os netos. Uma vez só com a netinha no colo. Outra, abraçado ao casal mais idoso. Foi uma festa. Claro que eu não entendia nenhuma palavra do que falavam, mas curtimos o momento, mesmo assim.
Antes de irem embora, percebi que me agradeciam efusivamente. Inclinavam-se e estendiam suas mãos desejando-me um bom dia. Deduzi isto, enquanto “ouvia” seus corpos comunicando. Depois de alguns instantes entendi o porquê de todo aquele alvoroço. É que me confundiram com um homem alemão, com um típico bávaro. Penso que ainda hoje, em encontros familiares no Japão, sou visto como tal nas fotos da família viajante. Quando os nossos hóspedes desceram das alturas da torre, contei-lhes o ocorrido e acabamos nos divertindo muito com a cena: um brasileiro gaúcho se passando por bávaro. Mais tarde, sózinho com meus botões, pensei: - quantas e quantas vezes me fiz passar por ateu...
Assim, creio que já embarquei pelo menos umas cinqüenta vezes no elevador da torre de 285 metros de altura, construída no Parque (Olympiastadium) onde foram realizadas as Olimpíadas de 1972. Lá do alto pode-se divisar a beleza da nossa cidade e, ao sul, os lindos e majestosos Alpes. Num sábado destes, deixei que minhas visitas subissem o monumento sozinhas. Eu só queria ficar um pouco a sós comigo mesmo.
Na meia hora seguinte fiquei por ali, passeando ao pé da torre. Eu vestia camisa branca, chapéu de feltro e calça de couro com suspensórios. Minha barba estava crescida e branca sobre a pele morena de sol. Num dado momento iniciei a liturgia da preparação do meu cachimbo para dentro daquela hora de intimidade com o ócio. O dia estava muito bonito, com céu de brigadeiro, “ein Traumwetter” como dizem os alemães.
Do meio das baforadas da fumaça que adoçava o ar com cheiro de baunilha, vi que do portal da referida torre saia uma família de, pelo menos, quinze japoneses. Eles vinham, com passos incertos, se acercando de mim. Todos sorriam sorriso igual. Senti que, tal qual um barco em meio à tempestade, começava a inundar no meio de tanta simpatia. Falavam comigo em japonês e, pelos gestos, acabei deduzindo que queriam bater fotos comigo. Claro que não me fiz de rogado. Posei com os avós, com as filhas e com os filhos, com as netas e com os netos. Uma vez só com a netinha no colo. Outra, abraçado ao casal mais idoso. Foi uma festa. Claro que eu não entendia nenhuma palavra do que falavam, mas curtimos o momento, mesmo assim.
Antes de irem embora, percebi que me agradeciam efusivamente. Inclinavam-se e estendiam suas mãos desejando-me um bom dia. Deduzi isto, enquanto “ouvia” seus corpos comunicando. Depois de alguns instantes entendi o porquê de todo aquele alvoroço. É que me confundiram com um homem alemão, com um típico bávaro. Penso que ainda hoje, em encontros familiares no Japão, sou visto como tal nas fotos da família viajante. Quando os nossos hóspedes desceram das alturas da torre, contei-lhes o ocorrido e acabamos nos divertindo muito com a cena: um brasileiro gaúcho se passando por bávaro. Mais tarde, sózinho com meus botões, pensei: - quantas e quantas vezes me fiz passar por ateu...
8.11.06
Aspirando Liberdade!
Faz pouco, sentei-me à escrivaninha para rever minha agenda. Nela estava explícito que o tempo para escrever sobre o tema “vocação” expirava. Prazeiroso, ajeitei-me na confortável cadeira e pus mãos à obra.
Cresci numa família pobre. Informei-me no seio da Escola Pública. Aos doze anos, empreguei-me numa oficina mecânica. Enquanto trabalhava, sempre ficava sonhando com o final de semana. O contato com a turma da Juventude Evangélica me era muito caro. Nele aprendi a ser gente que ama, que chora, que ri.
Um dia, procurando pelo sentido de viver, saí a caminhar dentro da madrugada santa-cruzense. Sentei-me na amurada do pequeno viaduto, em frente ao quartel militar. Foi ali que pedi ajuda a Deus. Supliquei-Lhe que me escrevesse um norte nos céus. Devo ter gasto uma boa meia hora na procura dos dos Seus hieróglifos, entre as estrelas.
De repente, brotou-me uma idéia. Iria buscar ajuda junto ao pastor da nossa Comunidade. Dirigí-me à sua casa que distava dois ou três quilômetros de onde eum me encontrava. Ao aproximar-me da mesma, auto-critiquei-me: - não poderia acordar um homem que sofria dores no coração naquelas horas meninas. Mesmo assim, fui até o fim no meu intento. E não é que o falecido Benno estava acordado e disposto!... Contei-lhe sobre minhas sortes e meus azares. Compartilhei-lhe meus sonhos e, ao cabo de boa conversa, ouvi de sua boca: - O Presbitério autorizou-me a alcançar uma Bolsa de Estudos para quem eu quiser. Estou propondo a mesma a você. Depois de tudo, existe a possibilidade do pastorado...
Passaram-se dois meses, e lá estava eu, exposto às "talhadeiras" pedagógicas de um ensino que me catapultou ao Sacerdócio Especial. Hoje, depois de longa jornada por pátios igrejeiros, encontro-me “respirando” ação cristã na universidade, “aspirando liberdade”, como ainda canta a Daniela Mercury.
7.11.06
A pitangueira do meu pomar!
Hoje, lendo os jornais, assustei-me. Não há mais dúvida de que o mundo se move por ameaças. Como comportar-me no meio desse deserto? Foi por acaso que acabei lendo esta boa Palavra: - “Que variedade, Senhor, nas tuas obras! Todas com sabedoria as fizeste. Cheia está a terra das tuas riquezas” (Salmo 104.24). Interessante notar que o autor deste pequeno conjunto de idéias mostra-se maravilhado e, consequentemente, adorador de Deus. Ao perceber Sua sabedoria, não consegue calar. E é claro que, em vista disso, só consegue escrever poesia.
É de manhã. O silêncio chega a ser cortante. E eu, recolhido no gabinete, tento dialogar com Deus. Lá fora, sobre a grama verde, o pé de pitangas. Suas frutas vermelhas, prá lá de maduras, já colorem o chão. Nos galhos, sustentados por forquilhas, dançam, ao sabor do vento, sabor e beleza. O casal de pássaros trabalha a não mais poder. Voam e voltam com capim escolhido no bico. O ninho já trás as marcas do leiaute milenar, um dia aprendido do Criador. A felicidade? Ora, ela fica traduzida nos alegres pios e nos lépidos pulos que confundem minha visão, enquanto tento olhar por entre as folhas sombreadas.
Nunca vi passarinhos magros. Quando os percebi tristes e ensimesmados, estavam em gaiolas. Infelizmente, depois da Proposta Primeira de Deus, vieram os cercados. A depressão machuca muito mais do que só o coração. O mundo já teme a falta d´água. Leio que já há rios que não chegam ao mar e, assim, ouço a natureza a chorar. Ela tem saudade dos carinhosos dedos Daquele que a projetou. Ela geme, enquanto espera pela interferência dos que têm consciência.
Quanta algazarra, tudo é festa na pequena árvore. Êpa! O vento virou. O telefone tocou. Acordei-me. Tenho assuntos a resolver. Lá fora estão famílias a visitar. Será que ainda sobra tempo prá eu sonhar? Enquanto isso, flui a vida na pitangueira do meu pomar. (Texto escrito em Florianópolis - 1999)
2.11.06
Passamos pelo tempo!
Faz muito tempo que nos conhecemos. Ele ainda passa a impressão de representar a Verdade, aqui na terra. Suas palavras sempre ainda soam duras àqueles que não concordam com seus ensinamentos. Lembro que, dia após dia, mostrava-se um sujeito extremamente doce àqueles que o levavam em conta. Confesso que ouvi-o, durante anos, com todo carinho. Ele tinha vivido vida dura. Mesmo assim, debaixo de luta forte, cresceu e venceu em meio aos ventos de enormes crises. Ainda hoje é um sujeito carismático. Inúmeros continuam ouvindo-o, enquanto segue sua caminhada. Fiquei triste ao perceber que não consegue se dar conta de que a vida passa. De que não é o eixo da existência.
O tempo está parado. O sol está estacionado nalgum lugar do firmamento. A terra gira em torno dele e, dali, nos brinda com dias e noites. Dentro deste sistema estático, estamos dinâmicos, tu e eu. Somos capazes de viajar à Vladivostok, à Atenas, a Beirut e à Santa Cruz do Sul. Enquanto isso, nosso organismo vai incorporando sinais de desgaste. Alguns de nós não percebem e ou até não querem perceber estes tais. Teimamos em ir tocando a vida como sempre a tocamos. Fechamos os ouvidos para os nítidos recados que vem do Criador que, por amor, assim nos prepara para a entrega do bastão às gerações vindouras. Há que se ouvir também essa voz de Deus que soa através dos nossos órgãos.
Meu envelhecido amigo passa ao largo destes recados. Não quer se ocupar com esta questão. Continua querendo ser senhor maior, sempre a partir da hiper-atividade. Não consegue sentar. Quer continuar a lutar como lutava. A interfer nos assuntos como interferia. A dar a pauta como antigamente o fazia. Vi que seu olhar não brilha mais tanto como outrora brilhava. Percebi que seus dedos perderam a elasticidade. Mas também pude notar que ele insiste no seu propósito. Ouvi-o dizer que quer morrer em pé, fiel ao seu passado. Daí, não resisti e desafiei-o a encarnar outro ritmo. Ele fez que não ouviu.
21.10.06
Atenas!
Voltei ontem de Atenas. Jamais esquecerei da linda capital da Grécia. Caminhei em ruas centrais e, junto, respirei ar misturado com cheiro de muita história. Ali, bem debaixo daquele mesmo sol e ao lado daquelas tantas pedras superpostas, foi que nasceu a arte de pensar, a mãe de todas as ciências, a Filsofia. Incontinenti, lembrei das minhas leituras infantis de Monteiro Lobato. Foi ele quem plantou desejos viajores em mim, com seu livro intitulado “Os doze trabalhos d Hércules”. Durante cinco dias pude apalpar um pouco dos anos 50 d.C., enquanto caminhei sobre uma velha calçada que, um dia, foi testemunha do atrito das sandálias do apóstolo Paulo.
Lá sobre o monte, para todo mundo ver, estavam muitos resquícios da Acrópolis. Sua construção, no alto da montanha, foi iniciada em 437 a.C. A fotografia acima retrata alguns pilares do Partenon, a mais bela ruína do mundo. Cliquei a foto sentado sobre uma das pedras da grande muralha que circunda a gigantesca obra. Eu me sentia um tanto inquieto naquela hora. Por ali, em algum lugar, o apóstolo pregou, em nome de Jesus Cristo, sobre as Boas Novas de Deus para o povo que era mais culto. Sua estratégia para repartir o amor de Deus foi simples: achegou-se perto da única estátua sem nome e, ali, deixou claro que se referia à Deus.
Era noitinha quando desci o morro. Antes de chegar ao portão, colhi uma lasquinha de mármore do chão. Naquele momento retomei uma decisão: estudar, a partir de hoje, com muito mais afinco, algumas das cartas neo-testamentárias da Bíblia.
10.10.06
Luta Ininterrupta!
Vivo meu último semestre aqui na Pastoral Universitária, junto à “Ludwig Maximilian Universität” de Munique. Meu trabalho diz respeito ao atendimento de 16.000 estudantes oriúndos de países em desenvolvimento. A Alemanha ajuda estudantes em dificuldades financeiras e é a Igreja que articula estes dinheiros, em parceria com a Instituição “Brot für die Welt”. No meu gabinete, sou a “ponta” de todo este sistema. Os estudantes vêm a mim para contar suas histórias, na esperança de serem ouvidos e servidos nas suas intenções. É aqui na Friedrichstraße 25 que os seus desejos de pequenas somas vão sendo decididos.
Todos os dias ouço as histórias que me vão sendo contadas. Elas são mais ou menos assim: - “…por isso é que eu peço ajuda financeira a vocês. Estou numa fase do estudo onde preciso me concentrar melhor. Meus exames finais estão à porta. Minha família mora em Camarões (África) e não pode me ajudar com um centavo sequer. Sou o filho mais velho de uma família com nove irmaos. Meu pai trabalha com móveis e minha mãe é do lar. Eu, lamentavelmente, não consigo vencer meus compromissos trabalhando somente de madrugada e isto, com pequenos “bicos”…
Depois de ouvir relatos assim, preencho uma folha de papel com todos os dados do estudante e, depois, escrevo um “pedido de dinheiros” à Instituição doadora. Ao cabo de 20 dias, vêm uma resposta positiva e então o estudante pode retirar seus Euros de uma conta que temos no Banco. Coisa boa poder participar da alegria, poder perceber a satisfação que vem emoldurada em sorrisos abertos e alegres. Agora é hora de viver intensamente mais um pequeno segmento da história individual. E assim, vai seguindo a vida que sempre ainda é de luta ininterrupta…
9.10.06
Cadê a Virada?
Faz um mês que voltei da nossa viagem de estudos no Brasil. De novo, estou trabalhando prá valer, nestes últimos 102 dias que antecedem meu Culto de Despedida do trabalho com Estudantes na „Evangelische Studenten Gemeinde an der LMU“, em Munique. Agora chegou a vez de escrever meu relatório de tudo o que vimos, ouvimos e vivenciamos em terras brasileiras. Interessantíssimas as impressões dos cinco estudantes que comigo viajaram.
A cidade “maravilhosa” do Rio de Janeiro marcou a todos nós. A Dorothea (estudante de Jornalismo), por exemplo, expressou-se por escrito: - “…esse “Terceiro Mundo” deixou-me um tanto triste e, porque não dizer, desesperada até. Porque é que tanta gente precisa morar em favelas? É normal que, ao anoitecer, a gente precisa voltar depressa para casa, a fim de não correr riscos maiores? Como pode que o fato de se ouvir tiros de armas de fogo virou lugar comum nas madrugadas? Como entender uma criança que, com três anos de idade, já incorporou o hábito de se deitar no assoalho, ao ouvir estampidos na vizinhança? Carrego a impressão que o medo faz parte da vida no Brasil. As pessoas até não percebem, mas ele, o medo, tornou-se normal entre elas…“
É duro ler isso – não é mesmo? Agora mesmo li os jornais que informam sobre o primeiro debate dos nossos dois presidenciáveis, ontem à noite, na Rede Bandeirantes. Pelo que entendi foram as agressões e as críticas mútuas sem fim que fizeram a pauta do programa. Parece que estamos longe de viver perspectivas dignas, no que diz respeito à segurança. A tristeza parece mesmo não ter fim… Quando é que vai haver a virada?...
29.9.06
Põe o feijão de molho!
Interessante os impulsos que vão sendo verdade dentro da cabeça da gente, quando se vive momentos de mudança, de despedida. Ontem, por exemplo, encontrei-me com um grupo de pessoas que se reúne, sistematicamente, para compartilhar temas do dia-a-dia. Fui de metrô até Trudering, um bairro de Munique e lá, na Comunidade da "Friedenskirche", encontrei-me com aquele povo querido.
No nosso círculo havia alegria, um vaso com girassóis, água e amendoins sobre a mesa. Uma das senhoras presentes era brasileira e ex-dancarina de "balet". A outra, com traços bem jovens, estava sentada numa cadeira de rodas, mas bem acarinhada pelo marido. Alguns dos senhores presentes trabalhavam em bancos. Dois deles eram engenheiros. Já suas companheiras eram versadas na área da música. Outras duas senhoras trabalhavam como leigas na Igreja e tinham formação diaconal. A mais idosa conhecia a Bíblia profundamente. Enfim, o clima de comunhão estava gostoso, enquanto íamos nos apresentando, ouvindo e contando nossas histórias.
Tudo na vida tem um preço. Para vir à Alemanha, precisei deixar família e muita gente querida no Brasil. Já a "brasileira" da nossa roda de conversa amava seu marido e, por isso, na época, precisou abdicar de sua carreira artística, já iniciada aos 5 anos de idade. A "cadeirante" do nosso círculo teceu comentários sobre a juventude, sobre a alegria e a liberdade de poder ir e vir, se locomover. O fato é que depois de muito tempo pude sentir de novo, o cheirinho de uma Comunidade. Eu, um dia, cansado, deitei-me na rede do norte e acabei descansando da luta forte. Mas agora estou de pé e, certamente, vou voltar em pé para, novamente, poder ir a pé! Por favor gurias e guris! Botem o feijão de molho que amanhã eu já estou voltando...
25.9.06
Sabores e Dissabores!
Nos últimos meses, tenho procurado fazer caminhadas diárias. Como não tenho problemas articulares nos quadris, pés e joelhos, dou tudo de mim num trecho de 9 km. Antes, durante e depois de caminhar dentro do Englischen Garten, bebo água. Coisa boa poder usufruir de um espaço assim, todo arborizado e não poluído para gastar energias. Sempre de novo fico pasmo quando percebo os riachos deixando transparcer os peixes que ali nadam. Vou em frente e me permito o sombreamento dos carvalhos que crescem a beira do caminho. Eles me ajudam a evitar os efeitos indesejáveis dos raios solares mais fortes. Sigo ao sabor do vento, sempre pisando em piso macio. Minha indumentária é leve e de cor clara. Vou com postura ereta, enquanto retraio meu abdome. E assim, meio que "sem lenço e sem documento", sigo meu rumo sempre mantendo os braços descontraídos e em movimentos rítmicos. Meu alvo é claro: quero aumentar o gasto calórico e a frequência cardíaca do meu corpo.
Tenho prazer neste tempo que dedico a mim. Ontem, durante o trajeto, observei o caule de uma das árvores crescidas, à beira do caminho que percorro. Lá, no tronco da mesma, estava inserida uma data a canivete: 27/06/67. Em junho daquele ano eu estudava em Porto Alegre, no Ginásio da Paz, no Bairro Navegantes. Eu morava em Esteio, de onde, diariamente, me locomovia à capital, sempre embarcados nos ônibus verde-escuros e lotadíssimos da Central. Desembarcava na esquina da Farrapos com a Sertório e ia a pé, ladeando o velho estádio do Renner, enquanto observava meus sapatos pintados de preto sobre a cor marron original. Aquele sujeito deixou sua marca na casca cicatrizada. Ele, na época, devia contar com uns vinte anos de idade. Já hoje, deve beirar os sessenta. Provavelmente tem netos e, ao passar por ali, deve lembrar-se dos dez minutos que precisou para ferir a árvore e marcar um dos momentos de sua vida.
Nunca feri caules com lâminas de aço mas, com certeza, machuquei muita gente quando articulei sons com minha língua. Talvez elas até nem se lembrem mais de mim. Mas eu sei que em seus corpos ficaram as cicatrizes com as quais precisaram e, talvez, ainda precisem conviver. Sei! Além de dissabores também posso ter oportunizado sabores. Assim, envolto nos meus pensamentos, segui adiante. De repente, olhei prá mim e também vi cicatrizes...
Tenho prazer neste tempo que dedico a mim. Ontem, durante o trajeto, observei o caule de uma das árvores crescidas, à beira do caminho que percorro. Lá, no tronco da mesma, estava inserida uma data a canivete: 27/06/67. Em junho daquele ano eu estudava em Porto Alegre, no Ginásio da Paz, no Bairro Navegantes. Eu morava em Esteio, de onde, diariamente, me locomovia à capital, sempre embarcados nos ônibus verde-escuros e lotadíssimos da Central. Desembarcava na esquina da Farrapos com a Sertório e ia a pé, ladeando o velho estádio do Renner, enquanto observava meus sapatos pintados de preto sobre a cor marron original. Aquele sujeito deixou sua marca na casca cicatrizada. Ele, na época, devia contar com uns vinte anos de idade. Já hoje, deve beirar os sessenta. Provavelmente tem netos e, ao passar por ali, deve lembrar-se dos dez minutos que precisou para ferir a árvore e marcar um dos momentos de sua vida.
Nunca feri caules com lâminas de aço mas, com certeza, machuquei muita gente quando articulei sons com minha língua. Talvez elas até nem se lembrem mais de mim. Mas eu sei que em seus corpos ficaram as cicatrizes com as quais precisaram e, talvez, ainda precisem conviver. Sei! Além de dissabores também posso ter oportunizado sabores. Assim, envolto nos meus pensamentos, segui adiante. De repente, olhei prá mim e também vi cicatrizes...
21.9.06
Meu time do Coração!
Naquela época eu tinha uns 7 anos de idade e morava na cidadezinha de Tenente Portela, no norte do Rio Grande do Sul. Morávamos no edifício Gislene, onde meu pai alugou um dos dois apartamentos para morarmos como família. Meus irmãos eram pequenos e eu tinha um grande amigo, o Riva. Brincávamos juntos as tardes inteiras e, volta e meia, ouvia seus comentários a respeito do "Grêmio". Aqui lembro de uma leitura recente de Aurelius Augustinus: - "Nur wer selbst brennt, kann Feuer in anderen entfachen." Ou seja, só as pessoas que estão pessoalmente marcadas por algum algum assunto, é que conseguem influenciar outras. O filho do seu Rivadávia, dono do "bolicho" da esquina, ardia de amores pelo Grêmio Football Portoalegrense. E assim, motivado, virei torcedor.
Logo que meus filhos nasceram, comprei-lhes camisetas do tricolor. Morávamos em Cianorte, no interior do Paraná, quando eles dois, em 1983, ainda bem pequeninos, já puderam vibrar duas vezes com a conquista da Libertadores e uma com o Campenato do Mundo, em Tóquio. De lá prá cá quase só alegrias. Volta e meia converso com pessoas próximas de mim, que também torcem pelo Grêmio. Outro dia eu estava hospedado na casa do Luiz e da Ilma, em Porto Alegre. Enquanto saboreávamos um gostoso churrasco, íamos tecendo comentários sobre os nossos gostos; sobre os nossos pontos em comum. Deduzimos que as cores "azul, preto e branco" mexeram conosco desde quando éramos criancinhas. À tarde fomos ver o jogo Grêmio x Paraná. Ganhamos por 2 x 1 e isso de virada. Que festa!
Alemães amigos meus pedem que eu lhes presenteie camisetas do Grêmio. Pergunto-lhes pelo porquê desse desejo e me respondem dizendo que se trata da camiseta mais bonita que conhecem. Me falam da boa combinação das cores e de como ela senta bem no corpo. Fico impressionado com essas falas. Coisa boa é ser gremista. No aspecto que tange ao esporte, posso dizer que sou um sujeito de sorte e sabem porquê? Tanto a Valmi como a namorada do Áquila, a Vanessa, e quanto a noiva do Daniel, a Paula, todo mundo torce pelo multicampeão da Azenha. Acho que meus netos seguirão o mesmo caminho, ah disso não carrego dúvida. O mundo é simplesmente azul...
19.9.06
A Darclê e o Aron!
Lá pelos inícios de agosto deste ano, fui convidado a visitar meus velhos amigos Darclê, Aron e seus dois filhos, em Curitiba! Fui junto com meus hospedeiros Lori e Mário. Para surpresa minha, lá já estavam a Sílvia e o Jairo. Que festa aquele nosso encontro. As muitas experiências comuns que vivemos juntos pareciam querer gritar gritos de alegria, quando dos nossos abraços.
Pois o querido casal nos promoveu momentos de grande festa. Depois de muita comunhão, sentamo-nos à mesa para jantar. A luz que descia do lustre e iluminava nossos rostos, ia preenchendo de vida os espaços que íamos deixando entre as expressões que brotavam dos nossos diálogos. E assim, não fomos vendo o tempo passar.
Quando já era o início da madrugada pensei em me retirar. Mas como retirar-se de um lugar assim, sabendo-se de antemão que, por certo, nos próximos anos, não se haveria de viver momento tão bonito! Fui ficando, ficando, ficando... Quando os galos começaram a cantar, isso lá pelas cinco da manhã, fomos dormir nossas duas horas de sono.
O dia seguinte foi cheio de atividades, como todos os dias tinham sido e continuariam sendo. O cansaço que eu sentia convertia-se, incontinente, em mais energia por causa da lembrança daqueles sorrisos emoldurados sem cor de mentira. Por tudo isso, não canso de afirmar: - sou grato a Deus pelos caminhos calçados de privilégios que ainda experimento.
14.9.06
O amigo Ornélio!
Está fazendo uma semana que visitei meu amigo Ornélio. Nos vimos pela última vez em 1975, quando do seu casamento com a Traudi. Foi interessante o nosso encontro. Eu estava visitando minha mãe em Santa Cruz do Sul e, na minha frente, sobre a mesinha de centro, o guia telefônico da cidade onde eu nasci. Curioso, folheei o mesmo. Depente, em negrito, ali estava o nome do amigo dos tempos de adolescente. Disquei seu número e, duas horas depois, estávamos tomando um gostoso chimarrão, passando a nossa vida em revista.
Interessante a vida. Naqueles tempos de 1970, ele e eu estávamos querendo mudar de rumo. Tínhamos nossa mente voltada para Porto Alegre, onde tencionávamos escrever uma nova hitória. Sim, lá iríamos dar jeito num quarto com cozinha e, depois disso, cada um seguiria seu rumo na busca de um bom emprego. Gastamos horas pensando e repassando cada detalhe daquela aventura que, por certo, marcaria nossas caminhadas. Algo deu errado e acabamos não levando nosso objetivo comum a cabo. Ele foi trabalhar numa grande firma e eu fui estudar Teologia. Um pouco mais tarde casamos com mulheres empreendedoras e, assim, fomos galgando os degraus que nos conduziram aos 50 e, por tabela, àquele momento.
Amizades verdadeiras não acabam. Era como se sempre tivéssemos tido contato. Enquanto íamos articulando nossos pensamentos, também ia ficando claro que ainda concordávamos em gênero, número e grau, no que diz respeito às questões paridas pelo momento vivido. Ele e eu nos afastamos um do outro porquê tínhamos coisas a fazer, a construir, a elaborar. Estávamos com os filhos a criar e sempre com sementes na mão prá semear. Nos engajamos em muitos projetos e, juntos, fomos contribuindo para a melhoria de alguns poucos segmentos do mundo à nossa volta. Ali, sentados, um na frente do outro, com as feições amadurecidas, vimos que ainda temos coisas a fazer.
Como frisei em outros textos, vivo momento exclente. Sózinho não consigo sobreviver. Fui criado por Deus para viver em comunhão com meu próximo. Agradeço a Deus pelo privilégio de poder estar fazendo tais descobertas neste tempo que se chama hoje, setembro de 2006.
30.8.06
E eu estou Alegre!
Nossa viagem começou em Munique e nossa primeira parada foi Curitiba, onde fomos hospedados na Casa do Estudante Luterano. Os curitibanos nos acolheram muito bem. Os colegas Evandro e Mário, secundados pela sua gente, nos organizaram um excelentíssimo programa. Numa daquelas noites, fui convidado a fazer a pregação quando de um Culto. Fazia tempo que eu não pregava - uns três anos creio eu.
Enquanto cantávamos o hino que nos preparava para ouvirmos a palavra de Deus, parei a pensar: - Será que ainda dou conta deste recado? Parece mentira mas, naquele momento, senti-me sem embocadura para realizar a tarefa. Sempre gostei de repartir textos bíblicos com a Comunidade. Claro que eu estava preparado para fazê-lo. No entanto, ali estava aquele "friozinho na barriga" mexendo comigo.
Oraram pela pregção e, de repente, eu estava atrás do púlpito. As palavras foram me brotando na boca e eu, em contrapartida, me alegrando. Se hoje olho para trás, agradeço a Deus por ter me dado a ousadia de optar pelo estudo da Teologia, lá nos idos inícios dos anos 70. Que prazer indescritível eu pude sentir enquanto repartia com as pessoas, das coisas que Deus me falara quando da minha meditação particular.
Neste momento estou vendo possibilidades de, novamente, atuar como pastor no Brasil. Volto para atuar no seio da IECLB em janeiro de 2007. Venho com o coração mais apertado por causa da sabedoria que empilhei sobre a base outrora construída junto à nossa gente. Venho levado pelo vento. Estou me deixando levar pela brisa que me impulsiona pelas costas - sim senhor! E eu estou alegre...
28.8.06
O perigo ronda no Rio!
Os 21 dias da nossa viagem de estudos passaram. Foi ontem que nos despedimos, ainda no Rio de Janeiro. Agora me encontro no apartamento dos meus filhos, em Florianópolis. Acabei de salvar todas as fotos que cliquei durante a viagem, no computador. Posso dizer que foram três semanas muito intensivas. Nelas tive o privilégio de viver inúmeras experiências. Reencontrei amigas e amigos queridos e claro, vou precisar algum tempo para me acalmar no caminho que ainda penso percorrer.
A violência está a solta no Brasil. A cidade abençoada pelo Cristo Redentor e que sempre foi cantada em verso pelo poeta Tom Jobim vive seu momento mais triste na História - penso eu. Uma das coordenadoras da creche que visitamos em Ipanema contou-nos que, quando se ouve tiros de pistola na favela ao lado, as criancinhas de dois anos de idade, incontinenti, atiram-se ao chão. Vi que, na praia e no calçadão de Copacabana, quase todas as pessoas têm olhos descoloridos pela ansiedade.
Fazer o quê? Nossa saída é ir vivendo dentro da crise. As vezes me pego sonhando com mais qualidade de vida. Me percebo e me leio como um sujeito que ainda não perdeu a esperança. Se o Chile é hoje um dos países latinos percebido como exemplo no mundo e isso, depois de uma história recente extremamente complicada, porque é que nós, brasileiros, não poderemos dar a volta por cima?
Nos próximos dias vou escrever mais um pouco sobre minhas impressões. Coisa boa poder conversar com o Ilmar, o Aron, a Darclê, o Gerson, a Ethel, a Sílvia, o Günter, o Gert, o Mozart, a Erica, o Mário, a Lori, a Dorita, o Benhour, a Dicléia, o Délcio, a Roberto, a Débora, o Luiz, a Ilma, o Cláudio, a Laura, a Priscila, o Evadro, a Susi, a Beti, o Hans, o Martin, o Ricardo, o Marcos e tantas outras e outros que me marcaram e me marcam com suas personalidades.
18.8.06
Eu batizei a Manuela!
Estamos viajando pelo Brasil - a Naemi, a Zoe, a Dorothea, a Che, o Reinhard e eu. Já cruzamos por Curitiba e Porto Alegre. No momento, quando escrevo, estamos visitando Florianópolis. O que nos move na viagem que terminará no Rio de Janeiro, depois de uma passagem por Belo Horizonte, é o tema "O que é pobreza".
Posso testemunhar que foram interessantíssimos os nossos diálogos com os estudantes universitários que fomos encontrando pelo caminho. Sempre de novo me impressiona como nós brasileiros sabemos bem tratar com aos estrangeiros que batem à nossa porta. Ser hospitaleiro é uma virtude que nós, com raras exceções, temos sim senhor.
Na assim chamada cidade mais moderna do Brasil, tive uma experiência muito interessante. No final de um dos cultos do qual participamos e onde fomos apresentados, conversei com uma senhora. Ela logo foi perguntando se eu, a dezenove anos atrás, não tinha celebrado um culto ali, naquela comunidade. Respondi que sim. Ela, animada, voltou a carga perguntando se eu lembrava que tinha realizado um batismo naquele dia. Eu respondi afirmativamente, meneando a cabeça. Ela, com sorriso aberto, logo foi deixando claro: - era minha filha, a Manuela, que aqui está.
Encontrar pessoas queridas... Existe coisa melhor do que ter comunhão com gente que sonha como a gente sonha? Pois penso que não e estou felicíssimo com o momento. Repartirei mais detalhes dessa nossa viagem com moradores da Casa de Estudantes Hugo Maser (Arcisheim) onde, em Munique, também atuo como conselheiro espiritual. Nos próximos dias escreverei mais sobre minhas impressões no e do Brasil com sua gente.
2.8.06
Grande Virada!
A hora dormiu e eu pedi prá descer.
Sentei na cadeira e lá fui escrever.
Eram frases de amor pru’ma flor a nascer.
Que coisa mais linda - não vou esquecer!
Me aquieto encantado e me paro a amar.
Eu sei, amanhã ainda vou namorar.
É a história da gente exposta no altar.
Minha vida inteira num filme a passar…
O tempo acordou, levantar me exortou.
Está entendido, eu não mais sou guri.
Baviera menina me trará saudades,
da grande virada que aqui eu vivi.
A História chamou e vou dar-lhe atenção.
Eu queria parar mas não tinha a razão.
Levantei os meus olhos, só vi coração,
de um doce futuro marcado de unção.
Sentei na cadeira e lá fui escrever.
Eram frases de amor pru’ma flor a nascer.
Que coisa mais linda - não vou esquecer!
Me aquieto encantado e me paro a amar.
Eu sei, amanhã ainda vou namorar.
É a história da gente exposta no altar.
Minha vida inteira num filme a passar…
O tempo acordou, levantar me exortou.
Está entendido, eu não mais sou guri.
Baviera menina me trará saudades,
da grande virada que aqui eu vivi.
A História chamou e vou dar-lhe atenção.
Eu queria parar mas não tinha a razão.
Levantei os meus olhos, só vi coração,
de um doce futuro marcado de unção.
1.8.06
Ricos Momentos!
Régis é o nome do meu irmão. Cuidei dele, quando menino. Naquela época morávamos no interior de Tenente Portela, no norte do Rio Grande do Sul, e nossos pais eram agricultures. Todo dia, à tardinha, lá ia eu passear com meu irmãozinho pelas picadas abertas no meio da mata. Acompanhei a escolha do seu nome e, depois, vi-o crescer nas cidades de Porto Alegre, Esteio e Santa Cruz do Sul.
Estávamos sempre juntos, aprontando contra nossas três irmãs. Depois que fomos morar na Rua São José 750, nossos caminhos se afastaram. Ele deixou crescer o cabelo e se foi prá fora de casa com sua turma. Eu, de cabelo curto, mais conservador, fiquei na minha. E assim, fomos nos separando. Nossa relação foi esfriando, esfriando… Um dia, depois de terem se passado 35 anos, decidi acabar com com aquele silêncio e telefonei-lhe quando do seu aniversário.
Num outro momento, convidei-o a vir visitar-me aqui em Munique. Ele veio com a Ana. Ficaram pouco tempo conosco. Comemos e bebemos juntos. Fizemos um “check up” do nosso passado. Rimos bastante de tudo o que valia a pena ser rido e, no final das contas, robustecemos nosso companheirismo. Ainda ontem recebi um E-Mail seu. Está alegre com o momento que vive.
Alguém um dia me disse que “se conselhos fossem bons a gente os vendia”. Mesmo assim, acredito que minha proposta não seja ruim. Se você estiver longe de alguém que nunca mais esqueceu, dê uma ligadinha. Re-estabeleça laços. A vida é curta para a gente ir jogando fora os ricos momentos que Deus nos deu de mão.
Força ex-guri!
Parece mentira. Eu olho um pouquinho prá trás e me dou conta que a Paula e o Daniel cruzaram por aqui, na semana passada. Logo que voltaram à sua linda cidade, nos ligaram e conversamos pelo telefone. Viveram alguns contratempos com as passagens, mas nada muito grave. Estão alegres, ativos no dia-a-dia, depois das férias.
Conversamos sobre tantas coisas, sentados nas boas cadeiras na sacada do apartamento onde moramos. De lá podíamos ver um pouco do movimento da Türkenstraße (Rua dos Turcos), quase no centro de Munique. Mais uma vez percebi que a vida vai abrindo sorrisos para as pessoas que entram na casa dos 20 e, ao mesmo tempo, vai fechando seu semblante aos que mergulham nos 50. Mas claro, cada momento tem o seu prazer.
Foi bom ouvir os planos daqueles que estão tão próximos ao nosso coração. Eles aprenderam sonhar sonhos de qualidade. Tenho para mim que poder sonhar sonhos bons é um presente que só Deus alcança. Hoje, depois de tantos anos em contato com pessoas, percebo com muita clareza que são mais felizes as pessoas que conseguem sonhar, mesmo dentro das crises.
Lá se foi meu guri! Foi acompanhado para sempre. Ainda abanei com minha mão, depois do controle de suas bagagens, no aeroporto. Ele não percebeu nada disso. Mas no meu abano estavam as bênçaos de um pai que aprendeu a entregar o que tinha de mais caro para o mundo. Força ex-guri!
Vento Frio!
Sou caminheiro, descalço.
Levo-me no pedregulho.
E aí, vazio de orgulho,
É o pé que dói,
Ele sangra e redói.
Já a cabeça eu alço.
Enfrento todo percalço
Do vento frio que me moe.
Vou aventureiro, despido.
Embalado pelo tempo,
E assim, a contento.
Reflito,
Atrito, medito.
Em coração dolorido,
Replanto um vale florido.
Fruto da enxada e do grito.
Paro cordeiro, cansado.
Deito na rede do norte.
Cansa a luta forte,
Tenho asas,
Vi idéias rasas.
Já fui ensimesmado,
Fiz amor entusiasmado.
Revivo, construindo casas.
De mala e cuia!
No momento preparo-me para viajar com 5 estudantes da Ludwig Maximilian Universität Müchen ao Brasil onde, durante 21 dias, nos envolveremos com tema “Mas afinal, o que é pobreza?” Num dos Cultos que visitaremos, pregarei sobre o texto de Gênesis 12.1-4.
Abraão estava com a vida ganha. Tinha fincado raízes em Harã e ali, conhecia os vizinhos pelo nome. Acordava pela manhã e, depois do café, olhava o rebanho. Fazia um ou outro conserto nas dependências da sua tenda e, quando a fome batia, sentava-se para almoçar. Mais tarde um pouco de descanso na rede porque, afinal, "ninguém é de ferro". Um dia Deus lhe disse: "Sai daí desses lados onde moras e vai para um lugar novo que te indicarei…"
Lá Deus abençoou Abraão com terras; um filho e a promessa de que seria uma bênção para todas as gentes do planeta. Atrás de si ficou a parentagem e mais do que isso, todos os costumes. A mando de Deus, “de mala e cuia”, foi fazer outras experiências. Se não tivesse sido secundado pelos irmãos nômades, certamente não teria sobrevivido. Quem mora no deserto, tem o dever de hospedar pessoas em dificuldades.
Interessante notar que as três grandes religiões monoteístas do mundo (Judaica, Cristã e Islâmica) têm suas bases construídas sobre a pessoa de Abraão. Se alguém perguntar o que isso quer dizer para nós, cristãos, esse alguém deveria ler os capítulos 3 da Carta aos Romanos e, depois, os capítulos 3 e 4 da Carta aos Gálatas…
30.7.06
Fé, Esperança e Amor!
No momento estou me preparando para falar a uma platéia na cidade de Dinslaken, no norte da Alemanha, por ocasião das Festas anuais da Instituição Gustav Adolf Werk. Vou basear meu conteúdo nas frases iniciais da primeira carta que o apóstolo Paulo escreveu aos tessalonicenses.
A Comunidade de Tessalônica era muito pequena. Nela havia pouca famílias participantes. Mas que faziam “barulho”, ah isso faziam. Chamavam a atenção da circunvizinhança pelo fato de serem alegres e dinâmicos. Porque eles eram assim? Simples! Eles deixaram de adorar ídolos e passaram a alicerçar suas histórias pessoais na articulação da fé, em esperança e amor. Sempre de novo eu tenho notado isso. Pessoas que se sabem abençoadas por Deus, não têm medo de amar seus semelhantes. Eu, por "chegar perto de quem está ao meu lado" entendo "solidarizar-se com ele" e isso, no meu ponto de vista, é amor.
Nunca mais esquecerei da D. Júlia, moradora de uma Favela que visitei no Brasil. Ela era uma senhora de idade que cuidava de mais de 35 pequenas filhas e filhos de trabalhadoras e trabalhadores empobrecidos. Não ganhava quase nada em troca do trabalho que fazia e, todo dia, preparava uma gostosa sopa de verduras para aquelas pequenas criancas. Outro dia perguntei-lhe: - A sra. recebe tão pouco em troca deste trabalho. Como consegue fazer uma sopa tão substanciosa e isto, todo o dia?
“Ah pastor! – disse ela – acordo cedinho. Vou lá embaixo na feira (mais ou menos 2 km de descida e, depois, subida íngrime) e escolho o melhor dos restos que os feirantes jogam fora. Faço isso porque não consigo ver esses meus meninos com fome. Deus há de me ajudar com forças para eu poder ir fazendo este trabalho adiante.” Bons testemunhos ainda temos hoje, mais perto do que pensamos.
28.7.06
Alegria!
Quando o salmista Davi disse que “o Senhor era a sua Luz”, ele deixou claro que Deus era a razão da sua alegria. O apóstolo Paulo também deu um testemunho semelhante, quando sugeriu ao povo de Filipos que “se alegrassem no Senhor”.
Outro dia estive lendo sobre o missionário Hudson Taylor, fundador da Missão Crista na China. Ele conhecia perfeitamente esta alegria que brota da relação com Jesus Cristo. Num certo dia escreveu uma carta à sua esposa onde se lia: - “A manhã está linda, completamente ensolarada. No entanto, a clareza do sol em nada se compara ao brilho que existe dentro de mim”.
Há momentos na vida em que só vemos escuridão, tanto fora como dentro de nós. Vêm horas em que todas as luzes terrestres do mundo se apagam. Quem já não experimentou esta sensação? Pois Davi, Paulo e Hudson apontam para esta Luz que brilha sempre: o nosso senhor e salvador Jesus Cristo.
Estou convicto disso e não abro mão: somente a proximidade e o amor de Jesus para conosco é que podem nos encher daquela verdadeira alegria que Deus sempre sonhou para nós.
27.7.06
Help! Hilfe! Socorro!
Estamos no final de julho de 2006 e faz muito calor aqui em Munique. Ontem, num dos jornais da nossa cidade, podia-se ver a foto de uma árvore centenária que, plantada no famoso “Englischen Garten” (3,7 km² de área verde no coração de Munique), morria por causa do calor.
Neste momento todos os cidadãos muniquenses estão convidados a regar as plantas que crescem nas cicunvizinhanças. Não deixa de ser interessante esta “chamada” da mídia, tendo-se em vista que o rio Isar, que corta a capital da Baviera de sul a norte e que, hoje, se encontra completamente despoluído, acabou de baixar o nível de suas águas em 25 cm, nas últimas 24 horas.
Estas e outras informações para as quais a gente vai dando pouca importância tem relevância sim. Fatos como os que relatei acima são total novidade na Alemanha, onde o verão sempre foi verão e o inverno sempre inverno; onde o termômetro nunca se aventurou muito para cima ou para baixo.
As vezes carrego a impressão que estamos criando a pauta para nossa própria desestrutura como povo de Deus. Algumas medidas bem que deveriam ser tomadas aqui e agora. Nossa Amazônia está sumindo do mapa; está indo pro “brejo” – como diria meu avô. O mundo sofre suas dores e emite os sinais delas mas, mesmo assim, poucos de nós estão compreendendo os seus recados. Alô G8… Vocês precisam ajudar senão a “coisa” simplesmente nao vai funcionar.
7.7.06
Amigão de 1966!
O ano de 1966 foi importantíssimo para mim. Minha família estava mais bem estruturada e eu, de uma hora para outra, estudava num bom colégio santacruzense. Lembro que eu, naqueles tempos, vivia intensamente cada minuto da minha vida. Ao meu lado sentava o Ernesto. Éramos alunos aplicadíssimos. Entendiamo-nos só pelo olhar. Dava prazer encontrar a turma, sempre de novo, pela manhã. Em julho daquele ano meus pais e meus irmãos mudaram-se para a capital e eu fiquei morando na casa da minha avó. Lembro que sempre dava um jeito rápido nas tarefas de casa e lá íamos nós, o Ernesto e eu, nos aventurar pelos cantos e recantos da Capital do Fumo.
Éramos amicíssimos. Num certo dia chuvoso, vínhamos caminhando e, num dado momento, lá no fundo de um patio, vimos uma bola. O Augusto, nosso amigo comum, pulou a cerca e, de uma hora para a outra, éramos os novos donos da “redondinha”. Decidimos que na primeira semana ela ficaria comigo, na segunda com o Augusto e na terceira com meu amigão. Cuidei dela com todo carinho. Quase não joguei com a mesma no intuito de conservá-la o máximo possível. O Augusto fez o mesmo. Passaram-se 21 dias e recebi a bola do Ernesto. Os gomos de couro estavam completamente comprometidos. Aquilo mexeu muito comigo e acabei cortando nossa amizade. Foi duro aguentar aquela decisão mas me mantive firme, orgulhoso. O fato é que nunca mais me esqueci do colega.
Passaram-se 40 anos. Há algumas semanas, assim, sem mais nem menos, decidi escrever o nome do velho ex-amigo de infância num destes instrumentos de procura da internet. Pois não é que o descobri morando numa pequena cidade interiorana de Minas Gerais? Estamos nos correspondendo via Orkut e, creio eu, qualquer dias destes teremos oportunidade de nos reencontrarmos e, então, relembrarmos dos tempos que tomamos água de sanga; que nos banhamos em riachos da periferia da cidade; que jogamos bola em potreiros da vizinhança… Sim, “a amizade é na vida uma canção que simplesmente faz vibrar o coração”. Grande Ernesto!
6.7.06
Crises!
Os últimos seis anos que estou vivendo em Munique foram e ainda estão sendo de muito crescimento, tanto para dentro como para fora de mim. A crise que vivi por estar longe da minha cultura, da minha gente, mexeu muito comigo. Outro dia, lendo o livro de Gênesis, percebi que Abraão, ao ser chamado a deixar sua parentela e sua terra, também viveu momentos de dificuldade. O texto bíblico deixa claro que, para ele, o fato de experimentar ser extrangeiro foi a ótima oportunidade da sua vida; foi sua grande chance de crescimento para dentro dessa proposta mais aberta que Deus lhe propôs ou seja: ser uma bênção a todas as gentes. (Gn 12.1-3)
Penso que tenho podido ser um pouco disso, para mais de duas centenas de estudantes estrangeiros oriundos de países em desenvolvimento que estudam aqui na “Ludwig Maximilian Universität – München”. Estou me sentindo muito bem. Minha família tem notado este estado de espírito em mim e agora, vejam só, estou prestes a voltar. Sim, estou “louco” para poder reaplicar meus dons na nossa querida IECLB. Tempos excelentes estes de 2006.
Um Anjo!
Foi ontem, que careci de ajuda.
De repente – um anjo!
Não! Ele não tocava banjo.
Olhos grandes, verdes,
Bem ali, ao meu lado!
Não! Também não era alado!
Problemas?…Perguntei excitado.
Já ele? Sorriso aberto.
Sim! Eu tinha que ser esperto.
Crises catapultam soluções
Que arquitetam recomeços
De aceitações e de apreços.
Fiz-me ranzinza…
E pintei-me difícil.
Mas ele – insistente,
Tinha palavra contundente!
Levanta! Ama de novo!
Aceita a vida, assim é.
Vive a tua fé.
Visita Boníssima!
Pois o Áquila se foi. Foi sua terceira visita, em seis anos aqui em Munique. Nem vi o tempo passar. Tudo correu tão depressa e lá se foram os 50 dias de intensivo convívio. Conversamos sobre tantas coisas. Recordamos os bons tempos de sua meninice em Cidade Gaúcha, Cruz Alta e Florianópolis. Conversamos sobre o momento presente. Sobre as perspectivas, depois da Faculdade de Administraçao na ESAG. Sobre a possibilidade de ficarmos mais perto um do outro, agora, quando do nosso retorno definitivo ao Brasil.
Estou vivendo momentos muito bons, tanto em termos familiares como profissionais. Minha família entrou numa profunda crise, naquele longínquo fevereiro de 2001. Nossos filhos não se adaptaram na capital de Bayern. O primeiro a voltar ao Brasil foi o Daniel. Ele disse que iria tratar do seu futuro e isto, com pressa. Nem festejou seu primeiro natal conosco. Fomos com ele até a estação central de trens. Suas malas estavam pesadas. Seu destino escrito na janela do “trem bala”: Frankfurt. Quando embarcou fiquei olhando-o. Estava seguro de si. Ai que tristeza que eu precisei viver naqueles dias. Eu sabia que ali nossa vida familiar tomaria outro rumo. A nossa história comum abria, naquele momento, o seu leque para mais vida particular que, por sua vez, de novo, geraria mais família. O Áquila se foi de volta meio ano depois. Tudo aquilo nos foi muito dolorido.
Ontem nos despedimos mais uma vez. Agora, foi só por pouco tempo...
Boa Certeza!
Os meses de junho e julho de 2006 estão mexendo com como todos nós, aqui na Alemanha. Quando escrevo “todos nós”, refiro-me ao povo, aos nativos e aos estrangeiros que vivem nestas terras do continente europeu. A euforia simplesmente tomou conta do país. Foi bonito ver o brilho de esperança nos olhos de cada pessoa. A alegria ainda é contagiante nas calçadas. Em conversa com pessoas mais avançadas em dias ouço que, depois da guerra, nunca mais tinham visto tantas bandeiras em vermelho, preto e dourado, tremulando em cada janela, na maioria dos automóveis. Perguntei-lhes que sentimento isto lhes evocava e foram sinceras: - Não é bom lembrar daqueles tempos de nacionalismo exagerado.
Interessante isso. Nos últimos 60 anos o povo alemão abdicou de expressar seu amor à patria, de carregar sua bandeira com orgulho. Lembro que na copa de 2002 isso era “tabu”. Nos últimos quatro anos tudo mudou. No momento em que o jogo entre a Alemanha e a Itália encerrou, a massa chorou. As lágrimas rolavam dos rostos dessa gente que, fora daqui, é considerada fria e sem sentimentos. Minha esposa e eu choramos juntos aquela derrota da semana que passou. A verdade é que esta experiência uniu mais as pessoas deste lugar. As vezes tenho a impressão de que momentos de dor conseguem unir mais do que instantes de alegria sem fronteiras.
Foi assim com o meu time do coração no ano de 2005. Estávamos na segunda divisao do futebol brasileiro. Jogávamos com equipes praticamente sem história. Mesmo assim, os torcedores estavam lá, sempre em maior número até, doando-se pela equipe. Quando em novembro de 2006 disputamos o jogo final no estádio dos Aflitos, em Recife, a união era a nossa marca. Agora estamos indo para os últimos jogos da Copa, aqui na Alemanha. A vida, devagarinho, vai retornando aos seus trilhos normais. Mas as relações pessoais, pelo menos aqui na Baviera, vão seguir rumos mais bem simpáticos a partir de agora. Ah disso eu carrego boa certeza.
1.7.06
Indo ao encontro do outro!
A palavra “pecado” traz um conteúdo extremamente pesado junto consigo. O que é “pecado”? Quem decide a respeito se isso ou aquilo é “pecado”? Será que eu posso me permitir fazer julgamento de terceiros? Pois penso que não!
No meu trabalho enconto situações que nem sempre posso esclarcer a contento. Os jornais falam sobre as inúmeras guerras e catástrofes que têm marcado nossa existência. O número das pessoas feridas e mortas é, sempre de novo, assustador. Dá até para se afirmar que a dor mora ao lado. Nem com o auxílio da fé consigo explicar o porquê disso tudo.
Entretanto, ouço ecos por aí. Há quem procure deixar claro que a razão da dor que alguns sofrem, tem origem no “pecado”. Me impressiona isto. Em alguns países é corrente que pessoas portadoras de deficiência estão pagando por “pecados” cometidos pela família. Pode isto?
Creio que não nos cabe emitir tais juízos de valor. Jesus veio ao mundo com o intuito de nos reaproximar. Daí porque não existe relação entre “pecado” e fatalidades, catástrofes. Em vez de julgarmos, que tal nos esforçarmos para reaproximarmos as pessoas umas das outras?!...
Assim, creio que não seria ruim se agradecêssemos a Deus pela Sua proposta de amor a nós. Agradecer-Lhe com palavras, atitudes e com nossa vida, enfim. Quando alguém “peca”, logo dispõe de um Justo Advogado, Jesus Cristo, junto a Deus. E este Conselheiro O influi a perdoar tanto as nossas como as “dívidas” de todas as pessoas do mundo.
No meu trabalho ocupamo-nos com as pessoas mais fracas da sociedade. Para mim isto é um “pedacinho” deste viver-se para o próximo. Em 1. João 3.18 se lê: “Filhinhos, não amemos de palavra, nem de língua, mas de fato e de verdade.” Não seria esse um excelente caminho?
30.6.06
Em terras estranhas!
Como deve ser sabido de muitos, continuo trabalhando como Pastor de Estudantes na Pastoral Universitária de Munique (Evangelische Studentengemeinde ESG an der Ludwig Maximilians Universität - LMU). Tento investir todo meu tempo nos 13 mil estudantes estrangeiros, oriundos de países em desenvolvimento, que estudam aqui na capital da Baviera.
Ontem à noite minha esposa e eu visitamos duas moças iranianas. Elas moram num pequeno apartamento, afastado do centro da cidade. Uma delas estuda Direito e a outra Administração. Tomamos chá, jantamos e acabamos dialogando sobre os duros momentos que se vive, quando se é estrangeiro.
A Simin e a Sarah têm que estudar muito. Para se manterem, também precisam trabalhar demais. E os empregadores alemães, sabedores desta necessidade “estrangeira”, sugam o que podem da sua força juvenil. Simplesmente não é fácil sobreviver numa comunidade estranha, quando as feições do rosto deixam clara a procedência do indivíduo.
Enfim, acabamos chegando a conclusão de que este tempo de “deserto” acaba fazendo bem a quem nele sobrevive. Depois de passarmos por tantas necessidades e, no final das contas, sairmos vencedores, nos vêm uma força incrível para o enfrentamento dos problemas que iremos encontrar quando da nossa volta ao país de origem. Esta dura oportunidade nos permitiu, e continua permitindo, uma olhada para dentro de nós mesmos. Isso mesmo! Hoje vemos a vida com bem outros olhos e estamos mais prontos para bem viver.
Escreverei mais a respeito desse assunto...
29.6.06
A águia está madura
Neste momento o nosso filho Áqüila está nos visitando aqui em Munique. Mais cinco dias e retorna ao Brasil. Lá, dará início à sua caminhada para dentro da vida. Em março ele completou 26 anos. Neste dia, em homenagem, escrevi-lhe alguns versos:
Áqüila Davi
Foi assim que pensamos teu nome, ó Guri
Nascido em tempos de boas descobertas
Épocas duras que, também abertas,
Pariram um menino de Ti.
Áqüila Davi
São Leopoldo, Porto Alegre e Cianorte
Era o destino indicando bom norte
Leituras que, sempre certas,
Forjaram mente esperta.
Áqüila Davi
De Cruz Alta a Florianópolis – um pulo só –
Sinônimo do ferrão de culturas e crises
Mesmo assim, hora de fincar raízes,
Administrar na garganta o nó.
Áqüila Davi
A inspirar uns poucos meses do ar europeu
Por onde andas há muita festa, amizades
Tempos doados que geram saudades
Um jeito de ser que é só Teu.
Áqüila Davi
ESAG e UFSC – a Universidade e um Projeto
Hoje Administrador – amanhã Jornalista?
Bons textos e a História em revista
Um “Curriculum” Concreto.
Áqüila Davi
Vinte e seis anos – a Águia está Madura
O homem voará, enfrentará vida dura
A Companhia estará bem ao lado
E o tablado já está montado.
Vinte e Tantos
O Daniel completou seus 24 anos em fevereiro deste ano. Naquele dia escrevi-lhe estas poucas palavras rechedas com carinho e, ao mesmo tempo, carregadas com símbolos da sua história...
Daniel,
Lembras do “Cara de Papel”?
Com os “pés no chao” – e isso –
Desde menino
Que é – como se diz –
Quando se “torce o pepino”.
Daniel,
Lembras do “Bom Goleiro”?
Frio "debaixo dos paus” – e isso –
Desde adolescente
Que é – como se sabe –
Quando se olha “prá frente”.
Daniel,
Agora estás “Um Parceiro”!
Concentrado no “numerário” – e isso –
Desde uns meses
Que é – como seu ouve –
O “seguro” dos fregueses.
Daniel,
És o noivo dessa “Menina”!
Sob “Objetivos Concretos” – e isso –
Numa decisão da hora
Que é – como se espera –
O futuro “sem penhora”.
Daniel,
Outro “Filhote da Gente”
Em “Lembrança Diária” – e isso –
Há mais de vinte e tantos
Que é – como sabemos –
O começo dos “entretantos”.
28.6.06
Mas, até quando?
Acabei de chegar no meu gabinete de trabalho. Do apartamento onde moro até aqui na Evangelische Studenten Gemeinde (ESG) são, exatamente, 1.800 metros de caminhada. Eu, com sede, simplesmente abri a geladeira e me servi de um copo d’água fresca. Pasmem! A água aqui na Alemanha custa bem mais caro que a cerveja.
Leio em vários jornais que ainda viveremos a verdadeira “crise da água”. Esta crise tem vários rostos. Em alguns lugares do mundo há pessoas que morrem de sede. Noutros, abundam as enchentes. Imagino que 99% dos esgotos das nossas cidades despejam água contaminada nos rios. Aqui e ali se ouve falar dos desertos que começam a tomar conta de espaços antes verdes e floridos. Em várias partes do nosso planeta as colheitas estão ficando comprometidas.
Coisa de louco. Durante toda uma eternidade se disse que a água nunca iria faltar. Pois estávamos enganados. Vamos ter problemas e parece que a resolução dos mesmos só depende de tecnologia e dinheiro. A água, diferentemente do óleo combustível, não pode ser substituida por “algo” alternativo. Vamos ter que achar uma saída para esta enorme dificuldade que nos assola.
Enquanto essa proposta não fizer parte da nossa agenda, ainda continuarei saboreando minha aguinha fresca. Mas, até quando?
27.6.06
TRIBUTO AO MEU AVÔ
Faz uns cinco anos que meu avô morreu. Eu gostava muito dele. Lembro que fiquei sabendo, por telefone, que estava muito adoentado. Conversamos um pouco pelo telefone e, dias depois, ele se foi. Quando do seu enterro, escrevi uma poesia pro pastor ler, quando dos atos fúnebres. Aqui, reparto a mesma com vocês que me lêem: "Tributo ao meu AVÔ!
Traços duros com sulcos no rosto.
Conheci-o nos enduros.
Se morreu de desgosto? Talvez!
Tinha o coração quente,
Amanteigado,desinstalado,sempre disposto!
Vida dura com muitas crises.
Dialogamos na agrura.
Se tinha cicatrizes? Imagino que sim!
Sua mão era ativa,
Laboriosa,carinhosa,vi poucos deslizes!
Ouvia rádio e sabia de quase tudo.
Marqueteava do áudio.
Se era feliz? Penso que o era!
Girava os botões,
Corria estações,tudo emoções, um eterno aprendiz!
Plantou sementes e algumas vingaram.
Sonhou com contentes.
Se foi um frustrado? Não posso dizer!
Pagou para ver,
Bancou a parada,correu pela estrada,derramou-se no estrado!
Tudo acabou pois ele se foi.
A saudade o matou.
Se foi um saudoso? Claro que o foi!
Amava viver,
Com a mulher querida,companhia irrepetida,momento doloroso!
26.6.06
Tempestade!
Ontem, depois da magra vitória da Inglaterra sobre o Equador por 1 x 0, convidei meu filho mais velho, o Áquila, para sairmos e caminharmos pelos caminhos ladeados de carvalhos do "Englischen Garten", um parque com 365 hectares, bem no coração de Munique. As informações do rádio davam conta de que iria cair uma tempestade, naquele início de noite. Mesmo assim saímos a pé, debaixo de céu azul. Durante o trajeto, relembramos aspectos do passado de 26 anos que vivemos juntos desde seu nascimento, em São Leopoldo. De repente, o céu foi se vestindo de escuro. Não demorou nada e já os relâmpagos começaram a riscá-lo de fogo. Apressamos o passo, corremos e, mesmo assim, não conseguimos escapar de um banho de chuva como há muito, eu não havia experimentado.
Já refeitos da corrida, acomodamo-nos no sofá para assistirmos ao jogo Portugal contra Holanda. Nossa torcida era toda para o ex-técnico do Grêmio Futebol Portoalegrense, Sr. Luiz Felipe Scolari. Ai que saudades daquele time raçudo e campeão. Víamos nos jogadores da Holanda os mesmos rostos embasbacados que os jogadores do Sport Club Internacional ostentavam nos anos 90. Dava gosto de ver aquele projeto de jogo pré-definido no vestiário sendo posto em prática nas quatro linhas. Ai que saudades daqueles tempos gremistas quando a garra e a luta faziam parte do dia-a-dia do meu time.
Tempestade 2!
Para enfrentar as "tempestades" da vida há que se ter garra e ser de luta. de se pensar e repensar a história vivida. De sempre de novo se estar aberto para projetar os próximos passos. De nunca se omitir tempo para avaliar trajetos da vida vivida. Dependendo, se começar de novo, e de novo, e de novo... Eu estou fortemente convicto de que esta "receita" sempre foi, é e continua sendo excelente para cada pessoa. Claro que tem gente que se dá bem com esta "filosofia de vida". Outros tantos nao conseguem pô-la em prática. Sou grato a Deus pelas amigas e amigos que Ele foi colocando no meu caminho. Não teria chegado onde cheguei sem o seu auxílio, sem o seu carinho. Tenho certeza que, ladeado de gente querida, ainda conseguirei dar passos mais amplos dos que eu tenho dado.
Por isso, aqui no meu Blog, a medida em que os dias passam, quero ir homenageando amigas e amigos que marcaram minha vida nesta tragetória de 52 anos. A gente se fala...
25.6.06
Oi Pessoal!
Estou começando meu Blog. Hoje, em Munique, a temperatura está agradabilíssima. Daqui um pouco jogam Inglaterra e Equador. Os alemães estão muito esperançosos com sua seleção. Depois da guerra, a Alemanha nunca experimentou tanta alegria. Vivo aqui desde 2001 e confesso que nunca tinha visto o "amor à pátria" sendo expresso dessa maneira, aqui nestas terras. Coisa boa poder perceber pessoas deste país extravasando sua alegria. Nós brasileiros sabemos o que é isso. Depois do Brasil, torço para a seleção de Jurgen Klinsmann. Vamos ver no que vai dar....
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